Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Christopher

Eu adorava ficar acariciando os cabelos de Dulce, velando seu sono. Todos os dias nós dormíamos juntos em seu quarto, e eu ficava passando e repassando a melhor forma de contar a ela sobre Michelle.

E não importava o que eu dissesse, de todas as formas ela ia embora com tanta mágoa que me matava.

– Por favor – ela choramingou e se debateu um pouco. – Por favor, de novo não. Fique longe – aumentou o tom de voz. – Cadê a minha mãe? Mamãe!

Porra, de novo o pesadelo.

– Dulce, querida – sacudi-a de leve. Ela estava tremendo e chorando, se debatendo como se tentasse fugir de alguma coisa. Ou alguém. – Dulce, amor, acorda!

– Por favor, mãe, não deixe que ele me toque! – gritou desesperada.

– Dulce – gritei e a sacudi mais forte. Ela arregalou os olhos e se desequilibrou, caindo da cama. – Puta merda – corri para acudi-la.

– Não toque em mim – ela soluçou se encolhendo na cama. – Por favor, não me machuca!

Parei. Ela estava em um lugar desconhecido tendo um pesadelo, seu corpo tremia violentamente. O melhor era não me aproximar antes de ela estar totalmente acordada. Perdi as contas de quantas vezes isso havia acontecido comigo.

– Dulce?

Ela me encarou, mas seus olhos estavam vidrados, sem foco. Percebi que ela ainda estava assustada pelo sono.

– Christopher? – ela sussurrou assustada e engoliu. – Christopher?

– Estou aqui, kóchetchka – abracei-a. Sua cabeça caiu em meu peito e comecei a afagar seus cabelos, acalmando-a. – Vai ficar tudo bem. Não vou sair daqui. Prometo.

Ficamos daquele jeito por muito tempo, até que ela parasse de chorar e conseguisse controlar a respiração.

– Quer que eu prepare um banho pra nós?

Ela assentiu com a cabeça, e o mais gentilmente que pude, coloquei-a na cama. Dulce deitou em posição fetal e juro que escutei meu coração se quebrando ao vê-la tão frágil.

Enquanto preparava o banho, não pude deixar de pensar no que significavam aqueles pesadelos. Não era nem a primeira e nem a segunda vez que ela os tinha. Preferi dar o tempo que ela precisava, afinal, ela havia dado o meu espaço para me abrir, certo?

Mas aquilo realmente estava ficando fora dos limites. Não era algo como “meus pais se separaram e eu não reagi bem”, era como se algo tivesse acontecido fisicamente com ela. Tantas coisas passavam pela minha cabeça, mas eram possibilidades tão dolorosas que eu preferia não pensar.

Peguei Dulce e a levei para o banheiro, onde tirei a camisola que usava e a coloquei na banheira. Eu havia colocado numa temperatura muito mais alta do que a que eu estava habituado, mas era a que Dulce gostava. Coloquei sais para ajudá-la a relaxar. Me despi e entrei em seguida, abraçando-a.

– Dulce, estou preocupado com você – beijei sua cabeça.  – Não é a primeira vez que isso acontece... Me conta o que aconteceu.

Silêncio.

– Preciso que você confie em mim!

Ela fungou baixinho e suspirou.

– Eu já te disse que minha mãe levava muitos homens pra casa... – enrijeceu o corpo. – Mas tinha um... Tinha um que frequentava mais. Era o cara que vendia drogas pra Ninel – pausou. Apertei mais o abraço para lhe passar segurança. – Como ela ficou desempregada e o dinheiro que meu pai mandava nunca era suficiente, ela deixou que ele me estuprasse como pagamento pelas drogas.

Puta que pariu.

Quão doentio era isso? Uma mãe deixando a filha à mercê de drogados para consumir seu vício? Engoli a bile que ameaçou subir.

– Por quanto tempo? – não consegui evitar o desdém na minha voz. Porra, eu nem conhecia a mulher e já tinha um ódio fora de normal por ela.

– Dois anos. Desde que meu pai foi embora até o momento que eu fui pra faculdade. Eu fazia Angel se esconder porque ela era uma criança e já tinha tantos traumas – sua voz ficou embargada e ela estremeceu de leve. – Ele foi preso e nunca mais tivemos notícias. Ninel continuou levando homens pra casa, mas pelo menos nenhum encostou em Angel. Eu não me perdoaria se algo acontecesse com ela.

– Dulce, a culpa não é sua.

– Eu cuidei de Angel depois que Fernando foi embora, Christopher. E quando me mudei também. Mandava dinheiro pra ela porque não podia fazer mais. Não suporto a ideia de algo acontecer com ela e eu não poder estar lá pra protegê-la.

Isso foi o suficiente.

Virei Dulce abruptamente e segurei seu rosto. Suas pernas ficaram ao redor da minha cintura e eu não era um santo para dizer que meu corpo reagia a isso, mas aquele não era o momento. Precisávamos parar de resolver as coisas com sexo, e aquele podia ser um bom começo.

– Nunca se culpe por ter uma mãe doente, Dulce. Nunca. Ela tinha que cuidar de vocês e não foi o que ela fez, infelizmente. Entendo sua preocupação de irmã mais velha, mas a errada nisso tudo é sua mãe. Você é uma mulher incrível e eu te admiro por isso. E não se sinta suja e inferior por causa disso. Eu nunca... Escute bem... Eu nunca vou te deixar.

Seu corpo relaxou e ela abriu um sorriso fraco, concordando com a cabeça. Seus olhos estavam marejados quando ela me abraçou forte. Seus ombros sacudiam levemente, sinal de que ela estava chorando.

Quando ela me encarou, seus olhos tinham uma emoção que me comoveu.

– Eu te amo, Christopher. Tanto que nem cabe em mim – sorriu e me beijou.

Sinceramente, eu também a amava. Dulce era uma guerreira. Quantas dores essa mulher seria capaz de suportar de cabeça erguida?