Fanfic: A arte da vida ( adaptada) ayd | Tema: Portinon (ayd)
Segundo dia do ano, fim de ressaca então vamos ler um pouquinho. ahahahahahah
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Maitê e Anahí estavam sentadas frente a frente, separadas apenas pela mesinha. Maitê nunca havia visto tanta dor concentrada em Anahí.
- Dra. Portilla, você está sendo solicitada na sala da Dra. Cárter. – Uma enfermeira disse ao achar Anahí.
Anahí olhou o dispositivo em seu bolso, mas não tinha nada nele... Então não era nenhum paciente com riscos de vida. Estava sentada na cafeteria do hospital, com sua melhor amiga, ambas haviam conversado por muitos minutos, o suficiente para Maitê ver que Anahí estava sofrendo novamente.
- Tem certeza que é uma boa ideia? – Maitê perguntou.
- Eu não vou atrapalhar. – Anahí assentiu e suspirou. – Eu não tenho motivos para atrapalhar.
- Você a ama. – Maitê disse.
- Ela é tudo na minha cabeça... Mas eu só preciso entregar algo. Eu prometo Mai, vou me comportar e eu vou embora assim que acabar. – Anahí disse se levantando. – Se é que permanecerei até o final.
O chá em seu copo era de hortelã tinha um cheiro maravilhoso, mas o gosto dava embrulho em seu estômago, porém descia com facilidade. Se levantou, tirou o estetoscópio do bolso e olhou para Maitê. A morena se levantou prontamente e a abraçou.
- Eu te amo Anie. – Maitê disse baixinho na orelha da amiga.
- Eu também te amo. – Anahí fechou os olhos e apertou a amiga em seus braços.
- Se precisar do meu ombro... Você sabe onde encontrar. – Ela disse piscando e beijando demoradamente a bochecha da amiga.
Anahí entornou o resto de seu chá na boca e seguiu para a sala de America Carter, sua colega de trabalho.
- Bom dia Portilla. – A mulher disse ao vê-la.
- Bom dia Carter. – Anahí devolveu rapidamente.
- Demorou.
- Eu estava falando com uma amiga, e que eu saiba, não tenho nada marcado agora. – Anahí cruzou os braços, ainda na soleira.
América não era uma pessoa legal e Anahí não gostava dela nenhum pouco. - Você tem uma consulta para fazer. – Disse.
Anahí soltou ar pela boca suavemente, pegou a prancheta que ela estendia e a encarou. Deu uma básica olhada na ficha do paciente e saiu da sala sem dizer nada.
Enquanto caminhava pelos corredores um Flash de sua vida veio.
16 anos, vivia com sua mãe e seus irmãos, Taylor que tinha um dois e Chris que tinha quatro.
A vida nunca tinha sido fácil.
Família sempre foi um negócio complicado em todos os quesitos. Eram as brigas costumeiras, as coisas feitas e as procurações por defeitos, os erros já cometidos e mais um bilhão de coisas que acontecem dentro de um lar (bem ou mau) estruturado.
Final de ano.
Morava em Miami, Anahí adorava livros então enquanto os outros saiam para curtir, ela preferia sua coberta, uma boa xícara de chá, seus fones de ouvido e enquanto sua cantora favorita fazia trilha sonora, lia um livro novo e interessante.
Maitê reclamava daquilo constantemente. Segundo ela, Anahí tinha que viver, mas Anahí preferia seus óculos e toda aquela agitação que podia ter em sua vida com apenas algumas páginas de um bom livro de ficção e/ou romance.
Foi naquele ano que "conheceu" Dulce, apenas uma mensagem em uma "rede-social".
Os corredores do hospital não estavam muito movimentados, Anahí entrou na sala e viu a mãe junto com o filho. Ver uma criança apertou seu coração.
E era irônico, Já que Anahí havia escolhido ser Cardiologista e atuava na área de pediatria justamente por causa de Dulce. Afinal Dulce sempre adorou crianças, sempre foi uma adorável criança, e Anahí sempre teve uma quedinha pela medicina, gostava de corações e uniu o útil ao (naquele momento) agradável.
- Hey menino bonito. - Anahí disse assim que entrou.
- Oi. - O mesmo disse acanhado.
Logo Anahí estabelecia uma conversa calma com a mãe sobre os problemas do garoto enquanto escutava o coração dele.
Mais tarde teria uma cirurgia e precisava desesperadamente parar de pensar em Dulce. Aquilo tanto a matava como a enchia de vida, mas em nenhum dos pontos era bom. Porque com ela Anahí sempre esteve em cima do muro fino com um vento muito forte e a mais de 50 metros do chão.
O violão estava em seu colo, já faziam sete meses desde que havia falado com Dulce pela primeira vez, havia passado seu número a ela, confiança? Não muita naquele momento, mas Anahí sempre foi meio louca.
17 anos, e uma vida monótona, sentia falta do trabalho, sentia falta dos exercícios, sentia falta de Maitê. Odiava NY e sinceramente queria voltar para Miami.
Seus dedos da mão esquerda pressionavam as cordas, seus dedos da mão direita as puxavam suavemente enquanto uma música qualquer tomava vida e as palavras saiam de sua boca.
Seu celular vibrou. Uma mensagem: "Hey Anie, tudo bem? Sdds de você! Bjos."
Anahí havia deixado Dulce chamá-la de Anie porque gostava da diferença.
Sabia que Dulce estava viajando e estava perto, mas provavelmente "muito longe".
Desataram a conversar naquele dia, o carregador da latina havia quebrado e ela teve que comprar outro. Também tinha os contratempos da viagem que impediam a comunicação.... Mal sabia Anahí que o contratempo se chamava Maria Fernanda e tinha mãos habilidosas, mas esse era assunto para outra hora.
Anahí acabou soltando que ficava nervosa com todo aquele vácuo e Dulce disse que não era necessário, afinal elas já se conheciam um pouco, mas não o suficiente.
O motor do carro rugiu e ela foi para casa.
Haviam sido dias longos, ela tinha feito um plantão de 48hrs, uma cirurgia, muitas consultas.
Os índices de doenças no coração estavam aumentando, o que era preocupante. Saiu do hospital chegou em casa eram dez horas, Louise estava no sofá sentada e assistindo.
- Hey coruja. – Disse ao ver a Anahi entrar no apartamento.
- Oi patinha. – Anahí sorriu e abraçou a filha adotiva.
- Como foram esses dois dias? – Louise perguntou.
- Cansativos. Se acertou com o Tyson?
Louise olhou de soslaio para Anahí e manteve a expressão séria.
- Desde quando eu te conheci e eu tinha 19 anos e você 12, você vive nessa enrolação com esse homem/moleque. Deu tempo de te adotar, e já entendi, já desentendi, já passei pelo mesmo, já sofri e você continua na mesma desse relacionamento. – Anahí negava com a cabeça caminhando para a cozinha e voltando com uma pêra na mão.
- Eu sei que se passaram onze anos. – Louise disse. – Mas eu não consigo, nós vivemos na mentira e...
- Ok. Eu já sei. – Anahí a interrompeu conhecendo de cor aquele discurso. - Só quero saber se deu certo?
- Não. – Louise negou como se fosse óbvio - Porque você ainda pergunta mesmo?
- Porque eu preciso saber da sua vida, você ainda mora debaixo do meu teto. E meu nome está no seu RG. – Anahí deu um sorriso simpático para ela.
- Nunca vai passar de pega daqui, pega de lá, eu acabo saindo com outros e ele com outras.
- Argh!
- Lá vem a miss New Romantics... Eu não quero falar sobre isso.
- Não vou comentar nada. Eu vou tomar banho e dormir. Por favor, muito cuidado com o que vai fazer, ok?
- Pode deixar Mãe. – Louise prestou continência com um sorriso largo nos lábios e mandou um beijo para Anahí.
Conforme o tempo passava, Anahí conversava com dulce sempre, era rotineiro, mas uma rotina da qual jamais se cansaria.
Bom dia, tudo bem? O que faz?
E perguntas assim se seguiam com um diálogo intenso.
Anahí estava sentada na cama com o violão no colo, era o que mais amava fazer em sua adolescência. As cifras estavam espalhadas à sua frente e ela conversava com Dulce que lhe pediu uma música, E. T. foi à escolhida, música calma e que a latina já conhecia, Anahí foi bombardeada de perguntas.
Eu vou responder as perguntas que eu tiver resposta concreta. –A
Isso significa que não tem uma resposta? – D
Sim. –A
E a conversa seguia até o anoitecer. Como era feita na maioria das vezes.
- Mãe acorda, é do hospital. – Louise disse sacudindo o ombro dela.
Anahí abriu os olhos rapidamente e se sentou pegando o telefone e colocando na orelha. Ouviu atenciosamente enquanto corria pelo quarto pegando suas coisas.
- Chego aí em vinte minutos Angel. – Anahí disse parando na frente do espelho.
- O que foi? – Louise perguntou parando na porta.
Anahí jogou o telefone em direção a ela e pegou a escova puxando o cabelo para trás.
- Um menino de nove anos que eu atendi ontem. Ele entrou em coma induzido hoje. Ele tem um problema cardíaco no qual a válvula que separa as câmaras superior e inferior do lado esquerdo do coração não fecha apropriadamente... Isso está danificando o coração dele.
- Mãe, eu não entendo... – Louise disse. – Se acalma, termina de se arrumar eu te deixo no hospital e vou pra clínica.
- Desculpa. – Anahí disse antes de enfiar a escova na boca. - Se chama prolapso da válvula mitral
A mais nova revirou os olhos.
Quinze minutos depois Anahí e Louise já estavam no hospital.
- Tem dinheiro? – Anahí perguntou.
- Yep.
- Não precisa de nada?
- Nop.
- Se precisar me liga?
- Claro.
- Toma cuidado, tá bom? - Anahí beijou a cabeça de Louise e saiu do carro.
- Tá bom! – Louise sorriu e saiu com o carro do lugar.
Anahí entrou no hospital soltando ar rapidamente, por mais que já fosse médica há anos ainda era difícil e assustador saber que tinha alguém naquele lugar que dependia dela para "viver".
- Angel! – Anahí chamou ao ver ela perto da recepção.
- Bom dia Dra. Portilla. – A atendente disse.
- Bom dia Anahí. – Angel disse.
- Como ele está? – Anahí perguntou, aquiesceu para a atendente e puxou a parceira pelo braço enquanto caminhava.
- Em coma induzido ainda. Ele teve algumas paradas cardíacas.
- Ele precisa de um coração novo. – Portilla disse passando a língua pela bochecha enquanto pensava.
Angel jogou o jaleco para ela. Passaram em suas salas deixando as coisas, Anahí colocou o óculos e com o estetoscópio na mão seguiu junto com Angel para o quarto do pequeno.
- Bom dia, eu sou Anahí Portilla essa é Angelique Boyer. Provavelmente a doutora Carter cuidou do filho de vocês até agora, mas quem assume somos nós. – Anahí disse esticando a mão para o pai.
- Bom dia doutoras. – Os pais disseram fracamente.
- Eu sou pediatra. E Anahí cardiologista. – Angel explicou. – Ambas vamos fazer nosso melhor para cuidar desse lindo garoto.
- Ele vai ficar bem doutoras? - A mãe perguntou.
- Faremos o possível para que sim. – Anahí respondeu.
Havia vezes que Anahí esquecia que Dulce morava a mais do que 5.000 milhas de distância e a trazia para perto apenas com um fechar de olhos, às vezes esquecia que eram apenas mensagens e quase a materializava ao seu lado formando um diálogo, alguns beijos e muitos amassos. E seus "sonhos" eram assim:
Um quarto, uma cama grande o suficiente para duas.
Anahí era dez centímetros mais alta que Dulce, mas o tamanho não importava e Dulce era alguns anos mais nova que Anahí.
Deitadas de frente uma para a outra, Dulce sendo a tentação de Anahí... Um leve carinho nas costas de Dulce que movia seus dedos pela cintura da morena por baixo da camisa. Pernas entrelaçadas.
Anahí puxava ela mais para perto, desenhava a mandíbula fina, depois a sobrancelha e depositava um beijo entre elas. Corria sua mão pelo braço e segurava a mão brincando com os dedos.
Levava aos seus lábios e beijava as palmas suavemente. Encarava os olhos de Dulce a via piscar e sorrir. Anahí gargalhava e se aproximava mais beijando os lábios de sua adorada Dulce e se afastava para observar a reação.
Dulce puxava Anahí para perto e enterrava seus lábios nos dela em um lenta dança onde não se imaginava um fim. Anahí estava com a mão no pescoço de Dulce roçava os dedos na nuca e o dedão na ponta da orelha aonde brincava. Se afastava um pouco em busca do ar que Dulce vivia lhe roubando e sorria.
Então acordava...
- Isso me assusta. – Anahí disse enquanto estava deitada no sofá de sua sala.
- Eu também estou assustada. – Angel se sentou a encarando. – Seu pager está ligado?
- Claro. – Ela assentiu e olhou o pequeno aparelho que a notificaria caso precisasse estar em algum lugar.
- Como está o seu coração hein doutora?
Anahí deu uma fraca risada. - Eu acho que bem. – Deu de ombros.
- Olha o almoço. – Bernardo, melhor amigo de Anahí desde a escola quando ela se mudou para NY disse, entrando na sala dela.
- O que temos para hoje? – Perguntou Angel.
Ela era morena alta e tinha olhos tão azuis quanto o céu, e era tão magra que dava pra ver os ossos da clavícula.
- Não sei. Só peguei. – O clínico disse encolhendo os ombros.
-Ber... A anahi já te contou? – Angel perguntou abrindo as marmitas em cima da mesa e pegando os pratos descartáveis da sacola.
Logo os três estavam sem os jalecos e de mãos lavadas.
- Já sim, ela não vive sem minha pessoa. – Ele disse cheio de si.
Anahí rolou os olhos e sorriu. - E o que você acha?
- Que ela tem que sambar lá, né linda?! – Ele respondeu e pegou a caixa de suco e deu na mão de Anahí.
- Não acho que ela deve ir. – Angel analisou entregando um prato para Anahí e em seguida o de Bernardo.
- O que a Maitê disse? – Ber perguntou.
- Que eu não posso impedir, mas em momento nenhum eu pensei nisso. – Anahí abriu a caixa e pegou um pouco de suco.
- Eu ach...
- Anie esquece a comida. – Angel disse interrompendo Bernardo quando todos os aparelhos começaram a berrar.
Anahí colocou o prato em cima da mesa de qualquer jeito e saiu da sala correndo para o quarto do paciente, ele estava tendo
Eram por coisas tão idiotas que Anahí ficava brava, que acabava dando risada minutos depois.
Dulce era maluca ao ponto de pegar uma rodovia e mandar mensagem ao mesmo tempo. Anahí ficava brava e com medo. E se acontecesse algo com Dulce?! E se ela perdesse o controle da direção por causa da merda do celular?! Ela iria se sentir culpada e magoada, sem falar que os canais lacrimais de Anahí adoravam funcionar por bobeiras tão sem cabimento.
Anahí, naquele momento, começava a participar da vida de Dulce. Havia visto a volta 360° que a vida dela havia dado, Dulce tinha passado em um concurso, ou algo parecido e a morena tinha a leve impressão de que ela iria explodir de felicidade.
Ficou tão feliz por ela que Bernardo também achou que ela fosse explodir naquele dia. Mas ele que acompanhava aquele relacionamento delas sempre viu tudo e sabia que Anahí também tinha as crises quando Dulce ficava mal, parecia que o mundo tinha acabado para sua amiga.
Conforme o tempo passava tudo ia se adequando... E Anahí descobrindo onde estava se enfiando.
- O que está fazendo? – Louise perguntou.
- Lendo. – Anahí disse tirando os pés do sofá e olhando para a filha.
Anahí sempre teve mais afinidade com adolescente e jovens mais novos. Com Louise foi assim que começou, amizade e depois quando pode Anahí virou mãe da garota de cabelos pretos e olhos azuis.
- Eu ouvi a conversa que você teve com a Angel. – Lou se sentou ao lado de Anahí.
- E o que acha? – Arqueou as duas sobrancelhas.
- Que você vai ter que mascarar o sentimento muito bem! – Louise estendeu o pote de sorvete para Anahí.
- O convite se estende a você. – Anahí disse e negou o sorvete. – Afinal você é minha filha.
- Tá ai uma coisa na qual você é boa e eu não. – Louise apontou para Anahí com a colher. – Você é capaz de esconder seus sentimentos, sejam eles positivos ou negativos. Eu não, e você sabe disso... Sabe que o que você não falar, eu falo.
- Entendi. – Anahí pressionou os lábios e voltou atenção ao livro enquanto Lou ligava a TV. - Mas, por favor, não me deixe sozinha.
- Não vou. - A mais jovem a olhou carinhosamente.
- Obrigada. - Anahí assentiu e comeu o sorvete.
- Eu vou para a casa da Serena e vou dormir lá. Tia Maitê me ligou falando que vem para cá e eu vou ficar com minha melhor amiga.
Anahí revirou os olhos e voltou a prestar atenção nas palavras de J. A. Redmerski.
Às vezes Anahí tinha medo de falar com Dulce, por não saber qual versão dela iria encontrar para conversar e isso a assustava muito.
Existiam inicialmente quatro: Dulce curiosa, Dulce carinhosa, Dulce atrevida e a Dulce machucada.
Cada uma despertava algo novo nela.
Dulce curiosa lhe despertava pavor, por nunca saber o que responder, mas era engraçado de ver tamanha a curiosidade dela. A carinhosa fazia com que ela quisesse ficar em uma cama com Dulce pelo resto de sua vida. A atrevida lhe fazia pensar em coisas que jamais alguém havia a feito pensar e ela gostava de todas, mas a Dulce machucada era a que mais lhe assustava.
Durante os anos Anahí aprendeu que nunca, mas nunca mesmo, deveria se duvidar da capacidade psicológica de uma pessoa, seja estável ou não.
Dulce era estável, seus pés sempre pareciam colados ao chão, mas quando as coisas ficavam ruins a forma como ela chegava a se expressar fazia Anahí imaginar que a Dulce seria capaz de tudo e de qualquer coisa.
E isso a quebrava, a assustava e fazia com que ficasse com raiva de si mesma por tamanha inutilidade que tinha nesses momentos.
- Terra chamando Anahí. – Bernardo disse estalando os dedos na frente da cara de Anahí.
- Não faça isso. Não sou um animal. – A morena respondeu seca.
- No que pensava? – Angel perguntou.
- Louise, o frouxo e maluco do "namorado" dela. – Anahí disse pegando a bacia de pipoca.
- Uma palavra que define Louise é... – Bernardo disse. – Perseverante.
- E como. – Anahí murmurou revirando os olhos.
- Eu acho isso entre vocês incrível. – Angel disse depois de pegar queijo em cima da mesinha. Anahí bufou e descartou uma tranca. - É sério. – Angel comprou e foi direto para o morto. – Eu nunca tinha conhecido uma história assim.
- É tão normal. – Anahí riu e puxou a lata de suco para si.
- Só se for pra você. – Bernardo disse e Anahí franziu. – Qual é? Você adotou uma pessoa aos 18 enquanto 99,999999% da escola estava se formando e curtindo sua maior idade.
- Eu nunca fui "normal" nos padrões comuns da adolescência.
- Verdade miss hiperativa, impaciente, nerd e papa livro. – B disse assentindo.
- Olha só quem me julga?! – Anahí foi irônica. – A pessoa que quando me viu se apaixonou por mim!
- Sério isso? – Angel coçou o queixo e descartou passando a vez para Bernardo.
- Muito sério. – Anahí gargalhou.
- Ah... Ela tem um bom gosto musical, tem bom papo e é legal. – Ele disse arqueando as sobrancelhas. – E é linda também.
Anahí corou bruscamente, independente da idade, da pessoa e do momento sempre iria corar e ficar sem jeito ao receber um elogio desse porte.
- Awn, toda vermelhinha. – Angel brincou.
Quando tinha vinte e um anos Anahí viajou para Boston. Local onde Dulce residia e seguia com sua vida.
Anahí iria fazer um curso de duas semanas no hospital de Boston e estava extremamente nervosa por presenciar a primeira cirurgia de sua vida.
As duas ainda mantinham contato, não tão assíduo graças às obrigações de suas vidas, mas se falavam sempre que podiam e normalmente graças aos empecilhos era novamente no computador.
Ambas nunca haviam se encontrado pessoalmente e Anahí imaginava que não seria esse o momento que se veriam. Afinal seu tutor não iria sair de sua cola e Dulce estaria provavelmente trabalhando arduamente.
Em uma das vezes em que conversavam Dulce revelou que era professora de matemática, entre outras coisas que fazia, aquele dia Anahí conversava com a "atrevida" e entre as brincadeiras Anahí disse que Dulce deveria ser uma boa professora, Dulce disse que Anahí ia aprender que dois corpos juntos é igual à um... No final uma promessa meio rápida e sem fundamento algum foi feita. Entre a futura aluna e a professora.
Anahí já cansada, estressada por causa da viajem e por estar ali sendo avaliada, desembarcou do avião onde não conseguiu pregar os olhos ou prestar atenção em uma única frase do livro, se sentia extremamente incomodada.
- Vamos Anahí? – O Doutor James a chamou após pegar as malas.
- Claro. – Ela suspirou pesadamente e o seguiu.
- Algo errado? – O Doutor franziu.
- Me sinto enjoada, mas deve ser coisa do vôo. – Anahí respondeu rapidamente, ultrapassou ele pegando sua bolsa passou a alça pelo ombro e puxou a mala e a arrastando pelo saguão.
Depois de mais vinte minutos dentro do carro em um trânsito infernal, um calor quase insuportável e anormal em Boston Anahí finalmente chegou aos alojamentos do hospital se instalou, conseguiu descansar e dormir depois de passar quase 48hrs acordada, sabia que seria a primeira de muitas.
- Você deveria beber café. – Bernardo disse enquanto eles desciam para a cafeteria do hospital na manhã seguinte.
- Eu não gosto, acho ruim, amargo e nem açúcar melhora o gosto dessa coisa. – Anahí fez uma careta de nojo. – É horrível e me contento com meus chás.
- Você vai é começar a beber energético.
- Não faz bem para o coração.
- Você vai ter que se acostumar, vai começar a ficar acordada por muito tempo, e não vai ser à base de chá não. – Bernardo fez uma cara desgostosa.
Anahí revirou os olhos puxando o Ipod de seu bolso, colocou um fone na orelha e abriu o Rdio para colocar seu CD favorito em reprodução.
- Me deixa ouvir a gaga pra ver se melhora o dia. – Bernardo disse fazendo o mesmo que Anahí.
- Sem Ke$ha hoje pelo amor. – Anahí resmungou e pediu um copo de chocolate quente e rosquinhas para o atendente.
- Tentarei. - Ele disse e fez seu pedido.
Com um copo fumegante de café expresso e um pretzel se sentou com Anahí em uma das mesinhas enquanto ambos discutiam algum assunto fútil e desnecessário.
Depois do agitado "café" da manhã. Anahí ligou para Louise e checou se ela estava bem, naquela época Louise tinha 17 anos e uma louca vontade de ficar na rua até altas horas da noite.
Após mandar o costumeiro bom dia para Dulce, se trocou e encontrou o melhor amigo a caminho da recepção do hospital.
- Dor de cabeça... – Anahí murmurou baixinho.
- Parece até que fui para uma daquelas baladas e não lembro por causa da quantidade de bebidas que ingeri. – B concordou freneticamente. – Mas você sabe que isso é culpa das horas mal dormidas, não sabe?
- Sei sim. – Anahí suspirou e alcançou seu tutor.
- Dra. Portilla, sala de cirurgia número 12. Repito: Dra. Portilla, sala de cirurgia número 12.
Os pais do menino estavam na sala de espera, enquanto a mãe ficava sentada com as mãos entrelaçadas torcendo para que desse tudo certo com seu garotinho, o pai andava de um lado para o outro esperando que seu campeão ficasse bem. Hora eles trocavam palavras, hora olhares de desespero e compreensão.
Anahí em seu quarto tentava manter sua mente limpa e seu corpo em pleno funcionamento, não era hora de travar. Fez uma breve intercessão pedindo sabedoria, ajuda e piedade pela vida do pequeno garotinho.
- Dra. Portilla, sala de cirurgia número 12. Repito: Dra. Portilla, sala de cirurgia número 12.
- Anahí, vamos. – Angel abriu a porta e encontrou a morena sentada com os cotovelos no joelho e as mãos na testa.
Anahí absorveu um pouco da tranquilidade que o hospital sempre aparentou ter e se levantou. Caminhou ao lado de Angel em silêncio para o andar da cirurgia. Ajeitou o óculos e entrou na sala desinfecção. America estava lavando as mãos, acompanhada de um enfermeiro, Anahí em seu absoluto silêncio lavou as mãos também.
Todos se aprontaram, Angel já havia ido falar com os pais de Andrew, o pequeno garoto, e agora também se mantinha em um silêncio muito bem vindo por todos.
Entraram no centro cirúrgico, vendo o corpo pequeno do garoto na maca. Continuava sedado, grudado a uma quantidade enorme de tubos e fios.
Os enfermeiros e auxiliares falavam de forma baixa e preparavam os equipamentos que seriam necessários. Anahí pigarreou baixo ganhando atenção da sala.
- Senhoras e senhores, a cirurgia de hoje tem um paciente com o tipo de cirurgia mais importante e difícil no mundo. A gravidade do estado de saúde do paciente é crítica, ele é muito jovem. Os senhores sabem exatamente o tipo de complicação que podemos ter com essa cirurgia. Nós temos uma hora contada sem mais nem menos para transplantar o coração novo nesse garotinho. Espero que entendam que precisamos de atenção, dedicação e concentração dos senhores. Nem eu, nem a Dra. Carter ou a Dra. Reynolds queremos perder nosso paciente. – Anahí disse o mais calma que conseguiu.
O coração das três doutoras estava em transe e aquilo era preocupante e ao mesmo tempo normal, afinal as três tinham sentimentos e ver aquele pequeno garoto tão vulnerável mexia com elas.
Todos assentiram com a cabeça e Anahí sorriu respirando fundo atrás da máscara.
- Preciso de todos os aparelhos de emergência por perto, não façam nada que não seja orientado por mim. – Anahí disse e então apontou para a sala de vidro um pouco acima – Aqueles que estão ali nos vendo, não importa nenhum pouco, eles estão para aprender e o que nos interessa é manter esse paciente vivo. Cada pessoa que está aqui dentro merece estar aqui, então não me decepcionem... É um ótimo dia para salvar vidas.
Aos poucos todos se entreolharam. A incisão foi feita, o peito estava aberto. Anahí assentiu pedindo para fazer e a contagem regressiva começou.
Angel prestava atenção no relógio e Carter esperava chegar sua vez.
Aquela seria uma enorme e tensa hora.
O tutor de Anahí instruía pacientemente enquanto ela observava a cirurgia, eles retiravam coágulos de sangue de algumas veias perto ao coração do homem deitado na maca e sedado... Antes de dar início ao procedimento chamado de ponte aorto-coronária.
Anahí tomava anotações mentais enquanto observava seu tutor. Uma dor de cabeça enorme e cansativa acabavam com ela. Seus pensamentos não estavam muito presentes na sala de cirurgia, mas pelo menos conseguia anotar mentalmente as coisas importantes.
Dulce estava acabando com seu consciente literalmente, só de saber que ela não estava tão longe, aquilo já enviava descargas elétricas por todo seu corpo... Ela desde o primeiro segundo em sua vida era tudo em sua cabeça.
Anahí fechou os olhos, e paciente, tentou encontrar foco e concentração para assistir o resto da cirurgia. Abriu os olhos e voltou atenção para o coração que batia na sua frente.
Após a cirurgia acabar foi informada que o hospital promoveria um jantar, e sua presença, é claro, era obrigatória.
"Não!", Anahí ressonava em seu consciente.
A quantidade de sangue aumentava rapidamente e Anahí se via observando os movimentos rápidos e bruscos de Carter para estancar o sangue.
Aos poucos eles faziam os procedimentos, deixando assim apenas um restinho do átrio esquerdo do antigo órgão conectando o novo coração que já estava no lugar.
Os minutos corriam.
- Temos uma hemorragia. – Carter tentava contar ao suturar as veias.
- Nós vamos perder ele. – Angel dizia.
Anahí rangeu os dentes.
- Ele está voltando antes da hora. – Uma enfermeira disse assustada olhando para o corpo a se mexer.
- Ele não pode... – América estava olhando os movimentos enquanto continuava.
Anahí se posicionou ao lado de Carter e começou a ajudar. Os enfermeiros corriam, ele começou a ter uma taquicardia.
- Ele vai nos deixar Dra. Portilla. – Um enfermeiro disse olhando para a tela e vendo as bipadas ficarem mais fracas.
Anahí e América conteram a hemorragia, mas aquele som invadiu a sala.
O som da morte... Era como se o tempo tivesse parado.
Anahí virou o rosto rapidamente e olhou para o coração do pequeno que não batia.
- Ele não podia ter voltado mais cedo. – Carter estava indignada.
Aquele fogo de determinação que crescia no peito de Anahí, quando algo a frustrava, estava ali presente novamente. Anahí foi tomada por uma coragem absurda que nunca teve antes. O desfibrilador estava perto se viu agindo antes que todos os outros pudessem processar, ela pegou a primeira tesoura que viu pela frente e arrancou as manoplas do fio.
- Você vai queimar ele! - Carter havia entendido.
- Não vou. - Anahí negou com determinação.
Logo todos entenderam. Uma enfermeira atendeu rápida ao pedido de outra luva para Anahí. E alguns outros preparavam o que precisaria.
As pontas descascadas foram encostadas nas principais veias que ligavam ao coração...
- Liga! 50 joules! – Anahí ordenou ferozmente. Os enfermeiros ligaram o aparelho e Carter o apertou. O monitor não mostrou nenhuma alteração. - Angel, epinefrina. – Anahí disse. Em rápidos movimentos mecânicos, Angel procurou a veia do garoto e enfiou uma agulha, conectada uma mangueira intravenosa, e despejou-lhe uma dose de epinefrina. - 100! – Anahí ordenou novamente após assentir para Angel.
Carter apertou o botão novamente o corpo convulsionou. Nada.
- O perdemos doutora. – Um enfermeiro disse.
- 150! – Anahí o ignorou e olhou para o garoto. – Não vou desistir de você ainda, então não desista de nós.
Era sua última chance ou ele voltava, ou ele partia. Sua respiração se suavizou precisava de calma. Anahí reajustou os fios e assentiu para Carter.
America apertou o botão.
O peito do menino subiu e desceu... Então bipar do monitor se fez presente.
Anahí suspirou de alívio, largando os fios do desfibrilador. Os olhos de Angel se encheram de lágrimas e Carter só não desabou porque tinha uma imagem a zelar.
O peito do garoto subia e descia, ele estava sedado, mas vivo.
Anahí observou o monitor e viu que o coração do pequeno havia voltado a bater, do nada, sem mais nem menos. E por mais arriscado e insano que tenha sido aquilo. Ele estava vivo.
- Bem vindo de volta. – Anahí passou os dedos pelo escuro cabelo do garoto. – Carter?
A doutora assentiu e voltou a trabalhar no pequeno o fechando, se sentia feliz e pela primeira vez não se importava de ter trabalhado com Anahí Portilla. Os batimentos cardíacos estavam normais e no tempo certo. Anahí e Angel ajudaram com os pontos.
O garoto foi encaminhado para o pós operatório e permaneceu sob supervisão de uma enfermeira dormia sedado, logo seria levado para a UTI.
Carter saiu na frente, mesmo com as mãos empapadas de sangue ela não se incomodou em segurar a própria cabeça entre as mãos.
Anahí e Angel foram se limpar, após tirarem as luvas e as roupas, Jauregui encostou a testa na parede retirando o óculos e desatou em um choro sofrido e cansado.
Respirou profundamente quatro vezes e depois mais duas.
- Bom trabalho... Quer dizer, ótimo trabalho. – Angel sussurrou amparando a amiga e apertando o ombro dela.
Após se limparem e estarem mais apresentáveis decidiram as três falar com a família. O pai do garoto que se encontrava no telefone nem deu adeus, apenas desligou e estranhou a quantidade de médicas.
Parecia até um mau sinal. Mas o sorriso tranquilizador de Anahí se fez presente.
- Ele está bem. – Angel disse.
- Ele e a Doutora Portilla lutaram bravamente pela vida. – Carter colocou uma mão no ombro de Anahí.
Ela suspirou de alívio, mas achando muito estranha a atitude de America.
- E onde ele está? – A mãe que já havia desatado em lágrimas perguntou enquanto era amparada pelos fortes braços do marido.
- Se acalme Sofia. – O homem disse, Anahí manteve os olhos nela... As feições lembravam alguém, vagamente.
- Sr. e Sra. Whitesides, Andrew está descansando, mas logo vocês poderão vê-lo. – Anahí apaziguou.
No dia seguinte Anahí foi informada que teriam a noite a manhã seguinte vaga. Seus dedos hesitavam em cima do número de Dulce, queria ligar para ela, mas não saberia o que dizer nem o que pedir ou falar.
- Liga logo pra ela, porque se você não fizer. – Bernardo a ameaçou. – Eu faço, e você sabe que eu não vou ser tão carinhoso quanto você pode ser... Afinal eu não gosto dela.
Anahí revirou os olhos e sorriu. Apertou no verde e saiu do quarto.
- Alô... – Dulce atendeu apreensiva.
- Oi linda. – Anahí disse baixo.
- Oie. Tudo bem? – Dulce perguntou.
- Ótimo, na verdade. – Anahí sorriu. – E você?
- Mhmm... Bem. - Dulce disse.
- Você poderia me contar o que te aborrece durante um jantar? – Anahí perguntou.
- Se seu intuito era me fazer sorrir. Garanto que conseguiu, mas não dura por muito tempo, porque eu lembro que você está longe. – Dulce respondeu.
- Não estou longe. Nem brincando. – Anahí sorriu. – Eu realmente estou te chamando para sair.
- É sério isso? – Dulce perguntou.
- Devo ir te buscar ou a gente se encontra no restaurante? – Anahí perguntou.
- Você realmente fala sério?
- Sim.
- Espera... Que eu estou tentando acreditar. – Dulce murmurou.
- Eu tou de folga hoje à noite e amanhã até as duas.
- Você realmente fala sério?
Anahí suspirou. - Já disse que sim...
- Vou te mandar o endereço do restaurante no seu celular. – Dulce disse ainda achando aquilo inacreditável. – Hmmm... Te vejo as nove?
- Sim. – Anahí sorriu. – Até logo Dul...
Anahí finalizou a chamada e foi tomar banho. Alguns detalhes de todos os anos em que passou tendo Dulce em sua vida vinham em sua mente.
Como o fato de Dulce ter um namorado, um cara frio que não dava valor ao que tinha.
Anahí nunca soube o nome nem a idade dele, mas pouco se importava com isso. Odiava falar sobre esse assunto, pois não queria falar mal da pessoa que Dulce amava. Como sempre pensou, era errado de todas as formas, mas os sentimentos envolvidos fazia com que elas continuassem insistindo naquilo.
- Hey mãe. - Louise disse vendo ela assistindo séries no sofá.
- Oi patinha. - Anahí abriu o braço e sentiu ela se aconchegar ali.
O silêncio reinou enquanto se concentravam ali.
- Eu acabei meu relacionamento. - Louise disse.
- Porque? - Anahí franziu pausando a série.
- Ele mentiu pra mim. - A mais jovem suspirou. - Ele tem outra e eu não quero falar disso.
- Tudo bem. - Anahí disse novamente pensando em Dulce... Ela parecia estar em cada vírgula de sua vida.
Após terminar o banho Anahí se arrumou rapidamente evitando o par de saltos que Bernardo colocou na cama e checou o endereço no celular.
- Tenha uma ótima noite. – Bernardo disse quando viu Anahí sair do quarto.
- Você também Ber. – Anahí sorriu.
Passou a alça da bolsa pelo ombro e saiu em direção ao ponto de táxis.
Se sentia um tanto confusa, mas logo passaria.
Entrou no táxi e disse o endereço, Bernardo já havia dito que poderia passar a noite fora, mas não tinha isso em suas intenções. O taxista fez o caminho rapidamente para o restaurante e enquanto Anahí descia, uma Dulce baixinha passava na sua frente para entrar no restaurante.
- Dulce?! - Anahí chamou meio hesitante.
Dulce virou seu rosto quase que instantaneamente e olhou para Anahí que tanto viu em fotos.
- Anie! - Dulce disse.
Em algum dos momentos elas se perderam e se encontraram no segundo seguinte em um abraço forte e acolhedor.
Tudo parecia se encaixar.
Entraram no restaurante e criaram uma bolha, conversavam sobre tudo aquilo que nunca coube em mensagens e ainda assim não era cansativo.
Era como as ligações, Anahí poderia ficar ouvindo Dulce divagar pelo resto de sua vida. Ambas falaram bastante, Anahí as vezes era meio fechada e sem assunto, mas Dulce fazia isso se reverter em questão de segundos.
O jantar foi incrível e muito bom, elas enrolaram com bebidas e sobremesas até que estava tarde mais, então Anahí acompanhou Dulce para fora do restaurante.
- Você tem que voltar? - Dulce perguntou.
- Não agora, eu só tenho afazeres amanhã a tarde.
- Então vem comigo. Vou te ensinar algo que prometi faz tempo. - Dulce disse esticando a mão para Anahí e sinalizando para o táxi com a outra.
Anahí franziu, mas segurou a mão de Dulce, naquele momento iria para onde Dulce quisesse ir...
Anahí desabou no sofá de sua casa e dormiu por 14 hrs seguidas, sem se mexer, sem acordar, sem falar, sem sonhar. O cansaço estava muito mais alto. Louise se assustou com aquilo e três vezes colocou o dedo no pulso de Anahí para ver se a mãe tinha batimentos cardíacos.
- Acorda mami. - Louise disse sacudindo Anahi - Você vai ficar com um puta torcicolo se dormir por mais 10 hrs assim. Levanta.
- Deixa eu quieta aqui. - Anahí resmungou. - Eu não dormi o bastante e não estou com dor.
- Na cama eu pelo menos vou acreditar que você não morreu - Louise rebateu e puxou Anahí do sofá - Vai tomar banho, depois você pode dormir de novo.
- Eu tenho 4 dias de folga. Já se foram quantos? - Anahí se levantou do sofá totalmente mole e cansada.
- Um só. Pra sua alegria. - Louise disse.
- Onde você foi ontem?
- Estava no meu quarto estudando com a Serena.
- Tá bom, vou dormir... - Anahí disse caminhando para seu quarto.
- Você notou que está chegando...? - Louise murmurou
- Claro que sim. - Anahí respondeu e entrou no quarto fechando a porta.
Elas foram para uma baladinha conhecida e bem frequentada, Dulce decidiu que ia ensinar Anahí a dançar, e conseguiu fazer isso por um tempo, mas seus corpos estavam muito próximos e era desejo de anos acumulado... Anahí se inclinou, Dulce ficou na ponta dos pés e um caloroso beijo foi apreciado pelas duas.
Seus corpos se moviam no ritmo da música, mas os movimentos eram ditados por Dulce o beijo era deliciosamente sensual e calmo, mas ditado por Anahí. Uma harmonia clássica e muito bem trabalhada.
Muitos minutos depois elas se encontravam no apartamento de Dulce.
- Acho que é hora de comprir muitas daquelas promesas... - Anahí sussurrou afastando os lábios dos de Dulce.
- Acho que sim. - Dulce assentiu.
Anahí segurou a cintura dela apertando e seus lábios se enroscaram novamente. Era empurrada devagar para trás e logo caiu sentada no sofá. Dulce se sentou no colo de Anahí e isso arrancou um sorriso de Anahí.
- Mhmmm... - Anahí murmurou beijando o pescoço dela e colocou a mão nas costas da latina por baixo da blusa, a outra na bun/da.
Dulce arranhava a nuca de Anahí e mordia suavemente a orelha gemendo baixinho ali. Anahí a puxou para perto, seus corpos se colaram, reivindicou os lábios dela e mordeu o inferior o puxando entre seus dentes.
Desceu uma trilha de mordidas e chupões pelo pescoço e assim continuou, o decote da blusa de Dulce colaborava bastante com todo o desejo que Anahí sentia. Um desejo absurdamente grande, uma vontade enorme de possuir ela, que de fato nunca seria sua...
Maitê e Anahí conversavam na cozinha enquanto Serena e Louise estavam na sala.
- Sabe o que eu nunca entendi? - Maitê perguntou.
- Eu não penso por você. - Anahí murmurou se havia algo que elas não abandonaram era o sarcasmo e as alfinetadas, porque era isso, e o amor de irmãs, que consistiam no relacionamento que tinham.
- Você, no começo, me disse que sabia que não ia dar certo. - Maitê escorregou o dedo pela borda do copo. - Se você sabia, porque não caiu fora?
- Eu nunca te contei no começo... Eu te contei quando me peguei gostando de verdade dela. Quando pensei em voltar atrás eu já estava sobre o feitiço dela, eu já era uma boba apaixonada e eu não tinha mais forças... Eu a amava. A amava com todas as forças que um ser-humano pode amar... Eu só nunca disse pra ela, quer dizer, eu nunca disse para que ela ouvisse, ou que ela tivesse consciência disso. Eu não tinha força nem vontade para deixá-la e cair fora, eu amava... Eu a amo.
- Você disse que a amava, mas ela não ouviu, nem prestou atenção... Quando você fez isso? - Maitê arqueou as sobrancelhas surpresa, o assunto intocável estava sendo exposto.
- Quando dormi com ela em Boston... Ela estava dormindo quando eu disse. - Anahí murmurou.
- Somos iguais sabia?! - Maitê suspirou. - Somos idiotas e estupidamente iguais, em patamares diferentes. Você abriu mão da sua felicidade pela dela, eu abri mão da minha pelo medo.
- Tudo bem que você deixou a Jéssica pra se casar com Flores, mas você é mãe da Serena. - Anahi argumentou.
- E você é mãe da Louise. - Maitê rebateu.
- Desculpe, não entendi o ponto. - Anahí franziu.
- Ser mãe é maravilhoso e tanto eu quanto você sabemos disso. Mas ter a Louise é tudo? Ter a Serena é muito, mas não tudo.
- Não, não é. E sim eu entendo. Você está falando da felicidade "plena" - Anahí fez aspas.
- Não sei se plena, Jéssica e Dulce nos conheciam bem o suficiente pra fazer das nossas vidas um inferno, mas te garanto que dias felizes seriam os mais constantes no calendário. - Maitê disse e piscou.
- Provavelmente. - Anahí assentiu com meio sorriso.
Serena e Louise apareceram na cozinha - Mães nós vamos comprar sorvete no mercado.
- Tudo bem - Ambas assentiram e murmuraram.
Mãos com mãos, pele na boca, elas sabiam como se explorar... Sabiam, e querendo ou não, se conheciam.
Anahí usava uma calça jeans, botas e uma blusa preta estampada e Dulce usava uma skinny, uma blusa meio folgada de estampa com um decote generoso e sandálias de saltos altos, mas eram apenas alguns panos inúteis (no momento) jogados pelo quarto de Dulce.
A cama era espaçosa, os dedos de Anahí roçavam a lateral esquerda do corpo de Dulce.
Ela tinha que ser paciente, tinha que manter a calma, era muito para se digerir, já que nunca achou que fosse acontecer.
Sua boca explorava a mandíbula de Dulce onde deixava algumas mordidas leves, provocantes. As duas mãos de Dulce trouxeram Anahí para perto e seus corpos se chocaram assim como suas bocas.
Anahí colocou um dos seios de Dulce em sua mão e deslizava o dedão sobre o bico dele. Ouviu Dulce gemer contra seus lábios e poderia muito bem se acabar só naquilo.
Aprofundou o beijo inclinando o rosto suas línguas lutavam por poder e quando Dulce colocou a dela dentro da boca de Anahí, a mesma chupou lenta e deliciosamente a língua de Dulce.
Dulce deixou outro gemido daqueles escapar, Anahí a acompanhou. Se afastou um pouco e sorriu, beijou o queixo de Dulce e desceu o rosto escorregando na cama. Beijava com cuidado o caminho e a maneira como seus corpos reagiam era assustadoramente familiar.
Anahí beijou o espaço entre os seios de Dulce, ouviu Dulce ofegar e agarrar os lençóis com os dedos. Anahí correu os dedos pela cama e pegou a mão de Dulce que logo apertou a mão de Anahí.
- Você não é quietinha... - Anahí disse contra a pele de Dulce.
- Hoje eu não tenho motivos para falar muito. - Dulce murmurou a resposta.
Anahí sorriu, Dulce apertou a mão dela quando o primeiro beijo foi dado no seio de Dulce. Anahí beijou, mordeu, brincou e chupou o par de seios.
Seus beijos deixavam Dulce vulnerável, entregue. Anahí mordeu a barriga dela e deixou uma trilha de beijos molhados para trás enquanto se aproximava de seu alvo.
A calcinha de Dulce foi tirada lentamente, os olhos vidrados de Anahí passeavam pelo corpo cheio de curvas. A morena não se conteve e acabou fechando os olhos, contou até 5 e abriu de novo. Não era um sonho, Dulce estava ali, na sua frente... Ali pra ela.
Anahí encontrou os olhos cheios de um desejo carregado. Abaixou a cabeça, suas mãos que tinham os dedos entrelaçados não se soltavam.
Dulce apertou a mão ao sentir a respiração bater contra seu clitoris lubrificado, sua mão livre se enroscou no cabelo de Anahí.
Anahí escorregou sua língua de cima para baixo pelo sexo de Dulce que prendeu o fôlego e gemeu... Sua mão livre estava no quadril de Dulce, sua outra mão era esmagada.
Estava no paraíso!
- Estou pronta. - Louise disse.
Anahí a olhou, ela usava um vestido longo e o cabelo estava preso... Anahí optou por um vestido preto mesmo, um tanto quanto curto e os cabelos lisos.
- Eu também, meu amor. - Anahí disse. - Vamos?
- Por favor, eu quero ir embora logo.
- Mas você nem chegou...
- Eu já odiei. - Louise disse bufando e elas foram para o carro.
Aquilo durou uma hora... E mesmo dirigindo, Anahí teve o que parecia ser o flash definitivo até aquele momento.
- Você é um lixo. - Anahí garantiu chorando.
- Eu nunca te iludi. - Dulce disse.
- Magina, você não se deu, não me pediu em namoro, não disse que me amava... Não é mesmo? - Anahí foi irônica.
- Eu...
- Vai pro inferno e leva sua fiel namorada com você. - Anahí disse no telefone. - E mais do que isso... Se um dia você me ver na rua jamais se aproxime, eu não quero te ver nunca mais.
Dito isso a ligação foi finalizada.
Maitê que estava com ela a abraçou apertado. - O que houve?
- Ela tinha uma namorada, esse tempo todo... Eu era um passatempo para os desejos que a namorada não supria. - Anahí disse contra o ombro da melhor amiga.
- Eu vou matar essa filha da pu/ta.
- Não, ela nunca mais vai estar na minha vida.
Anahí riu da ironia da vida, recebeu o olhar de Louise sobre si.
- O que você está pensando mami? - A jovem perguntou.
- Em voltar. - Anahí disse.
- Já chegamos, agora nem adianta. - Louise respondeu.
Era o casamento de Dulce, quando ainda jovens e no começo Dulce disse que se um dia se casasse deixaria Anahí saber e a convidaria, caso quisesse interromper.
Elas se sentaram no fundo e depois de meia hora, aquilo teve início.... Anahí parecia uma pedra viva, apenas respirava e piscava. Ver Dulce lhe matou lentamente, mas não se moveu e Louise se dedicava em assistir sua mãe, esperava que ela chorasse, mas aquilo não aconteceu.
Anahí ignorou tudo, desde o que o mestre de cerimônias dizia até os votos.
- Nunca te vi tão transtornada. - Louise disse.
- Está tudo bem, nós já vamos. - Anahí disse e seguiu até a mesa dos parentes da noiva com um livro na mão.
Foi quando deu de cara com Sofia que também ficou surpresa em ver a mulher que salvou seu filho.
- Eu não sabia que você conhecia minha irmã. - Sofi disse.
- Eu não sabia que você era irmã de Dulce. - Anahí negou então empurrou o livro nas mãos dela. - Entregue pra sua irmã.
- Tudo bem Anahí. - Sofia assentiu e viu ela se afastar com pressa.
Anahí estava se sentindo sufocada como se estivesse no final de algo, se aproximou de Louise a puxando... Foi quando sua filha se virou.
- Anahí, acorde. - Ela escutou e parecia longe... Até tudo se tornar um breu e ganhar claridade.
...
A Dra. Louise verificava os reflexos da paciente Anahí Portilla com uma lanterna enquanto observava ela se sacudir no colchão sendo segurada pelas amarras na cama.
Anahí sofria de esquizofrenia e tinha delírios severos... Desde o 12 vivia trancada dentro daquele hospital psiquiátricos sobre os cuidados de médicos onde a família havia a abandonado há exatamente vinte anos.
Anahí era escrava da própria mente e de uma história repetitiva que havia criado em sua cabeça, onde tudo era uma realidade paralela.
No fundo ela sabia e ainda repetia: "It's all in my head".
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
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siempreportinon Postado em 08/01/2018 - 22:55:11
Estou amando suas histórias, cada dia leio uma. Sei que não comento muito mas estou sempre acompanhando suas publicações!
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natty_bell Postado em 03/01/2018 - 17:42:09
SCRRR EU TO APAIXONADA POR UMA ESTORIA AAAAAAA <3 tem muitas histórias ainda?? To amando serem varias em uma
Emily Fernandes Postado em 03/01/2018 - 19:10:48
Sim, as histórias são muito boas. Ainda tem algumas ou várias pra colocar em prática. Então que viva as histórias aleatórias da fic. Que história vc mais gostou?
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Nix Postado em 08/12/2017 - 19:51:32
Owt que capítulo incrível, amei a surpresa pra Any, o amor que elas fizeram não foi apenas de saudade mas sim de um amor que supera barreiras
Emily Fernandes Postado em 12/12/2017 - 18:03:21
Concordo com tudo que vc disse. O amor delas é lindo mesmo. Vamos ver sexta a onde mais uma vez a arte vai ser pintada.
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Nix Postado em 05/12/2017 - 17:10:33
Acredito que vou chorar horrores nessa história.
Emily Fernandes Postado em 08/12/2017 - 15:46:17
Espero que a história realmente agrade. Pq ela é linda e encanta.
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Nix Postado em 01/12/2017 - 19:28:21
Momento fofo amei, não há palavras para descrever esse capítulo
Emily Fernandes Postado em 05/12/2017 - 15:44:40
Não nunca há palavras pra descrever coisas simples E belas. Aproveite outra história.
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Nix Postado em 28/11/2017 - 09:14:53
Isso ai Anahi não desiste da Dulce Concordo com a Angel o destino delas estão traçados.
Emily Fernandes Postado em 01/12/2017 - 08:49:26
Sim, Anahí não desisti tão fácil. Porém acho que o destino ainda vai aprontar muito com as duas. Isso será inevitável.
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candy1896 Postado em 27/11/2017 - 11:32:28
Continuaa
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:52:35
Continuei kkk bjs
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Evelyn Postado em 25/11/2017 - 16:16:12
Olá maninha eu estou perplexa com suas histórias. Mas vamos ler não é. Bjs amor meu, eu sou a única com tal liberdade pra isso não é. Ahahahahahah
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:51:46
Olá quem seria vc mesmo. O assim. Não diga que minhas histórias não estão te agradando. Perplexa fica eu com sua ousadia. Mas te amo da mesma forma. Bjs evy. Ps sim vc é a única que pode me chamar do que quiser.
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siempreportinon Postado em 25/11/2017 - 11:05:01
Marquei presença aqui, amo suas histórias já pode continuar!!!
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:46:28
Vc sempre marca. Seu pontinho mesmo. Irei continuar.
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Lern Jauregui Postado em 25/11/2017 - 09:37:17
O primeiro encontro delas já vou uma arte rsrs .....A Annie uma fotógrafa de olhos azuis e sexy e a Dul uma garota linda e intrigante... E acho que a Annie meio que já se interessou,só acho rs. Mal posso esperar pros próximos capítulos.... Já pode continuar.. Bjs Emm.
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:45:05
Obrigada lern, acho que a arte está em tudo O que fazemos seja boas ou ruins, o importante É saber apreciar. Não é bjs pra vc tbm.