Fanfic: Função CEO – Vondy (Hot) | Tema: Vondy; Hot

Christopher

Subi os dois lances de escada com pesar. Quantas vezes subi aquelas escadas com Dulce em meu colo, nós dois mal conseguindo conter o desejo? Foram tantas vezes que nem poderia contar. E lembrar então, era tão doloroso que a minha pressa em reencontrar Dulce transformou-se numa ansiedade esmagadora.

Bati na porta de seu apartamento e ouvi movimentos lá dentro. Logo em seguida a porta se abriu. Prendi a respiração com a expectativa que logo foi frustrada quando não foi Dulce quem abriu a porta. Foi Angelique. Ela fez uma carranca ao me ver.

– Você é um cretino em aparecer aqui – rosnou antes de tentar fechar a porta, mas num ato de desespero coloquei o meu pé, impedindo-a de fechá-la. – O que você quer, imbecil?

Certo, a minha cúmplice não estava mais ao meu lado.

– Eu preciso falar com a Dulce – segurei a porta com as mãos. Honestamente seria muito fácil entrar. Angel não era forte, mas eu não queria invadir o espaço delas e nem assustá-las.

– Dulce não está – forçou a porta. – Vai embora. Você magoou minha irmã, seu canalha. Como pôde mentir pra gente desse jeito?

– Angel, por favor, me deixa explicar. ..

– Explicar o quanto você foi um filho da puta? Não. Meu pai fez a mesma coisa, seu babaca, mas a Dulce não vai ser fraca como a nossa mãe. Ela vai ficar muito melhor sem você.

Caralho, ia ser mais complicado do que eu tinha pensado.

– Angelique, me deixa explicar o que aconteceu, e juro que se você quiser, eu vou embora. Juro pra você. Eu preciso ver a Dulce. Por favor!

A minha voz deve ter soado desesperada ou o muito honesta, porque Angelique parou de lutar para fechar a porta e lentamente a abriu. A falta de movimentos na casa me fez ver que Dulce realmente não estava em casa. Eram três da tarde, então as chances de ela estar dormindo eram mínimas. Dulce era uma mulher ativa, odiava rotina ou passar o dia trancada em casa.

Angelique me deixou entrar e sem deixar a careta, indicou que eu sentasse no sofá. Olhei o tapete que tantas vezes fiquei com Dulce. Brigando, rindo, conversando, fazendo amor. Cristo, eu tinha acabado de pensar em fazer amor, e não sexo ensandecido? A mulher tinha feito a minha cabeça e eu nem me importei.

Precisando de qualquer coisa que me ligasse a Dulce, sentei no tapete e respirei fundo, lembrando-me do seu toque doce e da sua risada ecoando pelo minúsculo apartamento. Era engraçado eu me sentir à vontade num lugar tão pequeno. Eu preferiria ficar ali com ela para sempre do que em qualquer mansão.

– Eu ofereceria algo pra beber, mas sua visita não é bem vinda e eu preciso trabalhar – Angelique sentou na poltrona. – O que você quer, Christopher?

Deus, eu quase havia esquecido que Angelique também era brasileira. Sangue quente. Só me restava torcer para ela não ser teimosa como Dulce. Só me restava ser honesto se eu queria que ela me entendesse.

Contei a ela sobre meu casamento com Michelle e como nos afastamos antes mesmo de as crianças nascerem. Quando eu pensei em pedir o divórcio, descobrimos que ela estava grávida. Claro, fiz o teste de paternidade assim que as crianças nasceram, e contestei que eram meus. E mesmo se não fossem, assim que eu os tinha visto, eu havia me apaixonado por eles.

E mesmo o nascimento dos gêmeos não foi o suficiente para me reaproximar de Michelle. Ao contrário, nos afastou mais. Eu trabalhava dobrado e quando estava em casa, me doava inteiramente aos meus filhos. Michelle e eu já dormíamos em quartos separados. Ela se recusou a cuidar das crianças, então precisei contratar uma ama de leite e duas babás para ficarem com eles enquanto eu estava no trabalho.

Tentei diversas vezes o divórcio amigável, mas Michelle se recusou, dizendo que se eu me separasse, ela iria embora com as crianças. Mesmo com a guarda compartilhada, seria um desastre para as crianças ficarem viajando tanto por causa das divergências dos pais, além de me afastar deles. E eu não queria me afastar deles. Em nenhum momento.

Então contratei um investigador que esteve nos últimos anos atrás de qualquer prova que me ajudasse a ter a guarda exclusiva das crianças. Por mais que Michelle não ficasse com elas, ela não era uma mãe ruim. Nunca bateu neles ou fez algo que me ajudasse no caso. Nada.

E ainda tinha os negócios. Richard me tiraria do testamento se eu me divorciasse sem nenhum motivo bom o suficiente para tal. E isso significava que ele deixaria todas as empresas para qualquer um dos meus irmãos, ou sabe Deus quem mais. Eu não podia arriscar.

Estive com outras mulheres nos últimos anos, mas sempre fui cauteloso. Dulce fora o meu deslize. Era para ser um caso rápido, mas quanto mais eu provava, mais eu a queria. E pior, mais eu a queria para um relacionamento. Algo a longo prazo. Algo como uma casa com cerca branca com crianças correndo no interior. Os filhos que eu teria com ela.

A forma brutal como eu havia me apaixonado por ela. Como eu tinha tentado fugir e dizer que eu só precisava de mais tempo com ela até eu me fartar. Claro que isso não aconteceu. Dulce era a mulher mais cativamente que eu havia conhecido. Ela era inteligente, carismática, honesta, gentil, e não tinha medo de me enfrentar. Eu queria não só o seu corpo, mas também o seu coração. Eu a queria completamente.

Eu estava ficando pateticamente sentimental.

Contei também que havia pensado em contar a verdade a ela, e o faria quando chegássemos de viagem. Que não tinha falado por medo de perdê-la, porque eu já a amava, só não queria reconhecer isso.

– E agora você perdeu – Angelique sussurrou.

Eu me recusava a acreditar nisso. Ela me disse que ficaria comigo em qualquer momento. Droga, ela não podia me deixar. Eu não queria isso. Ela não queria isso.

– Onde ela está, Angelique?

Angelique ficou calada e cruzou as pernas, pensando se eu merecia a sua resposta.

– Viajou – respondeu secamente.

O quê?

– Como assim viajou? Ela não voltou pra cá?

Angelique descruzou as pernas e seu semblante endureceu.

– Antes você vai me escutar. Você é um estúpido, porra. Sabia dos medos da minha irmã, da droga do trauma que ela teve e ainda assim foi a porra de um covarde que mentiu pra ela com o que ela menos queria ser. Christopher, eu vi Dulce indo embora porque ela ficou tão machucada com essa história, com um pai asqueroso que não foi fiel e depois uma mãe drogada que deixou a própria filha ser estuprada. Entendo os seus motivos de estar junto de sua preciosa esposa, mas se você tivesse aberto o jogo com a Dulce no começo, ela teria aceitado.

Duvido. Dulce teria me largado de qualquer jeito. Puta merda.

– Angelique, onde está Dulce?

– Christopher, eu te juro que se ela for embora por sua causa, eu acabo com você – sua voz ficou embargada e eu franzi a testa em confusão. Dulce estava pensando em ir embora? Rapidamente me levantei. – Ela me deixou uma vez, mas eu vim ficar com ela. Não quero que ela vá embora de novo por sua causa – soluçou, e como se isso abrisse as trancas de suas lágrimas, começou a chorar copiosamente.

Eu nunca havia abraçado Angelique. Nos dávamos muito bem, mas eu nunca fui de ter muito contato corporal com as pessoas. Nunca. Nem mesmo com meus filhos, infelizmente. Mas ver Angel daquela forma, misturando ao meu medo de Dulce indo embora, não pensei quando puxei a garota e a abracei. Ela escondeu o rosto em meu peito, chorando como uma criança que teve seu primeiro brinquedo quebrado.