Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni
Meu maior temor, meu pior pesadelo, havia enfim, se tornado realidade.
Minha cabeça parecia estar dentro de um liquidificador quando meu olhar encontrou o dela. Os dedos de Anahí se fecharam com força entre os meus, como se ela soubesse que eu seria capaz de desfalecer a qualquer segundo. Porém, sua força foi inútil; minhas pernas vacilaram perigosamente para baixo, mas num último esforço, eu me mantive de pé, disfarçando meu equilíbrio prejudicado. Eu tinha que ficar consciente. Eu não podia me permitir ser tão fraca, não num momento como aquele, por mais que tudo que eu quisesse fosse simplesmente apagar.
- Dulce? – a voz falha de Maitê pronunciou meu nome, fazendo jus à sua expressão perplexa. – O que… O que você tá fazendo aqui?
Meus pulmões pareciam completamente vazios, causando-me uma falta de ar insuportável, porém era como se eu os fosse explodir se inspirasse. Tudo ao meu redor girava a uma velocidade alucinante, fazendo com que apenas Maitê se mantivesse parada à minha frente enquanto todo o resto rodopiava, transformando-se em borrões coloridos e desnorteando-me por completo.
- Anahí, o que está acontecendo? – ela voltou a falar, demorando a desviar seu olhar do meu para encarar a amiga. – Alguém pode me explicar o que…
Sua voz, já um pouco mais alta que o habitual, subitamente cessou quando ela finalmente encontrou a resposta muda às suas dúvidas. O assombro percorreu seu rosto por alguns segundos, fazendo-a soltar todo o seu ar de uma única vez e contorcer seus traços em uma compreensão indesejada.
Meus dedos, firmemente entrelaçados aos de Anahí, a fizeram entender o que estava acontecendo todo o tempo, bem debaixo de seu nariz.
- Mai, calma. – Anahí pediu, com a voz determinada, porém assim que ela fez menção de continuar, foi bruscamente interrompida.
- Calma? – Maitê exclamou, encarando-a com olhos vidrados e gradativamente homicidas. – Por que eu deveria ficar calma ao ver você de mãos dadas com a minha namorada?
- Porque não é ela quem está segurando minha mão. – pude ouvir minha própria voz dizer, estrangulada, fazendo com que Maitê transferisse seu olhar colérico até mim. – Eu estou segurando a mão dela.
Seus olhos castanhos continuaram me fitando com horror por alguns segundos, como se testassem minha capacidade de encará-la. Não consegui fitá-la por muito tempo, e logo voltei a olhar para o chão, sentindo mais lágrimas se formarem. Após minhas recentes descobertas sobre Maitê, meus sentimentos por ela haviam mudado da água para o vinho, mas ainda assim não era daquele jeito que as coisas deveriam estar acontecendo. Anahí não deveria ter sido envolvida em nenhum momento de meu acerto de contas com Maitê.
- Então… Você acabou de dizer que está me traindo, Dulce? – Maitê perguntou entre dentes, e eu fechei os olhos, me sentindo um monstro ao ouvir sua voz trêmula sintetizar nossa situação. – E ainda por cima com a minha melhor amiga?
- Não aja como se ela fosse a única errada nessa história. – Anahí interveio, com a voz grave, e um soluço baixo escapou por entre meus lábios. – Suas atitudes também não foram das mais nobres com ela.
- Não foram das mais nobres? – Maitê repetiu, e mesmo sem olhá-la, senti a ironia em seu tom. – Por acaso eu fui uma má namorada? Por acaso eu deixei de dar o que ela queria em algum momento?
- Você não pode estar falando sério. – sussurrei, sem conseguir conter minha raiva diante de sua postura, fechando meus olhos com mais força. – Esconder uma noiva por todos esses meses lhe parece uma atitude nobre?
- Noiva? Que noiva? – Maitê questionou, tentando isentar-se da culpa, e Anahí logo fracassou suas expectativas.
- Ela nos ouviu conversando sobre a Jéssica agora pouco, não adianta tentar negar. Assuma seus erros, Perroni assim como estamos assumindo o nosso.
- Isso não muda nada. – Maitê disse após alguns segundos de silêncio, e eu senti uma dor lancinante percorrer todo o meu corpo ao ouvir sua confissão. – Ela não sabia de nada antes de me trair, e aposto que não pensou duas vezes antes de me apunhalar pelas costas, não é, sua va/dia?
- Cala a boca. – Anahí rosnou, com a respiração cada vez mais pesada, e eu ergui meus olhos vermelhos e molhados até encontrar os de Maitê.
- Cala a boca você, Portilla! – ela retrucou num volume alto, aproximando-se de mim com um olhar neurótico, e parou a um passo de distância. – Ela é uma va/dia mesmo, e é assim que vad/ias merecem ser tratadas!
Antes que Anahí pudesse abrir a boca mais uma vez, a mão forte de Maitê voou na direção de meu rosto, dando-me um tapa ardido e doloroso que me fez cair a alguns passos de distância das duas.
- Qual é o seu problema, sua escrota? – Anahí exclamou, empurrando Maitê pelo peito, e eu prendi um grito de dor, engolindo meu choro desesperado e sentindo gosto de sangue em minha boca. O lado agredido de meu rosto pareceu inchar e latejar imediatamente, e toda a dor só aumentava a cada segundo, porém eu não ousei fechar meus olhos ou derrubar uma lágrima. Eu havia errado e merecia um castigo por isso.
- Sua pu/ta! – Maitê xingou, apontando para mim, e eu me levantei rapidamente, vendo Anahí avançar cada vez mais para cima dela. – Va/dia, pira/nha, vaga/bunda!
- Você mentiu pra mim desde o começo, Maitê – falei, balançando negativamente a cabeça e encarando-a com tristeza, ainda sem acreditar que ela havia realmente sido capaz daquilo. – Você sempre me enganou… Por quê?
- Porque eu amo você! – ela exclamou, com a testa pesadamente franzida, e duas grossas lágrimas caíram de seus olhos. – Eu amo você, sua maldita! Como você foi capaz de fazer isso comigo?
- Você me ama? – repeti, cerrando os olhos e sentindo minha barreira invisível contra as lágrimas aos poucos ceder. – Se me amasse de verdade, teria me contado.
- Foi exatamente por isso que eu nunca te contei! – ela disse, contorcendo o rosto em tristeza e deixando ainda mais nítido que estava chorando. – Eu sabia que você jamais aceitaria ficar comigo se soubesse!
- E por isso a enganou? Você realmente achou que esse seu plano funcionaria para sempre? – Anahí perguntou com fúria na voz, ainda mantendo uma postura ameaçadora diante de Maitê – Foi muita imaturidade sua, Maitê.
- Quem é você pra me falar de maturidade, Anahí? – Maitê retrucou, encarando-a com ódio e dando um passo em sua direção. – Olha o que você foi capaz de fazer comigo!
- Nada que você não merecesse! – Anahí cuspiu, e assim que o punho de Maitê avançou na direção dela, um grito de pavor escapou por minha garganta.
- Não!3
Lancei-me na direção de Anahí, segurando em seu braço e puxando-a para trás antes que fosse golpeada. Por pouco o punho de Maitê não a acertou, e eu segurei firme no braço de Anahí para que ela não tentasse revidar a agressão.
- Eu vou matar você! – Maitê a ameaçou, avançando em nossa direção, e antes que ela se aproximasse muito, Anahí, cega de ódio, desvencilhou-se de mim e a empurrou novamente, dessa vez derrubando-a no chão.
- Some da minha frente antes que eu te mate! – ela urrou, mantendo contato visual com Maitê por alguns segundos até que esta se levantou e desviou seu olhar repleto de ira até o meu.
- Eu ainda não acabei com você. – ela murmurou, novamente apontando em minha direção, e o tom psicopata em sua voz me arrepiou da cabeça aos pés. – Pode esperar… Nós ainda vamos acertar nossas contas.
- Some daqui, Perroni! – Anahí gritou, apontando para as escadas, e após mais alguns segundos me encarando, Maitê deu meia volta e desceu rapidamente os degraus. Anahí e eu continuamos paralisadas por um tempo, apenas encarando o espaço vazio antes ocupado por Maitê, sem saber como reagir. Minhas pernas tremiam assustadoramente, e assim que minha mente compreendeu que a ameaça imediata de perigo já havia ido embora, a dor física e emocional começou a se manifestar com toda a sua intensidade, fazendo com que meus joelhos cedessem ao meu peso. Porém, antes que eu caísse, as mãos de Anahí envolveram meus braços com firmeza, mantendo-me de pé.
- Calma, calma. – ela soprou, puxando-me para si e afundando-me em seu abraço. – Vai ficar tudo bem, eu prometo.
Tentei abrir a boca para dizer que não, mas não consegui. Eu sabia que nada ficaria bem dali em diante, e que todas as minhas certezas seriam apenas lembranças muito em breve. Maitê faria de minha vida um inferno, espalharia para quem quisesse ouvir o que aconteceu entre nós, mancharia minha imagem e me prejudicaria de todas as maneiras que lhe fossem possíveis.
- Vem, vamos cuidar de você. – Anahí sussurrou, desfazendo nosso abraço e me guiando até a porta do laboratório outra vez. Ela rapidamente destrancou-a para que entrássemos, e logo em seguida voltou a trancá-la, dando-nos total segurança. Meu corpo estava completamente mole, inerte, sem forças para realizar qualquer movimento.
A dor em meu rosto ficava mais forte a cada segundo, mas na realidade era sua causa moral quem a fazia latejar. Eu já havia tido vários pesadelos com aquele momento, mas nunca imaginei que eles fossem se concretizar daquela maneira tão inesperada e cruel.
- Senta aqui. – ela pediu, erguendo-me do chão e colocando-me sobre a bancada. Seus olhos pairaram sobre o lado agredido de meu rosto por alguns segundos, e um suspiro escapou por entre seus lábios, denunciando que os dedos de Maitê provavelmente haviam ficado marcados ali. Nada que eu não merecesse.
- Eu sou um monstro. – solucei, sem sequer conseguir encará-la, e ela colocou suas mãos delicadamente em meu rosto, sem tocar a parte afetada. – Ela tem razão em tudo que disse sobre mim.
- Não, Dulce, ela está errada. – Anahí sussurrou, erguendo meu rosto sutilmente para que eu não tivesse como fugir de seu olhar. – Você sempre se preocupou com ela, apesar de tudo, enquanto ela te enganou de propósito por todo esse tempo… Pra mim, ela é o monstro, não você.
Balancei negativamente a cabeça e fechei os olhos com força, sem conseguir respirar e sentindo meu choro se intensificar a cada vez que os olhos de Maitê voltavam à minha mente.
- Me escuta. – ela insistiu, enxugando minhas lágrimas com cuidado e me olhando com determinação. – Se existe alguma culpada nessa história toda, essa pessoa sou eu. Se você está nessa situação hoje, a culpa é inteiramente minha. Eu te persuadi a ficar comigo, eu fui inescrupulosa ao te querer pra mim mesmo sabendo que você já estava com ela…
- Não, Anie. – gemi baixinho, segurando suas mãos e erguendo meus olhos até os dela. – Eu sou a culpada…
- Claro que não! – ela persistiu, aproximando seu corpo do meu e franzindo levemente a testa, como se estivesse sofrendo comigo. – Se você quiser, eu posso ir atrás dela e dizer que foi tudo culpa minha, e que eu te chantageei para poder ficar com você…
- Você não vai fazer um absurdo desses. – a interrompi, horrorizada com seus pensamentos errôneos. – Não há nada que possamos fazer… Nada vai mudar o que aconteceu.
Ela apenas me encarou, soltando um suspiro derrotado, e seu olhar triste sustentou o meu por alguns segundos, até que seus braços envolveram minha cintura delicadamente. Afundei meu rosto em seu peito, sentindo as lágrimas caírem livremente por ele, e fechei fortemente os olhos, sentindo meu coração se contorcer de dor. Ergui meu rosto para poder observar o dela, e minha bochecha machucada roçou seu peito com certa força, fazendo com que uma dor pulsante encolhesse meu corpo de imediato.
- É melhor eu pegar algo gelado pra colocar aí. - Anahí disse, se afastando de mim, e eu pude ver tristeza em seus olhos ao fitar meu rosto dolorido. Respirei fundo, encarando o espaço vazio onde antes ela estava por um tempo, mas que logo foi ocupado por seu corpo novamente.
Anahí sorriu fraco, porém sem alegria nenhuma, e me estendeu uma luva de plástico com alguns cubos de gelo dentro e uma carinha feliz desenhada nela. Fitei o sorriso disforme que ela havia improvisado sem que eu sequer me desse conta, e mesmo me sentindo horrível, um sorrisinho triste surgiu em meu rosto.
– Vamos esperar até você se acalmar um pouco e eu te levo pra casa, está bem? – ela murmurou, afastando algumas mechas de cabelo de meu rosto, e eu assenti fracamente.
Coloquei a luva sobre meu rosto e fechei os olhos ao sentir o efeito da baixa temperatura em contato com minha pele.
- Estou com medo de ir pra casa. – sussurrei após longos segundos de silêncio, vendo-a me olhar em dúvida. – Não vou conseguir esconder de minha mãe.
- Quer ir pra minha então? – ela perguntou baixo, inclinando um pouco a cabeça para o lado, e eu pensei por alguns segundos antes de negar fracamente. – Por que não? Vai ser bom poder cuidar de você.
- Eu estou bem. – murmurei, desviando meu olhar do dela e engolindo a tristeza presa em minha garganta com toda a força que encontrei, para que ela não se preocupasse tanto comigo. – Só preciso ficar sozinha um pouco.
- Tudo bem… Mas por que você mente pra mim? – ela indagou, ajeitando carinhosamente meus cabelos para que eles se comportassem atrás de minha orelha e fazendo minhas lágrimas silenciosas voltarem a cair. – Tudo que eu quero é cuidar de você agora.
- Eu não gosto de compartilhar minhas dores. – falei com a voz contida, voltando a encarar seus olhos, agora ainda mais escuros que de costume. – Prefiro assim… Não quero que as pessoas sintam pena de mim.
- Eu não sinto pena de você. – Anahi disse, encarando-me com seriedade. – Eu gosto de sentir o que você sente… Mesmo que seja dor. Sabe, isso me faz bem. Me faz sentir um pouco menos fria por dentro.
Soltei um suspiro fraco, e fechei meus olhos por um momento antes de voltar a fitá-la. Ela não podia ser real.
- Você não é fria por dentro. – a corrigi baixo, entrelaçando meus dedos nos dela inconscientemente e sentindo meu rosto completamente lavado de lágrimas.
- Eu era. – ela suspirou, olhando para nossas mãos unidas, e havia um certo tom de confissão em sua voz. – Mas você tem me ajudado bastante nisso.
Minha mão havia relaxado inconscientemente, e o contato repentino de sua pele quente contra a minha já um pouco mais gelada me arrepiou de leve conforme ela voltava a ajeitar a luva sobre meu rosto com um sorrisinho compreensivo, porém ainda muito triste. Tudo que consegui fazer foi continuar chorando silenciosamente e apertar seus dedos entre os meus.
- Digamos que você é minha pequena faísca de felicidade. – ela murmurou com a voz e o olhar baixos. – E eu não vou deixar que suas lágrimas te apaguem.
Não consegui responder nada, sentindo mais lágrimas se formarem, porém dessa vez, havia um mísero fio de alegria nelas. Anahí soltou um risinho de deboche, envergonhada, e eu selei nossos lábios com carinho, segurando seu rosto com a mão livre e acariciando sua pele com meus polegares. Ela chegou mais perto, envolvendo minha mão que segurava a luva para que ela não saísse do lugar, e afastou nossos lábios, mantendo seu rosto muito próximo.
- Não vai embora, por favor… Não agora. – funguei, sendo involuntariamente infantil, e ela deu um sorriso adorável. – Eu preciso muito de você, agora mais do que nunca.
- Eu não estava indo a lugar algum. – ela soprou contra meus lábios enquanto eu a abraçava pelo pescoço com o braço desocupado. – Nem agora, nem depois.
Sem, palavras diante das dela, levei alguns segundos para conseguir sorrir fraco, admirada com sua atitude. Pela milésima vez naquele dia.
- Desse jeito eu não vou parar de chorar. – confessei, respirando fundo e contendo minhas emoções afloradas.
- Ah, não, chega de chorar. – ela pediu fazendo uma careta, e se afastou de mim. – Vem, eu vou te levar pra casa. Você precisa descansar.
Concordando e agradecendo-a mentalmente, assenti, descendo da bancada com uma certa ajuda dela, e lhe entreguei a luva já morna para que ela a jogasse fora. Enquanto ela o fazia, fitei a porta do laboratório, sentindo meu coração acelerar só de pensar em sair. Tudo o que eu queria no momento era distância daquele lugar, porém a ideia de atravessar aquela porta novamente me parecia extremamente assustadora.
- Dul? – a voz de Anahí me acordou de meu rápido devaneio, e quando a olhei, vi que ela já estava parada perto da porta, com minha mochila em suas costas. – Tudo bem?
Confirmei rapidamente, soltando um suspiro baixo, e ela abriu a porta do laboratório, saindo primeiro e esperando que eu o fizesse para trancar a sala. Descemos as escadas o mais normalmente possível, apesar da leve tremedeira em minhas pernas, e caminhamos até a rua em silêncio, deparando-nos com o Porsche de Anahí do outro lado da rua. A vaga de Maitê, que sempre estacionava a poucos metros dali, estava vazia, o que significava que ela já havia ido embora. Repreendi minha própria mente ao retornar suas atenções para ela, e desviei meu olhar do espaço vazio no acostamento. Entrei no carro pelo lado do carona, sem me preocupar muito por estar sendo vista, já que não havia mais ninguém na porta do colégio a não ser as poucas pessoas que passavam pela rua, e pus o cinto de segurança.
Anahí fez o mesmo em silêncio, colocando minha mochila no banco traseiro, e logo arrancou com o carro, ganhando velocidade facilmente e fazendo com que uma leve brisa batesse em meu rosto quando abriu um pouco meu vidro. Abaixei meus olhos até que eles fitassem meus joelhos e inconscientemente me perdi no silêncio do carro, absorta numa espécie de retrospectiva de todos os acontecimentos recentes.
A dor voltou a me preencher aos poucos, subindo por minhas pernas e dominando meu interior, como um veneno letal escalando meu corpo
Fechei meus olhos com força, tentando evitar que as lágrimas neles caíssem, mas foi em vão. Virei meu rosto para a janela, sem querer que Anahí percebesse minha recaída, porém assim que o fiz, sua mão envolveu a minha. Me mantive imóvel, sentindo-a apertar de leve meus dedos entre os seus, e um soluço baixo escapou por entre meus lábios.
- Eu não gosto de te ver chorando. – ela murmurou, com a voz baixa e compreensiva. – Mas acho que pra quem guarda tantas preocupações só pra si… Faz bem desmoronar de vez em quando.
Funguei baixo, sentindo meu choro se intensificar com suas palavras, e fitei nossas mãos unidas por alguns segundos, sem saber como encará-la. O carro parou num sinal vermelho e Anahí acariciou as costas de minha mão com seu polegar, suspirando baixo e fitando vagamente algum ponto à frente. Eu sabia que ela também havia sido duramente afetada por tudo que havia acontecido, e sabia que levaria algum tempo até que absorvêssemos todas aquelas emoções. Ergui meus olhos vermelhos até ela, me sentindo a pior pessoa do mundo por fazer duas pessoas sofrerem por atitudes erradas minhas, cujas consequências amargas somente eu deveria sentir, e a vi me olhar de volta, séria e inexpressiva. Apenas digerindo os fatos.
E por todo o trajeto até minha casa, prosseguimos naquele mesmo silêncio. Não havia muito mais a ser dito; nossas mentes e corações estavam entorpecidos e doloridos demais para que soubéssemos o que dizer uma a outra.
- Obrigada pela carona. – murmurei quando ela estacionou em frente à minha casa.
- Se precisar conversar… Bem, você tem meu número, e em hipóteses mais drásticas, sabe meu endereço. – ela sorriu fraco, erguendo meu rosto até que pudesse me encarar. – E não se preocupe com o horário, eu adoraria acordar pra falar com você.
- Obrigada. – repeti, sem saber o que mais dizer. Ela estava sendo totalmente carinhosa e preocupada comigo… O que mais eu poderia fazer naquele momento a não ser agradecê-la?
- E cuide do seu rosto… Já está bem melhor, mas ainda deve estar doendo. – Anahi recomendou, analisando a parte levemente inchada de minha bochecha, e logo em seguida desviando seu olhar até o meu como se ver a fraca vermelhidão em minha pele lhe transferisse minha dor. – Me desculpa por não ter evitado isso.
- Eu não aceito que você me peça desculpas por isso. – falei, engolindo minha crescente e incessante vontade de chorar. – Eu mereci.
- Se alguém aqui merece apanhar, sou eu. – Anahí negou com a voz grave, encarando-me com seriedade. – Mas não vou falar disso agora… Você deve estar com a cabeça explodindo.
- Eu estou bem, Anie. – suspirei, mas ao vê-la me repreender com o olhar, reformulei minha frase. – Eu vou ficar bem. Não se preocupe.
- Eu odeio quando você mente. – ela fechou os olhos por alguns segundos, respirando fundo, porém logo voltou a me olhar e aproximou seu rosto do meu, dando-me um selinho. – Descanse bastante, e cuide direitinho desse rosto, porque ele é meu, entendeu?
Assenti fraco, sentindo a respiração dela se misturar à minha, e com um carinho gostoso em meu queixo, ela voltou a unir nossos lábios, dessa vez aprofundando o beijo e fazendo-me esquecer qualquer dor por alguns segundos.
- Eu te amo. – Anahí soprou baixinho, após incontáveis segundos apenas sentindo a respiração uma da outra. – Não se esqueça disso.
- Eu não vou esquecer. – falei, abrindo meus olhos e encontrando os dela muito próximos. Ela sorriu fraco e voltou lentamente à sua posição ereta em seu banco, pegando minha mochila no banco de trás. Saí do carro, ajeitando as alças da mochila em meus ombros e caminhando lentamente até minha casa. Não olhei para trás; vê-la ir embora não costumava me fazer bem, mesmo sabendo que não poderíamos estar mais unidas do que naquele momento.
Tranquei a porta atrás de mim e me deparei com a casa vazia. Mamãe estava trabalhando, o que era bom e ruim ao mesmo tempo. A solidão me asfixiava em certos momentos. O silêncio me ensurdeceu de imediato, mergulhando-me na agonizante realidade. As lágrimas voltaram aos meus olhos, tão dolorosas quanto antes, e tudo que pude fazer foi subir correndo as escadas, trancar-me em meu quarto e atirar-me em minha cama, enterrando meu rosto no travesseiro.
Eu era um turbilhão de sentimentos angustiantes por dentro. Revolta, remorso, culpa, dor. Mas principalmente medo.
Eu estava com muito, muito, muito medo. Tanto medo que eu tinha até medo de explodir por sentir tanto medo. Um medo monstruoso estava presente em cada milímetro de mim.
E meu medo não era somente por mim. Havia outra pessoa pela qual eu tinha medo, talvez até mais medo por ela do que por mim mesma.
Eu sabia que Maitê daria um jeito de me separar de Anahi… O jeito mais cruel e sádico possível.
E era justamente por isso que eu tinha medo. Muito, muito medo do que ainda estava por vir.
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Comentários da Fanfic 134
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AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20
Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs
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Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49
aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!
Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17
Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.
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MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30
Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.
Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30
entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.
MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30
Nunca escrevi negócio tão grande kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05
que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21
Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09
eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58
Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09
Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16
Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53
É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48
vou colocar a fic em dia....
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MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13
Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11
Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs
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Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09
Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14
Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs