Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Christopher

Deus do céu, eu iria pirar a qualquer momento. Tentei me concentrar no trabalho, nas crianças, na academia, em qualquer coisa que afastasse pelo menos um pouco aquela ruiva da minha cabeça, mas ela estava impregnada em mim de uma forma assustadora.

Liguei para ela; claro que ela não me atendeu. Mandei mensagens e e-mails, mas ela não respondeu nenhum. Eu sabia que devia estar respeitando o tempo dela, mas francamente, o seu silêncio estava me matando.

Não conseguia falar com ela na empresa, e muito menos fora dela. Na realidade, eu só conseguia vê-la por mais de vinte segundos pelas câmeras de monitoramento, porque em todo lugar que eu estava, ela evitava. E se por acaso ela já estivesse no lugar quando eu chegasse, ela fazia questão de sair como se eu fosse o diabo.

Eu estava tão desesperado que ia fazer a última coisa que pensei que seria capaz de fazer: me declarar em público.

– Você tem certeza que ela vai vir? – perguntei para Angelique pela enésima vez. Ela revirou os olhos e bufou.

– Vai. Vou chegar com ela em duas horas. Troquei a minha folga no trabalho, então é bom você fazer valer a pena ou arranco suas bolas.

Me encolhi, fazendo uma careta.

– Você não tem idade pra falar essas coisas, Angel... – resmunguei colocando discretamente as mãos na parte de frente da calça. Por precaução.

– Eu sou maior de idade, Christopher. Se eu matar alguém, quem vai responder por isso vai ser eu – piscou. – Fique alerta. Preciso ir ou não vou conseguir voltar com ela – beijou minha bochecha e saiu correndo.

Eu ainda estava me adaptando às formas de carinho de Angelique. Era esquisito todo aquele contato corporal, mas Dulce já havia me dito que elas eram mesmo mais calorosas que os russos. Disso eu não tinha dúvidas.

Meu estômago já estava começando a revirar e comecei a tremer. Dulce gostava que demonstrações de afeto, o que devia significar que ela gostava de grandes declarações, certo? Por isso mesmo eu tocaria e cantaria para ela (já que ela havia me pedido diversas vezes) e certamente imploraria pelo seu perdão, rastejaria, correria, lamberia seus pés se ela quisesse.

O Tavern era um dos restaurantes mais conceituados da cidade, e eu já havia flagrado Dulce namorando o local uma ou duas vezes. Claro, estava na lista de lugares para levá-la.

Se ela permitisse.

Contratei uma violoncelista para me acompanhar na música, e fora ela, inclusive quem havia me indicado a música. Eu estava sem ideias de como mostrar à Dulce que eu a amava de todas as maneiras possíveis, mas a música que a moça me mostrou era incrível.

Conversei brevemente com o gerente e o maître, frisando que Dulce e Angelique teriam de ter o melhor atendimento possível. Maite e Christian também iriam. Sinceramente, eu nem sabia o que pensar sobre o que aconteceria se os dois se encontrassem. Alfonso iria e conseguiu convencer Anahí a ir também.

– Se ela te rejeitar, vou adorar ver a sua derrota – Anahí disse, mas eu vi uma faísca de esperança pintando em seus olhos.

Sentei numa mesa afastada, e quando o restaurante ficou absurdamente cheio, quase passei mal. Eu era ótimo para falar em público. Tinha uma boa dicção. Mas tocar? Cantar? Nem em apresentações de escola eu havia feito isso. Na realidade, nem em reuniões de família.

– Se você não relaxar, vai ter um infarto assim que começar a tocar – Maite me abanou de leve.

– O máximo que você vai ter é um “não”. E mais que merecido – Anahí sorriu.

– Amor... – Alfonso advertiu. Anahí deu de ombros.

– Ela chegou – Anahí apontou com o queixo.

Quatro cabeças se viraram para a entrada. Christian conversava com o maître enquanto Angelique tentava fazer Dulce rir. E falhava miseravelmente.

Aquilo era o que menos importava. Dulce estava linda. Esplêndida. Vestia um vestido preto tubinho e vi o quanto ela havia emagrecido. Seu rosto estava fino e as curvas vastas já não estavam mais ali. Seus cabelos estavam num coque... Coque francês, segundo Maite, e por um segundo pensei em ir agarrá-la e agarrar seus pés enquanto a idolatrava.

Eles se sentaram, fizeram seus pedidos e começaram a conversar. Anahí, Alfonso e Maite também conversavam, mas eu não conseguia parar de admirá-la. Merda, ela era a mulher mais bonita que eu já tinha visto. A mais teimosa também.

– Sr. Uckermann, está pronto? – o gerente perguntou. Olhei para as minhas companhias e eles sorriram para me encorajar. Assenti com a cabeça e respirei fundo, enquanto abotoava o terno e me levantava.

Subir até o minúsculo palco foi um pesadelo, mas era o mínimo que eu podia fazer por Dulce. A violoncelista já estava lá e sorria encorajadora. Eu tentava não ficar muito esperançoso, mas caramba, eu estava morrendo por dentro. Troquei de lugar com o pianista e respirei fundo.

– Boa noite – falei ao microfone. Aos poucos as vozes foram cessando e olhando para mim. Porra. – Meu nome é Christopher Uckermann e eu estou aqui pra me redimir com alguém que não fez nada além de me amar e pedir que eu a amasse também.

Olhei para Dulce. Sua expressão de choque, misturado aos olhos marejados quase me fizeram vacilar. Eu não sabia o que pensar ou o que fazer. Sinceramente, nem sabia o que falar também.

– Eu a magoei da pior forma que eu ou ela poderíamos imaginar, e só me dei conta quando o estrago já estava feito – ela levantou, mas Angelique a sentou novamente. – Eu menti, manipulei e escondi as coisas, por medo de me entregar e assumir que estava tão apaixonado que doía a menor possibilidade de machucá-la. Ela é... – limpei a garganta. – A mulher mais incrível que apareceu na minha vida. É inteligente, carismática, teimosa, e me obrigava a comer a sua comida horrível – as pessoas riram e eu respirei fundo, engolindo o nó em minha garganta. – Mas a verdade é que nem toda comida ruim, ou toda a teimosia, cabelo bagunçado pela manhã ou maquiagem borrada... Nada foi capaz de tirá-la de dentro de mim.

Ela soluçou e Angel segurou sua mão. Deus do céu, estou enfartando.

– Kóchetchka, você disse que queria me ouvir tocar um dia – sorri. – Eu sei que não é a melhor ocasião, mas é a forma que eu tenho de te mostrar que eu estou arrependido e que amo você.

Comecei a tocar e precisei respirar fundo para fazer a música fluir:

Minha infância despida sobre seixos

O vento nos seus cabelos desarrumados

Como a primavera em minha jornada

Um diamante caído do porta-joias

Apenas a luz poderia

Desfazer nossas referências secretas

Onde meus dedos prendem seus pulsos

Eu te amei, eu te amo e eu te amarei

O que quer que faças

O amor está por toda a parte onde olhas

Nos mínimos lugares do espaço

No menor sonho onde você se atrasa

O amor como se chovesse

Despido sobre seixos

O céu finge que te conhece

Ele é tão belo, isso é certo

Ele que jamais se aproxima

Eu o vi preso em suas redes

O mundo possui tantos pesares

Tantas coisas que a gente promete

E apenas uma para qual eu fui feito

Eu te amei, eu te amo e eu te amarei

O que quer que faças

O amor está por toda a parte onde olhas

Nos mínimos lugares do espaço

No menor sonho onde você se atrasa

O amor como se chovesse

Despido sobre seixos

Nós voaremos do mesmo cais

Os olhos no mesmo reflexo

Nesta vida e na próxima

Serás o meu único projeto

Eu irei colocar teus retratos

Em todos os tetos de todos os palácios

Em todas as paredes que eu encontrar

E logo abaixo, escreverei

Que só a luz poderia

E os meus dedos sobre os teus pulsos

Eu te amei, eu te amo e eu te amarei

Link da música: www.youtube.com/watch?v=Ov261j26erA

Paramos de tocar como havíamos ensaiado e os aplausos e assovios eram ensurdecedores. Olhei para Dulce, que chorava e soluçava com a mão no peito.

E então saiu correndo do restaurante.