Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Dulce

Ficamos calados nos olhando por um bom tempo. Eu mal respirava, com medo de que qualquer movimento o fizesse mudar de ideia. Ele estava tão perto de abrir o jogo comigo, de enfim me contar quem ele era, o motivo dos seus traumas.

– Eu vi minha mãe morrer. Vi o momento exato que deram um tiro no meu pai e minha mãe ficou na frente dele, levando o tiro bem na cabeça. Ela morreu na hora – ele fez uma pausa e respirou fundo. Me mexi desconfortável ao ver que a sua postura agora estava completamente derrotada. – Depois eu via o mesmo homem ir ameaçar o meu pai porque ele estava devendo dinheiro. Muito dinheiro. Um dia ele estava batendo no meu pai e eu estava escondido. Não lembro direito o que aconteceu, mas eu gritei pra ele parar e ele me encontrou.

Ele sondou meu rosto. Com certeza para procurar algum horror ou lágrimas. Eu não iria chorar. Pelo menos não deliberadamente. Eu não queria mostrar pena.

– Ele me sequestrou e me fez de refém até Richard pagar tudo o que devia a ele, e ainda com juros. Os desgraçados me deixaram em cárcere por quase dois meses. Meu pai ficou com medo de chamar a polícia e acabar sendo preso, então fez tudo às escondidas. Mas nesse tempo os caras fizeram o que queriam de mim. Eu fui espancado, estuprado das piores formas possíveis, tanto que cheguei a ficar inconsciente.

Ai, meu Deus. Ele tinha sido estuprado. Assim como eu. Meu estômago deu um nó e eu pensei que poderia desmaiar a qualquer momento. Apertei de leve seus ombros procurando forças, e provavelmente ele viu isso como um encorajamento para continuar.

– Eu tinha sete anos, Dulce – sua voz continuava fria. Como ele conseguia? Eu sentia que iria chorar a qualquer momento. – Tinha acabado de completar sete anos e perder minha mãe. Tem noção do pesadelo que era ficar lá? Uma vez eu tentei fugir e um dos capangas viu – riu sem humor. – Pra me punir, eles esfaquearam minhas costelas e me deixaram sangrar até perder a consciência. Depois de um tempo nem doía. Era uma dor dormente, sabe? Era tão intenso que eu nem conseguia gritar, não conseguia chorar. Quando eu acordei, tinham feito um curativo muito mal feito. Acabei tendo uma infecção, mas quando voltei pra casa, não deixei que meu pai cuidasse disso. Eu estava com tanta raiva por ele ter me permitido passar tanto tempo nas mãos daquele cara que eu quis deixar a maldita cicatriz pra ele ter esse fardo nas costas sempre que olhasse pra mim. Eu tinha sete anos e já tinha esses pensamentos. Quão doentio é isso?

Ai, meu Deus. Ele achava que era doente. Sendo que tudo o que eu enxergava era a mágoa de um garotinho que não foi devidamente protegido pelo seu pai. Christopher sorriu fracamente e enxugou uma lágrima do meu rosto. Só então eu vi que estava chorando e esse fato só me fez soluçar e chorar ainda mais. Ele me embalou em seus braços e escondi meu rosto em seu peito.

Era eu quem devia estar consolando-o, certo? Não o contrário. Eu tinha meus demônios, mas a dor de Christopher era mil vezes pior que a minha, seus fantasmas eram ainda mais pesados. Quando consegui controlar o choro e os soluços, virei a cabeça para minha voz não sair abafada.

– Eu devia estar te consolando – resmunguei com a voz embargada. Ele enfiou o rosto nos meus cabelos e respirou fundo, apertando-me mais em seus braços.

– Você está comigo, kóchetchka. É só isso que eu preciso. Saber que nós estamos juntos e que você não vai desistir de mim é o que eu preciso pra ficar bem.

Resolveram. A Dulce foi certa em perdoar o homem?

Pelo menos ele contou a história da cicatriz.

Comentem, mores. 

Beijos!