Fanfics Brasil - Capítulo-03 / Anahi Anahi _A Filha Da Princesa

Fanfic: Anahi _A Filha Da Princesa | Tema: AyA Adp


Capítulo: Capítulo-03 / Anahi

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Olho pela janela do carro. É impossível evitar as comparações: lado a lado com o povoado da Nigéria, Perla é a visão do paraíso na Terra. Quero dizer, ela sempre foi linda, charmosa, agradável. Mas, depois de passar seis meses num lugar que parece ter sido abandonado por Deus, a capital da Krósvia, minha cidade natal, meu lar, parece ser ainda mais incrível.
Pena que meu poder de deslumbramento tenha minguado um pouco desde que conheci a outra face da realidade — chocante, miserável, terrível. A vida jamais será a mesma depois de morar por seis meses naquele povoado nigeriano. Viro-me para meu pai e sorrio. É bom estar em casa.
— Sabe que sua mãe vai exigir que você se alimente como se o mundo estivesse prestes a acabar, não é? — comenta papai, em tom de brincadeira. Ele nunca resiste a uma piadinha. Mamãe diz que seu Henrique é o rei das tiradas de efeito.
Rio antes de responder, mas não tenho nenhuma chance, porque ele logo emenda:
— Você está muito magra. Dá até para enxergar os ossos da costela.
Exagero dele. Sei que emagreci. Tenho plena consciência disso. Na África, não conseguia me alimentar muito bem. Mas uns quilos a menos não chegaram a fazer grande diferença para mim. Na verdade, estou até gostando. Pelo menos, meu quadril avantajado deu uma reduzida.
Reviro os olhos e volto a observar a paisagem. Meu pai dirige pelas ruas de Perla em direção ao Palácio Sorvinski. Nós temos a nossa casa. Fica na periferia da cidade. Foi construída quando eu ainda era pequena. Meu pai fez o projeto, claro, do jeito que minha mãe sonhava, ou seja, nada de ângulos retos e de aparência clean. Nossa casa reproduz o estilo colonial das cidades históricas brasileiras, inspirada nas construções de Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina.
No entanto, assim que foi diagnosticada a gravidez de risco da mamãe, meu avô, o todo-poderoso (e fofo) rei Andrej Portilla, insistiu que ela e, consequentemente, todos nós, ficássemos no castelo, onde haveria alguém para cuidar dela 24 horas por dia. Claro que, primeiro, a princesa Mari bateu o pé. Mas acabou vencida por muitas vozes contrárias. Eu, da minha parte, se querem saber, estou achando ótimo. Adoro o palácio, a praia particular, os jardins, as pessoas, a comida de Karenina... tudo!
Sigo devaneando sobre os bons tempos que passarei com minha família. Porém, minha euforia se desvanece um pouco ao me lembrar de que, como meu período como voluntária na Nigéria ainda não acabou, estou impossibilitada de voltar para a faculdade. Isso significa que logo, logo meu quadril retornará ao tamanho original. Ócio + a comida de Karenina se encarregarão de cuidar dele.
Ao avistar as torres do Palácio Sorvinski, uma emoção familiar invade meu corpo.
— Prepare-se. Estão esperando por você com as honras e pompas dispensadas à neta do rei — avisa papai, com uma expressão divertida.
Não me importo nem um pouco de ser paparicada. Então, animada, deixo meu pai envolver meus ombros com o braço e seguimos até a entrada do castelo, sentindo o estômago revirar por antecipação. Nada como a saudade para nos fazer reafirmar nossos sentimentos pelas pessoas que amamos.
Mal me vejo dentro dos limites do palácio, e várias vozes e braços queridos me assaltam.
— Anahi! Florzinha, que bom que chegou! — exclama Irina, como sempre no ápice da animação.
Ela não é minha avó de verdade nem a considero assim, apesar de ser a esposa do meu avô Andrej e atual rainha da Krósvia. Irina é uma amiga das mais queridas, alguém com quem posso contar em todas as ocasiões, mesmo depois de ter se tornado mãe e se envolvido com todos os problemas da função.
E por falar em tio...
— Já pedi ao Petrov para deixar a lancha a postos. Vamos marcar amanhã?
Quem disse isso foi Hugo, meu tio, filho de Andrej e irmão da minha mãe. Ele tem 12 anos! Um pirralho, desses bem hiperativos. Mas, mesmo assim, ele é um amor. Eu o adoro e a gente costumava ser bem inseparável tempos atrás. Quero dizer, ELE não se desgrudava de mim, até que meus hormônios adolescentes e as obrigações da juventude meio que alteraram nossa rota.
— Hugo, dê um tempo à Anahi, certo? — Irina dá uma sacudida no filho enquanto me enlaça num abraço de urso.
Sou recebida por todos como se tivesse ficado seis anos — e não seis meses — fora de casa. Porém, dou falta, naquele meio, daquela que me fez voltar para casa prematuramente.
— Onde está a mamãe? — indago; o olhar perscrutando tudo ao redor.
— Lá em cima. — Meu pai aponta na direção das escadas.
— Ela... está se sentindo bem? — Preocupo-me.
— Apenas um pouco enjoada — assegura Irina, enrolando meus cabelos com os dedos, gesto que ela faz desde que eu era uma menininha bastante cabeluda.
Minha juba dava trabalho para todo mundo, e eu teimava em deixá-la solta, mesmo com as ameaças de castigo feitas por minha mãe. Por outro lado, papai achava minha cabeleira a coisa mais linda deste mundo. Devido ao formato dela em torno do meu rosto, costumava me chamar carinhosamente de “sol” — slinko em krósvi. Ainda bem que cresci. Depois de uma adolescência pouco à vontade, finalmente meus Loiros e finos cabelos decidiram me dar uma trégua.
Sorrio e deixo a sala sem cerimônia. Preciso desesperadamente ver mamãe, sentir meus irmãos.
Ela está recostada na cabeceira da cama, cochilando. A aparência é a mesma: esguia, charmosa, iluminada, embora pareça mais pálida. Meus olhos se enchem de lágrimas ao vê-la.
Tento não acordá-la, mas o barulho da porta rangendo ao ser aberta é o suficiente para fazê-la despertar.
— Anahi! — Mamãe suspira, abrindo os braços, para onde corro sem pensar duas vezes.
Ficamos abraçadas por um longo tempo, sem falar nada, apenas sentindo o toque uma da outra.
Sempre fui o xodozinho do papai. No entanto, minha ligação com minha mãe ultrapassa o senso comum.
— Nem acredito que você esteja aqui! — comenta ela, assim que nos afastamos. Mamãe analisa minhas feições com cuidado, sem conseguir esconder a admiração por eu ter me mantido de pé diante dos perrengues que passei na Nigéria. Enxergo o orgulho em seus olhos. — Você fez muita falta, bonequinha.
O apelido carinhoso que ela me deu há anos não me envergonha. Não mais. Houve uma época em que tentei eliminá-lo a qualquer custo.
— Ai, mãe. Também estava com saudade. Foi duro ficar esse tempo todo longe de vocês.
Ela concorda, acariciando meus cabelos.
— Como você está se sentindo? — Eu preciso ouvir a resposta dela e testar sua sinceridade.
— Estou bem. Estamos, na verdade.
Com carinho, a princesa Ana pousa as mãos sobre o ventre. Eu coloco as minhas sobre as dela. Sinto uma energia inexplicável.
— Inacreditável, né?
— Nossa... — As palavras me fogem. O amor que aperta meu peito parece que quer me sufocar de tão intenso.
— Ainda não passam de dois pontinhos minúsculos, mas, mesmo assim, já amo demais esses dois.
Faço que sim com a cabeça. Ela tem razão. Esses lances de vínculo familiar são mesmo meio difíceis de explicar. Eles existem e pronto.
— Mas preferia não ter que ficar de molho. Foi só a médica mencionar isso para o seu pai levar as palavras dela ao pé da letra — reclama mamãe, de nariz torcido. — Por ele, vou passar os próximos meses deitada nesta cama, sendo alimentada a cada três horas, como um recém-nascido.
Solto um risinho de solidariedade. Coitada. Não deve ser fácil lidar com as preocupações excessivas do meu pai. E eu sei muito bem como ele costuma agir em relação às mulheres em sua vida, afinal, represento 50 por cento desse grupo.
— Seu avô também não tem facilitado. E Irina, obviamente.
— Então aproveite. Porque depois, com o nascimento dos gêmeos, nós não teremos muita folga, não é mesmo?
— Nós, é?
— É claro!
Mamãe sorri e me abraça outra vez.
— Querida, é impressão minha ou dá para sentir os ossos da sua costela por baixo da jaqueta?
— Bom... você sabe... eu não passei uma temporada num resort da Bahia — respondo, e dou de ombros.
Minha mãe franze a testa e deixa que seu instinto maternal fale por ela. Pelos minutos seguintes, ela deixa bem claro que vai me fazer recuperar cada nutriente perdido durante os últimos meses longe de casa.
Nem adianta eu argumentar que não tenho a intenção de devolver ao meu corpo os quilinhos ausentes. Só eu sei como luto contra eles. Infelizmente não nasci fininha como mamãe. Tenho a constituição física mais parecida com a de vovó Olívia, ou seja, sou cheia de curvas, algumas sinuosas demais para o meu gosto.
— Vamos saltar essa parte, mãe, e me conte como andam as coisas por aqui — peço, ansiosa para ter notícias de todos.
Enquanto eu estava na Nigéria, minhas ligações para casa eram tão raras —não apenas pelo trabalho que exigia muito de mim, mas, sobretudo, pela precariedade do serviço de telefonia que atendia o povoado — que eu não conseguia ser colocada a par de tudo o que andava ocorrendo na Krósvia.
Então, por causa da minha total falta de informação, mamãe passa horas relatando os últimos acontecimentos.
Fico sabendo, por ela, que a grande novidade da família é o casamento de Maite. A cerimônia está marcada para ser realizada no castelo mesmo, daqui a sete dias.
Maite é a filha mais velha de tia Ruth com o odiável Marcus, o sujeito que sequestrou minha mãe e sabotou o helicóptero do meu avô só porque desejava o trono para si. Muitos anos se passaram desde então, e o cretino, depois de cumprir parte da pena, recebeu liberdade condicional — bem como sua comparsa, Laika Romanov, ou melhor, a “Nome de Cachorro” — e hoje mora em algum “muquifo” nos arredores de Perla.
— Se você der umas voltas pelos jardins mais tarde, vai se deparar com a bagunça feita pelo cerimonial — comenta mamãe, alheia às minhas divagações indignadas. Um sorriso fácil escapa dos lábios dela. Acho que está se lembrando de quando se casou com meu pai. — A Maite está empolgadíssima, mas não tanto quanto tia Ruth. Precisa ver a felicidade dela, Anahi. Só não é mais completa, você pode imaginar por quê.
Fico com pena. Conheço tia Ruth, sei que ela tem um coração de ouro, uma capacidade enorme de fazer o bem. Mas, por todas as histórias que já ouvi, entendo as razões que a impedem de sorrir com mais frequência. Claro que ela sempre foi muito amável e carinhosa comigo. Porém, não a considero uma pessoa feliz, não plenamente. Portanto, é uma boa novidade saber que minha tiaavó está se divertindo devido ao casamento da filha. Um motivo de alegria,afinal!
No entanto, não consigo deduzir exatamente o que se esconde por trás das últimas palavras de mamãe. Ela, esperta como uma raposa, enxerga minha confusão e trata de esclarecer:
— Alfonso.
Um único nome.
Meu coração pulsa com mais força no peito. A menção ao nome dele me abala como sempre.
— Faz mais de três meses que o desnaturado não dá notícias — revela mamãe, em tom acusatório. Ela procura uma posição melhor na cama e alisa a barriga (nada visível) de grávida. — Nem mesmo as irmãs, a quem ele adora, o sorrateiro tem procurado. Isso está matando a tia.
Com ar contrariado, minha mãe move a cabeça de um lado para o outro. Não sou capaz de processar tudo o que ela acabou de dizer. O nome Alfonso fica grudado no meu cérebro, desde o momento que ele surgiu na conversa. Eu gostaria de não me deixar abalar tanto.
Mas como?
Foi nele que dei meu primeiro beijo!
Ele foi a minha primeira paixão, contrariando todas as impossibilidades:



1. Somos primos — de segundo grau, está certo, e as leis krosvianas não proíbem esse tipo de relacionamento, mas...
2. Meu pai o odeia, por tudo o que Alfonso fez à família no passado, especialmente à mamãe.
3. Ele é oito anos mais velho do que eu. Ou seja, quando nos beijamos atrás do carvalho centenário no jardim do castelo, eu era uma garota boba de 14 anos; Alfonso tinha 22. Óbvio que não foi um beijo, beijo, daqueles bombásticos. Só um selinho ligeiro, um resvalar dos lábios. Na época, Alfonso era uma peste e fazia qualquer negócio para irritar a família.
4. Já falei que meu pai o odeia?



Soltei um gemido de frustração, mas acho que minha mãe não percebe a ansiedade que me atinge. Ainda bem. Se ela desconfiar do que sinto, serei arrastada para dentro de um manual cheio de normas sobre os porquês de ser proibido se apaixonar por Alfonso Herrera Rodrigues .


 


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Autor(a): ponnyayalove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • tatahaya Postado em 12/01/2018 - 17:40:16

    Continua tava um tempo sem net,amando

  • tatahaya Postado em 20/12/2017 - 22:49:56

    continua

    • ponnyayalove Postado em 21/12/2017 - 23:45:54

      Continuando flor <3

  • ginja2011 Postado em 19/11/2017 - 05:18:37

    Espero que você não se aborreça, mas tem fics que começou ano passado e este ano que contêm só um capítulo, outras três, cinco, sete enfim favoritei todas elas e nenhuma você deu continuidade ou concluiu, vai acontecer o mesmo com ESSA?

    • ponnyayalove Postado em 19/11/2017 - 15:33:17

      Não haha eu ainda vou concluir todas as minhas fic ,essa é uma adaptação então eu vou concluir ela em breve .peço perdão por não ter postado nas outras ,mais eu estava sem tempo e sem criatividade ,mais esse ano me formo ai ano que vem terei tempo de sobra para postar em todas fics minhas .


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