Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Dulce

Acordei com uma dor de cabeça agonizante, assim como o meu corpo inteiro reclamava de dor. Espreguicei-me e fiquei imediatamente tensa. Eu havia destruído a cama no dia anterior, mas aquilo definitivamente não era a minha cama.

Dei um salto, e como uma boa desastrada, caí com tudo no chão.

– Merda! – resmunguei.

E eu não xinguei pela dor do baque. Levantei rapidamente, passando os olhos pelo quarto. A cama que estava lá agora era enorme, mais cara do que cinco meses de aluguel, com certeza.

– Que...

Saí do quarto e me deparei com uma sala com um sofá de canto, que dava mais espaço à minúscula sala, e uma TV enorme de led grudada à parede. Nada do aparelho de som destruído ou quebrado. Na realidade, nada além da TV e do sofá. E um tapete incrível.

– Oi, Dulce.

– Porra – gritei ao me virar, a respiração a mil por hora e levei a mão ao peito, sentindo o coração desenfreado. – Angelique, o que significa isso?

– Não gosto quando me chama assim – ela resmungou quase de forma infantil. Eu nunca a chamava de Angelique, sempre Angel. A não ser que as coisas estivessem sérias.

– Angelique, o que é tudo isso? – reformulei a pergunta.

– Tecnicamente não é tudo isso. É “só isso”.

– Angelique... – adverti.

– Tá, o que você quer saber? – cruzou os braços, e pela carranca, sabia que viria bomba por aí.

– Merda, Angel, o que é isso? – gesticulei para a falta da bagunça. Nada da minha cortina, ou do tapete destruído. – Cadê minhas coisas?

– Sério? – questionou incrédula. – Dulce, você atacou a casa, caramba! Você não podia esperar que eu deixasse tudo aqui.

– Você quer dizer que tirou todos os móveis da casa? – ergui a voz.

– Tecnicamente... – ela começou, mas a cortaram.

– Algum problema, Ang... Dulce – Christopher arfou quando me viu.

Puta que pariu.

– O que você está fazendo na minha casa? – rosnei, já temendo a resposta. – Angelique, você deixou esse cretino entrar aqui?

– Dulce, eu pedi pra ele vir aqui... Eu fiquei assustada ontem.

– E você tinha que pedir ajuda logo pra... – minha voz cortou. – Pra esse... – apontei para ele com desdém, sem saber o que dizer.

Merda, ele continuava o imbecil mais lindo que meus pobres olhos já tinham visto. Mesmo com a roupa toda abarrotada, os cabelos maiores e mais bagunçados e a barba que já aparecia. O desgraçado não ficava feio nem com aquelas olheiras embaixo dos olhos, enquanto eu parecia uma morta-viva.

E mais estúpida era eu, que ainda reagia a ele. O meu corpo ainda esquentava e formigava de antecipação (por algo que nunca mais iria acontecer) e meu coração batia nas costelas com tanta força que parecia que a qualquer momento o Tum-tum quebraria meus ossos.

– Dulce, eu só fiquei com medo, tá legal? Eu nunca tinha visto você desse jeito e não sabia o que fazer e pensei que fosse uma boa vocês se resolverem.

– NEM MORTA EU VOU FALAR COM ELE – berrei. Angel se encolheu e a cena me fez lembrar da primeira vez que Ninel colocou um homem desconhecido em nossa casa. A gente ficou com tanto medo, e agora eu estava assustando minha irmãzinha.

Imbecil!

– Desculpa, Angelique – sussurrei com a respiração difícil. Nada de assustar a garota, nada de assustar a garota! – De onde saiu tudo isso?

– Da loja de móveis do Christopher – respondeu apressada e seus olhos brilharam. – E antes que você proteste, é um presente pra mim. Ontem eu disse ao Christopher que ia prestar o vestibular e é um presente pela minha possível aprovação.

Comecei a coçar meu braço, agoniada com a presença de Christopher e todos aqueles presentes caros. Eu estava morrendo de medo de ver a cozinha e o banheiro. Tudo bem, eu não ia surtar perto da Angel. Ela já tinha visto o suficiente. Antes que enxotasse Christopher, me veio o flash...

– Você vai fazer o vestibular? – arregalei os olhos. Angel era mais do tipo de viver da arte que venderia na praia, coisas assim. Ela sempre disse que não tinha planos de tentar a faculdade.

– Vou sim – pegou um papel em cima da mesa e me entregou. – Harvard e Stanford. Pra Design de moda.

Meus olhos lacrimejaram. Ai, meu Deus, minha garota ia prestar o vestibular. Li o comprovante da inscrição pelo menos cinco vezes antes de começar a chorar e abraçar minha menina, elogiando-a incansavelmente. Cristo, eu estava tão orgulhosa. Angel chorou comigo e vi que Christopher nos olhava com o semblante e o corpo tensos, mas mesmo assim tentava sorrir.

Angel se afastou e enxugou minhas lágrimas. Minhas mãos estavam trêmulas e agarraram seus ombros. Eu tentava a todo custo não olhar para Christopher bem atrás dela, mas era impossível. A presença dele dominava o apartamento inteiro e eu podia jurar que eu sentia seu cheiro.

– Eu vou dar uma saída – Angel beijou minha bochecha. – Por favor, conversa com o Christopher – fiz uma careta e ela suspirou. – Só escuta, tá? Não precisa falar nada. Senta e escuta. Por mim. Por eu tentar entrar na faculdade – fez um beicinho. – Por favor!

Olhei para Christopher. Ele esfregava as mãos e sua respiração estava pesada e... Ele estava mesmo suando? Apertei mais os ombros de Angel e ela sussurrou um “vai ficar tudo bem”.

Tudo bem, eu poderia fazer isso, certo? Eu poderia escutá-lo e despachá-lo em seguida. Só tinha um problema: eu estava morrendo de medo de acreditar nele.