Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Dulce

– Com colar ou sem? – perguntei para Christian quando ele apareceu no meu quarto, lindo de morrer. Com seu smoking novinho, ele estava divino. Não fiquei surpresa quando ele disse que iria acompanhar Maite. Contanto que ninguém se machucasse no final...

– Humm – Christian inclinou a cabeça e analisou meu visual. – Me deixe ver de novo.

Levantei a gargantilha até o pescoço. O vestido que Christopher havia mandado era de um vermelho vivo, e parecia ter sido desenhado para ser usado por uma deusa grega. De ombro único, decote diagonal, justo até o quadril e uma abertura que começava no alto da coxa. Nas costas não havia nada além de um cordão de pedraria ligando um lado a outro para impedir que o vestido caísse.

– Esqueça o colar. Acho melhor argolas de diamantes. As maiores que você tiver.

– Sério? – enruguei a testa diante do nosso reflexo no espelho, atenta a seus movimentos enquanto ele ia até o porta-joias e começava a procurar algo lá dentro. – Estas aqui – ele levou os brincos até mim, as argolas de mais de cinco centímetros que Anahí me deu quando fiz vinte e dois anos.

– Confie em mim, Dul. Não esqueça que eu já trabalhei como modelo – ele piscou. – Experimente.

Ele estava certo. Os brincos produziam um efeito diferente da gargantilha. Menos glamour, mais sensualidade. Com a tornozeleira de diamantes da minha perna, que eu nunca mais veria da mesma forma depois do comentário de Christopher, eu estava incrível. Com os cabelos caindo sobre o rosto como uma cachoeira de cachos grossos, parecia que eu tinha acabado de transar, uma impressão que só era reforçada pela maquiagem esfumaçada dos olhos brilhantes.

– O que seria de mim sem você, Christian Chávez?

– Isso você nunca vai saber – ele pôs a mão sobre meus ombros.

O interfone tocou e levantei em um pulo, o que me fez perceber como estava nervosa. Olhei para Christian.

– Eu cuido disso. A porta de entrada deve ter emperrado de novo – sorriso se desfez. – Está arrependida de ter aceitado ir com o Uckermann? –  Posso dar um jeito nisso. Só te dar um beijo na frente dele – riu.

Eu ri e respirei fundo, lembrando de onde estava pouco tempo antes. Deitada, tendo orgasmos múltiplos.

– Na verdade, não. É que as coisas estão acontecendo de um jeito muito louco.

– Você está procurando o lado ruim da coisa – ele chegou mais perto e mexeu na ponta do meu nariz com um dos dedos. – Ele não é como Fernando, Dul. Ele não é casado, você não é a amante. Só aproveite. Ele está a fim de você e não de mim, pra minha tristeza. E você conseguiu domar o cara. Divirta-se!

Fiquei agradecida por saber que Chris me entendia, sabia como minha cabeça funcionava. Era muito bom saber que podia contar com sua compreensão mesmo quando não conseguia explicar o que estava sentindo.

– Vou descer pra buscá-lo. Fique à vontade. Ele chegou dez minutos adiantado. Tem uma coisa que quero que saiba sobre ele. Está no móvel ali perto da sua cama – apontou com o queixo e saiu.

Não perdi tempo e fui correndo para descobrir qualquer coisa sobre meu chefe.

Quando descobri que ele era filho de Richard Uckermann, ex-presidente de um fundo de investimentos que mais tarde se revelou um enorme esquema de pirâmide, foi como se eu tivesse sido atropelada por um trem. Christopher tinha apenas seis anos de idade quando sua mãe foi brutalmente assassinada no lugar de Richard num acerto de contas. Ela se colocou à frente dele, para que ele não levasse o tiro. Maite e Christopher presenciaram o crime. Maite era dois anos mais velha que Christopher.

Lembrei que Christopher disse que Maite era filha de uma latina, mas não encontrei nada a respeito. Nada sobre esposa e filhos também. Na realidade, não o vi em nenhum evento social ou algo muito pessoal. Tudo o que tinha sobre ele era por causa de Richard ou a sua maravilhosa formação acadêmica. 

Voltando...

Tentei imaginá-lo aos seis anos, e pensei em um menininho bonito de cabelos castanhos e lindos olhos negros carregados de tristeza. Essa imagem partiu meu coração. A morte de sua mãe e as circunstâncias que o cercaram deve ter sido devastador, tanto para ele como para seu pai, que ainda precisou sofrer com a culpa. Todo o desgaste e o sofrimento de um acontecimento trágico como esse devem ter sido um fardo terrível para uma criança daquele tamanho.

Seu pai se casou mais tarde com Meryl , uma executiva do ramo da música, e teve mais cinco filhos (uau), Amanda (tocava na orquestra filarmônica da Alemanha), Lambda (era pintor), Emma (era estilista), Henry (arquiteto) e Dylan (que ainda estava no colegial)  mas ao que parece uma família completa e a segurança financeira chegaram tarde demais para ajudar a estabilizar a mente de Christopher depois de um abalo tão grande. Ele se fechou para o mundo, o que era sinal de cicatrizes sentimentais profundas.

Fiquei pensando também naquela cicatriz da costela. Por que aquilo? O que será que tinha acontecido? Oh, Deus, será que também tinha sido num acerto de contas e Christopher fora refém?

– Muito bem, acho que já chega – Christian me interrompeu. Ele ocupou a abertura da porta do meu pequeno quarto, encostado no batente da porta. – Acho que não vai demorar muito pra ele vir até aqui. Está todo impaciente.

Fechei a pasta e fiquei de pé.

– Interessante, não? - ele apontou para os papeis.

– Bastante – quanto o pai de Christopher, ou a morte de sua mãe, tinha interferido na vida dele?

Todas as respostas que eu queria estavam me esperando na sala ao lado. Saí do quarto e caminhei até a sala. Parei um pouco, com o olhar vidrado nas costas de Christopher, que olhava a cidade pela janela. Minha pulsação acelerou. Seu reflexo no vidro revelava uma expressão perdida. Seus olhos estavam perdidos, e ele tinha um sorriso nos lábios. Os braços cruzados revelavam certo desconforto, como se ele estivesse fora de seu habitat natural. Parecia distante e distraído, um homem solitário.

Ele sentiu minha presença, ou meu desejo. Deu meia-volta, mas permaneceu imóvel. Aproveitei a oportunidade para examiná-lo, percorrendo todo o seu corpo com os olhos. Ele tinha toda a aparência de um poderoso magnata. Era de uma beleza tão sensual que eu sentia meus olhos queimarem só de olhar para ele. A cascata de cabelos que se espalhava ao redor de seu rosto fez meus dedos se flexionarem de vontade de tocá-la. E o modo como ele me olhava...

– Dulce – ele veio até mim com seu andar determinado. Pegou minha mão e levou até a boca. O toque dos lábios contra minha pele fez um arrepio se espalhar por meu braço e despertou lembranças daquela boca em outras partes do meu corpo. Fiquei instantaneamente excitada.

– Oi.

Seus olhos brilharam de contentamento.

– Oi. Você está linda. Mal posso esperar para exibir você por aí.

Soltei um suspiro de satisfação ao ouvir aquele elogio.

– Espero que consiga fazer jus a você.

Ele franziu levemente as sobrancelhas.

– Já está pronta pra ir?

Christian apareceu atrás de mim, trazendo meu xale de veludo e luvas longas.

– Está tudo aqui. O gloss e o batom estão na bolsa.

– Você é o máximo, Chris.

Ele piscou para mim, uma indicação de que havia visto as camisinhas que eu guardei em um compartimento interno da bolsa. Droga.

– Vou descer com vocês.

Christopher pegou o xale das mãos de Christian e o deitou sobre meus ombros. Quando começou a tirar os cabelos, o toque de sua mão no meu pescoço me deixou tão distraída que mal notei que Christian estava me ajudando a colocar as luvas.

 A descida de elevador até o saguão foi um exercício de sobrevivência a uma tensão sexual. Não que Christian tenha percebido. Ele estava assoviando com as mãos nos bolsos. Christopher por outro lado, exercia uma tremenda força sobre mim do lado oposto. Apesar de ele não ter se mexido nem emitido nenhum som, eu era capaz de sentir a excitação que irradiava de seu corpo. Sentia na minha pele a atração magnética que havia entre nós e comecei a ofegar.

Foi um alívio quando a porta abriu e nos libertou daquele espaço fechado. Duas mulheres esperavam para subir. Ficaram de queixo caído quando viram Christopher e Christian, o que me deixou contente e me fez sorrir.

– Senhoras – Christian cumprimentou, com um sorriso que era quase uma covardia. Dava para ver os neurônios delas entrando em parafuso.

Christopher, por sua vez, fez apenas um breve aceno e me conduziu para fora com a mão na base da minha coluna. Um contato que produziu eletricidade, fazendo meu corpo inteiro ser invadido por uma onda de calor. Apertei a mão de Christian.

– Até daqui a pouco.

Eita, parece que Christopher já passou por maus bocados.

E o que vocês acham dos motivos pra ele não ter se divorciado ainda? Vai dar barracão se Dulce descobre.