Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Christopher

Já tinha anoitecido e eu ainda não tinha conseguido notícias da Dulce. Nada. Zero. Alfonso disse que ela ainda não tinha acordado e Anahí se recusava a dar alguma informação a ele. Porra!

E ainda tinha Michelle. Dei um cheque generoso para ela voltar para casa. E foi o que ela fez. Alegremente. Sinceramente, quanto mais o tempo passava, mais eu achava que a mulher estava mesmo perturbada.

Conversei com meus filhos. Eles estavam ótimos sem a mãe por lá. Mimi, mais uma vez, pediu para eu tirá-la de lá. Liguei para Andrei, mas não havia nada errado com Lana, a mãe de Michelle, que ficou cuidando das crianças. Parecia que tudo corria bem. Pedi que ele não deixasse nenhum detalhe passar. Tinha que ter alguma coisa errada com aquela mulher. Não era possível.

– Eu não vou te deixar livre pra uma puta que quer te tirar de mim, Christopher. Antes eu mato essa garota, mas isso não vai acontecer.

Essa frase de Michelle quase me tirou dos eixos. Se eu não estivesse tão desesperado por notícias de Dulce, com certeza teria feito alguma besteira que me arrependeria depois.

Eu já tinha tomado banho, forçado a comer e conversado com Lauro, que também não tinha notícias de Dulce, e quando deu dez da noite e ainda não tive retorno, decidi ir ao hospital.

A única imagem que passava pela minha cabeça era o olhar dolorido dela. Eu não queria que ela se machucasse, e honestamente eu tinha consciência que eu tinha acabado com ela da pior forma possível. Não só pela traição, mas por seu histórico.

Eu nem sabia o que iria falar quando cheguei ao hospital, suando e tremendo. Eu só precisava vê-la. Ter certeza que ela estava bem, a salvo.

– Dulce María Espinosa, qual quarto? – perguntei a recepcionista.

– O senhor é parente?

– Sou o chefe dela, porra. Onde ela está? – grunhi.

A recepcionista me olhou assustada e olhou em seu computador.

– Quarto trezentos e quinze, ala C.

Corri desesperado pelas escadas. Elevador demoraria demais. Meu coração estava acelerado, não sabia se por estar pulando as escadas ou por medo da reação da Dulce, que com certeza, não seria boa.

Foda-se.

Eu precisava vê-la.

Quando cheguei ao corredor, vi Alfonso e Anahí discutindo perto da porta de Dulce. Anahí estava de costas para mim, mas quando Alfonso me viu, arregalou os olhos, chocado. Anahí se virou para ver e o seu semblante se contorceu em puro ódio. Ela se aproximou perigosamente com passos largos.

– Que porra você pensa que está fazendo aqui? – ela rosnou.

– Vou ver a Dulce.

– Só pode estar brincando com a minha cara – gritou, incrédula. – Você não vai ver a Dulce, Christopher. Eu quero você longe dela, porra, está ouvindo? Nunca mais vai tocar nela de novo. O que você queria? Destruí-la? Vê-la em pedacinhos?

– Anahí, eu entendo que você está com rai...

– Sai daqui – grunhiu. – Pare de pensar com a porra do seu pau e respeita o espaço da Dulce.

Ah, cara, pelo amor de Deus.

– Isso ela vai ter que me dizer – comecei a caminhar até o quarto que a recepcionista me passou, ignorando Anahí tentando me segurar. Como se ela fosse conseguir.

– Christopher, não acho que seja uma boa ideia – Alfonso avisou, barrando a minha entrada.

– Sai da minha frente.

– O inferno! – Anahí trincou os dentes. – Para de destruir a minha amiga, seu cretino.

– Querida, calma – Alfonso olhou para a namorada.

– Querida porra nenhuma! Nunca mais me chame assim. Você foi tão mentiroso e manipulador quanto esse cretino – cuspiu.

Mau sinal. Eles tinham terminado? Eu conversaria com Alfonso sobre isso assim que visse Dulce. Completamente impaciente, empurrei Alfonso e abri a porta do quarto, prendendo a respiração assim que a vi.

Dulce estava deitada na cama, dormindo. Seu rosto estava manchado provavelmente pelas lágrimas e estava pálida. Mais pálida do que pela manhã. Um monitor mostrava as suas batidas cardíacas. Seus cabelos estavam numa trança bagunçada, provavelmente era a mesma trança que ela havia feito de manhã.

Ela parecia ainda mais frágil do que quando ela me disse sobre seu passado.

Porra, o que eu tinha feito?

– O que está fazendo aqui? – Ana Brenda estava sentada numa cadeira ao lado da cama de Dulce, parecendo exausta. Seu tom não era de desprezo como o de Anahí, mas também não era gentil.

– Eu... – passei as mãos pelos cabelos, desesperado para conseguir conversar com Dulce. Falar tudo o que ela queria saber. Sobre meu casamento com Michelle e o motivo de ainda estar com ela. Mas seria por pouco tempo. Eu não iria continuar naquele inferno.

– O senhor é parente da paciente? – uma doutora me perguntou. Não dava para ser grosso com ela, rosnar que era chefe daquela mulher incrível...

– Tudo bem, doutora Bracamontes – Ana respondeu por mim. – Ele é o pai.

Pai?

Porra, como assim pai?

Puta merda! Dulce estava grávida.

Uma onda de alegria me invadiu ao pensar num ser que seria fruto do meu amor com Dulce, mas essa alegria passou logo em seguida, sendo substituída pela culpa. Olha a circunstância em que soubemos que teríamos um bebê.

Um filho. Com Dulce!

Deus, isso era maravilhoso.

– Certo – a Dra. apertou minha mão. – Sou a doutora Bracamontes.

– Christopher Uckermann.

– Será que podemos conversar um segundo lá fora?

Pela cara dela, não eram notícias boas. Saímos em silêncio, deixando Dulce e Ana Brenda na sala. Anahí e Alfonso já não estavam mais lá.

– O senhor sabia da gravidez da Dulce? – Bracamontes me perguntou gentilmente. Balancei a cabeça, já pressentindo o que ela iria falar. E era algo que eu não queria ouvir. – Ela também não sabia. É comum acontecer um aborto no primeiro trimestre da gestação. O feto não consegue desenvolver. Podem ter vários motivos, como o abuso de álcool e drogas, fumo, algum remédio prejudicial, e fortes emoções. Algumas mulheres conseguem passar por vários problemas emocionais, outras não, o que pode ser o caso dela. Ela teve uma crise de pânico e precisamos sedá-la.

Dulce perdeu a criança. Puta merda! Nosso bebê não sobreviveu. Teve uma crise de pânico. Puta merda!

– Ela já sabe? – sussurrei.

A doutora me fez sentar num banco perto da porta e agachou diante de mim. Apoiei os cotovelos nas coxas, escondendo o meu rosto nas mãos.

– Sim, ela já sabe. E a sua reação não foi boa. A perda de um filho é sempre doloroso para as mães, e não foi diferente com ela. Como eu disse, ela teve uma crise e precisei medicá-la, por isso ela está dormindo. Provavelmente vai acordar só amanhã pela manhã – ficamos em silêncio. – Preciso ver alguns pacientes, mas ao lado da cama de Dulce tem um botão. Se precisar de alguma coisa, aperte e eu ou algum enfermeiro viremos.

Assenti com a cabeça.

– Eu sinto muito, senhor Uckermann – sua voz era gentil. Permaneci com a cabeça baixa, mas assenti novamente com a cabeça, indicando que tinha escutado.

Ela saiu e os acontecimentos das últimas semanas vieram à minha cabeça. Nossa briga por minha desconfiança, a reconciliação, todas as vezes que fizemos amor, a forma como ela disse que me amava, nossa conexão na viagem. E seu olhar quando viu Michelle. Aquela seria uma imagem que eu nunca iria esquecer. A mágoa, a dor, a traição. Eu a havia decepcionado. Porra.

E só quando percebi que não tinha como voltar atrás, chorei tudo o que não chorei desde a morte da minha mãe.