Fanfics Brasil - Capítulo 7 My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada

Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni


Capítulo: Capítulo 7

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Cinco e quarenta e dois. Esse era o horário que meu celular marcava quando pisei na Starbucks, já de volta a Miami. Geralmente após as excursões, a turma era levada até lá pra tomar um lanche e relaxar um pouco após um dia de aprendizado fora da escola. Meu momento de relaxar baseou-se em ficar sentada numa das mesas mais isoladas de todos, com um frapuccino que minha garganta não queria engolir entre meus dedos gelados e a cabeça pesada. Meu dia tinha sido um lixo, um dos piores da minha vida, sem dúvida.


Encarando a paisagem cinza e chuvosa que havia do lado de fora pela janela de vidro ao meu lado, eu brincava com o canudo do milkshake praticamente intocado, sentindo um mau humor gigante urrando dentro de mim. Meu estômago demonstrava fome, mas eu não tinha vontade nem capacidade de comer ou beber alguma coisa. Com um cotovelo apoiado na mesa e a cabeça apoiada na mão, enquanto a outra se distraía com o copo, eu mantinha meu maxilar tenso, sem nem notar o ser que se aproximava devagar.


Vi alguém se sentar na cadeira à minha frente, e sem nem precisar mover meus globos oculares, reconheci a indivídua como sendo Anahí Portilla. Falta de sexo dava em perseguição desesperada, só podia ser. Sem dizer nada, ela ficou me encarando, com as mãos no colo e um sorrisinho insuportável. Incomodada com a presença dela, desviei meu olhar dos pingos de chuva que escorriam pelo vidro da janela até encontrar o dela.


- Perdeu alguma coisa? – resmunguei, sem mexer mais nada além dos meus músculos faciais. Anahí continuou com seu sorrisinho divertido antes de erguer uma de suas mãos sobre a mesa, fechada num punho, e responder:


- Eu não, mas eu acho que você sim.


Franzi a testa, sem nem tentar entender, e ela abriu a mão, deixando uma coisa rosa clara pender de uma pequena corrente prateada entre seus dedos polegar e indicador unidos. O meu chaveiro.


Senti meus olhos se arregalarem e meu queixo cair na hora em que vi a bailarina balançando de leve bem na minha frente. Imediatamente, arranquei-a da mão dela, segurando-a com firmeza enquanto a observava por alguns segundos, e logo depois a coloquei dentro da bolsa.


- Quer dizer que ela estava com você desde o começo. – murmurei, morrendo de raiva, quando voltei a encará-la. – Por que você não me devolveu assim que soube de quem era?


- Sua criatividade me comove, Savinon. – ela disse, rindo da minha cara. – Pra que eu ia querer ficar com o seu chaveiro? Foi o Reid que o encontrou e só me deu agora, por isso eu vim devolver.


Continuei encarando-a, sem saber se acreditava ou não. Preferi não ocupar minha mente com aquele assunto, já estava tudo resolvido, meu chaveiro estava comigo de novo e eu pouco me importava se ela estava dizendo a verdade ou não. Ela era uma imbecil de marca maior e estar sendo sincera não a faria menos desprezível.


- Obrigada, se era isso que você queria. – resmunguei, grossa, voltando a encarar a paisagem lá fora. Que estado calamitoso eu havia atingido, era capaz até de agradecê-la pra vê-la longe de mim.


- Eu quero bem mais de você. – ouvi a professora Portilla murmurar, com os olhos cravados em mim. – Sei que minha vez vai chegar, e tenho paciência pra esperar.


Sem dizer mais nada, ela se levantou e voltou a se sentar em sua mesa junto com o professor Reid, finalmente me deixando sozinha com meus pensamentos, e com um ódio cada vez maior dela. Se antes daquela excursão eu já estava decidida a contar tudo sobre a Portilla pra Mai, agora eu não perderia a chance de fazê-lo o mais breve possível.



(....)



- Mãe, cadê você?


Seis horas e cinquenta e três minutos. Eu estava parada na porta da escola, quase congelando de frio, falando com minha querida e pontual mãe ao celular. Por que raios ela não estava parada na frente do colégio pra me levar pra casa se a porcaria da excursão estava prevista pra acabar às seis e meia? Quase meia hora de atraso, bem típico de mamãe mesmo.


 


- Desculpe o atraso, filha, acabei cochilando e perdi a hora. – ela respondeu, parecendo um tanto afobada do outro lado da linha. – Já estou indo te buscar, querida, não demoro.


- Não demore mesmo, por favor. – murmurei, ao ver que não havia mais sombra de nenhum aluno na porta da escola. Fechei o slide do celular lentamente, com frio demais pra me mover mais rápido que aquilo. Depois de toda aquela chuvinha fraca irritante e incessante, veio um frio que ninguém estava esperando, acompanhado de uma escuridão precoce que dava a impressão de que já eram nove da noite. Todos deixaram o ônibus encolhidos e buscando o ambiente agradável de dentro dos carros dos pais. Só eu tinha que me conformar com mais alguns minutos de espera, sentindo a ponta de meus dedos dos pés e das mãos perderem a sensibilidade, meu nariz ficar gelado e ver minha respiração virar fumaça assim que entrava em contato com o ambiente. Legal, mãe, obrigada por se lembrar de mim.


Distraída com os poucos carros que passavam pela rua, nem percebi quando uma pessoa se aproximou de mim, e assim que notei sua presença, ergui meu olhar até o dela.


- Oi, gatinha. – um garoto que eu não fazia a ideia de quem era disse, com um sorriso nada agradável no rosto e me olhando de cima a baixo. Ele devia ter uns 19 anos, alto, magro e com dentes muito amarelos. Usava um conjunto de moletom azul marinho que parecia ser três vezes maior que ele, tênis de basquete e uma touca cinza que fazia sua cabeça parecer deformada, junto com uma barba por fazer que só aumentava a impressão de sujo que o bafo de cerveja já o dava.


Engoli em seco novamente, sentindo meu coração acelerar e a boca secar. Droga, ele ia me roubar. Olhei em volta, e tudo que vi foi o sr. Reid arrancando com seu carro sem nem notar minha existência. Busquei desesperadamente algum sinal de vida naquela rua fora nós dois, mas não encontrei. Legal, eu estava definitivamente sozinha com aquele cara estranho enquanto minha mãe não chegasse. Fechei minha mão discretamente, tentando esconder meu celular, o que foi em vão, já que ele logo olhou naquela direção e aumentou seu sorriso pervertido.


- Que foi, tá com medo, gata? – ele riu, voltando a me encarar com a voz arrastada de quem tinha tomado um belo porre. – Fica com medinho não, o papai aqui não vai te fazer mal.


Dei um passo pra trás na direção da porta da escola, tentando não demonstrar meu medo, mas o garoto me acompanhou, dando um passo na minha direção ao mesmo tempo. Que merda, eu não queria ser assaltada, muito menos estuprada, hipótese que me amedrontava mais que qualquer coisa só pelo simples fato de pensar nela.


- Eu não te conheço. – falei, com a voz trêmula de medo. – Vai embora, por favor.


- Não me conhece, mas pode conhecer. – ele sorriu, dando mais um passo na minha direção e ficando a uma distância muito desconfortável. – Não vou deixar uma gata dessas sozinha aqui a essa hora.


- Pode ficar tranquilo, ela não tá sozinha. – ouvi uma voz firme atrás de mim, e logo depois um braço envolveu meus ombros com a mesma firmeza. – Eu tô com ela, não precisa se preocupar.


Acho que nunca me senti tão bem por ter Anahí Portilla perto. O cara estranho arregalou levemente os olhos ao vê-la sair do colégio e se aproximar de mim, e seu sorrisinho simplesmente desapareceu de seu rosto, dando lugar a um certo pânico.


- Ah… Não sabia que a moça tava acompanhada. – ele balbuciou, dando discretos passos pra trás.


- Pois é, mas agora sabe. - a srta. Portilla disse, sem perder a firmeza na voz. – Pode ir tomando seu rumo.


Sem dizer mais nada, o garoto assentiu depressa, um pouco assustado pela atitude intimidante da srta. Portilla, e saiu andando sem nem olhar pra trás. Continuei paralisada onde estava, seguindo-o com o olhar até perdê-lo de vista, e só então consegui respirar novamente.


- Você conhece esse rapaz? – Anahí perguntou, ainda me abraçando firmemente. Ergui meu olhar até ela, que estava com a expressão fechada e os olhos fixos na direção que o rapaz tomou, e respondi, inalando sem querer o perfume que eu tentei evitar o dia inteiro:


- Nunca o vi na vida.


Ela assentiu devagar e me olhou, sem mudar de expressão. Meu cérebro entrou em conflito com meu coração assim que os traços da professora Portilla, mal iluminados pela luz fraca da rua, entraram no meu campo de visão, devido aos meus batimentos cardíacos subitamente acelerados. Eu já sabia que ela era bonita, mas talvez a gratidão por ela ter aparecido e afastado aquele cara a estavam tornando ainda mais linda naquele momento.


- Aqui é muito perigoso quando escurece. – ela falou, com a voz de um mãe super protetora dando sermão na filha. – Cadê a sua mãe?


- J-já tá vindo. – gaguejei, meio distraída com o rosto dela (me deixa, ela nunca tinha feito aquela cara de preocupada pra mim antes, dá uma trégua). – O que a senhora ainda tava fazendo aqui?


- Fui até o meu armário buscar uns relatórios que tenho que corrigir pra amanhã. - ela respondeu, voltando a olhar pra rua com certa impaciência. – Sabe se sua mãe vai demorar?


- Ela já está no caminho, logo chega. – eu disse, desviando meu olhar dela pra ponta de meus tênis levemente sujos de terra.


- É melhor ela não demorar mesmo, tô morrendo de frio aqui. – a srta. Portilla comentou, com as sobrancelhas erguidas num tom autoritário. Ergui meu olhar pra ela novamente após alguns segundos de silêncio, inconformada com a capacidade que ela tinha de ser desagradável em todos os momentos.


- Não pedi pra você ficar. – falei, mesmo sabendo que era realmente perigoso ficar sozinha ali àquela hora. – Pode ir embora se quiser.


Anahí soltou um risinho debochado e me olhou, parecendo indignada com a minha resposta atravessada.


- Não sei por que eu ainda perco meu tempo com você, Savinon. – ela riu, sem humor algum, e tirou seu braço dos meus ombros com certa violência. Me encolhi um pouco, sentindo o vento frio voltar a soprar na região onde antes o casaco quentinho dela cobria, e a observei se afastar, indo em direção à sua moto, estacionada perto de uma árvore que só deixava seu pneu dianteiro visível de onde eu estava. Não acredito que ela estava mesmo indo embora. Cagona.


Ela colocou o capacete pelo caminho e não demorou a arrancar com a moto, realmente me deixando sozinha naquela rua mal iluminada e fria. A simples hipótese de agradecê-la por ter afastado aquele marginal, que tinha crescido um pouco, tornou-se totalmente inaceitável de novo. Idiota, bun/da mole, grossa, sem educação. Maitê jamais me deixaria sozinha naquele lugar, tenho certeza.


Só de pensar em Maitê, soltei um suspiro chateado, fazendo uma grande quantidade de fumaça sair de minha boca. Abracei meu próprio corpo, tentando inutilmente fazer aquele frio passar, mas isso seria impossível com apenas uma blusinha fina de malha. Encarei a rua, desesperada para encontrar minha mãe, e assim fiquei por alguns minutos, até ver os faróis do Land Rover dela surgirem em meio à quase escuridão. Suspirei novamente, aliviada, e assim que me aproximei da rua, vi um farol se acender bem ao meu lado, atrás daquela mesma árvore onde antes estava a moto da srta. Portilla. Olhei naquela direção, parando de andar ao reconhecer a mesma moto que estava estacionada ali há minutos atrás, e vi uma mulher de capacete olhando pra mim, com seus olhos azulados refletindo intensamente a luminosidade do farol. Franzi a testa, sem entender por que ela tinha voltado, e cerrei meus olhos, reprimindo com todas as minhas forças os batimentos novamente acelerados de meu coração e continuando o caminho até o carro de mamãe.


- Desculpe a demora de novo. – ouvi minha mãe dizer, enquanto eu entrava no veículo e sentia o alívio da temperatura agradável do seu interior - Quem era aquela na moto, querida?


Olhei na direção da moto da srta. Portilla, que arrancava novamente à nossa frente e se afastava depressa, e abaixei meu olhar pra colocar o cinto de segurança, respondendo sua pergunta num murmúrio seco:


- Ninguém, mãe.



(.....)



- Que bom ver que você sobreviveu aos mosquitos-azeitona! – Demi riu, estirando seus braços na minha direção assim que cheguei à escola no dia seguinte.


- Eu preferia ter que enfrentar mosquitos gigantes a passar pelo dia de ontem outra vez. – falei, rindo da minha própria desgraça ao retribuir o abraço carinhoso dela.


- Credo, Dulce, vira essa boca pra lá. – ela reclamou, espalmando uma mão em minha bochecha e empurrando devagar meu rosto para o lado oposto como se fosse um tapa, quando nos afastamos. – Depois vira ela de volta pra cá e conta tudo. Como é que foi ontem?


Relatei os (deploráveis) acontecimentos do dia anterior pra Demi em alguns minutos, e assim que terminei de contar, ela não demonstrou reação, apenas fixou seu olhar em algum ponto atrás de mim.


- Que foi, criatura? – perguntei, meio assustada, e me virei na direção de seu olhar. Dei de cara com um suéter verde musgo se aproximando cada vez mais, e numa fração de segundo, meu coração deu dois giros de 360 graus dentro do meu peito. Tentei respirar à medida que nossos olhares se cruzaram e se fixaram um no outro, mas por mais esforço que eu fizesse, não consegui oxigenar meus pulmões. Tudo que fui capaz de fazer foi continuar encarando Maitê, que se aproximava cada vez mais com uma expressão tensa e olhinhos cansados, até me dar conta de que ela estava parada na minha frente.8l


- Erm… Bom dia, Lovato. – ela murmurou, dirigindo-se à Demi com um sorrisinho nervoso, e abaixando mais ainda seu tom de voz quando se referiu a mim. - Oi, Dul.


- Oi, srta. Perroni. – falei, sem emoção (só aparentemente), enquanto Demi apenas sorriu fraco e respondeu seu cumprimento com um aceno de cabeça. Pude ver no olhar de Maitê que ela não tinha gostado muito do jeito pelo qual eu a chamei, mas mantive a seriedade. Ainda não sabia onde estava pisando com ela, era melhor me manter com um pé atrás.


Sem dizer mais nada, Maitê apenas me entregou um pedaço pequeno de papel dobrado com o qual ela estava brincando apreensivamente desde que tinha pisado na escola, e assim que eu o peguei de sua mão, recebi um sorriso fraco antes de vê-la se afastar em direção à sala dos professores. Fiquei observando-a entrar na sala, com a expressão vazia, e se Demi não tivesse me cutucado, acho que teria ficado encarando a porta daquela sala pelo resto da vida.


- Tá esperando o que pra ler o bilhete, Dulce? – ela sussurrou, com um sorriso empolgado, e eu desdobrei o pedaço de papel pautado que estava em minhas mãos. 


Te vejo lá em casa mais tarde? xx 


O sinal tocou, iniciando mais uma sexta-feira de aula, assim que eu bati os olhos naquela frase, e em questão de segundos um sorriso aliviado surgiu em meu rosto. Sei lá, acho que as frustrações da excursão de ontem e tudo que vinha dando errado na minha vida de uns dias pra cá estavam me deixando sufocada, e agora que existia uma pontinha de esperança nadando contra a maré de azar, foi impossível controlar o alívio. Ergui meu olhar do papel para Demi, que ostentava uma expressão boba e maravilhada, e meu sorriso se abriu ainda mais.


- Eu não falei que ela ia te chamar? – ela disse baixinho, e pela primeira vez em dois dias inteiros, eu consegui rir de verdade. Uma sensação de leveza percorria meu corpo, me fazendo querer rir e chorar ao mesmo tempo. Eu sabia que só porque ela tinha me chamado pra ir à casa dela não significava que tudo estava bem entre nós de novo, mas já era um começo, certo?


Continuei sorrindo pra Demi, que me abraçou de lado, e começamos a caminhar lentamente até o portão de entrada da escola. Pelo visto hoje o dia seria um pouco melhor do que os outros. Era tudo que eu queria e tudo que eu precisava. 


- Você vai, certo? – Demi perguntou, com o olhar perdido, enquanto ouvíamos música no intervalo.


- Claro que vou, tudo que eu quero é acabar com isso de uma vez por todas. – respondi, observando um grupo de garotas do primeiro ano rirem escandalosamente por algum motivo que eu não estava interessada em saber.


- E você vai contar tudo sobre a Portilla também, certo? – ela disse, virando-se pra me encarar com a expressão firme. Assenti devagar, engolindo em seco, mas não consegui segurar as dúvidas que ocupavam minha mente.


- Na verdade, eu não sei. – falei, fechando os olhos e fazendo uma careta quando vi a cara de pânico que ela fez. – Quer dizer, se nós conversarmos e ficar tudo bem, não vou nem querer lembrar que a Portilla existe!


Eu realmente não queria tocar no assunto Anahí Portilla se tudo se acertasse como eu esperava. Ficar falando de outra mulher, ainda mais de uma que eu odiava e era melhor amiga dela, não era o que eu mais gostaria de fazer com Maitê .Além do mais, a Portilla tinha me feito um grande favor ontem, mesmo que daquele seu jeito idiota lifestyle, ou seja, parecia que ela estava tentando ser menos estúpida comigo depois que percebeu que eu também podia ser uma ameaça a ela. Seria mais fácil continuar a travar aquela briga por debaixo dos lençóis com a srta. Portilla do que chutar o pa/u da barraca e talvez fazer Maitê tomar alguma atitude precipitada ou arriscada. Eu realmente morria de medo da reação dela quando descobrisse a verdade sobre Anahí.


- Dulce, deixa de ser idiota pelo menos uma vez na vida e me escuta! – ela exclamou, até desligando o iPod pra ser ouvida com clareza. – Até quando você pretende continuar nessa de querer fingir que a Portilla não existe e não significa perigo pra vocês duas, hein? Porque eu não sei se você já reparou, mas a srta. Perroni não age assim, e na primeira abobrinha que a Portilla falar de você, tchau romance perfeito!


- Eu sei, Demétria. – suspirei, erguendo as sobrancelhas ainda de olhos fechados. – Repetir isso não vai adiantar nada, eu pensei nesse assunto durante aquela maldita excursão inteira.


- É mesmo? Pois então perdeu seu tempo, porque se sabe o que tem que fazer e até agora não tem certeza de que atitude vai tomar, não valeu a pena pensar tanto assim. – ela retrucou, desviando seu olhar do meu com irritação.


Um silêncio meio tenso tomou conta de nós, quebrado apenas pela música que Demi voltou a colocar pra tocar no iPod. Nós duas observávamos as pessoas que andavam pelo pátio do colégio, e poucos minutos depois, reconheci a srta. Perroni e a srta. Portilla saindo da sala dos professores juntas. Fixei meu olhar nelas, assim como Demi, e vi as duas caminharem até a saída da escola para tomar lanche numa padaria que ficava na esquina, como sempre, sem nem sequer notar nossa existência ali perto. Pareciam compenetradas em algum assunto sério, pois ambas tinham a testa franzida e o olhar preocupado. Aquela preocupação que eu vi pela primeira vez ontem nos olhos da srta. Portilla que deixava seus olhos ainda mais intensos. Tá, isso não me interessa.


- Sabe de uma coisa? – Demi disse, quando elas sumiram de nossa visão, e eu me virei pra ela. – Mesmo ela sendo o péssimo exemplo de ser humano que ela é, eu ainda acho que você devia agradecê-la por ter afastado aquele cara de você ontem.


Voltei a olhar na direção da rua, soltando o trilhonésimo suspiro preocupado em três dias. E sabe o que era o pior de tudo? Ela estava certa. Por mais cachorra que ela fosse, eu não podia negar que devia agradecimentos a Anahí Portilla.



(....)



- Belo relatório, Kristen.


Final da última aula. Passei pela porta do laboratório de biologia, sem realmente acreditar no que estava prestes a fazer. Só de ouvir aquela voz constantemente metida, já me dava vontade de dar meia volta e ir embora. Mas já era tarde demais, eu já estava dentro do laboratório, parada ao lado de um dos três grandes balcões que haviam lá, esperando até que a tal Kristen fosse embora. Quanto menos gente soubesse que eu tinha qualquer tipo de contato com Anahí Portilla fora do horário das aulas, melhor.


A tal garota deixou a classe com um sorrisinho malicioso, e me olhando de cima a baixo ainda por cima, como se eu fosse como ela e topasse ir pra cama com aquela cafajeste. Evitei olhar pra garota, sentindo que voaria no pescocinho dela se não me controlasse, e logo ouvi a voz da srta. Portilla dizer.


- Você por aqui, Savinon? A que devo a honra?


Olhei pra ela, que estava sentada em sua cadeira organizando várias pilhas de papéis, provavelmente relatórios, que estavam sobre sua mesa.


- Não acredito que eu vou realmente dizer isso, mas… Eu vim te agradecer pelo que você fez por mim ontem depois da excursão. – falei, decidindo ser direta e objetiva pra gastar menos do meu tempo me humilhando pra ela. Anahí nem ergueu o olhar dos relatórios, apenas sorriu maliciosamente e disse:


- Não precisava ficar sem graça, a maioria das garotas também costuma voltar pra agradecer pelos grandes favores que eu faço por elas.


Entendendo o verdadeiro sentido da palavra “favores” sem dificuldade, cerrei meus olhos fixos nela, com uma expressão que ficava entre a incredulidade e o desprezo. Que mulher ridícula. Nunca senti tanta raiva de mim mesma por ter ido atrás dela. Devia ter sido tão inescrupulosa quanto ela e simplesmente ignorar o fato de que uma vez na vida ela me fez um favor.


- Eu realmente não sei por que fiquei surpresa com essa resposta. – eu retruquei, com um risinho inconformado no rosto. – Só posso ser muito idiota mesmo.


Dei meia volta pra ir embora, mas assim que dei um passo na direção da porta, ouvi a voz de Anahi voltar a falar, com um inesperado toque de sinceridade.


- Foi muito educado da sua parte vir até aqui me agradecer, Savinon. Confesso que você me surpreendeu… Mais uma vez.


Me virei novamente pra ela, e um certo arrepio percorreu minha espinha quando meu olhar encontrou o dela, tão intenso sobre mim. De um jeito diferente do que eu tinha descoberto ontem. Ainda mais invasivo, imponente, vidrado, como se eu fosse a única coisa que houvesse pra se olhar na vida dela.


- Por que você voltou ontem? – ouvi minha própria voz perguntar, com o olhar grudado no dela por alguma razão que eu não sabia explicar. Aquela dúvida estava entalada na minha garganta desde que a vi novamente estacionada atrás daquela árvore, como se estivesse tomando conta de mim às escondidas. Os olhos de Anahí continuaram fixos nos meus, ainda mais intensos que antes, até que um sorrisinho de canto surgiu em seu rosto e ela respondeu:


- Curiosidade.


Franzi a testa, sem entender, e ela explicou melhor:


- Queria saber se sua mãe era tão bonita quanto você. E pra falar a verdade, seu pai é um homem de sorte.


Cerrei novamente meus olhos, encarando-a sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Eu sabia que ela era grosseira, mas não achei que fosse capaz de usar cantadas daquele tipo. Só havia um tipo de mulher que podia usar cantadas como aquelas no mundo: mulheres como Maitê Perroni, por exemplo. Pessoas como Maitê eram capazes de transformar cantadas toscas como aquela em música para os ouvidos de qualquer mulher apenas com seu olhar e jeito de falar.


- Eu quase achei que você tava conseguindo falar sério pela primeira vez na vida. – murmurei, olhando-a com uma decepção irônica. – Mas me lembrei de que milagres não acontecem.


Pude ver o sorriso da professora Portilla se alargar um pouquinho com a minha resposta, realmente achando graça do que eu tinha dito. Me virei novamente na direção da porta, e deixei o laboratório, descendo rapidamente os lances de escada rumo à saída da escola. E por incrível que pareça, eu estava rindo. Uma coisa era certa: Anahí Portilla pode reunir todos os defeitos que alguém pode ter, mas sem dúvida, ela sabia se divertir. E me divertir também.


 



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 134



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  • AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20

    Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs

  • Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49

    aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!

    • Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17

      Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.

  • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30

    Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.

    • Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30

      entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.

    • MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30

      Nunca escrevi negócio tão grande kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05

    que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21

      Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09

    eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58

    Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09

      Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16

    Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!

    • Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53

      É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk

  • Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48

    vou colocar a fic em dia....

  • MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13

    Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11

      Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs

  • Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09

    Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!

    • Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14

      Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs


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