Fanfic: My biology ( Portinon e Savirroni) 1/2 temporada finalizada | Tema: Portinon e Savirroni
- É aqui, mãe.
Encarei dolorosamente a enorme e iluminada casa de Keaton assim que mamãe parou o carro rente ao meio-fio. Eu estava com um vestido azul escuro xadrez que ia até os joelhos, meus All Star azuis acinzentados de tão gastos e uma discreta bolsa preta, vestida até demais pra uma festa na mansão dos Stromberg. Casais sem roupa aprontando pelos jardins era rotina em suas festinhas particulares, disso todo mundo sabia.
- Qualquer coisa me liga que eu venho te buscar. - ouvi mamãe dizer, ainda desacostumada à ideia de me ver numa festa como aquelas. Ela sabia exatamente que eu não gostava desse tipo de evento, mas concordou em me levar quando eu fingi estar socialmente interessada naquela festa.
Assenti devagar, tirando o cinto e saindo do carro. Caminhei determinadamente na direção da porta da casa, ouvindo os batimentos acelerados de meu coração apesar da música alta que se tornava cada vez mais ensurdecedora a cada passo. Eu sentia o medo pulsando em minhas veias, um medo indescritível de toda aquela situação.
Toquei a campainha quando meus pés afundaram no tapete de boas vindas da casa, e logo Keaton abriu a porta, revelando uma roupa totalmente escrota. Assim que me viu, o mesmo sorrisinho maligno do dia anterior surgiu em seu rosto, e uns dois ou três garotos correram pra direções diferentes, provavelmente pra espalhar o boato de que Dulce María Savinon estava numa festa de Keaton Stromberg. Torci pra que eles não saíssem contando o motivo da minha presença também.
- Você veio mesmo. - Keaton sorriu, erguendo as sobrancelhas em tom de surpresa - Pensei que não teria coragem.
- Vamos logo com isso. - murmurei, tentando não demonstrar a insegurança que urrava dentro de mim.
Ele me deu passagem e eu entrei, sentindo instantaneamente o cheiro de cigarro, suor e álcool que dominava o ambiente. Muitas pessoas dançavam pelos cômodos, virando copos de bebida e passando as mãos onde bem entendessem nos corpos alheios. Com toda aquela gritaria bagunçando minha mente, eu podia jurar ter visto um olhar intrigado conhecido no meio de vários garotos quando meus olhos rapidamente percorreram o sofá da sala. Continuei seguindo Keaton até as escadas da casa, onde já se podia caminhar normalmente, e rapidamente subimos para o andar de cima. Ele abriu a porta de um dos quartos, interrompendo os amassos de um casal, e não precisamos dizer nada pra que eles se tocassem e saíssem.
- Como você percebeu, eu tenho uma festa animada pra aproveitar lá embaixo. - Keaton sorriu, virando-se pra mim depois de fechar a porta do quarto atrás de nós. - Então não vou demorar muito com você.
- Eu não pretendia passar muito tempo aqui mesmo. - falei, sem emoção na voz, e ele ergueu uma sobrancelha, de um jeito que não me agradou muito.
- Ah, mas você vai. - ele disse, cruzando os braços e sorrindo zombeteiramente da minha cara. - Se realmente quiser manter seu caso com a srta. Perroni escondido, você ainda vai frequentar várias das minhas festinhas.
- Como é que é? - perguntei, rindo nervosamente com o olhar irritado fixo nele. - O que exatamente você quer de mim, garoto?
- Não vou pedir muito, vou até ser bem bonzinho com você, só porque estudamos juntos desde que me conheço por gente. - Keaton respondeu, como se estivesse fazendo um ato de caridade. - Se você não quiser ver suas fotos no carro da srta. Perroni estampadas na primeira página do jornal da escola, terá que obedecer a duas condições. - ele fez uma pausa, só pra aproveitar mais um pouquinho a minha cara de enterro, e continuou. - Primeiro, você vai ter que concordar em me fazer alguns favores de vez em quando, por exemplo, a minha lição de casa… E a dos meus amigos também, claro. Eu sei que isso é bem pouco perto da seriedade do seu segredinho, mas eu disse que ia ser bonzinho.
- E a outra condição? - rosnei, tentando ignorar o fato de que teria de copiar no mínimo umas sete vezes as respostas gigantes dos exercícios do Reid até achar um jeito de me livrar daquela chantagem barata. Keaton soltou um risinho satisfeito, apesar de seu olhar fulminante, e respondeu:
- Não ouse dirigir uma palavra à Portilla.
Franzi a testa em tom de desprezo, e não pude evitar uma risadinha baixa.
- Peraí, deixa eu ver se entendi. - falei, segurando uma gargalhada. - Você quer que eu faça a sua lição de casa e ignore a Portilla em troca do seu silêncio?
Mais engraçada do que aquela situação toda foi a cara de tacho do Stromberg, totalmente sem resposta diante do meu divertimento. Nem pra chantagear alguém ele prestava. Ignorar a Portilla é algo que eu adoro fazer, só ele ainda não tinha se tocado disso. Provavelmente ele sabia da cisma dela comigo, e estava se aproveitando daquela situação pra me manter longe dela e garantir sua atenção só pra ele, coitadinho.
- Se quiser que eu piore, é só falar. - ele resmungou, totalmente desmoralizado, e eu engoli o riso. O assunto era sério, apesar do fracasso de Keaton como chantagista.
- Não, eu aceito essas condições. - assenti, colocando as mãos nos bolsos do vestido. - Bom, se for só isso, eu já vou indo.
- Mas já? Pra que a pressa? - Keaton perguntou, franzindo a testa do seu jeito cínico sem tirar um sorrisinho de canto do rosto. - Bebe alguma coisa, senta um pouquinho. Os meninos têm várias perguntas pra te fazer.
- Perguntas? - repeti, sem entender - Sobre o que?
- Oras, conquistar a professora mais desejada e intocada da escola não é motivo de curiosidade? - ele sorriu, encostando-se na porta e me impedindo de sair. Que absurdo, meu Deus do céu. Aquilo só podia ser uma piada. Como ele e os amiguinhos conseguiam ser tão escrotos?
- Você já conseguiu o que queria, agora me deixa ir embora. - rosnei, quase dando um soco na fuça dele.
- Acho que esqueci de te avisar que os favores que vai fazer pra mim começam hoje. - ele disse, como se eu tivesse problemas mentais e só entendesse as palavras se fossem ditas numa velocidade mais lenta que a normal. - E o primeiro deles é ficar até o fim da festa. Quero ver como você se sai num ambiente completamente diferente do qual você tá acostumada a ficar. Talvez não seja tão divertido pra você, mas aposto que vou adorar a experiência.
Pude ver minha cara de perplexidade refletida nos olhos brilhantes de malícia de Keaton, e soltei um suspiro derrotado ao pensar no que estava em jogo ali. Minha relação com Maitê, minha felicidade estava em risco, era um segredo perigoso demais pra arriscar uma rebeldia contra as condições dele.
- Que seja. - murmurei, evitando encará-lo e ver a alegria maldosa em seu rosto. Keaton abriu a porta com um sorriso, finalmente me deixando sair, e eu o acompanhei até o andar de baixo, sem acreditar na cilada na qual eu tinha acabado de cair.
- A casa é sua, querida. - Keaton disse, cínico, quando descemos o último degrau da grande escadaria de mármore. - Fique à vontade… Se conseguir.
Soltei um suspiro fúnebre enquanto me encaminhava pra qualquer lugar daquela mansão, fazendo questão de seguir a direção oposta à de Keaton. Por onde eu passava, via pessoas conhecidas da escola, e as poucas ainda sóbrias demonstravam curiosidade por me ver naquele lugar. Encontrei um balcão onde um rapaz preparava alguns drinques, e resolvi ficar por lá, já que a meia dúzia de pessoas sentadas ali pareciam estar bêbadas demais pra sequer se mexer.
- Cerveja, por favor. - rosnei ao barman, com a garganta coçando por álcool. Se era pra encarar aquele martírio, que algo me ajudasse a passar o tempo mais rápido. Não sei te dizer em quantas línguas diferentes eu xingava Keaton em pensamento por me manter presa naquela festa horrorosa. Ele sabia muito bem que eu não suportava ficar em lugares como aquele, e ainda me forçava a aturar aquele bando de gente que eu já odiava quando estavam lúcidos, e conseguia odiar mais ainda quando estavam bêbados.
O barman logo me entregou uma latinha de cerveja, cuja metade do conteúdo eu mandei garganta abaixo de uma vez só, sem hesitar. Sentindo o líquido gelado descer dentro de mim, voltei a observar a bagunça na qual aquela casa tinha se transformado. Nada parecia estar em seu lugar, ninguém parecia estar em seu juízo perfeito… A não ser aqueles olhos.
Franzi a testa de leve, me perguntando se aquilo já era efeito da cerveja, mas era impossível com apenas um gole. Eu ainda podia senti-la descendo pela minha garganta, eu ainda me sentia lúcida o suficiente pra saber bem o que estava vendo. Aquilo era real, ela realmente estava ali, a poucos metros, me encarando como se soubesse que eu estava precisando de ajuda, como se soubesse que eu não estava ali por vontade própria. Seu olhar estava fincado no meu, extremamente sério, intrigado, preocupado. Havia muito mais coisas naqueles olhos do que eu podia descrever, me prendendo, me imobilizando, me retraindo. Eu já devia imaginar que Anahí Portilla estaria naquela festa.
Não sei por que fiquei tão surpresa, afinal, ela era praticamente fixa do Stromberg, todas os garotos de seu bandinho sabiam que ela era quase uma propriedade dele. Mas parecia que naquela noite ela estava liberada de sua monogamia, porque três garotos a rodeavam, um mais descoberto que o outro.
Anahí estava sentada num sofá perto de onde eu estava, com os braços abertos e apoiados no encosto do móvel, e tinha um garoto de cada lado seu, acariciando seus seios e sussurrando em seu ouvido com sorrisos pervertidos. Fora o terceiro, beijando-lhe indecentemente o pescoço. Mas apesar de tudo aquilo, era em mim que seu olhar repousava, como se tentasse descobrir o motivo de minha presença.
Desviei meu olhar do dela, sentindo meu coração disparar. Não estava sendo nada agradável estar sendo observada daquele jeito tão invasivo por uma pessoa como ela, o que só aumentava minha vontade de cometer suicídio por estar ali. Dei mais um grande gole na minha cerveja, encarando qualquer ponto ao meu redor que estivesse distante dela, mas meus olhos se recusaram a me obedecer quando a professora Portilla se livrou dos três garotos que a provocavam e caminhou rapidamente na direção de Keaton, que passava por perto. Ela o segurou bruscamente pelo braço, de cara fechada, e disse algo em seu ouvido, pra que a música ensurdecedora não o impedisse de ouvi-la. Afirmei pra mim mesma que aquela conversa tensa que se desenrolava entre os dois não podia ter a mínima relação comigo, mas ainda assim era impossível não observá-los.
Pela repentina mudança de humor de Keaton, a conversa não estava sendo das melhores. Anahí falava entusiasticamente em seu ouvido, gesticulando de leve com uma lata de cerveja nas mãos e com a testa constantemente franzida, e Keaton a respondia com incredulidade, com as mãos na cintura. Após um tempo de conversa, ele, que estava de costas pra mim, virou o rosto na minha direção e me lançou um olhar fuzilante. Anahí simplesmente disse mais algumas palavras, mantendo a expressão séria, e se afastou rapidamente, encolhendo seus ombros para poder passar pela multidão desvairada. Desviei meu olhar do dele, engolindo depressa o resto da minha cerveja, já sem tanta certeza de que aquilo não era sobre mim.
Os minutos foram se arrastando torturantemente, as cervejas foram descendo uma a uma, e uns quarenta minutos depois, eu já tinha perdido a conta de quantas latinhas tinha tomado. Tudo que eu sabia era que as coisas estavam meio confusas ao meu redor. As pessoas pareciam se mexer em flashes de imagens, e não mais continuamente, os sons se tornaram um pouco mais abafados, mas apesar dos sintomas de embriaguez, eu me sentia lúcida o suficiente pra ouvir os urros de depressão que ainda vinham de dentro de mim por ter que estar ali.
Tomei um gole da cerveja que tinha pedido, mas aquilo era como água pra mim agora, descia pela minha garganta sem fazer a menor diferença. Só aquilo de álcool não estava bastando pra abafar minha frustração.
Resolvi me levantar, com uma leve vertigem, e caminhei vagarosamente pelas pessoas, tentando não deixar que a música abafada por um zunido estranho em meu ouvido estourasse meus tímpanos. Não demorou muito e eu encontrei uma grande passagem para outro cômodo bem mais vazio e silencioso: a cozinha. Pouquíssimas pessoas estavam ali, bebendo tequila com limão numa rodinha, entre elas um menino de olhos azuis faiscantes e cabelos escuros. Assim que avancei na direção de um armário, em busca de alguma bebida mais forte, notei que seus olhos me acompanharam, brilhando de interesse. Bem que minha mãe dizia que aquele vestido caía bem em mim.
Soltei um suspiro frustrado ao ver que naquele armário só havia louças, e enquanto fechava suas portas, pensando no que fazer, senti alguém se aproximar de mim, trazendo um cheiro de praia consigo. Sorri disfarçadamente e me virei na direção da pessoa, dando de cara com aquele mesmo menino.
- Tá procurando bebida? - ele perguntou, com um sorriso galanteador nos lábios, e eu assenti devagar, me perdendo sem querer naquele azul intenso - Se gostar de tequila, pode beber com a gente.
Com um leve aceno de cabeça que fez sua franja bagunçada se mexer, ele indicou o grupo de amigos, todos meninos e igualmente bronzeados. Ergui as sobrancelhas, e por fim assenti novamente. Tudo pela tequila, e não porque o garoto de olhos azuis tinha um cheiro gostoso de protetor solar.
Senti o garoto me puxar pela mão até seus amigos, e sem nem fazer questão de apresentá-los, me estendeu uma dose de tequila e um gomo de limão. Nunca tinha tomado aquilo na vida, mas me esforcei ao máximo pra parecer experiente. Espremi o limão em meu pulso, e sem demora virei o copinho de bebida, sugando o líquido amargo em minha pele logo em seguida. Com os olhos fortemente fechados, senti aquela coisa arder e queimar dentro de mim, arranhando tudo por onde passava e formando lágrimas em meus olhos. Pelo menos o forte efeito da tequila me manteria entretida por mais algum tempo, ainda mais quando acompanhada de um par de belos olhos azuis.
- Mais uma pra garota aqui, Wes. - ouvi o menino pedir a um de seus amigos, quando abri os olhos e vi tudo embaçado ao meu redor. O garoto sorriu pra mim antes de tomar sua dose, e sem querer eu também estava sorrindo, com mais um copinho cheio de tequila numa mão e um gomo de limão na outra.
De repente eu me sentia leve. As coisas já não me preocupavam mais, a pesada responsabilidade sobre minhas costas tinha evaporado, e eu já nem me lembrava da razão de estar naquela casa. Ninguém existia mais, só eu e os garotos estranhos que riam alto e falavam besteiras ao meu lado. De repente tudo era extremamente engraçado, de repente eu me vi rindo de qualquer coisa, mesmo quando não havia motivo pra rir, com uma mão insistentemente apoiada no braço do garoto de olhos azuis, que eu descobri que se chamava Austin. E desse mesmo jeito repentino, estávamos nós dois sozinhos na cozinha: eu sentada sobre a bancada da pia, e ele em pé ao meu lado, segurando vacilantemente a garrafa de tequila quase vazia entre seus dedos.
- Eu já não te conheço de algum lugar? - ouvi ele perguntar, com a voz arrastada, enquanto eu soltava mais uma de minhas risadas desconexas - Sério, eu acho que já te vi uma vez.
- Ah, é? - falei, erguendo uma sobrancelha sem tirar o sorriso débil do rosto e com a certeza inconsciente de que tinha bebido muito mais que o aconselhável. - Onde?
Austin chegou mais perto, aproximando sua boca de meu ouvido, e respondeu num sussurro:
- Em algum dos meus sonhos.
Soltei uma gargalhada alta e mais lerda que o normal, demonstrando que eu ainda tinha senso do ridículo e não tinha deixado de achar graça de cantadas baratas.
- Então você deve estar sonhando agora, porque eu tenho certeza de que nunca te vi na vida, muito menos em sonho. - respondi, com a voz levemente ácida de desprezo. - Além do mais, eu sou comprometida.
- Com quem? - ele insistiu com um sorrisinho tonto, me segurando pelo braço com um pouco mais de força que o necessário quando eu fiz menção de me levantar. - Quem sabe eu não conheço o sortudo?
- Tenho certeza de que você não o conhece. - resmunguei, tentando me desvencilhar dele, sem muito sucesso devido à minha fraqueza provocada pelo álcool. - Agora solta meu braço, tá me machucando.
- Relaxa, Dulce. - Austin pediu, sem me soltar, e eu já estava começando a me sentir realmente incomodada com aquele contato físico indesejado. - Tá com medo de que eu te force a fazer alguma coisa, é?
- Me solta, por favor, Austin. - implorei, olhando firmemente em seus olhos azuis semi-abertos. - Eu quero ir embora.
- Ir embora? Agora? Mas por quê? - ele perguntou, ficando na minha frente e fazendo pressão com seus quadris contra meus joelhos fechados pra se encaixar entre minhas pernas. - Logo agora que a gente ia começar a se conhecer melhor.
- Eu tô falando sério, me deixa sair daqui. - falei, com a voz séria e um pouco mais alta que o normal, e quando minhas mãos foram na direção de seus ombros para afastá-lo de mim, suas mãos agarraram meus pulsos, praticamente me imobilizando, e fazendo com que a garrafa que ele segurava se espatifasse no chão. - Me solta!
- Para de resistir, eu sei que você também quer. - ele sussurrou, chegando com seu rosto cada vez mais perto do meu apesar do meu recuo. - Seu namorado não precisa saber.
Austin soltou meus pulsos e num milésimo de segundo suas duas mãos envolviam minha nuca e me puxavam na direção dele, tornando um beijo cada vez mais inevitável. Fechei os olhos, empurrando-o inutilmente pelo peito, e foi então que eu me lembrei do ponto fraco dos homens, e de que ele estava perfeitamente ao alcance dos meus joelhos.
Sem pensar duas vezes, dei uma joelhada caprichada em seus “documentos”, imediatamente fazendo-o cair ajoelhado na minha frente. Desci da bancada e desesperadamente saí da cozinha, me afastando ao máximo daquele cômodo. Eu sabia que não devia ter bebido tanto, era sensível demais a álcool. Pensei em explicar minha situação à Keaton na intenção de conseguir ir embora, mas tinha certeza absoluta de que ele faria questão de me entregar numa bandeja à Austin assim que ficasse sabendo do acontecido. Cambaleando, acabei me trancando num cômodo do andar de cima, e por sorte escolhi a porta certa: a do banheiro.
Me encarei no espelho, e soltei um suspiro tenso. Eu estava corada por causa do calor e da adrenalina, levemente suada e um pouco descabelada. Lavei o rosto calmamente com a água fria, ficando um pouco mais lúcida, e o enxuguei com a toalha de mão, pensando em um jeito de sair daquele inferno. Minha única saída era tentar convencer Keaton a me deixar ir embora, e determinada a fazer isso, respirei fundo e abri a porta do banheiro, dando de cara com um garoto curvado e com cara de dor que acabava de subir as escadas.
- Você! - Austin exclamou, andando depressa até mim com uma fúria repentina, e eu voltei pra dentro do banheiro na hora. Tentei fechar a porta, mas ele se lançou pesadamente contra ela, conseguindo entrar facilmente.
- Pelo amor de Deus, para com isso, me deixa sair! - gritei, tremendo da cabeça aos pés enquanto ele avançava na minha direção.
- Agora você vai se ver comigo. - ele rosnou, totalmente fora de si, e me prendeu violentamente contra a parede, forçando um beijo doloroso e segurando meus pulsos com força. Dessa vez eu realmente não tinha como me mexer, estava prensada entre seu corpo e o azulejo frio, e quanto mais eu me recusava a beijá-lo, mais ele insistia.
Mantive meus olhos arregalados, esperando que alguém passasse pelo corredor e ouvisse meus gritos abafados, e logo vi uma sombra passar, sem conseguir ver quem era. O grito fino que não encontrava espaço em minha boca saía pelo meu nariz, ainda mais alto agora que eu sabia que havia alguém ali, e me debati com mais energia, até que subitamente o corpo de Austin não estava mais ali. Em um segundo, ele tinha ido parar fora do banheiro, caído no chão com um baque surdo. Quando finalmente assimilei o que tinha acontecido, vi que havia alguém me puxando pela mão na direção do andar de baixo, e eu apenas segui, ofegante e apavorada demais pra tomar conta de mim mesma.
As imagens se passavam como fotos em minha mente: primeiro Keaton reclamando vigorosamente com a pessoa que me guiava, depois a porta da mansão dos Stromberg se abrindo, a porta do carona de um carro que eu não conhecia aberta na minha frente, e por último eu sentada dentro desse mesmo carro, enquanto a pessoa que tinha me levado até lá entrava pela porta do motorista. Totalmente desnorteada, franzi a testa quando vi quem estava sentado do meu lado.
- Você está bem? - Anahí perguntou, sem me olhar, enquanto colocava a chave na ignição. Não respondi nada, apenas continuei observando aquela cena. Eu ainda não acreditava que aquilo estava acontecendo, eu não acreditava que ela tinha realmente feito aquilo tudo, só podia ser invenção da minha cabeça. Não podia ser real, não fazia sentido elater me salvado.
- Dulce, você tá me ouvindo? - ela perguntou novamente, me encarando com firmeza. Por um segundo, tudo ficou ainda mais confuso quando aqueles olhos azulados se cravaram nos meus, mas depois as coisas pareceram voltar um pouco ao seu lugar, e eu consegui responder.
- Tô. - murmurei, sentindo meu coração extremamente acelerado. Anahí ficou alguns segundos em silêncio, apenas me encarando, e logo depois voltou a olhar pra frente, balançando negativamente a cabeça em tom de desaprovação.
- Você é doida de se meter num lugar desses. - ela disse, cerrando os olhos por causa do farol alto de um carro que passou por nós. - As festas do Keaton são mais perigosas do que parecem. Elas misturam as pessoas erradas e as desavisadas no mesmo ambiente, fazem com que os desencaixados logo achem uma confusão da qual não possam se livrar antes de se arrependerem.
Ela deu uma pausa, enquanto eu mantinha meus olhos bem abertos e fixos nela. Como se quisesse reforçar mais ainda seu aviso, Anahí voltou a me encarar com uma conclusão:
- Aquela casa não é lugar pra você.
Sem esperar qualquer reação, ela arrancou com o carro, com a expressão fechada, e logo estávamos nos afastando rapidamente da mansão. Meus olhos teimavam em continuar presos a ela, tentando entender direito os últimos minutos. Por que ela tinha me livrado de Austin? Por que ela discutiu com Keaton antes de sairmos? E o principal…
- Pra onde está me levando? - ouvi minha própria voz perguntar, fraca, e só então senti que minha garganta ainda ardia pelo excesso de tequila.
- Eu pretendia te deixar na sua casa. - Anahí respondeu, sem me olhar, e sem saber por que, eu quis que ela o fizesse. - Mas você é quem sabe onde prefere ficar.
- Na minha casa está ótimo. - concordei, tentando não forçar muito minha voz, e convenci meus olhos a se afastarem dela, pairando desatentamente sobre a barra de meu vestido. Minha visão ficou embaçada subitamente, e em poucos segundos senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Não sei por que comecei a chorar, talvez fosse efeito da bebedeira exagerada e todos os recentes e horríveis acontecimentos. Funguei baixinho, enxugando discretamente meu rosto com as costas das mãos e virei meu rosto pra janela do carro.
As luzes da cidade passavam como borrões pela minha visão, e se tornaram imóveis quando paramos num sinal vermelho. Mesmo sem poder vê-la, senti seu olhar sobre mim, mas não o correspondi. Estava com vergonha por estar chorando, eu odiava chorar na frente dos outros, me sentia ridícula.
- Tem certeza de que está bem? - ela murmurou, e eu fechei os olhos na tentativa de parar de chorar. - Aquele garoto machucou você?
Senti uma lágrima insistente rolar rapidamente e passar pelo canto de minha boca, fazendo o local arder um pouco. Passei a ponta da língua ali e senti gosto de sangue, mas apenas fiz que não com a cabeça, respondendo à sua pergunta com um sorrisinho miserável que ela não pode ver. A ferida física mal podia ser comparada ao trauma emocional que Austin tinha me causado naquela noite.
- Se você não tivesse aparecido, ele teria conseguido me machucar. - falei baixinho, e me virei lentamente em sua direção. Não sei por que, mas assim que meu olhar fraco encontrou o dela, sempre tão sólido, eu me senti segura. Era como se tudo realmente fosse ficar bem, eu não precisava mais ter medo. Por mais ameaçadora que eu sabia que Anahí podia ser quanto à minha relação com Maitê, eu também a via como uma espécie de protetora disfarçada, sempre nos lugares certos e nas horas certas pra me ajudar. Já era a segunda vez que ela me salvava de uma enrascada em menos de uma semana.
- Talvez não. - ela discordou, erguendo as sobrancelhas por um momento. - Você tem muita sorte, duvido que ele conseguisse.
O sinal ficou verde e Anahí voltou a prestar atenção no trânsito. Abaixei meu olhar, com uma minúscula sombra de um sorriso triste no rosto, e suspirei profundamente. Aquele nem de longe parecia ser a mesma Anahí que eu conhecia.
- A sorte passa reto por mim há algum tempo. - eu disse, meio que pra mim mesma, voltando a encarar meus joelhos com desânimo. - Tudo que tem acontecido comigo são desastres, um atrás do outro… Um pior que o outro.
Anahí não disse nada, apenas continuou dirigindo com a expressão dura. Sucumbi ao peso imaginário de minha cabeça, cuja dor eu ignorava há um bom tempo, e deitei-a no encosto do banco, fechando os olhos por um segundo.
E só voltei a abri-los quando a claridade do sol bateu em meu rosto, fazendo minha visão demorar mais ainda a entrar em foco. Num quarto estranho, numa cama estranha, e com uma voz conhecida.
- Bom dia, Savinon!
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 134
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AnBeah_portinon Postado em 23/03/2018 - 16:01:20
Perfeita! Isso descreve a fic. Eu já estava lendo no título de portisavirroni aí fiquei triste quando parou. Mas quando fui pesquisar denovo quase pulei de alegria com a continuação, e que continuação né?! Amei, principalmente porque sou do #TEAMPORTINON. Mas enfim foi tudo perfeito, mesmo com algumas brigas que só serviram para fortalecer e apimentar a relação delas. Bjs
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Furacao Maite Postado em 11/01/2018 - 00:51:49
aaaaah que fofinho! amei! Eu torciaa para savirroni no começo mas Jessyrroni é muito mais lindo kkkkkk Oooow, maei sua fic, primeiro pq teve muito jessyrroni e segundo porque vc escreve bastante!! ainda quero desenvolver esse dom seu! parabéns!!
Emily Fernandes Postado em 12/01/2018 - 20:57:17
Eu que amo suas fics. Adoro mesmo. Não importa se são capítulos grandes ou não. Mas acho que esse dom logo vc pega o jeito. E muito obrigada mesmo por gostar. E JESSIRRONI foi mesmo fofinho.
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MaryCR Postado em 30/12/2017 - 16:59:30
Não taça comentando pq tava com preguiça. Mas agora eu tô aqui. Mulher não tem como não ficar indecisa.Primeiro: vc gosta de me deixar na curiosidade hein. Me fez acreditar que quando minha mãe dizia ALEGRIA DE POBRE DURA POCO era verdade e depois que elas se acertaram eu pensei que ela me fez de trouxa. Segundo: como vc me faz acreditar que estava tudo ótimo e BUUM começa um capítulo com uma briga daquelas!? Era só avisar que me queria morta seria menos trágico. Terceiro:Anahí adora uma janela hein. Quando Dulce menos espera ela brota lá no quarto gente que isso!? Quarto: vô para de enumerar pq tá chato (rimei). Adorei portinon maternal,não pq a criança dos outros sempre desperta vontade de ter filhos na gente,apesar de achar q eu não teria muita paciência e por último e mais importante: COMO TU PARA NUMA PARTE DESSAS? Concluindo eu não sei se estou mais revoltada,feliz,confusa,raivosa,curiosa ou ansiosa. E olha que eu nem sou de libra ein. Povo mais indeciso não existe.
Emily Fernandes Postado em 31/12/2017 - 14:37:30
entendo, as vezes tbm fico assim, que nem da vontade de acordar. Eu nunca faço isso, mas realmente os capítulos estão terminando em momentos cruciais, fazer o que. Mães sempre tem razão, confie. A relação delas é uma montagem russa, porém acho que as brigas Jajá terão fim. Cara Anahí, é uma pessoa que realmente não curte portas, só espero que isso não ocorra com frequência, pq se não Dulce não vai mais ficar surpresa. Eu não tenho esse interesse maternal, nos filhos dos outros ainda, acho que é a idade. Porém confesso que crianças são minha perdição, acho que já está na hora delas começar a família. Mas vamos te tirar de libra pra vc continuar a leitura... E o que mais importa. Feliz ano novo. PS: Eu uma vez tbm, já deixei uma biblioteca, em uma fanfic que leio, e depois não consegui mais me conter em palavras. ahahahahahah.
MaryCR Postado em 30/12/2017 - 17:02:30
Nunca escrevi negócio tão grande kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:14:05
que up na vida hein? Dulce médica! E que viagem doida é essa de 2 anos! coragem!!! kkk
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:18:21
Acho que a viagem venho a calhar, pq a insegurança e a rotina estava as afetando.
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 01:02:09
eitaaaa, estava tudo bem agora já começa o capitulo com uma briga? (19) genteeee, que babado
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:58:58
Ainda bem que a Dulce e Anahí brigaram mas fizeram as pazes no mesmo capitulo!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:17:09
Sim, acho que elas combinam assim, mesmo. Acho que fica uma relação mais dinâmica. Kkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:55:16
Sou do time da Marichelo! Sou team Jessica Coch kkkkkkkkkkkk Também acho que é dificil de encontrar outra igual a ela! Maite tem sorte kkkk Mas ainda bem que a mãe da Anahí aceitou a Dulce!
Emily Fernandes Postado em 29/12/2017 - 14:15:53
É sim, digamos que Marichelo sempre adorou Jéssica, porém acho que Jéssica está ótima com Maitê não. Kkkk
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Furacao Maite Postado em 29/12/2017 - 00:51:48
vou colocar a fic em dia....
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MaryCR Postado em 24/12/2017 - 02:41:13
Pense em uma pessoa revoltada, pense em mim. EU VOU DA UMA VOADORA NA PERRONI sério. Eu vô e penso "até que enfim a perroni vai ajudar portinon" e fui TROUXA, ela fez exatamente o contrário. Dulce foi na casa da Portilla e huuum rolou uma putaria, eu pensei "agora o negócio vai" e fui trouxa denovo. Concluindo, portinon finalmente se acertou e a anie finalmente terminou com a Diana. Amém!! #revoltadaefeliz
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:49:11
Meu Deus kkkk que pessoa indecisa. Bem mas eu Entendo seu drama. Maitê como sempre sendo Maitê, mas agora acho que o casal portinõn finalmente respirara mais aliviadas. Enfim um ótimo Natal pra vc . Bjs
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Furacao Maite Postado em 23/12/2017 - 17:39:09
Owwwnnnn que fofas!!! Achei q tdo estava perdido, q bom q deu tdo certo!!
Emily Fernandes Postado em 25/12/2017 - 12:47:14
Sim, finalmente as coisas estão caminhando para Um finalmente sim. Kkk feliz Natal pra vc. Bjs