Fanfics Brasil - Capítulo 20 segunda temporada My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada

Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni


Capítulo: Capítulo 20 segunda temporada

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“Chamando a Dra. Dulce María Savinõn, emergência no sexto andar. Dra. Dulce María Savinõn, compareça ao sexto andar.“


A voz mecânica do hospital me chamava pela segunda vez. Estava deitada em um dos quartos onde os médicos podem descansar e abri lentamente os olhos, senti meu corpo doer assim que me sentei na cama. Tive mais um pesadelo. Tornaram-se constantes desde que Anahi partiu para a Grécia e dava poucas notícias. Motivo? Simples, estava embarcada em um dos navios de expedição e sinal de celular era algo inviável. Conclusão, não sabia quando ela ia voltar e nem como estava.


Dois anos já haviam passado. Dediquei meu tempo e minha vida ao meu trabalho e pesquisas na área da cardiologia, o que me gerou inúmeros prêmios e lucros. Como Harry havia proposto, íamos no apartamento de Anahí uma vez a cada duas semanas para ver se estava tudo em ordem e fazer uma pequena faxina. Sempre evitei em entrar no quarto dela, sabia que se fosse, iria sucumbir de saudade. O mesmo acontecia com o quarto do bebê, deixava para que Harry cuidasse desses dois cômodos.


- Qual a gravidade? Quero os dados do paciente. Onde está o estagiário?!  – cheguei na ala da emergência e alguns enfermeiros me preparavam para a operação. Hummels, um dos meus estagiários, chegou  afobado e desandou a falar.


- Doutora, o paciente é um senhor de cinquenta anos. Nome, Willian Jones.. – quando Hummels falou o nome, meu cérebro me levou de voltar ao meu primeiro ano de faculdade, quando o Dr. Jones faleceu em decorrência de um infarto. Independente desse homem ter alguma ligação com ele, não deixaria que outro Jones morresse por conta de um problema no coração. – A artéria coronária está obstruída, precisamos proceder à cirurgia de revascularização do miocárdio.


- Sei exatamente o que devo fazer, obrigada, Hummels. Pode sair. Avise a família do paciente que ele passará pela cirurgia de Ponte de Safena. Vamos evitar que esse homem sofra um infarto.


Assim que ele deixou a saleta e tudo estava pronto para iniciarmos a operação, dei uma olhada no rosto de Willian Jones. Era terrivelmente parecido com meu falecido professor, seriam parentes?! Agora não tinha tempo para suposições, eu precisava fazer esse homem sobreviver e ter a certeza que dormiria com a consciência limpa por salvar mais uma vida. Seria uma cirurgia demorada, mas esperava obter sucesso.


Último ponto da sutura feito. Batimentos cardíacos estáveis. Paciente salvo. Doze horas de cirurgia. Eu estava esgotada, mas o sorriso no meu rosto era maior que meu cansaço. Os assistentes davam leves tapinhas nas minhas costas e me parabenizavam. Respirei aliviada e agradeci a todos, avisando que estava na hora de conversar com a família do homem. Retirei as luvas e a máscara, jogando no lixo da saleta e lavei as mãos. Caminhei calmamente pelos corredores em direção à sala de espera. Havia cerca de quatro famílias sentadas, que levantaram assim que abri a porta.


- Família do senhor Willian Jones?


- Sim, somos nós. – uma mulher com cerca de quarenta anos se aproximou, acompanhada de dois adolescentes. – Como ele está?


- A cirurgia foi um sucesso. Ele está estabilizado e daqui a uma hora, será levado para a sala de recuperação pós-anestésica. Quando estiver bem acordado, vai para o quarto e, só então, poderão vê-lo.


- Muito obrigada, Doutora. Deus lhe abençoe. – a mulher apertava minha mão com força e sorri. Nada era mais reconfortante, do que ver a felicidade da família de um paciente após uma longa e cansativa cirurgia.


- Bom, se me dão licença, vou mandar que preparem o quarto para o senhor Jones e, quando for liberado, serão avisados.


Me despedi da família e me arrastei até a recepção, passei todas as informações e em menos de quinze minutos, uma equipe foi acionada para preparar o quarto onde o homem ficaria. Aproveitei esse tempo e corri para conseguir um café no restaurante do hospital. Precisava me manter acordada por mais três horas e então, finalmente ir para casa. Faziam dois dias que me recolhi no hospital, preferia ficar por aqui do que dormir sozinha em casa. Às vezes, ia para casa de Harry e Peter, passava a noite com eles, mas os pesadelos não cessavam. Infelizmente, a única pessoa que podia fazer com que parassem, não dava notícias e estava à quilômetros de distância.


- Dia difícil, Doutora? – Kyle, um homem negro e bem alto, me perguntava enquanto me servia café fresco.


- Nem diga, Kyle. Acabei de sair de uma cirurgia de doze horas, estou esgotada e chorando pela minha cama.


- Você está a dois dias nesse hospital, não faz sentido passar tanto tempo aqui.


- Eu sei, mas prefiro passar minhas horas nesses corredores com “cheiro de hospital”. – fiz aspas com os dedos e ele riu fraco, negando com a cabeça. Deixei a cabeça descansar no balcão e suspirei.


- Você é uma das médicas mais simpáticas e dedicadas daqui, fico feliz que ame tanto o seu trabalho. Alguns estão aqui apenas pelo dinheiro.


- Posso imaginar. Conheço três ou quatro pessoas daqui que gostam de trabalhar só pelo que ganham, o que irrita bastante. Infelizmente, não posso expulsá-los daqui. – senti meu bipe vibrando e percebi que estava na hora de ver o senhor Willian Jones e explicar os procedimentos do pós-operatório. – Bom, Kyle, obrigada pelo café. Agora, vou ver como está meu paciente e finalmente, ir para casa descansar. Bom dia.


- Bom dia, Doutora. Descanse bem.


Acenei para ele e me arrastei até o elevador que me levaria até os leitos. Encostei a cabeça na fria parede de aço, enquanto sentia aquele cubículo me levar em direção ao andar do meu último paciente da semana. Precisava de um descanso de quatro dias, no mínimo. Talvez uma ida à Miami para visitar minha mãe, não seria má ideia e de quebra, visitaria Demi e Selena.


- Muito bem, como estamos? – abri um largo sorriso enquanto entrava no quarto de Willian Jones, que já estava acordado e conversava com a mulher, possivelmente sua esposa.


- Estou me sentindo ótimo, doutora. A senhorita é um anjo.


- Você é um homem forte, senhor Jones. Deixa eu dar uma olhada em você. – verifiquei o pulso, seus reflexos, pressão. Tudo normal. – Vou te explicar o que fizemos, tá bom? – ele assentiu e eu liguei uma tela, onde estava uma imagem computadorizada de seu coração. Ele e a família olhavam atentamente para mim, que retirei uma caneta do bolso para mostrar algumas coisas. – Bom, retiramos parte da veia safena, que fica na perna, e religamos artérias do coração obstruídas por placas de gordura. Com a nova ligação, que chamamos de ponte, foi possível normalizar a circulação de sangue no local para evitar um infarto fatal.


- Meu Deus. E sobre minha rotina após a saída do hospital?


- Embora o principal objetivo da cirurgia seja torná-lo apto a exercer livremente todas as suas atividades, nos primeiros meses após a cirurgia, você sentirá alguns desconfortos e necessitará de cuidados especiais. Após este período inicial, que chamamos convalescência, você deve voltar a sua vida  normal. Mas lembre-se, sempre com cuidados redobrados em alguns aspectos.


- Vou cuidar para que ele não extrapole em nada. – a mulher olhava para Jones de uma maneira terna, sorri fraco e percebi que havia um sentimento forte ali, como se os dois fossem ligados além do laço matrimonial.


- Bom, senhora Jones. Posso chamá-la assim?


- Claro, Doutora.


- Perfeito. Continuando, este período inicial, ou convalescência, é o que vai da sua saída do hospital até cerca de dois meses. Nesta fase você poderá ficar muito fraco e sensível física e emocionalmente falando. Aconselho a música e a leitura, podem ajudá-lo a equilibrar os seus descontroles emocionais. – o senhor Jones torceu o nariz, parecia não querer passar por todo esse procedimento, ou estava pensando que tudo não passava de uma grande bobagem. - Evite situações que possam deixá-lo cansado ou irritado. Nesta fase você terá que cuidar-se. Não é permitido neste período o uso de bebida alcoólica e..


- E um cigarro? Será que até isso terei que cortar?!


- É de fundamental importância que você deixe de fumar. Agora! Tente entender que a sua saúde está muito frágil e que não deve abusar.


- Mas, só um cigarrinho..


- A Doutora falou que não, Willian. Quer morrer?! – a mulher parecia mais impaciente que eu, mas respirei fundo para prosseguir com as recomendações.


- Procure fazer algumas das suas atividades em casa. As que conseguir, não se esforce muito. Durante este tempo de convalescença, de seis a oito semanas de pós-cirurgia, realize atividades domésticas leves, desde que se sinta em condições.


- Quando posso voltar a dirigir? Eu posso tomar sol?


- O senhor é bastante apressadinho, não acha? – os adolescentes deram uma risada baixa e eu neguei com a cabeça. Nunca tive um paciente tão teimoso quanto esse homem. – Sobre dirigir, após oito semanas da cirurgia. Evite dirigir por períodos muito longos e interrompa quando se sentir cansado. Tomar sol, bem.. Exposições prolongadas ao sol não são recomendadas para ninguém. Enquanto suas incisões estiverem cicatrizando, sua pele estará sensível e os raios solares poderão queimá-la e propiciar o aparecimento de cicatrizes. Portanto, durante seu restabelecimento, evite exposições diretas ao sol por seis a oito semanas.


- Mas que droga.


- Willian, não fale assim. Lembre-se que perdemos seu irmão por conta de um problema no coração e não queremos que ocorra outra tragédia desse tipo na família. – a mulher afagava os cabelos grisalhos do homem e um estalo bateu em minha cabeça. Será?


- Com licença, mas.. o seu irmão era médico na Columbia?


- Sim, cardiologista.


- Ele.. foi meu mestre. Se tenho conhecimentos sobre a cardiologia, é graças à ele.


- Mas que divina coincidência. – a senhora Jones abriu um largo sorriso e caminhou até mim. – Fico feliz que Charles deixou um legado tão bom. Salvou a vida do irmão dele, sem nem ao menos saber. Nossa família será eternamente grata.


- Obrigada pelo carinho. Quanto a você, senhor Willian Jones, farei questão de acompanhar seu caso de perto. Não quero que nada de ruim aconteça com mais um Jones. – o homem, que antes estava com os braços cruzados na altura do peito, abriu um sorriso fraco e me olhou com carinho. – Deixarei vocês a sós, preciso ir para casa, estou a dois dias nesse hospital. Peguem meu número, qualquer problema, corro para encontrá-los.


- Obrigada mais uma vez, Doutora.


Deixei o quarto e estiquei os braços, sentindo cada osso estalar. A sensação de dever cumprido e a felicidade em salvar o irmão do meu falecido professor. Meu dia estava finalmente caminhando de uma maneira agradável. Agora era só pegar algumas coisas na minha sala e ir embora. Teria uma boa noite de sono, apesar de ser quase certo de que um jantar com o pessoal aconteça. Alcancei meu celular e o mesmo indicava quatro novas mensagens. Duas de Harry, uma de Sandy e outra de um número desconhecido.


“Dulcinha, jantar na minha casa hoje. Dê seu jeito, transe com o diretor do hospital, mas quero você aqui esta noite. – Harry”


“Mentira, não transe com o diretor do hospital. Só se ele for um homem maravilhoso, como eu. – Harry”


“Dul , vai ao jantar na casa do Harry? Preciso de carona! Me liga assim que possível. – Sandy"


“Na mitologia grega, Chronos era a personificação do tempo.”


Tudo bem que eu gargalhei nas duas primeiras mensagens, fiquei pensativa na terceira, mas na última.. o que significava aquilo? Um número desconhecido me falando sobre algum deus.. grego. Espera um pouco.. será que.. não, não é possível que fosse Anahí. Não teria motivo para ela me mandar mensagem de um número desconhecido, não tinha o menor cabimento. De qualquer maneira, precisava responder todas as mensagens, mas o que eu ia falar?!


“Tudo bem, Fairy. Vou jantar na sua casa sim e não precisarei transar com o diretor do hospital, que por sinal, é um velho babão. Nos vemos à noite.”


“Sandy, que horas sai do seu plantão? Passo para te buscar sim, estou indo para casa, preciso dormir um pouco na minha cama. Beijinhos.”


Tudo bem, duas já foram, só falta o número desconhecido. Mas.. o que eu ia responder?! Que sentido fazia? Alguém me mandando informações sobre o deus grego do tempo. Era algum tipo de piada pelo fato de Anahí ter abandonado tudo e ido para a Grécia por dois anos?! Não estava com tempo para brincadeiras, por isso decidi ignorar aquela mensagem e recolhi minhas coisas, indo em direção ao meu carro no estacionamento do hospital.


Apesar do relógio do meu apartamento marcar 14:00hrs, as grossas cortinas impediam a entrada dos raios solares, formando uma noite artificial. Respirei fundo e percebi que teria de fazer uma boa faxina, mas que antes de qualquer coisa, um banho era o que eu mais precisava. Percebi que a secretária eletrônica tinha três recados novos. Apertei o botão e caminhei até a cozinha para pegar um pouco de água, enquanto a voz mecânica anunciava as mensagens.


Você tem três recados novos.


“Filha, como você está? Eu e Roberto vamos viajar para Ohio hoje e só voltamos semana que vem. Me liga. Te quiero.” – bom, pelo menos alguém estava se divertindo.


“Sapavinõn, estou deixando essa mensagem na sua secretária eletrônica que é para ter certeza de que você vai vir hoje. Não me obrigue a dar a louca e te buscar pelos cabelos. Te amo, fofa.” – Harry conseguia ser altamente carinhoso quando queria. Ri baixo enquanto tomava mais um gole da água.


“Chronos, o deus do tempo. Do seu nome nos vem a palavra cronologia, marcação do tempo. Chronos, que substituiu o pai, organizou o mundo impondo nele o tempo que dá fim às coisas. O que isto passou a significar para nós? Que tudo, todas as coisas, teriam um momento para começar e outro para terminar.” – cuspi mais da metade da água ao ouvir uma voz estranha falar sobre o tal deus mais uma vez. Já estava ficando de saco cheio de tanto suspense. Não conseguia reconhecer quem era, parecia vir de um computador. Podia ser qualquer coisa, menos uma pessoa.


Respirei fundo e massageei as têmporas. Não deixaria que essa brincadeira acabasse com meu dia. Caminhei até meu quarto, ignorando todas as fotos nos porta retratos e me despi, entrando no chuveiro e deixando que a água gelada batesse em minha nuca. Queria entender o motivo dessas mensagens sobre o deus grego do tempo, queria alguma explicação ou uma pista que me levasse a uma solução. Será que alguém queria me dizer alguma coisa?


Sai do banho me sentindo mais exausta do que na hora que entrei, o que estava acontecendo? Eu olhava para a janela, coberta pela cortina cor de creme e a luz fraca que invadia meu quarto. A toalha enrolada no meu corpo, estava frouxa e prestes a cair. A água pingava do meu cabelo e eu parecia paralisada. Uma lágrima rolou pela minha bochecha, mas nem eu consegui entender o motivo. Seria uma dorzinha adormecida que decidiu dar as caras? Minha mãe sempre dizia que quando algo nos machuca demais, é melhor chorar. Alivia um pouco. Mas eu estava cansada de chorar, de virar na cama diversas noites com insônia por falta de notícias. E se Anahí conheceu alguém por lá e decidiu não voltar? Não, Dulce. Pare de pensar nessas bobagens. Brinquei com o anel de noivado no meu dedo e liguei o som. Precisava relaxar.


(x)
Am I blind? You move your hand away from mine


(Estou cego? Você move sua mão para longe da minha)


I take it as a sign, that you’re any less than mine


(Eu considero isso como um sinal, de que você é qualquer coisa menos minha)


Oh, it doesn’t move me to be cold


(Oh, isso não me leva a ser frio)


It doesn’t lessen my hope


(Isso não diminui minha esperança)


You know our time and all


(Você conhece nosso tempo e tudo)


Como uma música pode dizer tudo e mais um pouco sobre o que sentimos em relação a alguém? Era como se eu pudesse cantar pra ela, mesmo Anahí estando a quilômetros de distância de mim. Não desistiria de nós, esse tempo não diminuiu nada. Meu amor por ela continuava intacto e, até que Anahí falasse alguma coisa, estávamos noivas e destinadas uma para a outra. Clichê? Talvez.


Oh, let it unfold


(Oh, deixe-o desdobrar)


I won’t leave it untold


(Não o deixarei não-dito)


The feeling goes on and on and on


(O sentimento continua e continua)


Me joguei na cama e apanhei o notebook, entrando na pasta de fotos e vídeos. Olhei cada uma daquelas imagens. Sorrisos, olhares, abraços e beijos. Estava tudo ali, registrado para a posterioridade. Era real, aquela ligação que tínhamos não se via em lugar nenhum, em casal nenhum. Por que pensar em desistir, se já passamos por tantas coisas antes? Acho que era isso que todo mundo tentou me dizer esses anos. Não importa, era para ser ela. Eu podia estar com Vero até hoje, mas era para Anahí que eu correria. Ela podia não atender minhas ligações agora, ou não dar mais notícias, mas.. eu não vou desistir.


In my head, you tell me things you’ve never said


(Na minha cabeça, você me diz coisas que nunca falou)


And I choose to forget


(E eu escolho esquecer)


And take the good and leave the rest


(E pego o bom e largo o resto)


Oh, the illusions getting old


(Oh, as ilusões ficando velhas)


And you don’t answer when I call


(E você não atende quando eu ligo)


I would have given you it all


(Eu teria lhe dado tudo)


O vídeo do noivado passava na tela do notebook e eu chorava entre risadas. Definitivamente, me tornei uma pessoa bipolar. Era emocionante e doloroso ver aquele sorriso, aqueles olhos, enquanto fazia um belo discurso de como eu tinha mudado sua vida, e de como ela não queria mais nada além de mim. A maneira que eu lia cada traço de Anahí era intrigante, gostava de estudá-la, de obter o máximo de informações sobre cada ruga de expressão dela. Porque no final de tudo, só eu conhecia o manual.


Oh, out of sight out of mind


(Oh, longe dos olhos, longe da minha mente)


It doesn’t mean you’re not mine


(Não significa que você não é meu)


The feeling goes on and on and on


(O sentimento continua e continua)


O último trecho da música me fez rir sozinha. De fato eu não podia ver Anahí, mas não significava que ela não era minha. Meus olhos pesaram e senti minha cabeça chocar-se contra o fofo travesseiro. Um sorriso brincava em meus lábios e finalmente, pela primeira vez em dois anos, não tive um pesadelo.


Abri calmamente meus olhos e peguei o celular para ver as horas. 20:30hrs. Perfeito, estava na hora. Sandy deixou uma mensagem avisando que saía do plantão às 21:30hrs, por isso, teria tempo o suficiente para me arrumar e buscá-la no hospital que ficava perto da minha casa. Ela se tornou uma das melhores pediatras de Manhattan e não pude ficar mais feliz pela baixinha. Lucas, no momento, atual noivo, trabalha em algo no time de basquete Spurs. Ingressos de graça para assistir os jogos, um dos benefícios.


Depois de tomar um bom banho e colocar a roupa mais simples que eu tinha. Uma calça jeans, camisa azul de manga com um pouco da barriga aparecendo e all star. Fechei o apartamento e desci até a portaria para ver se tinha correspondência. Início do mês é comum chegar pilhas e pilhas de contas.


- Boa noite, Gus.


- Boa noite, senhorita Savinõn.


- Alguma correspondência pra mim?


- Sim. Aqui está. – ele me entregou quatro envelopes e uma caixinha. Reparei que a mesma estava sem remetente, o que me fez franzir o cenho na mesma hora.


- Gus, quem deixou esse pacote aqui?


- O rapaz do correio, por que?


- Está sem remetente. Estranho. – dei uma leve chacoalhada e percebi que tinha um objeto dentro, de pequeno porte.


Decidi abrir a caixa ali mesmo, dependendo do que fosse, jogaria no lixo. Rasguei o papel que embalava o pacote e li o pequeno bilhete que estava grudado na tampa. “O tempo é o senhor da razão.”. Tudo bem, essa brincadeira já estava me tirando do sério. Retirei de dentro da caixa um medalhão, com o tamanho equivalente a metade da palma da minha mão. Era prateado e, no centro, a imagem de um homem segurando um relógio. Atrás estava escrito Chronos. 


- Que mer/da é essa? – analisava o belíssimo medalhão e Gus, curioso como sempre, se aproximou para observar.


- Esse medalhão é famoso, representa o tempo.


- Isso eu sei, só estou tentando entender porque esse maldito nome do deus grego do tempo está me perseguindo hoje. Bom, deixa pra lá. Estou saindo, guarda essas correspondências para mim, Gus. Busco quando voltar.


Ele assentiu e pegou os envelopes. Coloquei o medalhão no pescoço e senti um arrepio percorrer meu corpo assim que o objeto gelado entrou em contato com minha pele do peito. Quase a mesma sensação que eu tinha quando era tocada por Anahí. Chacoalhei a cabeça em negação e respirei fundo, arrancando com o carro da garagem. Eu precisava de uma psicanalista. Urgente.


O trânsito de Manhattan foi generoso e, depois de buscar Sandy, chegamos em quinze minutos na casa de Harry. Fomos recebidas por seu cachorro, já que nunca tocávamos a campainha. Rotina que eu iria mudar, porque certa vez, entrando sem tocar, peguei Harry e Peter em um pré-sexo no sofá da sala. Jurei que dali em diante, sempre anunciaria minha chegada.


- Finalmente! Achei que teria que sair de casa para buscá-las. – ele apareceu vestindo um avental ridículo de flores e eu gargalhei. – O que foi, Sapavinõn?


- Você está mais gay que o normal com esse avental. Tira isso.


- Eu não, me deixa. – deu de ombros e caminhou de volta para a cozinha, sendo seguido por mim e por Sandy. Ele serviu o vinho para nós três e iniciamos uma conversa amigável. Peter ainda não havia chegado do trabalho e aproveitamos para falar de coisas que ele não podia ou não gostava de escutar. – Me conta, Dulcinha, como foi o dia hoje?


- Tranquilo. Operei o irmão do Dr. Jones hoje.


- Espera.. Dr. Jones?! O falecido?


- Sim. Acredita que o irmão dele é igualzinho a ele? Até no problema de coração é parecido.  – tomei um pouco do vinho e passei o dedo calmamente pela borda do cristal. – Tirando isso, não tenho muitas novidades, a não ser que estou sendo perseguida pelo deus grego Chronos.


- O do tempo? – Sandy comia um pedaço de queijo e eu assenti, retirando o medalhão de dentro da blusa para que eles dessem uma olhada. – Nossa, é lindo. Quem te deu?


- Ai que está, eu não sei. Desde que estou no hospital, recebi uma mensagem de texto, uma de voz e esse medalhão sobre o Chronos. Não faço ideia do que ou quem está fazendo isso.


- Talvez alguém esteja tentando te dizer alguma coisa. – Harry balançava a taça em sua mão e suspirou. – Já pensou que pode ser a Anahí?


- Sim, eu pensei. Mas.. a mensagem foi enviada de um número desconhecido e o recado na secretária eletrônica mais parecia ter sido gravada pelo google translator. A caixa com o medalhão não tinha remetente, nada. Anahí não precisa se esconder, não estávamos brigadas quando ela foi embora para a Grécia.


- Nisso você tem razão. – ele fitava o medalhão e sorriu fraco. – Bom, talvez os deuses gregos estejam te preparando para o tempo.


- Que tempo, criatura?


- Ou te parabenizando. – Sandy deu uma piscadinha e colocou mais um pedacinho de queijo na boca.


- Parabenizando pelo que?!


- Por não surtar enquanto Anahí está fora por dois anos e sem notícias. Por se manter firme e não sucumbir a uma depressão por conta da falta que ela te faz. Por não deixar esse sentimento que sente por ela, ruir. Por não desistir de vocês. Concluindo, você venceu o tempo e a distância.


- Isso foi lindo, Sandy, mas continua não fazendo sentido. Desde quando os deuses do Olimpo têm sinal de celular e enviam coisas para nós, mortais?! Existe alguém por trás disso. – fechei os olhos e soltei todo o ar dos meus pulmões. Tomei um enorme gole do vinho e passei a língua pelos lábios para tirar o excesso. – Só queria entender.


- Para de tentar entender o que não tem explicação. Pelo menos por enquanto. Anda, venha para esse lado do balcão e me ajuda a preparar o jantar. Teremos comida japonesa.


- E como pretende fazer isso?! É complicado, sabia?


- Nada é complicado para mim, queridinha. Pega aquele avental, que é mais ridículo que o meu, e me ajude. Sandy, vá preparando a mesa. – a pequena deu uma gargalhada e eu torci o bico ao ver o avental amarelo com estampas de coração e flores. - Pronta?


- Claro, deixa eu só.. – antes de completar a frase, senti meu celular vibrando e peguei para ver o que era. Número desconhecido. Mais uma mensagem. – Harry, olha.


- Abre essa mensagem, tá esperando o que?!


- Sensível como um coice de mula. – ele deu de ombros e eu destravei a tela, abrindo a mensagem. Arregalei os olhos e Harry também, aquela definitivamente, não tinha sido a melhor do dia. Meu coração acelerou e minhas pernas fraquejaram. E essa agora?!


“O que é seu, chega com o tempo. O que não é, se vai com ele.”



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- Garota, você vai fazer um buraco no chão! Para um pouco e respira! Pensa que isso pode ser uma brincadeira, nada sério. – Harry tentava inutilmente me acalmar, enquanto eu dava voltas pela sala e mordia ferozmente meu polegar. Vendo que seria inútil tentar argumentar, ele levantou e me chacoalhou pelos ombros. – Dulce, olha pra mim! E ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 134



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  • AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20

    Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs

  • Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49

    aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!

    • Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17

      Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.

  • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30

    Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.

    • Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30

      entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.

    • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30

      Nunca escrevi negócio tão grande kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05

    que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21

      Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09

    eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58

    Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09

      Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16

    Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53

      É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48

    vou colocar a fic em dia....

  • MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13

    Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11

      Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs

  • Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09

    Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14

      Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs


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