Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni
- O quê?
- É isso mesmo.
- O que exatamente eu perdi, alguém pode me explicar?
Starbucks, eu, Demi, Selena e uma verdade bombástica depois da aula de segunda-feira. Eu sabia que esse momento chegaria.
- É… Digamos que você esteve ausente durante algumas reviravoltas. – respondi a Selena, coçando a nuca meio sem jeito. – Pensei que a Demi já tinha te contado.
- Não, eu não estou sabendo de nada. – ela negou, boquiaberta, e ambas olhamos para Demi, cujo queixo sumia de vista sob a mesa e olhos me fitavam com infinito choque. – Amor?
- Cara/lho, Dulce. – ela xingou, após alguns segundos paralisada, e Selena soltou um suspiro de alívio diante do sinal de vida dela. – Pu/ta que pariu!
- É, eu sei. – respirei fundo, tomando um gole de meu cappuccino. Eu precisaria de muita cafeína para aguentar o tranco.
- Alguém pode me inteirar do assunto, por favor? – Selena reclamou, totalmente confusa, e vendo que Demi voltara a ficar imóvel, me manifestei.
- Como você já deve saber, eu e Maitê estamos namorando. – comecei, vendo-a assentir. – Acontece que há algum tempo, Anahí e eu acabamos nos envolvendo também, e as coisas aconteceram tão rápido entre nós que acabamos nos apaixonando. Eu sei que isso soa ridículo, mas não é, acredite. Pelo contrário, é a mais pura verdade. E… É tão verdadeiro que eu estou cogitando a possibilidade de terminar tudo com Maitê pra ficar com ela.
- O quê? – Demi repetiu, um pouco mais alto que antes, e eu fiz uma careta medrosa, enquanto Selena segurava sua mão e a olhava com preocupação.
- Meu Deus do céu. – Selena disse, olhando-me com extremo espanto. – Você deixa essas coisas acontecerem na sua vida justo quando eu não estou? Vou levar isso como uma ofensa!
- Não fale como se as coisas não acontecessem na minha vida quando você estava por perto também. – resmunguei, vendo-a erguer as sobrancelhas, concordando. – Não se esqueça que meu primeiro beijo foi no armário do quarto da sua avó com um garoto que eu mal conhecia, e você estava do outro lado da porta ouvindo tudo.
- Eu nunca vou me esquecer do Cristopher dizendo Não precisa usar os dentes, Dulce, sua língua já é o suficientenaquele tom tão assustado. – ela suspirou, como se aquela fosse uma belíssima lembrança. – Até hoje eu te imagino querendo morder o pobre garoto feito uma barracuda. Coitadinho, ele era um bom rapaz.
- Cala a boca, garota que soutou um pum e espirrou no meio da encenação de Hamlet. – mostrei a língua, prendendo o riso e vendo-a retribuir meu gesto de carinho. – Ser ou não ser, eis a questãofoi seu trauma durante anos, e você nunca sabia se explicava a versão verdadeira ou se simplesmente deixava as pessoas pensarem que você tinha dúvidas quanto a sua orientação sexual quando te perguntavam por que você odiava tanto Shakespeare. As duas hipóteses lhe pareciam igualmente constrangedoras.
- Cara/lho, Dulce. – Demi voltou a dizer, da mesma maneira de antes, e eu simplesmente a ignorei, assim como Selena; éramos melhores amigas há eras, sabíamos muito bem que ela ainda repetiria as mesmas palavras por um tempo, até finalmente absorver a notícia. – Pu/ta que pariu!2
- Você confia nela? – Selena perguntou, voltando ao assunto e dando uma mordida em seu muffin de chocolate; eu assenti sem hesitar. – Tem certeza de que ela te ama?
- Acho que nunca tive tanta certeza de alguma coisa quanto eu tenho disso. – respondi, disfarçando um sorriso idiota. – É tão nítido que chega a me assustar.
- Bom… Você sabe que eu também te amo. – ela falou, após alguns segundos de reflexão, e eu deixei o sorriso idiota surgir. – Não é novidade que eu vou achar defeitos em qualquer mulher ou homem que se aproximar de você, e vou continuar sentindo ciúmes por ele ou ela ter conquistado a pessoa mais fo/da do universo… Mas enquanto você a achar digna o suficiente para merecer estar ao seu lado, eu vou dar a maior força.
- Awn, Sel! – gemi, emocionada com suas palavras, e dei a volta na mesa, indo até ela e abraçando-a bem apertado. – Eu é que tenho muita sorte de ter uma amiga como você!
- Isso, agora diz que eu sou gostosa. – ela piscou, fazendo-me rir e beijar seu rosto.
- Gostosa, te/são! – falei, mandando-lhe um beijo sedutor e vendo-a passar a língua sensualmente pelos lábios.
- Eu posso estar em choque, mas ainda estou aqui. – Demi disse, virando o rosto lentamente para a namorada, que abandonou sua postura pornográfica na mesma hora. – E estou ouvindo.
- Calma, amor. – ela falou, como se estivesse conversando com uma criancinha. – Quer que eu te seduza também?
- Mais tarde. – ela cerrou os olhos, fazendo um beicinho falsamente triste surgir nos lábios de Selena – Eu preciso resolver umas pendências agora, e não quero distrações.
- Tá bom, pode deixar, vou ficar bem quietinha. – Selena assentiu, feito um cachorrinho, recebendo um selinho de agradecimento da namorada e fazendo-me rir baixinho. Demi suspirou e virou-se para mim, dando um belo gole em seu mokaccino e entrelaçando os próprios dedos sobre a mesa logo em seguida.
- Você sabe que eu fui a primeira pessoa a saber sobre você e a Anahí, e provavelmente a única até poucos minutos atrás. – ela começou, olhando-me com seriedade, porém sem parecer furiosa ou ameaçadora. – Eu sou a pessoa que te conhece talvez até melhor que a sua mãe, e quase sempre até melhor que você mesma. E eu nunca, nunca, nem quando te disse que já sabia que você sempre se envolvia com as pessoas erradas, imaginei te ouvir dizendo isso.
- Nem eu, Demétria, acredite. – falei, apreensiva. – Você sabe muito bem o quanto eu a odiava.
- Foi exatamente por saber disso que eu me assustei. – ela assentiu, compreensiva. – E… Bem, não há muito que eu possa dizer. A Selena já disse tudo. Eu só quero que você pense muito bem antes de escolher uma das duas… Você pode se arrepender muito se tomar a decisão errada, e eu não quero que você sofra.
- Ela tem razão, Dul. – Selena concordou, sério. – Não aja por impulso, é a pior coisa que você pode fazer.
- Já faz quase um mês que eu comecei a me envolver com Anahí. – suspirei, buscando qualquer tipo de falha em minha linha de raciocínio. – E desde a primeira vez em que a beijei, esse pensamento assombra a minha mente. No começo foi puro impulso, eu confesso… Mas agora… É muito mais intenso. É tão forte que eu já não consigo mais pensar em Maitê da mesma forma. Eu continuo vendo-a como a pessoa maravilhosa que ela é, mas já não sinto todo aquele amor que sentia antes… É quase como se eu a quisesse como uma amiga.
Selena e Demi suspiraram ao mesmo tempo, inseguros quanto à minha atmosfera de certeza, e entreolharam-se, finalmente rendendo-se diante de minha convicção.
- Você sabe que pode contar com a gente, não sabe? – Demi sorriu fraco, ainda um pouco temerosa por minha decisão. – Nós só queremos o seu bem, e se você acha que ela te fará feliz… O que nós podemos fazer a não ser te apoiar?
- Ela já me faz feliz, Demi – murmurei com um sorriso carinhoso, segurando sua mão por sobre a mesa. – Mas não se preocupe, eu ainda vou pensar com bastante cuidado antes de tomar qualquer atitude. Obrigada por se preocuparem comigo, vocês são demais.
- Faça o que o seu coração manda. – Selena disse, unindo sua mão às nossas, e logo em seguida fez uma careta. – Meu Deus, como sou gay de vez em quando.
- Você que não ouse virar hetero – Demi resmungou, prendendo o riso e olhando-a ameaçadoramente. – Corto seus dedinhos fora e te faço ser passiva pro resto da vida.
- Ah, até que deve ser legal dar, né? – Selena pensou alto, com um sorrisinho esperançoso no rosto e o olhar vago. – Como deve ser a sensação?
- Cala a boca, Selena! – eu e Demi exclamamos, incomodadas com a imagem que surgiu em nossas mentes, e ela caiu na gargalhada, assim como nós duas. Logo uma mini guerra de muffins começou, o que nos rendeu olhares de censura das outras pessoas presentes, porém nada com o qual já não estivéssemos acostumados.
Alguma dúvida de que eu tinha as melhores amigas do mundo?
*********
- Acho tão sexy te ver tirando essas luvas, sabia?
Cruzei minhas pernas sobre o banco do laboratório vazio de biologia no qual estava sentada, observando Anahí se desfazer de suas luvas plásticas distraidamente. Um sorriso esguio surgiu em seus lábios sedutores, e seus olhos logo se ergueram de suas mãos para minhas íris luxuriosas.
- Seria ainda mais sexy te ver tirando essas luvas pra mim. – ela provocou, fazendo-me erguer uma sobrancelha em tom de desafio. – Com os dentes.
- Meu hálito de tripa de lula seria tão excitante depois de um fetiche desses! – ironizei, vendo-a gargalhar diante de minha observação inteligente. – Mas se forem luvas limpas, eu topo.
- Vou trazer luvas extras de hoje em diante. – ela riu, balançando negativamente a cabeça enquanto se dirigia ao cesto de lixo para jogar as luvas fora e logo em seguida tirando o jaleco.
- Ei, eu queria fazer isso! – briguei, fazendo biquinho ao vê-la colocar a peça branca sobre sua mesa. – Põe de novo!
- Você não se cansa de tirar meu jaleco não? – ela perguntou, com um sorriso intrigado enquanto voltava a vestir seu avental. – Qual é a graça disso?
- E qual é a graça disso? – rebati, ficando de pé e indicando meu corpo com minhas mãos. – Juro que não te entendo.
- Eu vejo muita graça nisso, se você quer saber. – Anahí murmurou, observando-me de cima a baixo de um jeito nada discreto e fixando seus olhos extremamente azuis nos meus ao terminar sua análise. – Ainda mais quando você fica toda arrepiada com os meus olhares que nem agora.
Senti meu rosto esquentar e corar depressa, e fechei os olhos ao ser desmascarada. Como ela sabia que tinha conseguido me arrepiar?
- Agora eu fiquei sem graça. – suspirei, cruzando os braços e encarando meus tênis com um biquinho birrento. – Odeio você.
- Me odeia tanto que tá toda vermelha. – ela sorriu, esperta, indo até mim e erguendo meu rosto com o indicador em meu queixo. – Essa vergonha toda some assim que eu tirar essa sua roupa, aposto. Assim como a minha sanidade, é claro.
- Anahi! – a repreendi, vendo cerrar os olhos de um jeito provocante. – Só você enxerga essa deusa do sexo que eu supostamente sou. Isso é problema mental, sabia?
- Você diz isso porque nunca viu quantos caras ficam secando seu pescoço quando seu cabelo tá preso na aula. – ela resmungou, adotando uma expressão um tanto ranzinza apesar do bom humor ainda presente e postando suas mãos em meus quadris. – Parecem um bando de vampiros sedentos, juro. Morro de vontade de enfiar bisturis nos olhos de todos eles, e isso inclui o terceiro olho também.
- Cala a boca.– revirei os olhos, descrente. – Isso tudo é fruto da sua imaginação, tenho certeza.
- Ah, tá. – ela assentiu, sarcástica, e aproximou seus lábios de meu pescoço, depositando um selinho gostoso no local. – E deixar umas boas marcas aqui também é fruto da imaginação deles, posso te garantir.
- Você fala como se algum dia eles fossem realmente conseguir isso. – sorri, envolvendo seu pescoço com meus braços e sentindo-a abraçar minha cintura e sentar-me sobre o balcão. – Como se algum dia eles fossem capazes de desbancar você.
- Não estou convencida. – ela murmurou, dando uma leve mordidinha em meu pescoço e fazendo-me encolher o corpo de leve. – Na verdade, nunca vou estar.
- Além de possessiva, você é ciumenta? – perguntei, já um pouco bêbada em meio a todo aquele perfume que emanava de sua pele. – O que mais eu preciso descobrir sobre você?
- Que eu não meço esforços para defender minhas prioridades. – Anahí sorriu, fazendo com que seu hálito quente batesse em minha pele e acelerasse meus batimentos cardíacos. – Ou seja, é melhor mesmo que eles fiquem bem longe de você.
- Se eu não gostasse tanto de te ver nua, acho que seria capaz de dispensar atividades físicas entre nós só pra te ouvir falar mais dessas coisas no meu ouvido. – suspirei, completamente mole em seus braços, e apertei meus dedos em seus cabelos.
- A gente podia experimentar isso qualquer dia desses. – ela disse, afastando seu rosto de meu pescoço e olhando-me bem de perto. – Tipo um teste de nervos, pra ver quem aguenta mais tempo.
- Acho que eu perderia de primeira. – confessei, sem fôlego. Eu não me importava em deixar meu orgulho de lado em certos assuntos quando estava com ela.
- Você que pensa. – Anahí ergueu uma sobrancelha, com um sorriso divertido. – Meu autocontrole fica um pouco frágil com a sua boca perto do meu ouvido, você sabe disso.
- Que tal você parar de usar esse tom de voz e me beijar de uma vez? – pedi, com a visão um pouco turva apenas por ouvir suas palavras e o timbre sedutor com o qual ela as pronunciava. – A não ser que você esteja disposta a me segurar caso eu desmaie.
- Você inconsciente de novo não, por favor. – ela riu, e eu logo me lembrei de quando apaguei em seu carro após a festa de Keaton. – Me lembrar daquela noite é torturante demais.
- Bom, eu não me lembro daquela noite, e prefiro não pensar nisso. – balancei negativamente a cabeça, erguendo as sobrancelhas temerosamente. – Ficar desacordada não é algo que me agrade, ainda mais com você por perto.
- Eu não fiz nada naquela noite, a não ser ficar preocupada com você. – Anahí resmungou, com um tom sério e manhoso ao mesmo tempo. Aquele assunto parecia ferir sua moral, e não era difícil compreender por quê.
- Eu sei, eu sei. – sorri, apertando suas bochechas e vendo-a fechar a cara. – Mas da próxima vez é pra fazer!
Anahí jogou a cabeça pra trás, rindo de meu pedido absurdo, e ri junto, até que ela, ainda sorrindo, uniu seus lábios aos meus, iniciando um beijo carinhoso e intenso. Ri baixinho quando ela apertou meus glúteos e me puxou para mais perto de si, e dei uma mordidinha em seu lábio inferior, ouvindo sua respiração tornar-se gradativamente pesada conforme o beijo e as carícias se aprofundavam.
Até que uma batida na porta trancada do laboratório nos interrompeu.
Ambas arregalamos os olhos ao ouvir o som, e levamos alguns segundos para conseguir pensar no que fazer. Quem era o idiota que estava querendo entrar no laboratório vinte minutos após o término das aulas da manhã? Ninguém nunca ia até ali àquele horário.
- Se esconde. – li seus lábios pedirem, e pus-me de pé num segundo, sentindo meu corpo inteiro tremer de medo. Corri até a bancada mais distante da porta e me escondi atrás dela, sentada no chão e abraçada às minhas pernas. Meu coração estava a mil dentro do peito, e eu tentava normalizar minha respiração ofegante à medida que ouvia os passos de Anahí distanciarem-se até chegarem à porta. Se alguém me visse ali, nós duas estaríamos muito ferradas. Como explicar minha presença no laboratório, trancada com Anahí?
- Mai? – ouvi a voz de Anahí dizer, um tanto trêmula, e foi então que meu coração parou.
Maitê.
Minha pressão baixou instantaneamente assim que ouvi Anahí pronunciar seu nome, e foi ainda mais difícil não desmaiar ao ouvir sua voz ecoar pelas paredes.
- Va/dia, ainda bem que você não foi embora! – Maitê suspirou, com desespero e alívio na voz, e pude ouvir seus passos adentrando o laboratório. – Eu preciso muito da sua ajuda.
- O que aconteceu? – Anahí perguntou, já com um pouco mais de firmeza. Diferentemente de mim, que mal conseguia respirar, tamanho era o meu nervosismo.
- Eu estou numa encrenca enorme. – Maitê disse, e eu apenas me mantive imóvel, ouvindo-a com toda a minha atenção. – A Jéssica quer vir morar comigo!
Deixei meus olhos fixos no pé de um dos bancos próximos a mim, sentindo uma pontada forte em meu peito.
Quem era Jéssica?
- A Jéssica? – Anahi repetiu, surpresa. – Como assim, morar com você? Ela não estava trabalhando em NY?
- Estava, mas eu fui visitá-la esse final de semana e ela disse que não aguenta mais viver sozinha naquela maldita cidade, que sente minha falta e todas essas idiotices de mulher. – Maitê bufou, parecendo muito irritada, e surrealmente diferente da minha Mai que eu conhecia. – Ou seja, eu estou completamente ferrada, porque se ela vier morar comigo, provavelmente vou ter que casar! Quer dizer, enrolar uma mulher por três anos com um noivado à distância não é nada bom quando o pai dela é um militar aposentado que tem quase uma ogiva nuclear no quintal de casa! E se eu me casar com a Jéssica, como vou fazer pra ficar com a Dulce? Pior ainda, como vou esconder meu casamento dela?
Alguns segundos de silêncio se seguiram às palavras de Maitê, porém eu não consegui mais ouvir quando a voz de Anahi surgiu. Suas palavras eram apenas sussurros, ruídos em meus tímpanos, absurdamente distantes de mim. A voz de Maitê, tão incomum à postura que ela costumava ter, ainda gritava em minha cabeça, fazendo tudo girar ao meu redor e o chão sumir sob meu corpo.
Maitê.
Jéssica.
Casar.
Noivado.
De repente, eu só conhecia essas quatro palavras. Num piscar de olhos, eu só sabia pensar nessas quatro simples, e ao mesmo tempo, tão complexas palavras. Num segundo, meu vocabulário se resumiu a meras quatro palavras, que mudariam minha vida por completo. Alguns segundos de pane se passaram, sem que eu conseguisse mover um músculo ou pensar em qualquer outra coisa a não ser naquelas quatro palavras. E quando elas finalmente começaram a fazer sentido, foi como se tivessem golpeado fatalmente meu coração com uma estaca.
Maitê tinha uma noiva.
Maitê tinha uma noiva chamada Jéssica.
Maitê tinha uma noiva chamada Jéssica e provavelmente se casaria com ela.
Maitê tinha uma noiva chamada Jéssica e provavelmente se casaria com ela sem nem ao menos me contar.
Quem era Maitê afinal? Que tipo de monstro ela era? Ela realmente me amava como fazia parecer?
Meu Deus do céu… A quem eu havia confiado meu coração durante todo aquele tempo?
Lágrimas embaçaram minha visão por completo em questão de segundos quando me vi diante de todas aquelas afirmações e dúvidas. Levei as mãos à boca para abafar um grito de horror que parecia ter entalado no enorme nó de minha garganta, e sem que eu sequer notasse, meu rosto foi lavado pelo oceano salgado que escapava por meus olhos.
Grossas e pesadas gotas de minha dor líquida misturavam-se silenciosamente ao fluxo de água que já corria por minhas bochechas, enquanto eu aos poucos compreendia o que havia acabado de descobrir.
Enquanto eu a considerava minha prioridade… Para Maitê, eu sempre fui e sempre seriaa outra.
- Desculpa ter aparecido assim do nada, mas é que eu realmente tô desesperada. – a voz de Maitê voltou a falar, após o que me pareceram longos minutos de silêncio, mas que na verdade só haviam sido mudos em minha percepção. – A gente se fala mais amanhã, e por favor, pensa em alguma coisa que possa me ajudar, eu imploro!
- Pode deixar, va/dia, e vê se fica calma. – Anahí disse num tom convincentemente tranquilo, provavelmente após uma boa desculpa para dispensar a amiga. – Amanhã eu falo contigo.
Os passos de Maitê ficaram cada vez mais distantes, até que a porta se fechou e eu ouvi a chave girar na fechadura. Meus olhos encharcados ainda mantinham-se fixos no mesmo banco, arregalados e vazios, e as lágrimas ainda escorriam por eles sem controle, quando Anahí preencheu o espaço antes vazio de minha visão periférica. Mesmo sem olhá-la, pude perceber seu susto e hesitação ao me ver naquele estado de choque, e sua voz não demorou a me chamar num tom preocupado.
- Dul?
Levei alguns segundos para conseguir reagir, e quando finalmente o torpor parecia estar se esvaindo lentamente de meu corpo, fui capaz de desviar meu olhar estarrecido até o dela. E bastou que os olhos de Anahí entrassem em foco para que eu simplesmente desabasse.
- Dulce, o que aconteceu? – ela perguntou, assustada, chegando até mim em passos largos e agachando-se à minha frente. Ela tomou minhas mãos fracas nas suas, enquanto eu apenas deixava o choro escapar por meus olhos e os soluços que eu até então prendia fugirem por minha garganta. A dor era tão intensa e se alastrava tão rapidamente por meu corpo que este se contraiu por inteiro, tentando lutar contra aquele sentimento pavoroso que o dominava. Senti os braços de Anahí me envolverem, puxando-me para mais perto de si, porém eu não fui capaz de retribuir seu abraço; sua voz sussurrava palavras que soaram ininteligíveis aos meus ouvidos, e eu simplesmente não conseguia encontrar minha voz para respondê-la. Por um tempo que fui incapaz de calcular, permaneci inerte, sem sequer me preocupar com fatores básicos como respirar. As lágrimas continuavam a cair, mas todo o resto parecia estar retesado, imobilizado.
- Por favor, me responde. – Anahí pediu baixinho, aflita, e afastou-se de mim para poder examinar meu rosto lavado de lágrimas. Seus olhos demonstravam todo o pânico e dor que meu estado lhe transmitia, e a tortura neles doeu em mim.
- Anie… – murmurei apenas, agarrando seu jaleco, puxando-a para perto de mim novamente e afundando-me em seu abraço.
- Eu estou aqui, está tudo bem. – ela sussurrou, apertando-me com força contra si – Ela já foi embora, não desconfiou de nada…
Um soluço dolorido escapou por entre meus lábios e meus olhos se fecharam fortemente à menção de Maitê, assim como meu corpo se encolheu subitamente. Obviamente, Anahi percebeu minha reação, e após alguns segundos em silêncio, finalmente deduziu o motivo de meu comportamento destruído.
- Você não sabia sobre a Jéssica?
Senti o choro intensificar-se, e balancei negativamente minha cabeça sobre seu ombro. Anahí levou alguns segundos para voltar a falar, completamente desnorteada diante de sua descoberta.
- Meu Deus… – ela murmurou, chocada, e eu apertei ainda mais meus braços ao redor de seu pescoço, sentindo-a puxar-me para seu colo. – Ela nunca te contou?
Repeti meu gesto com a cabeça, deixando que minhas lágrimas inundassem o tecido de seu jaleco, e novamente ficamos em silêncio por alguns segundos, sem saber o que falar.
- Por que você nunca me contou? – perguntei baixinho, reunindo o pouco de oxigênio que existia em meus pulmões, porém sem agressividade ou mágoa. Não era obrigação dela me dizer nada a respeito do noivado de Maitê.
- Eu sempre achei que ela tivesse te contado. – ela respondeu, com a voz nitidamente desorientada. – E que você tivesse aceitado ser sua amante.
Levei alguns segundos para me recuperar do emprego da palavra amante para me definir, e respirei fundo antes de continuar.
- Não… Ela nunca me disse nada.
- Me desculpa, Dul. – ela pediu, afastando-se novamente de mim para poder me olhar, e suas mãos seguraram gentilmente meu rosto, erguendo-o até o dela. – Eu não sabia que ela estava te enganando desse jeito. Eu devia ter te contado, eu já devia saber que você não aceitaria uma condição dessas… Nossa, aquela filha da pu/ta vai sofrer na minha mão, você vai ver, eu não vou deixar as coisas ficarem assim, mas não mesmo…
- Pelo amor de Deus, Anahí, você não vai fazer nada. – a interrompi, assustada ao ver a fúria crescer nos olhos dela. – Não vamos nos precipitar.
- Ela não pode sair ilesa, Dulce, eu não vou permitir uma coisa dessas! – Anahí exclamou, franzindo a testa com a expressão nitidamente enraivecida. – Olha o que ela fez com você! Ela mentiu desde o começo!
- Eu vou terminar tudo com ela amanhã mesmo. – solucei, sentindo a surpresa lentamente ceder cada vez mais lugar à dor e à revolta dentro de mim. – Você não vai precisar sujar suas mãos por minhas causa.
- Eu não sei se tenho todo esse sangue frio. – ela respirou fundo, com os olhos coléricos disfarçados sob uma fina camada de autocontrole, e logo em seguida os fechou. – Me dá nojo só de te imaginar perto dela outra vez.
- Ninguém quer mais distância dela do que eu, acredite. – falei, cobrindo meu rosto com as mãos ao sentir o choro voltar a se intensificar. – Mas eu não posso simplesmente fingir que ela não existe mais… Não sem antes desfazer nosso compromisso.
Anahí não disse nada por alguns segundos, apertando seu abraço em minha cintura e beijando a curva de meu pescoço. Fechei meus olhos com força, tentando conter minhas lágrimas, e pude ouvi-la sussurrar determinadamente contra minha pele:
- Ela vai ter o que merece… Pode apostar.
- Eu quero ir pra casa. – foi tudo que consegui murmurar, sentindo meu choro se intensificar novamente, e precisando apenas do meu quarto e de meu recanto de paz particular. Eu já estava sofrendo o suficiente, não queria fazê-la sofrer comigo, muito menos desperdiçar seu tempo chorando em seu ombro.
- Eu te levo. – ela se prontificou, levantando-se comigo em seu colo agilmente. – Não vou te deixar ir a pé sozinha nesse estado.
- Não… As pessoas vão nos ver. – soprei, com o rosto na curva de seu pescoço, já sentindo meu peito doer de tanto chorar.
- Fo/da-se. – ela disse tremulamente, passando por sua mesa para pegar sua bolsa, e num segundo estávamos a dois passos da porta do laboratório.
- Me põe no chão pelo menos. – relutei, afastando meu rosto de seu pescoço com um fungado baixo. – Eu estou bem, de verdade.
Anahí atendeu ao meu pedido após alguns segundos de ponderação, colocando-me de pé com cuidado, porém manteve suas mãos em meus cotovelos, apoiando-me caso eu tivesse uma tontura.
- É claro que você não está bem, tem certeza de que quer andar? – ela perguntou, escorregando uma de suas mãos até encontrar a minha, e eu assenti devagar. – Podemos fingir que você torceu o tornozelo ou algo do tipo e eu te carrego até o carro.
Não consegui responder, sentindo seu amparo me reconfortar minimamente; se não estivesse tão destruída por dentro, a teria agradecido, porém tudo que consegui fazer foi negar sua proposta com um leve aceno de cabeça, fazendo uma lágrima escorrer pelo canto de meu olho. Anahí me olhou com profunda preocupação, e segurou gentilmente meu rosto com uma de suas mãos, levando seus lábios até a gota salgada e enxugando-a rapidamente. Não foi preciso dizer nada; eu sabia que ela estava comigo, e seus olhos já me diziam que ela me amava de uma maneira muito mais intensa e verdadeira que palavras seriam capazes de expressar.
Ela destrancou a porta do laboratório, entrelaçando nossos dedos e apertando-os com firmeza, e eu respirei fundo antes de sair, enxugando meu rosto com a mão livre e me concentrando para conter o fluxo de lágrimas por alguns minutos, o que me parecia absurdamente impossível. Anahí me deu passagem para sair primeiro, após uma breve olhada no corredor vazio, e eu, temendo desmontar sobre minhas pernas trêmulas, deixei o laboratório, olhando para meus próprios pés enquanto ela trancava a sala da qual havíamos acabado de sair. Conforme o barulho das chaves colidindo no molho ecoava pelo corredor, tive a impressão de que o ruído estava sendo acompanhado por outro som vindo dos degraus, que meus ouvidos não tiveram rapidez suficiente para reconhecer a tempo.
Porém, quando eu finalmente entendi o que ele significava, já era tarde demais.
Minha cabeça rapidamente virou-se na direção do som de sapatos se chocando contra os degraus, assim como a de Anahí, e uma fração de segundo depois, um par de olhos castanhos retribuiu nossos olhares assustados. Com o mesmo choque com o qual o encarávamos.
Foi como se o chão tivesse simplesmente sumido em um piscar de olhos.
Bem à nossa frente, a cinco passos de distância, Maitê nos encarava com a expressão surpresa.
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Comentários da Fanfic 134
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AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20
Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs
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Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49
aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!
Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17
Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.
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MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30
Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.
Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30
entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.
MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30
Nunca escrevi negócio tão grande kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05
que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21
Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09
eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58
Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09
Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16
Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53
É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48
vou colocar a fic em dia....
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MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13
Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11
Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs
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Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09
Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14
Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs