Fanfics Brasil - Prólogo - O canapé azul Roleta Russa

Fanfic: Roleta Russa | Tema: yaoi,máfia, mistério, romance, policial, suspense


Capítulo: Prólogo - O canapé azul

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“Na vida nós sempre tentamos satisfazer os nossos desejos, sempre lutamos para ajudar quem nós amamos, mesmo que isso signifique ir contra a lei ou nossos princípios. Um homem usa de meios obscuros para conseguir o bem daqueles que ama. Não cabe a nós escolher o que faremos por todos."


 


Os três irmãos eram praticamente unhas e carne, afinal sofreram muito juntos.


Usufruíam do mesmo sangue e da mesma origem maldita, sendo frutos da bela Moscou, capital da Rússia.


Novanic era o mais velho dos três, dividindo o seu sangue com os gêmeos Klavier e Katherine, contando com o mesmo forte sobrenome Schenvisky.


Novanic era dez anos mais velho que os gêmeos; seus pais demoraram um pouco para se acertarem tendo em vista que o casamento foi arranjado a após sua mãe, a bailarina e pianista Anna, engravidar do Comandante do exército russo, Nikolay Schenvisky, o homem que aprendeu a amar um tempo depois.


Anna teve Novanic muito nova, mas sempre cuidou e educou muito bem do mesmo, que desde os seus 12 anos já estudava em um colégio militar russo. Por outro lado, o primogênito sofria muita pressão de seu pai, que desejava que o seu filho se tornasse o homem e soldado “perfeito”.


É engraçado como a vida funciona, eles viviam muito bem até Nikolay ser pego no ano dois mil e quatro em um esquema de tráfico internacional de armas, tendo como principais clientes as guerrilhas africanas. Aquilo foi um choque e uma vergonha para o nome daquele homem, que foi exilado no mesmo ano do seu país, sem dinheiro ou nome. Precisavam de um lugar que os aceitassem: Os Estados Unidos.


Ao chegarem à América em meados de 2004, o mais velho já estava dezesseis anos e a vida estava difícil para a família. Passaram por muitos momentos complicados. Nikolay se envolveu com a máfia russa solo americano: Os Vory v Zakone, para conseguir dinheiro rápido e sobreviver a cada dia.


Mais uma vez o mundo parecia conspirar contra os Schenvisky, mas foi no final de 2004 que um golpe fatal e decisivo foi dado naquelas pessoas: Anna, a matriarca e amada mãe foi morta enquanto saia de casa, por uma possível bala perdida. O coração de cada um se despedaçou de várias maneiras, Nikolay se afundou no álcool e em 2006 caiu acidentalmente de uma escada, morrendo três dias depois.


Como a vida gostava de brincar com eles.


Os três irmãos ficaram sozinhos no mundo, Novanic já estava com dezoito anos e como irmão mais velho, cuidou com garra e dentes dos menores, sacrificou a sua mocidade para virar uma espécie de pai para os dois. Porém era difícil, uma vez que não conseguia trabalho fixo ou ajuda. Estava sozinho.


Mas surpresas viriam para ele.


No mesmo ano, receberam uma visita de Tyler, um dos contatos do esquema ilegal que Nikolay participara tempos atrás. Ele era o Comandante de uma divisão pouco conhecida e temida do exército americano, a “Task 22”, que abrigava homens de várias nacionalidades, que faziam o trabalho sujo para o governo: “Ataques sem autoria” contra os inimigos da soberania americana. Novanic foi convidado a entrar na Task para fazer uso de seus conhecimentos militares e extraordinárias habilidades de combate aprendidas na escola militar de elite russa. No início a oferta foi negada, mas, sem aquilo, não teria como sustentar seus pequenos. Optou por aceitar depois de pensar melhor, a incursão era bem menor que a de militares comuns ― de apenas duas semanas. Ficaria fora poucas vezes.


Um novo caminho se abriu na frente dos irmãos. 


E em 2015, a Task possuía um novo capitão: O mais velho dos Schenvisky.


Tudo na vida passa, e como as chuvas de verão, que são rápidas, o destino dos irmãos também foi apressado.


No final de 2015 os irmãos possuíam uma casa boa, escolas de qualidade, carros na garagem e uma maravilhosa casa em Nova Iorque. No mesmo ano, algo deu errado: Novanic foi brutalmente ferido, perdendo 70% da visão do olho esquerdo, que de azul claro, ficou cinza.


Ele nunca mais foi o mesmo homem depois daquilo. Teve suas muitas cicatrizes do acontecimento cobertas por tatuagens que ocupavam os dois braços, as costas e a perna esquerda por completos. Uma delas era um chamativo terço que descia em seu peitoral, com uma frase que ia quase de ombro a ombro “Only God can judge me” (Apenas Deus pode me julgar). Não se sabe o que aconteceu para aquilo, seu corpo fora tomado por imagens mitológicas e adornos militares, como os detalhes da farda de capitão que tomava seus ombros, um tigre com frases em russo na perna esquerda e o mais belo: Uma majestosa santa em forma de caveira, com frases e flores atrás de si que ocupava suas costas.


Um evento não comentado que o tornou mais frio e reservado quanto a tudo. Se tornou se um homem misterioso que parecia viver muitas vidas. Diante de lágrimas e apelos de seus irmãos, ele decidiu que seria melhor se aposentar da carreira militar e ficar em casa, trabalhar normalmente e cuidar da única família que lhe restava. Tudo parecia uma ótima ideia tirando o fato que Novanic sabia apenas uma coisa: Lutar.


 


10 de março, 2016


 


O tempo naquela parte de Nova Iorque estava tranquilo; o céu com poucas nuvens, o sol ameno e batia uma brisa tranquila por sobre as árvores, uma calmaria muito diferente do que o russo sentia naquele momento. Seus dedos batiam fortemente contra o vidro da mesa e sua respiração estava inquieta. Seus gélidos olhos heterocromáticos observavam atentamente a porta do consultório. Queria que o seu psicólogo chegasse o mais rápido possível para acabar de vez com aquela consulta que considerava uma palhaçada.


Com o passar do tempo Novanic se tornou um homem muito belo, possuía 2,05 de altura e um corpo muito forte, com músculos bem acentuados. Seu rosto se desenvolveu em um contorno “quadrado” bem marcado, com traços fortes e uma boca média, maxilar definido e maçãs altas abonadas por sardinhas que se espalhavam com menos intensidade pelo corpo e rosto. O azul de seu olho direito era bem claro, quase bebê, enquanto seu olho esquerdo era cinza com uma pupila branca por conta da cegueira. Seus fios lisos e ruivos escuros, quase em um tom mais escuro de vermelho, cortado em um corte sidecut antigo sem topete e com os lados com fios curtos - como o corte usado pelos russos e alemães na segunda guerra - se bagunçavam com o vento, forçando-o a ajeita-los impacientemente.


 


― Desculpe a demora senhor Schenvisky. Eu estava fazendo um lanche ― disse o doutor, fazendo sinal para que o que seu paciente entrasse. Charles Bouvier era seu nome, um senhor alto e de idade, que usava óculos, e um pouco de barba. Era psicólogo e há tempos tratava da ansiedade e do seu suposto trauma que infernizavam o ruivo ― Sente-se, por favor.


Assim Novanic o fez. Adentrou na sala e mirou o canapé azul que se situava no meio da mesma. O escritório era belo, possuía um tapete branco no centro, era rodeado por estantes cheias de livros e figuras da anatomia humana se encontravam sobre uma mesa de escritório com duas cadeiras. O russo se sentou no canapé e mirou mais uma vez o Doutor que se posicionou na sua frente, sentando-se em uma das cadeiras da mesa


― Não vai me dizer nada? ― O doutor começou a conversa, mas o mais novo não respondeu. ― Tudo bem, então. Eu pergunto! Como foi sua semana?


― Foi boa ― disse Novanic com seu tom de voz rude e grave, deixando um forte sotaque russo em evidência, enquanto se acomodava no canapé. Aquilo era desconfortável para ele.


― Apenas boa? Como foi ao tentar distrair sua mente? ― Perguntou Bouvier, anotando em uma prancheta todos os gestos do ruivo; estava observando-o com atenção.


― Eu... ― Interrompeu a fala para refletir sobre sua resposta. ― Eu tentei consertar coisas e afins. Acredito que deu certo.


O doutor aquiesceu com a cabeça, parando de escrever para olhá-lo nos olhos enquanto fazia mais uma pergunta:


― Tem tomado os seus remédios? – Tranquilidade era uma das chaves para uma consulta, tendo em vista que o ruivo parecia ser bem reservado


― Sim. – Respostas curtas eram a sua especialidade, não era necessário recitar a bíblia para o psicólogo.


Aquilo era horrível para o ruivo. Ele não era bom com palavras e detestava aquela “burocracia”; só fazia aquilo por que sua irmã, Katherine, insistiu muito.


― Sr. Schenvisky, eu só posso lhe ajudar se você me ajudar. Eu preciso que você me responda com todos os detalhes. ― Olhava fixamente os orbes do ruivo com um olhar que pretendia lhe passar segurança. ― Eu sei que você não é muito comunicativo, mas me fale pelo menos o básico de como você está se sentido! Você entende o que eu quero dizer?


O ruivo olhou para baixo com a mesma expressão frustrada de sempre, e voltou a encarar o doutor:


― Eu tomei os remédios, depois parei por um dia, mas ontem eu voltei com eles normalmente e estou me sentindo menos ansioso. ― Jogou tudo para fora de uma só vez e sua voz grave tornou-se rápida, virando o rosto para o lado olhando para os livros do escritório, desviando o foco.


Dr.Bouvier sorriu.


― Ótimo! Vamos continuar assim. – Se as habilidades certas fossem usadas, talvez conseguisse arrancar alguma coisa daquele homem.


Passaram-se trinta minutos e Novanic se sentia mais confortável. A consulta já estava acabando, e com muita lábia o Dr. Bouvier conseguiu fazer o ruivo falar mais coisas.


― Quando eu lhe falo “pinheiro”, qual a primeira coisa que vem a sua mente?


― Casa. – Os olhos do ruivo estavam estáticos, não via muito sentido naquilo.


Este tipo comportamento é sem dúvida muito comum em militares, especialmente os veteranos. Algo estava escondido naquele homem, algo muito pesado.


― E “casa” lhe lembra?


― Família. ― Olhou mais uma vez para o médico enquanto o mesmo fazia anotações. Dr. Bouvier achava incrível como o russo era observador, ele prestava atenção em tudo o que acontecia em seu redor.


- “Pai”


-... – O silencio reinou, aquela palavra trazia o pior de si.


O russo tentava se manter calmo, mas o seu comportamento violento ainda estava adormecido dentro de si, apenas esperando a hora certa para ser libertado.


― E “pai”? ― Novanic não respondeu e o mais velho insistiu. ― Me conte uma história... Sobre um pai. — Dr. Bouvier percebeu como o ruivo mudou ao ouvir essa palavra: Seus olhos se moveram para baixo e seus dedos se apertavam, segurando o tecido do canapé. Com toda certeza teria algo por trás disso e ele queria investigar.


― Como assim? – A ignorância é o melhor escudo. Infelizmente, teria que contar alguns de seus problemas para aquele psicólogo, que naquele momento não possuía nem um pouco da confiança.


Seus erros do passado estavam presentes em cada célula do seu corpo, há tempos não dormia direito. Era um homem rígido, especialmente com si mesmo.


Seu corpo guardava segredos obscuros e dolorosos, marcas de um tempo maldito. Às vezes o soldado sentia que a morte era a melhor saída, mas por obra do destino, ela nunca bateu a sua porta.


— Diga-me algo. O que você pensa sobre “pai”.


— Eu... O pai é um homem que ama os filhos. – Novanic sabia que não era daquele jeito, sabia que muitos odiavam os seus próprios filhos.


— E quantos filhos ele tem?


— Três. Mas ele não gosta do mais velho. – As metáforas faziam parte de sua vida, seria interessante dar algumas dicas para o doutor.


 “Interessante”, o doutor pensou, “parece que ele está contando algo sobre ele, mas não diretamente”.


— Por quê? – Aquele era um ponto alto, a conversa parecia fluir. Talvez ele fosse um bom ator, queria ter confiança em Bouvier.


Será que o doutor estava destino a desvendar os seus mistérios?


— Porque ele é diferente das outras crianças.


Sinais de abuso infantil estavam presentes naquele homem. Quantas cicatrizes não existem abaixo daquelas tatuagens?


— O que ele faz? – Bouvier já sabia a resposta, mas queria escuta-la dos lábios do ruivo.


— Não é o que ele faz, mas o que ele é. – Traços de inferioridade eram sentidos naquele homem. O que aconteceu com o seu psicológico? Ele estava visivelmente abalado.


— E o que ele é?


— Ele não sabe, mas o pai sente vergonha dele e tenta fazê-lo ser normal.


Bouvier não sabia dizer o que exatamente ele possuía de tão diferente, mas apenas pelo olhar rígido, ele possuía problemas com agressividade e violência.


Muitas vezes, os pais forçavam uma agressividade nos garotos, com o intuído de transforma-los em homens. Esse processo deixava cicatrizes físicas e psicológicas irreversíveis.


O doutor anotou o que escutou na sua prancheta, tirou os óculos e estendeu sua mão:


— Entendo. Muito obrigado, Sr. Schenvisky. Nós fizemos muito progresso hoje, mas sua sessão acabou. Até a próxima segunda. — Sorriu mais uma vez, balançando sua prancheta para mostrar animação. Aliás, eu acho que mais três sessões de terapia resolvem o seu caso. Pelo visto, é apenas ansiedade e estresse.


O ruivo estava com o mesmo sentimento estranho de sempre, se levantou e apertou a mão do Dr. Bouvier se despedindo do mesmo, sendo guiado até a porta de saída do local:


— Até mais! — O médico se despediu. — E só uma coisa...  Às vezes é bom contar o que nos machuca para alguém, mesmo que isso esteja guardado há anos. Ajuda bastante.


Muitas coisas ainda estavam guardadas dentro ruivo, cabia a alguém forte desvenda-las. O tratamento seria muito longo.


— Eu sei, doutor. Muito obrigado. — Apressou-se saindo do consultório, pegando a chave da sua caminhonete. As cores calmas que preenchiam os corredores do consultório eram torturantes, sentia como se estivesse em um hospício.


As faltas das suas substâncias preferidas estavam mexendo com o seu psicológico, seu corpo chamava por elas. Não iria se render novamente.


Caminhou rumo ao estacionamento e sentiu o vento gélido que se chocava contra a sua pele alva. Queria morrer.


Tentou espantar os seus pensamentos e desejos ocultos, movendo a sua atenção para a sua caminhonete, abrindo sua porta de modo brutal, entrando rapidamente na mesma.


Passou alguns momentos fitando o volante. ― “Droga! Ele deve me achar um louco” - pensou, colocando a mão sobre o rosto. Ele sabia que estava apenas ansioso e estressado, não achava que era preciso mais nada daquilo. — Chega!


O ruivo acordou de pensamentos ao ouvir o som de notificação do seu telefone. Ao abrir a mensagem, viu que era de seu irmão, Klavier: 


 


“Nick, A Kat pediu alguns chocolates para a sobremesa do jantar. XOXOX <3”.


 


 Ao ler a mensagem, Novanic suspirou e dirigiu até uma loja chama “Choco’s” para comprar o que lhe foi pedido.


No caminho observava o céu noturno, e cogitava a pessoa que havia se tornado, os mistérios que escondia e mentiras que foram contadas. Será que sua mãe teria orgulho de si? Tudo na sua vida foi sofrido, era melhor que seus amados irmãos o admirassem como o herói que nunca fora. Doía muito pensar nisso tudo, no indivíduo que se desenvolveu em si e consumiu seus princípios. Não, ele não se arrependia de suas ações, pois seus objetivos foram nobres, mas valia a pena? Aonde ele chegaria com aquilo?


Perdido em reflexões não percebeu que caminhava rumo ao caixa, sendo despertado por uma encantadora atendente:


— São dez dólares. — Sorriu sedutoramente para o ruivo que pareceu nem reparar, murmurando um “Obrigado”. Estava cansado demais para perceber ou fazer flertes.


Seguiu direto para casa, escutando seus “Country Rock’s” preferidos. Adorava observar a cidade se movimentando naquele horário, lhe trazia paz e muitos sentimentos a tempo esquecidos por ele. Lembrava-se do gosto inesquecível de seu primeiro cigarro, o cheiro inebriante das lojas de perfume e dos amigos queridos adquiridos ao longo da vida. Isso considerava que aquilo realmente valia a pena.


 


 08:32 PM – Casa dos Schenvisky


 


Era hora de Novanic virar o irmão dedicado e amoroso, compreensivo com todos e bastante gentil. Era essa sua face mais conhecida pelas pessoas próximas e a mais verdadeira também.


Não deu nem tempo de virar a maçaneta e já foi surpreendido por uma animada garota de dezoito anos. Ele achava incrível como ela estava sempre animada.


— Você trouxe os chocolates, Nick? - Perguntou a bela moça ruiva de cabelos compridos e levemente ondulados, com olhos verdes, traços delicados, voz doce e corpo esbelto. Era Katherine, que com o passar dos anos se tornou uma bela mulher.


— Sim. Aqui está, querida. - Entregou o pacote para ela, recebendo um beijo na bochecha em agradecimento.


— Eu adoro a sua expressão séria - Ela disse apertando a bochecha do irmão, claramente implicando, recebendo um sorriso de volta e um “Boba”. Ela era a única pessoa que nunca o deixava com raiva, não importa o que fizesse.


— Eu vou tomar um banho agora. - Subiu a escada. — Estou um caco - Murmurou para si mesmo.


Sentia que precisava de um banho bem quente para relaxar os músculos. Não havia sido uma boa ideia correr o dobro do normal em uma manhã.


Se despiu e sentiu a prazerosa sensação da água em suas costas, fazendo massagens em seus ombros. Aquele era o seu momento de paz, esperou o dia todo por aquilo.


Ao acabar o banho, colocou uma blusa de frio preta com gola V e uma calça cinza de moletom, desceu as escadas e calçou seu chinelo, partindo em direção à cozinha, que estava parecendo um cenário de guerra: A pia possuía várias panelas sujas e várias latas de molho estavam caídas no lixo, pedaços de comida estavam na bancada e um avental sujo “enfeitava” a cadeira. Alguém ia limpar aquilo, e não era ele.


 O mais velho se sentou em umas das cadeiras da mesa quadrada, ficando de frente para Klavier, o mais genioso dos três irmãos, que possuía 1,81 de altura e um corpo forte definido com sardinhas como o mais velho, olhos verdes e cabelo ruivo claro, com um pequeno topete arrepiado. Era nervoso e um exemplo de Playboy


— Como foi no psicólogo? — Perguntou Katherine, em seguida, bebendo um pouco de refrigerante.


— Foi bom —  respondeu com o seu forte sotaque russo, que apenas ele naquela casa possuía.


Klavier mudou de assunto de repente:


— Você ficou sabendo? Teve um assassinato aqui perto de casa. — Mastigou de forma mal-educada a comida para fazer nojo em Katherine, que apenas o ignorou. — A vítima foi aquele idiota do carro amarelo — exclamou Klavier. — Por esses dias têm acontecido muitas coisas desse tipo pela cidade, tipo um acerto de contas.


— Sério? Quando foi isso? — Novanic perguntou.


— Ontem pela manhã, mas só descobriram hoje. Ouvi dizer que um investigador virá aqui amanhã para fazer algumas perguntas — disse Katherine bem animada com o tal investigador. — Dizem que o DP está no caso, viram agentes explorando a casa. — A garota assistia muita série, se sentia animada apenas de ter a oportunidade de se “relacionar” com um policial.


Novanic pensou sobre aquilo. De fato, coisas estranhas estavam acontecendo naquela vizinhança, mas não prestou muita atenção e continuou conversando com seus irmãos, comendo apenas uma trufa, tendo em conta que ele não gostava muito de doces. Federais estavam envolvidos em uma operação, e com toda certeza iriam interrogar os vizinhos. A cada dia que se passa sua vida se tornava mais peculiar


Após o jantar, desejou boa noite para seus irmãos, se preparando para descansar. Era do tipo que adora dormir, mas isso era um segredo. Klavier era festeiro, sempre voltava as três e meia da madrugada, enquanto Katherine estudava até onze da noite. Eles não poderiam ser mais diferentes entre si.


Retirou sua blusa, odiava dormir com ela, e apagou a abajur ao lado de sua cama, no seu belo e charmoso quarto de cores sóbrias e neutras


— Vamos ver o que a polícia tem a dizer sobre o engenheiro — pensou em voz alta, olhando pela janela enorme ao lado de sua cama.


Por ser muito católico, fez sua prece tentando abrandar-se do dia corrido. O dia seguinte seria um novo dia, corrido e cheio de surpresas.


O dia seguinte era onde sua história determinante começaria. Onde seu destino seria secretamente decidido.



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Autor(a): paula_albani

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