Fanfics Brasil - Capítulo 22 My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada

Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni


Capítulo: Capítulo 22

32 visualizações Denunciar


 


- O que acha desse?


- Hm… Eu prefiro o roxo.


- Eu também, mas acho que esse realça mais os meus peitos… Ou não?


- Só porque o decote é maior? Que pouca vergonha!


Eu e Demi estávamos em uma loja de vestidos, em plena terça-feira à tarde, para escolher um modelito para o baile de sábado. Isso mesmo, um vestido, o de Demi, porque eu estava disposta a cumprir com a tarefa de passar a noite comendo chocolate e vendo qualquer filme que estivesse passando na TV (e que, de preferência, tivesse várias mulheres gatas e poucos loiros no elenco). Não queria ter que assistir a mais cenas pornográficas entre Keaton e Anahí, e mesmo que Maitê estivesse bem para ir, preferia ficar com ela em sua casa ou algo do tipo. Qualquer plano que envolvesse distância daquele colégio me agradaria, e sinceramente, ficar longe daquele baile não era pedir demais.


- Tudo bem, eu me decidi. – Demi suspirou, atirando o vestido vermelho que havia acabado de experimentar em cima de mim, unindo-o aos outros cinquenta que ela havia provado e desaprovado logo em seguida. – Vou ficar com o roxo. É o mais barato e o mais bonito.


- Adoro quando você tem essas crises súbitas de inteligência. – sorri, sarcástica, pegando o vestido que havia caído sobre minha cabeça e colocando-o sobre a pilha de vestidos rejeitados em meu colo. – Me faz crer que realmente existe alguma coisa dentro do seu crânio, por mais inativa que ela seja.


- Que tal você levar esses vestidos pra atendente antes que meu joelho vá parar no fundo da sua garganta? – ela retrucou, cínica, e mesmo estando apenas de roupas íntimas, ela realmente me amedrontou.


- Acho que vou te esperar lá fora. – murmurei encolhida, carregando os vestidos rejeitados e deixando o cubículo. Coloquei as peças sobre o balcão da loja com um sorrisinho sem graça para a vendedora, e logo me reaproximei do provador, bem a tempo de ouvir a voz abafada de Demi falar.


- Você ainda não me contou o que aconteceu de tão sério nesse final de semana… Provavelmente estava esperando que eu me esquecesse disso, se eu ainda conheço suas técnicas falhas de fugir de mim.


Quase engasguei com minha própria saliva com aquela indireta mais do que direta e inesperada, ainda mais sendo tão cruelmente arrancada do mundo de fantasia no qual eu havia me forçado a mergulhar nas últimas 24 horas. Não pensar em Anahí (sozinha ou com Keaton, tanto faz) exigia um bom esforço de minha mente, e ser forçada a me lembrar de eventos como o fim de semana me desestabilizou.


- Não faço ideia do que você tá falando. – despistei, tentando parecer o mais indiferente possível. Não adiantaria por muito tempo, mas eu precisava tentar enganá-la, se não queria compartilhar com ninguém os acontecimentos na casa de praia. Eles já eram perturbadores o suficiente pra mim, e olha que isso já era perturbação demais, acredite.


- Ah, tá. – ela resmungou, e pelo tom de sua voz, soube que seus olhos estavam cerrados em sinal de ceticismo. – E eu sou a rainha da Inglaterra.


Engoli em seco, sem saber o que responder, e comecei a admirar minhas unhas e o enorme estrago que aquele fim de semana havia provocado nelas.


- Bom, você é quem sabe se vai me falar agora ou depois. – sua voz voltou a ecoar alguns segundos depois, quando Demi saiu do provador já com suas roupas no devido lugar. – E eu tenho a vida toda pra esperar, dica.


Bufei, revirando os olhos e caminhando com ela até o balcão em silêncio. Ela pagou o vestido e rapidamente saímos da loja, chegando ao corredor vazio do shopping, devido ao pouco movimento às terças-feiras.


- Eu não quero falar, tá legal? – assumi, derrotada, quando ela me lançou um olhar intenso. – Eu já estou me sentindo mal o suficiente por isso, não quero que você me dê uma bronca e piore as coisas.


 


- Por que eu te daria uma bronca? – ela perguntou, dando de ombros. – O que houve, transou com as duas ao mesmo tempo?


- Fala baixo! – sussurrei, mas minha vergonha era tanta que o som foi quase o mesmo de um grito. – E não, não foi nada disso!


- A Maitê não quis nada? – ela voltou a perguntar, com a naturalidade de quem pergunta qual a minha banda favorita.


- Claro que não! Para!


Olhei ao redor, com medo de termos sido ouvidas por alguém, e assim que virei meu rosto para trás, dei de cara com um senhor andando a uma certa distância de nós. Seu olhar estava fixo em Demi, e seu olhar era, no mínimo, horrorizado com nossa conversa. E olha que eu fui bastante educada ao utilizar um adjetivo tão leve.


- Fingiu um orga/smo? – Demi cochichou, quando voltei a olhar pra frente, quase explodindo de tanta vergonha.


- Pelo amor de Deus, cala a boca! – implorei, fincando minhas unhas em seu braço e sentindo o sangue deixar meu rosto completamente vermelho. – Qual parte do “Eu não quero falar disso” você não entendeu?


- Nossa, foi tão grave assim que você não quer contar nem pra mim? – ela ignorou minhas palavras completamente, levando uma das mãos ao queixo e olhando para frente de um jeito pensativo. – Tô começando a ficar assustada.


- E eu tô começando a me irritar com você! – rosnei, fazendo-a acordar de seus pensamentos e me olhar com uma pontada de medo. – Se eu tô falando que não quero contar, tenha um pingo de educação e respeite minha decisão! Acha que consegue fazer isso pelo menos uma vez na vida?


Ela continuou me encarando, estranhando minha súbita agressividade, e eu apenas respirei fundo, fechando os olhos por alguns segundos e tentando fazer meu estresse diminuir. Eu simplesmente não funcionava bem sob pressão, e ultimamente parecia que tudo me pressionava de certa forma.


- Desculpa, Dul. – Demi murmurou, finalmente percebendo que estava exagerando um pouco. – É que eu me preocupo demais com você, sabe que não consigo te ver com problemas e não querer ajudar. E quanto à curiosidade… Bem, é simplesmente mais forte do que eu.


Voltei a encará-la, me deparando com seus olhos arrependidos, e sorri de leve por suas palavras reconfortantes e ao mesmo tempo engraçadas.


- Eu sei, Demétria. - suspirei, abraçando-a lateralmente e grudando nossas bochechas. – Me desculpe por ter sido grossa com você, sei que se preocupa demais comigo. Por acaso eu já te agradeci por existir?


Demi soltou uma gargalhada alta, retribuindo meu abraço desajeitado e tentando se equilibrar comigo pendurada em seu pescoço enquanto andávamos.


- Acho que não. – ela respondeu, quando finalmente a soltei e voltamos a caminhar normalmente pelo shopping. – Então antes que você se arrependa de ter dito isso, só quero que me responda uma coisa, e com sinceridade, pra que eu possa ficar tranquila: está mesmo tudo bem? Não há nada que eu precise saber sobre esse fim de semana?


Devolvi o olhar prestativo dela, e um suspiro escapou novamente por entre meus lábios. Um sorriso triste ameaçou surgir em meu rosto, mas não havia firmeza suficiente para que ele se alastrasse; apesar disso, não desisti de minha resposta decisiva:


- Não precisa mesmo se preocupar, Demi. Já está tudo resolvido.


O resto da semana se arrastou com uma velocidade surpreendentemente rápida, apesar de torturante. Durante as aulas, por mais alto que os professores falassem e por mais interessante ou de fácil entendimento que fosse a matéria, tudo que meus ouvidos conseguiam captar era a voz de um certo ser loiro que não parava de cochichar entusiasticamente com seus amigos sobre como seu terno para o baile era lindo, maravilhoso, perfeito, caro…


E sobre como ele ficaria ainda melhor no chão do quarto da Portilla depois da festa.


Não que eu estivesse ligando pra algum dos dois, pelo contrário, mas para uma mulher como Anahí, era humilhação demais se meter com um retardado, ou melhor,ser metida por um retardado como Keaton. Quer dizer, ela não sentia vergonha? Será que existia algum tipo de premiação secreta por pegar o aluno mais escroto de todo o colégio? Era algum tipo de aposta que ela havia perdido? Ou então um enigma como aquele requeria um intelecto superior ao meu? É, talvez essa fosse a opção mais próxima da realidade.


A única coisa que parecia cooperar comigo (se é que posso dizer dessa forma), surpreendentemente, era quem mais deveria estar me incomodando. Anahí mal apareceu durante os outros três dias de aula, a não ser quando foi forçada a ficar presa por 50 minutos no mesmo ambiente que eu: sua aula de biologia laboratório. E mesmo assim, parecia distante, como um animal selvagem enjaulado, incomodada por não poder simplesmente sair correndo dali. Explicou breve, porém detalhadamente como a aula procederia, e se manteve sentada em sua mesa, com o olhar perdido nas dezenas de relatórios que corrigia. Vez ou outra, passava os dedos nervosamente por entre os cabelos, colocando-os para trás e deixando ainda mais visível seu comportamento subitamente claustrofóbico.


Tentei não me deixar afetar por seu jeito diferente, mas era inevitável não sentir um nó se formar em minha garganta a cada vez que eu me lembrava de suas últimas palavras, e a vulgaridade com a qual sua voz as pronunciou.


”Incrível como você está demorando a perder a graça… A cada dia, se torna ainda mais divertida, como um perigoso brinquedo que se renova constantemente… E se torna cada vez mais excitante.”


Naquele dia, ouvi o sinal tocar, anunciando o fim da aula, mas ele me pareceu incrivelmente distante. A voz de Anahí ainda reverberava em minha mente, mais alta que qualquer outro som ao meu redor e me impedindo de pensar com clareza. Somente quando o ruído dos bancos sendo arrastados pelos alunos e o murmurinho crescente de suas vozes conseguiu vencer o volume de meus pensamentos, me dei conta de que estava imóvel, encarando meu relatório já pronto, e com os olhos levemente marejados.


Por Deus, o que havia de tão errado comigo? Que droga, eu estava careca de saber que ela não merecia uma única lágrima minha! Não existia sequer sentimento suficiente em nossa relação, ou seja lá o que foi que tivemos, para que eu estivesse me sentindo triste, traída, machucada daquela maneira!


Guardei meu material depressa e deixei meu relatório ali mesmo, unindo-me apressadamente ao fluxo de alunos que se dirigiam à saída da escola. A única coisa que pude ver antes que o laboratório sumisse de meu campo de visão foi um sorrisinho discreto e sujo de Keaton, conforme se aproximava da mesa de Anahí para entregar seu relatório. Se assim posso dizer, a cobra estava aproveitando a oportunidade perfeita para dar o bote perfeito. E por mais que eu soubesse que os dois se mereciam, meu coração se contorcia de ódio por não poder fazer nada contra aquilo. Só o que me restava era que ela o fizesse por mim. E eu sabia que ela não o faria.


Sexta-feira. 19:45hrs. Me vi sentada em minha cama, sozinha em casa e sem absolutamente nada para fazer. Não que eu fosse do tipo que gosta de ter tarefas o tempo todo, mas ultimamente eu estava me tornando adepta desse estilo de vida. Estar sempre ocupada impedia minha mente de vagar por terrenos proibidos… Ou pelo menos me ajudava a conter esse tipo de pensamento.


Suspirei profundamente, tentando pensar em algo para me ocupar, mas nada parecia surgir. Meus olhos passearam distraidamente pelo quarto por alguns minutos, e se fixaram no pequeno mural de fotos que se encontrava na parede oposta à cama. Observei minhas várias fotos com Demi, algumas com Selena, outras com meus pais, e uma em especial me chamou a atenção.


Eu passava tão pouco tempo desocupada em meu quarto que mal me lembrava mais da existência daquela foto. O papel retangular exibia minha própria imagem, extremamente sorridente, e Maitê ao meu lado, envolvendo meus ombros com um de seus braços e dando aquele sorriso que agora eu conhecia tão bem, mas que na época se assemelhava a um sonho inatingível para mim. A foto era de minha formatura, há cerca de dois anos atrás, quando finalizei o ensino fundamental. Maitê não dava aulas para minha turma ainda, mas graças ao nosso trabalho conjunto na olimpíada de biologia daquele ano, havíamos adquirido uma certa amizade, ainda dentro dos padrões acadêmicos. Bom, pelo menos para ela, porque àquela altura, eu já estava praticamente apaixonada por aqueles olhos castanhos e sorriso encantador.


Suspirei novamente, refletindo sobre como minha vida havia mudado desde então. Naquela época, eu jamais diria que um dia teria algo além de um mero amor não correspondido por Maitê; hoje, eu era nada mais, nada menos que sua namorada, mesmo que em segredo. Uma inesperada agulhada de remorso se manifestou em meu peito devido às falhas que eu cometera nesse novo papel que exercia na vida dela, e imediatamente me amaldiçoei por voltar a pensar no assunto que eu tentava evitar.


Soltei o terceiro suspiro cansado em menos de cinco minutos, me perguntando quando a passagem meteórica e inconsequente de Anahí por minha vida deixaria de ser uma ferida aberta em mim. Sacudi levemente a cabeça, tentando inutilmente colocar minhas ideias no lugar, e por incrível que pareça, o movimento pareceu servir para alguma coisa: na mesma hora, achei algo para fazer. Como eu não havia pensado naquilo antes?


Peguei o telefone, disputando espaço sobre a cama entre meus bichos de pelúcia, e digitei o número que eu já sabia de cor, apesar de nunca tê-lo chamado antes. Aguardei até que a pessoa atendesse à minha ligação, me sentindo levemente ansiosa, apesar de saber que não havia necessidade daquilo, e meus olhos voltaram a se fixar na foto em meu mural assim que obtive uma resposta.


- Amor? – a voz feminina que sempre agia como um antídoto a todo e qualquer veneno que corresse em minhas veias falou, trazendo um sorriso para meu rosto, tão grande como o que eu ostentava na foto, ou talvez até maior.


- Oi. – foi tudo que consegui responder, derretida, e levei alguns segundos para voltar a falar. – Me desculpe por ligar assim, sem motivo aparente, mas é que… A saudade apertou.


– Te desculpar? Por que eu ficaria brava com uma ligação sua? - Maitê exclamou, com a voz fofa, e meu sorriso se intensificou, demonstrando o bem imediato que ela me trazia, mesmo com seus mais discretos gestos de alegria. – Eu devo é te agradecer por ter lido minha mente… Tava pensando em você agora mesmo, sabia?


- Ah, é? – eu ri baixinho, abraçando debilmente meu Garfield de pelúcia como se Maitê pudesse sentir meu carinho também. – Eu também! Isso é bom… Eu acho.


A risada inconfundível dela ecoou do outro lado da linha, leve e reconfortante como uma manhã quente e ensolarada após um inverno rigoroso.


- Não, isso não é bom… Isso é ótimo. – ela disse, colocando um leve charme na voz. – É tão ótimo que eu tenho feito muito isso ultimamente, sabia? Acho até que, de tanto pensar em você, poderia te materializar bem aqui na minha frente agorinha mesmo, só com a força do pensamento… O que acha?


Dessa vez, eu soltei uma gargalhada divertida, sentindo meu corpo leve pela primeira vez naquela semana. Maitê parecia aliviar o peso de todo e qualquer tipo de fardo que eu carregava com o simples som de sua voz, ainda mais quando me provocava daquele jeito despreocupado.


- Infelizmente, eu tenho que discordar. – falei, observando distraidamente o movimento esvoaçante das cortinas de meu quarto. – A senhora está de repouso sob recomendações médicas ate amanhã, e a última coisa que faríamos se eu estivesse aí seria repousar.


- Ah… Que pena. – ela gemeu, e eu pude imaginar com facilidade a expressão de bebê emburrada em seu rosto. – Odeio quando você tem razão. Promete que me recompensa semana que vem?


- Posso te recompensar amanhã mesmo, se já estiver se sentindo melhor. – murmurei, com um tom malicioso, já começando a sentir o ânimo crescer em mim quanto àquele sábado. – Teremos bastante tempo para colocar nossos assuntos em dia.


O silêncio de Maitê me fez pensar que ela estava refletindo concretamente sobre a sugestão, mas pelo visto, meu poder de dedução estava um tanto quanto falho.


- Hm… Amanhã eu não vou poder te ver. – ela lamentou, mantendo sua voz desanimada. – Na verdade, eu vou viajar hoje mesmo pra Chicago, e provavelmente, só volto no domingo. Vou visitar minha mãe, já que amanhã é o aniversário dela.


Fiquei sem saber o que dizer por alguns segundos. Maitê nunca havia mencionado nada sobre sua família antes, e o fato de não poder conhecer sua mãe me deixou levemente triste. De repente, me ocorreu a imagem de uma senhora amável e bondosa, do tipo que te oferece biscoitos com leite acompanhados de um sorriso gentil e olhos ternos. A senhora Perroni deveria ser uma graça, e eu simplesmente não podia conhecê-la, tudo porque era alguns anos mais nova que Maitê. Aquele tabu ridículo de diferença de idade estava começando a me dar nos nervos.


- Ahn… Eu entendo. – gaguejei, afogando minhas recém-nascidas esperanças de um sábado menos solitário. – Dê um abraço bem apertado em sua mãe por mim, mesmo que ela não saiba que eu existo.


- Pode deixar, amor. – ela sorriu, e eu senti a pena por não poder me levar transparecer em sua voz. – Tenho certeza de que ela gostaria muito de você se pudesse conhecê-la.


Não consegui responder nada, apenas sorri, sentindo-me subitamente deprimida. Eu estava fadada a passar o fim de semana inteiro dentro de casa, tomando litros de sorvete e vendo TV o dia todo, de pijamas e pantufas, enquanto minha melhor amiga reatava seu namoro, minha namorada visitava a mãe a sei lá quantos quilômetros de distância e a idiota da Portilla dava para Keaton até cansar. Tamanha exclusão parecia até castigo divino pelo excesso de companhia que tive no fim de semana anterior.


- Bom, eu não vou mais te prender nessa ligação totalmente sem sentido. – suspirei desanimada, sem nem mencionar o baile de primavera, do qual Maitê provavelmente havia se esquecido. – Você deve estar ocupada arrumando suas coisas para a viagem, e eu estou aqui te segurando no telefone.


- Você tem é sorte por eu não poder te dar uma bela de uma sessão de cócegas agorinha mesmo como punição a esse seu jeito bobo. – ela resmungou, brincalhona, e eu sorri fraco. – Entenda uma coisa: você não me atrapalha, tampinha.


Soltei uma risadinha tímida, ainda encarando as cortinas agora imóveis, e logo em seguida, ouvi o barulho da porta sendo aberta no andar de baixo, indicando que mamãe havia chegado.


- Quem precisa desligar agora sou eu, mamãe chegou. – falei, levemente apressada. – Tome cuidado na estrada, descanse, beba bastante líquido, não pegue muito sol e divirta-se, ouviu bem?


- Pode deixar. – Maitê respondeu, carinhosa. - E o mesmo vale pra você, cuide-se.


- Vou tentar me manter longe de todo o perigo que minha casa pode me oferecer. – eu ri, achando graça das precauções dela e fazendo-a rir junto.


- Te amo. – ela murmurou, assim que nosso riso cessou, e eu senti meu coração se contorcer, dominado por milhares de sentimentos diferentes. Saudade, amor, felicidade… Remorso, culpa, dor.


- Eu também. – murmurei, com a voz aflita, e esperei que ela desligasse para colocar o telefone na base. Assim que o fiz, mamãe bateu à porta.


- Olá, querida. – ela sorriu, parecendo cansada após um dia cheio em seu escritório.


Após a promoção que conseguira na empresa onde trabalhava há quase dez anos, sua carga de trabalho havia aumentado consideravelmente, e era raro vê-la chegando em casa antes das dez e meia. Hoje havia sido um dia bastante atípico, mas era bom que de vez em quando ela tivesse um tempo extra para cuidar de si.


- Oi, mãe. – respondi, retribuindo como pude seu sorriso e tentando não parecer tão desanimada quanto realmente estava. – Dia cheio?


- Até demais. – mamãe suspirou, fechando os olhos lentamente e logo voltando a abri-los. – E só pra compensar, algumas amigas do escritório estão armando uma festa surpresa para nosso chefe amanhã, e precisarão de uma mãozinha com os preparativos… Então não se assuste se acordar tarde e não me encontrar.


- Boa sorte. – falei, fazendo uma careta, e ela apenas riu de leve.


- Se não se importa, vou tomar um bom e demorado banho e dormir. – ela disse, meio sem jeito, e eu apenas balancei negativamente a cabeça, demonstrando que não me importava. – Boa noite, minha querida. Qualquer coisa me chame, está bem?


- OK, boa noite, mãe. – apenas sorri fraco, vendo-a fechar novamente minha porta e desaparecer. Fiquei encarando a maçaneta da porta por alguns segundos, me preparando inconscientemente para as próximas 48 horas, que seriam provavelmente muito parecidas com aquele momento: vazias, silenciosas e solitárias. De certa forma, a solidão era tudo que eu queria para poder organizar minha mente, mas agora que ela finalmente havia chegado, após uma semana inteira aguardando-a ansiosamente, o silêncio e o frio que a acompanhavam me pareciam estranhamente terríveis.


Ajeitei-me entre meus bichinhos de pelúcia, abraçando alguns deles na tentativa de preencher o enorme vazio entre meus braços e deixando que minha cabeça pesada descansasse sobre o travesseiro macio. Respirei fundo e calmamente, mandando uma mensagem para que meus músculos relaxassem junto com o oxigênio inalado, e fechei os olhos devagar, apenas sentindo o conforto do colchão se espalhar por meu corpo e meu cansaço mental se manifestar numa leve dor de cabeça. As pálpebras pareciam mais pesadas do que o habitual, mantendo-se fechadas sem sequer pedirem permissão para isso, e a respiração foi ficando cada vez mais calma… Meu quarto agora parecia um borrão de cores e formas engraçadas, logo sendo substituídos pela escuridão do sono.


E se eu não tivesse adormecido tão rápida e inesperadamente, poderia jurar que a última coisa que senti antes de apagar por completo foi um braço envolver minha cintura e me puxar para mais perto de seu corpo, deitada ao meu lado, e seu hálito de canela sussurrar ao pé de meu ouvido.


- Boa noite, meu vício.


 


 


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a):

Este autor(a) escreve mais 11 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

  Anahí Pov As paredes frias de meu imenso apartamento pareciam amplificar o som de meus coturnos chocando-se contra o piso de mármore. A fraca iluminação, fornecida pela tímida luz da lua, manchava de cinza as formas duras de meus móveis, talvez se unindo ao barulho de meus passos numa singela tentativa de me fazer sentir ain ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 134



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20

    Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs

  • Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49

    aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!

    • Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17

      Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.

  • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30

    Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.

    • Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30

      entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.

    • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30

      Nunca escrevi negócio tão grande kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05

    que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21

      Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09

    eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58

    Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09

      Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16

    Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53

      É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48

    vou colocar a fic em dia....

  • MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13

    Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11

      Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs

  • Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09

    Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14

      Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais