Fanfics Brasil - Capítulo 21 My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada

Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni


Capítulo: Capítulo 21

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- Eu não acredito! É você mesmo? Já faz tanto tempo que não te vejo que já estava esquecendo seu rosto!


Respirei fundo ao ver Demi estender os braços em minha direção, com um sorriso divertido, e não pude deixar de rir, mesmo que pouco, de sua recepção exagerada. Ao vê-la depois de dois dias tão turbulentos e completamente distantes de minha realidade, me dei conta de que minha vida tinha, de certa forma, voltado ao normal: eu tinha uma mãe que me amava, uma melhor amiga que me apoiava em praticamente tudo, e uma namorada simplesmente fascinada por mim. A cada passo meu que ecoava pelo frio pátio do colégio, uma simples pergunta se intensificava em minha mente, tornando-se quase impossível de ser ignorada. Mas não de ser respondida.


O que mais eu poderia querer?


- Que saudade. – foi tudo que consegui dizer quando cheguei perto dela, abraçando-a com força. A sensação de poder contar com alguém que provavelmente não me mataria se descobrisse meus segredos, e inclusive já sabia de uma boa parte deles, era extremamente revigorante.


- Hm, não gostei desse seu tom de voz. – ela murmurou, ainda me abraçando, e eu sorri fraco, comprovando minha teoria de que estava pra nascer uma pessoa que me conhecesse tão bem como ela. – Acho bom a senhorita me contar tudinho, ouviu? E a propósito, cadê a Maitê?


- Ela não vem hoje. – respondi, e ela desfez o abraço pra poder me ver, com a expressão confusa. – Está no hospital.


Demi arregalou os olhos, assustada, e meu rosto adotou traços pesarosos.


- Dulce María Espinosa Savinon… O que raios você fez com ela? – ela sussurrou, e se eu não estivesse tão esquisita, teria rolado de rir. Mas apenas sorri fraco novamente e balancei a cabeça em negação.


- Calma, não é nada do que você tá pensando. – expliquei, e ela colocou a mão sobre o peito, um pouco mais aliviada. – Ela tomou sol demais e acho que está com um princípio de insolação. Tive que insistir muito com ela hoje de manhã pra que ela concordasse em ir ao médico e ignorasse o fato de que tinha que dar aulas.


Sim, eu finalmente a tinha convencido a ir ao hospital, depois de um certo esforço. Antes de ir para a escola, ajudei Maitê a vestir uma blusa e um short, e a coloquei dentro de um táxi, já que dirigir seria um pouco difícil pra ela. Como não podia acompanhá-la, por medo de sermos flagradas juntas, pedi ao motorista do táxi que a ajudasse a se locomover e a esperasse durante seu atendimento (óbvio que tive que gastar um pouco de minha mesada nessa transação, mas não deixei que Maitê visse essa parte), e pedi também para que o sempre simpático porteiro, Andy, a ajudasse a subir até seu apartamento na volta. Mesmo sabendo que tudo ficaria bem, um certo aperto em meu peito por não poder estar com ela insistia em me deixar deprimida. Pelo menos fiz Maitê prometer que me ligaria assim que chegasse em casa, o que de certa forma me tranquilizava um pouco.


- Coitadinha. – Demi lamentou, fazendo cara de pena, e eu assenti. – Mas não se preocupe, vai ver que ela melhorará rapidinho. E você, não tomou sol não? Tá parecendo uma zumbi, credo.


- Tomei sim, tá legal? Você sabe que meu bronzeado não dura, e quando dura, é pra ficar descascando logo depois. – resmunguei ofendida, cruzando meus braços e fazendo Demi rir. – Então eu prefiro que ele não dure mesmo.


- Sei sim, você é toda problemática. – ela assentiu, ainda rindo um pouco, mas logo sua expressão se tornou séria e sua voz diminuiu de volume. – Ih, falando em problema…


Franzi a testa em sinal de dúvida, mas assim que percebi a fixação do olhar de Demi em direção a algo atrás de mim, já soube do que se tratava. Nem me dei ao trabalho de virar para saber quem havia acabado de chegar. Três segundos depois, Anahí passou bem ao nosso lado, e seu perfume adentrou minhas narinas, assim como meus olhos se fixaram inconscientemente em seus cabelos bagunçados, seu caminhar e…


 


Pu/ta merda, Portilla. Precisava ter vindo de preto? Justo de preto? Por que ela tinha que jogar tão na minha cara que tinha um corpo simplesmente perfeito? Argh, vai pro inferno, demônia.


- Problema? – gaguejei, desviando meus olhos involuntariamente grudados ao corpo de Anahí (mais especificamente, à sua bun/da ressaltada pela calça justa) rapidamente e voltando a olhá-la com uma pontada de frustração e ressentimento. – Não vejo problema nenhum.


Demi ergueu uma sobrancelha, cética, e minha firmeza vacilou um pouco.


- Desde quando você atingiu esse ponto de autocontrole? – ela perguntou, e eu apenas revirei os olhos, fingindo desinteresse.


- Não é autocontrole. – respondi, balançando negativamente a cabeça e tomando todos os cuidados necessários para não olhar para Anahí, por mais que a porta da sala dos professores ficasse na mesma direção de Demi e ela estivesse passando por ali naquele exato momento. – É determinação. Eu amo a Mai, e ela também me ama… Por que eu precisaria de mais alguém?


- Não sei. – ela deu de ombros, abandonando a expressão desconfiada e mudando para uma distraída. – Sexo, talvez.


- Demétria! – exclamei, empurrando-a de leve, e um sorrisinho safado surgiu em seu rosto, assim como minhas bochechas devem ter corado.


- Ah, Dulce, fala sério… Sexo é ótimo e você sabe muito bem disso. – ela riu baixo, apontando pra mim e fazendo cara de sabida. – Não tente bancar a santinha, porque comigo não cola.


Apesar de desaprovar seu comentário desnecessário (e seu alto teor de fatos reais), não consegui responder nada. Minha concentração se esvaiu novamente e meus olhos foram cruelmente arrancados de Demi e conectados a Anahí, que agora fazia o caminho inverso ao anterior para entrar no prédio onde ficavam as salas. Conforme se aproximava da entrada do prédio, que por sinal era onde eu e Demi estávamos paradas, sua expressão fechada se tornava cada vez mais nítida, e, infelizmente, mais bonita. Não que eu ligasse para isso, claro.


Respirei fundo, afastando todo e qualquer pensamento indesejado de minha mente, e finalmente consegui rebater a brincadeira idiota de Demi, alto o suficiente para que Anahí me ouvisse ao passar bem atrás dela.


– Posso até não ser santa… Mas não sou um mero brinquedo.


Assim que as últimas palavras saíram de minha boca, Anahí parou de andar, logo atrás de Demi. Meu olhar ávido acompanhou seu rosto enquanto ela o virava na minha direção, e logo os aros azulados de seus olhos se tornaram plenamente visíveis. Sua testa estava franzida sobre eles, e seus lábios estavam firmemente fechados, formando uma linha reta e demonstrando sua seriedade. Não desviei meu olhar do dela; pelo contrário, intensifiquei nossa conexão visual até que ela se desse conta de que estava me olhando por tempo demais e passasse a encarar o chão, voltando a andar logo em seguida. Demi, confusa demais para entender alguma coisa, apenas olhou para trás tentando acompanhar meu olhar ainda fixo, e ao encontrar a porta do prédio já vazia, voltou a me encarar, desconfiada.


- Se antes eu já estava achando que precisava saber de algo, agora eu tenho certeza absoluta disso. – ela murmurou, me analisando minuciosamente, e eu não conseguia tirar meus olhos do local onde antes Anahí me encarava. – Mas seja lá o que esse algo for, tenho a impressão de que não é nada pacífico.


- Alguém já te disse que seu poder de dedução é simplesmente incrível? - sorri de um jeito maldoso, satisfeita por ter conseguido alfinetar a idiota da minha professora, e voltei a olhar para Demi, que ainda me fitava daquele jeito desconfiado. De pacífica, aquela história não tinha absolutamente nada. Aliás, tudo que envolvesse Anahí Portilla em minha vida jamais seria pacífico.


E tal constatação me fez concluir, agora com certeza, que minha vida havia realmente voltado ao normal. 


Metade da segunda aula. Física. Uma professora de 45 anos toda esticada pelas sucessivas cirurgias plásticas e com menos roupa do que eu, no maior estilo brotinho, tentando enfiar na cabeça de seus alunos ainda sonolentos algumas fórmulas sobre elétrica. Duas palavras: não, obrigada.


Eu rabiscava incessantemente em meu caderno, imaginando que espírito havia se apossado de minha mão para mantê-la tão inquieta. Primeiro, fiz cubos deformados devido à minha incapacidade de desenhar algo que prestasse. Depois de uns vinte desses nas bordas da folha, acabei desistindo de formas geométricas e comecei a esboçar um olho gigante no centro. Enquanto arrumava alguns detalhes de seu contorno, tentando ignorar a voz irritante da professora esbravejando as fórmulas na frente da classe, me lembrei do dia em que li num site sobre o significado dos rabiscos que as pessoas fazem quando estão distraídas, e que podem às vezes transmitir seus sentimentos. Olhos e cubos, pelo que eu me lembrava, representavam uma situação na qual a pessoa está frente a frente com uma decisão importante ou um fato decisivo, e não quer ou tem medo de encará-la. Revirei os olhos pela futilidade desse tipo de análise, e repeti mentalmente as mesmas duas palavras: não, obrigada.


Até que meu olho estava indo bem, mesmo com o fato de minha habilidade artística ser uma merda, mas foi inevitável não pular na cadeira e tremer meu traço quando o celular vibrou dentro do bolso da calça. Só podia ser Maitê. Aleluia.


Pedi à professora para ir ao banheiro, e ela mal me olhou, compenetrada demais em supostamente ensinar os poucos alunos interessados a aplicar suas fórmulas ridículas de tão fáceis. Saí quase que correndo da sala, e assim que fechei a porta atrás de mim, atendi à chamada, sem nem olhar para o número.


- Dul? – a voz de Maitê emanou do aparelho sem que eu nem precisasse dizer nada, e um sorriso aliviado surgiu em meu rosto.


- Oi, amor. – respondi, caminhando lentamente em direção ao banheiro. – Como você tá? Já voltou do hospital? Foi tudo bem? O que te disseram lá?


- Calma, uma coisa de cada vez. – ela riu, e eu não pude deixar de imitá-la de um jeito nervoso, só então notando minhas perguntas afobadas. – Eu estou bem, já estou em casa, foi tudo bem por lá, mas… Eu tenho uma notícia não muito agradável.


- Desde que você não fique desse jeito pra sempre, ou por muito tempo, não vejo nada que possa ser tão ruim. – adiantei ansiosamente, desistindo de chegar até o banheiro e me apoiando na parede ao lado de uma sala de aula qualquer.


- Segundo o médico, eu vou voltar ao normal em breve, não se preocupe com isso. – Maitê disse, com a voz levemente divertida, e o alívio cresceu ainda mais dentro de mim. – O problema é que eu vou precisar de cinco dias de descanso para isso. E quando eu digo descanso, estou dizendo que não poderei ir à escola. Ou seja… Não vou poder te ver.


Meus olhos, que observavam o corredor deserto, despencaram até encontrar meus próprios pés após aquela notícia. Cinco dias sem a minha Mai, ainda mais agora, que eu precisava dela como nunca para me manter firme em minha decisão e não me deixar abater, seriam quase uma eternidade.


Mas tudo bem. Eu era forte o suficiente para aguentar, certo?


Respirei fundo, me preparando para dizer que não me importava e que havia grandes chances de sobrevivência para mim, mas antes que eu pudesse abrir a boca, a porta da sala da qual eu estava praticamente ao lado se abriu, e a professora Portilla irrompeu dela, quase trombando comigo ao fazê-lo. Seu jaleco absurdamente branco, em contraste com sua roupa preta, esvoaçou escandalosamente devido ao seu movimento brusco para frear e não tocar em mim, ao contrário de seus olhos, que se depararam com os meus carregados de uma surpresa assustada. Senti que fui atingida por uma nuvem de seu perfume assim que ela freou bem perto de mim, e para o meu próprio bem, tentei não respira-lo. Em vão, claro, porque quando finalmente consegui bloquear minhas vias respiratórias, já havia inspirado o suficiente para que aquele cheiro viciante dominasse meus pulmões por completo. Como eu era idiota.



Anahí não disse nada (e eu não esperava que ela o fizesse, ainda mais vendo que eu estava falando ao celular), e apenas continuou bruscamente seu caminho até as escadas, descendo-as velozmente e me deixando desnorteada. Eu tinha um certo problema com proximidade exagerada, em especial quando a pessoa desconfortavelmente próxima era ela; era como se eu fosse um aparelho eletrônico que sofresse interferência diante de seu corpo e ficasse todo desregulado.


- Eu sei que a notícia não é nada boa, mas também não precisa ficar nesse silêncio fúnebre. – Maitê murmurou, com um certo humor na voz, e eu acordei de meus devaneios. Nota mental: dar um jeito nessas minhas viagens na maionese pós Portilla.


- Ah, não, eu… Eu vou ficar bem, não se preocupe. – falei, tentando não parecer tão afetada pela breve presença de Anahí. – Descanse bastante e fique bem logo, é só o que eu quero que você faça.


- Pode deixar, eu vou fazer.– ela sorriu, ainda falando um pouco baixo, e diminuiu ainda mais o volume de sua voz ao continuar. – Vou morrer de saudades.


Fechei os olhos e mordi meu lábio inferior, sentindo meu coração finalmente dar seus primeiros sinais de normalidade após o momento relâmpago de adrenalina, e respirei fundo antes de respondê-la, sendo tão sincera com ela quanto eu não me lembrava de ter sido por muitas vezes.


- Eu também.


- Eu amo você. – Maitê sussurrou, e mesmo mal conseguindo ouvir sua voz, soube que ela estava sorrindo ao falar.


- Volte logo… – cochichei, abrindo os olhos novamente, e soube que não era preciso repetir suas palavras para que ela entendesse que eu sentia o mesmo. Maitê desligou logo em seguida, e mesmo após o fim da chamada, mantive meu celular próximo de minha orelha, com duas últimas palavras presas em minha garganta. Mesmo sabendo que ninguém as ouviria, minha alma precisava que eu as dissesse, consumida por toda a agonia que eu guardava dentro de mim, e assim eu o fiz.


- Por favor.



(......)


- Baile de primavera?


Empaquei diante do grande e colorido cartaz afixado numa das paredes do pátio, após ler as três palavras que apareciam em seu título.


- Nossa, só agora você reparou nisso? – Demi perguntou, surpresa com meu choque. – Está aí há umas duas semanas, pelo menos.


Impossível. Essa era a palavra que ecoava em minha cabeça, como uma sirene de ambulância. Era absolutamente impossível que aquele cartaz estivesse ali há duas semanas. Como eu poderia ter passado por ele durante quase dez dias e não o ter visto? Quer dizer… Uma coisa tão divulgada como um baile de primavera deveria ter saltado aos meus olhos, certo? Olhei em volta, caçando outros cartazes, e não precisei ir muito longe para encontrá-los. E não foram poucos. OK, talvez eu tenha andado preocupada demais com conflitos internos para reparar neles.


Eu nunca reparo em nada que acontece naquela escola mesmo, a não ser que envolva pessoas de meu interesse.


- Um baile de primavera? – repeti, ainda incrédula, e só então meus olhos se dirigiram à data do evento. – Nesse sábado?


– Isso mesmo, Dulce, um baile de primavera. – Demi bufou, revirando os olhos e me puxando pela mão até o lugar onde costumávamos ficar durante todos os intervalos. - Para pessoas sociáveis interagirem e se divertirem, o que não costuma se aplicar a nós, pelo menos não no meio dessa gente.


- Se ser sociável é ser fútil que nem o Stromberg e os outros alunos dessa escola, nunca quero deixar de ser anti social. – falei, e ela concordou com um aceno de cabeça. – Na verdade, nem sei por que fiquei tão afetada com esse baile… Não vou participar mesmo.


- Nem eu. – Demi deu de ombros. – Você podia dormir lá em casa, né? A gente comprava barras de chocolate e passava a noite falando de homens bonitos… Ou mulheres.. O que acha?


- Eu topo, mas prefiro que seja lá em casa. – assenti, me lembrando de minha mãe e da saudadezinha que eu já estava sentindo dela, assim como de meu quarto, meu reino sagrado, meu santuário imaculado e todos os outros nomes religiosos que você pode imaginar. – Já passei muitas noites fora de casa ultimamente.


- Tenho certeza de que nossa noite vai ser muito mais divertida do que a desse povo fútil. – ela disse, convicta, e eu ri de sua expressão convencida. – Falando em futilidade, acabei de me lembrar de que preciso pegar o livro de geografia para a próxima aula… Vem comigo até meu armário?


- Claro. – respondi, rindo novamente de seu comentário sobre geografia e futilidade, opinião com a qual eu concordava plenamente, levando-se em consideração que nosso professor era ninguém mais, ninguém menos que Antonio Reid (ou simplesmente L.A, como alguns o chamavam).


Chegamos rapidamente ao armário de Demi, e assim que ela o abriu, um pedaço de papel caiu de dentro dele. Ela franziu a testa, desconfiada, e pegou o papel do chão, lendo seu conteúdo logo em seguida. Seus olhos se arregalaram após ler o curto texto escrito no bilhete, e vendo que ela estava paralisada diante do que lera, arranquei o papel de sua mão, curiosa. 


Estou em Miami, e doente de saudades de você. Use o vestido mais bonito que tiver, porque na noite de sábado, você vai ser minha. E se já tiver um par, aconselho que dispense o idiota, a menos que ele queira perder alguns dentes. S.G


Não consegui dizer nada; apenas olhei para Demi, que se mantinha imóvel, tão em êxtase quanto eu. Ambas sabíamos muito bem quem havia escrito aquele bilhete, mas a surpresa era grande demais para termos qualquer tipo de reação.


- Dulce… – ela murmurou após alguns segundos de silêncio, me encarando com um misto de medo, surpresa e insegurança no olhar. – Eu conheço essa letra como a palma de minha mão… É a letra da…


- Selena! – completei, perplexa, percebendo que ela havia deixado a frase inacabada.


Selena era a ex-namorado de Demi, que havia se mudado para NY no final do ano anterior. Apesar de ter sido ela quem decidira terminar com o namoro ao invés de tentar um relacionamento à distância, eu sempre soube que Demi ainda cultivava sentimentos em relação a Selena, e que fizera aquilo para evitar os aborrecimentos que um namoro distante pode trazer. Selena, mesmo sendo totalmente apaixonada por Demi, o que ela correspondia à altura, percebeu que aquilo seria o melhor para as duas e se contentou em apoiar sua decisão, o que só aumentava minha vontade de vê-las juntas outra vez. Elas eram simplesmente o casal mais fofo que podia existir na face da Terra, fato.


Um sorriso empolgado surgiu em meu rosto. Já havia passado da hora de algo revigorante animar a vida de Demi, e nada poderia ser melhor do que uma visita de Selena. E, pelas claras intenções dela, e Selena não estava vindo para brincadeira; Demi parecia saber disso muito melhor do que eu, pelo jeito que suas mãos começaram a tremer.


- E agora, Demétria? – perguntei, observando-a pegar o bilhete de minhas mãos e relê-lo com ansiedade. – O que você vai fazer?


- Eu não faço a menor ideia! – ela quase exclamou, nervosa, e por um momento eu pensei que seus olhos fossem saltar de suas órbitas. – Você acha que… Que eu devo ir ao baile com ela?


- Lógico que deve! – concordei, assentindo vigorosamente, e ela ergueu os olhos do papel para mim, aflita. – Seja lá como ela conseguiu colocar esse bilhete dentro do seu armário, duas coisas são certas: ela está aqui, e obviamente espera uma resposta sua! Então, pelo amor de Deus, ligue pra Selena o mais rápido possível e diga que sim!


- Ela está aqui, Dulce… Ele está aqui, em Miami, perto de mim outra vez. – Demi murmurou, respirando fundo e pressionando o papel contra o peito, e eu pude ver que seus olhos estavam ficando ligeiramente úmidos. – Você sabe o quanto ela me faz falta.


- Aawn! – sorri, abraçando-a com força e sem conseguir disfarçar minha empolgação. – Vai dar tudo certo, você vai ver.


- Tomara. – ouvi Demi suspirar, retribuindo meu abraço, e logo em seguida, o sinal tocou, anunciando o término do intervalo.


Ainda assimilando a surpresa de Selena, voltamos às nossas classes, com sorrisos de orelha a orelha estampados em nossos rostos. E durante o resto das aulas, me peguei imaginando o reencontro das duas, e surpreendentemente me esquecendo de meus próprios problemas. Era impossível não sorrir ao visualizar Demi e Selena juntas novamente, e tal visão me transmitia uma certa dose de tranquilidade, anulando um pouco a tensão que me rondava. De vez em quando, coisas boas ainda me aconteciam, mesmo que indiretamente, o que me fez pensar que talvez nem tudo estivesse tão perdido assim para mim.


Na hora da saída, a mãe de Demi já a esperava, e só tivemos tempo de nos despedir com sorrisos eufóricos no rosto. Já minha mãe, pontual como sempre, ainda não havia dado sinal de vida, e eu me conformei em esperá-la, sentada na mureta em frente ao colégio. Alguns minutos depois, minha visão da rua foi bloqueada por uma coisa loira e artificial, que eu nem precisei examinar muito para reconhecer: Keaton Stromberg. Ignorei o fato de que ele tinha outros milhares de lugares para ficar, mas tinha escolhido justo o ponto que me impedia de ver os carros que chegavam, e apenas suspirei, decidida a não me deixar irritar por razões bobas. Se eu continuasse daquele jeito, acabaria ficando com rugas, e Keaton com certeza não era importante o suficiente para ser um dos motivos delas.


Ou talvez fosse.


- Ei, Anahí! – ouvi sua voz de ator pornô chamar, e instintivamente meus olhos se fixaram nele, que acenava em direção à saída do colégio. – Vem cá!


Não demorou muito e Anahí apareceu, parando bem em frente a ele e a uma distância relativamente pequena de mim, o que me permitia ouvir toda a conversa.


- Sim, senhor. – ela disse, sorrindo de lado, e a mesma raiva que senti no dia anterior voltou a borbulhar em minhas entranhas, fazendo com que minhas mãos involuntariamente se fechassem em punhos.


- Já tem par pro baile de sábado? – ele murmurou, encarando-a com seus olhos de maníaco sexual e ajeitando seu boné naquela cabeça quadrada.


Me recusei a continuar observando aquela cena deplorável praticamente no meio da rua. Sinceramente, de onde aquele babaca havia saído? De um filme trash sobre surfistas drogados e fracassados? Sério, que ódio que eu sentia daquele escroto. Não que eu ligasse pra mulher que ele estava seduzindo, até parece que eu tinha algum tipo de ciúmes da Portilla, mas era repugnante ter que assistir às suas técnicas sujas e saber que, mesmo sendo tão exageradamente promíscuo, ele costumava conseguir o que queria.


- Já. – ela respondeu, sem se desfazer de seu sorriso, e ao ver que Keaton havia adotado uma expressão chateada, completou sua frase. – Você.


Ele ergueu as sobrancelhas por um momento, surpreso com a brincadeira dela, e logo em seguida voltou a sorrir daquele jeito nojento. Alguém tem uma metralhadora pra me emprestar?


- Quem disse que eu quero ir com você? – ele perguntou, cerrando os olhos de um jeito supostamente provocativo, mas que do meu ponto de vista, só o tornou ainda mais depravado.


- Sua testa. – Anahí falou, e pode ter sido só impressão minha, mas parecia haver alguns traços de tédio em seu rosto. – Está escrito nela.


Foi impossível controlar o riso depois daquele fora simplesmente épico, mas eu me esforcei em engolir minhas gargalhadas, processo que, apesar de exigir muito autocontrole, felizmente não chamou muito a atenção das pessoas. Se havia algo que me fazia rir, era ver Keaton levando algum fora; funcionava melhor que qualquer filme de comédia.


- Tem certeza de que é só isso que está escrito? – ele murmurou, lançando olhares discretos para os lados, certificando-se de que quem estava por perto não o ouviria (o que não adiantou nada, porque eu li seus lábios) – Quer chegar mais perto para ler o resto?


Meu queixo caiu até bater no chão com aquele absurdo. Eu realmente viveria muito melhor sem ter ouvido uma cantada tão barata como aquela. Era muita sem-vergonhice mesmo, francamente. Pensando melhor, matá-lo com uma metralhadora seria delicadeza demais… Atirá-lo num tanque de ácido sulfúrico e observar o efeito desse ato me parecia uma ideia muito mais atraente.


- Guarde seu lixo sonoro para o fim de semana, Stromberg. – Anahí sorriu, e apesar de suas palavras rudes, vi que ela o encarava com um olhar que eu (infelizmente) conhecia bem: um olhar cheio de luxúria, que tirava o fôlego de qualquer mulher ou homem sem esforço algum. E que agora, só conseguia me causar nojo e ódio. Tá, e daí que não era só isso? O resto não interessa.


Uma buzina soou de leve na rua, e logo depois, ouvi uma voz familiar chamar meu nome. Subitamente alarmada, olhei na direção do som, desviando do bloqueio formado por Keaton, e vi o carro de minha mãe estacionado. Aliviada por finalmente poder ir embora dali, caminhei até o Land Rover, sentindo o olhar de Anahí pesar sobre minhas costas durante o trajeto. Ao contrário dela, que grudou seus olhos em mim desde que ouviu minha mãe me chamar, não ousei olhar em sua direção, sentindo meu estômago revirar de nojo devido à ceninha patética entre ela e Keaton. Se era assim que ela queria se comportar, fazendo questão de jogar na minha cara que tinha várias outras garotas e garotos para colocar no meu lugar, ela que aguentasse as consequências de seus atos.


Afinal de contas, eu não estava dando a mínima para isso. Certo?


 



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Comentários da Fanfic 134



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  • AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20

    Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs

  • Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49

    aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!

    • Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17

      Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.

  • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30

    Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.

    • Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30

      entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.

    • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30

      Nunca escrevi negócio tão grande kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05

    que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21

      Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09

    eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58

    Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09

      Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16

    Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53

      É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48

    vou colocar a fic em dia....

  • MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13

    Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11

      Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs

  • Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09

    Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14

      Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs


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