Fanfic: A arte da vida ( adaptada) ayd | Tema: Portinon (ayd)
A morte é algo surreal e difícil de ser enfrentado, mas faz parte da vida. É irônico, mas se você vive, seu destino final é a morte, sem volta, sem escapatória, não há como se esconder ou fugir da sua gadanha. Muitas vezes falar sobre ela é quase um tabu, como se tudo o que foi vivido tivesse que ser enterrado junto com quem morreu. Em muitas culturas sua figura é representada como algo esquelético trajando uma túnica preta, seu nome? Anjo da Morte, Anjo Negro, Anjo do Abismo, Senhora do Destino. Cada cultura um nome, uma representação, uma forma de lidar com o luto, uma forma de enfrentar todas suas consequências, pois ela leva muito mais que a vida de uma pessoa, ela carrega histórias, famílias, momentos, memórias e às vezes parte de quem ainda está vivo.
Anahí acordou as sete e vinte e sete como de costume, outro pesadelo para atrapalhar seu sono. Anahí, que estava chegando a casa dos trinta e cinco, não sabia o que era uma noite tranquila de sono, sem o uso de alguma droga sendo álcool ou remédios, há mais de três anos.
O mesmo pesadelo de todas as noites, a mesma risada, forte, alta e tão real que ela acordava achando que estava viva, e Anahí estava, mesmo que só fisicamente, pois em seu âmago ela apenas arrastava sua existência na Terra até o dia que toda a dor sumisse, mas dias, meses, anos se passaram, e a dona da risada que preenchia seu coração não estava mais com ela, já não estava mais viva e Anahí ainda continuava com aquele buraco no peito, com a respiração descontrolada toda vez que lembrava de como cruelmente a morte levou seu sol, seu ar, sua tempestade, parte da sua vida.
Perder quem amava não podia ser explanado em palavras, era uma dor tão profunda, que alguns pontos não eram capazes de estancar o sangramento. Para Anahí, aquela dor nunca passava. Ela tentou terapias, pintura, desenho, aulas de piano, mas os pesadelos estavam lá, a risada continuava a perturbar seu sono, e nada parecia surtir efeito, então decidiu abraçá-la e conviver com ela, como melhores amigas.
A loira de traços finos fez da inquietação profunda, que existia em seu peito, moradia. Em sua casa e em sua alma reinava a calmaria angustiante da perda, não havia sorrisos, abraços, piadas, caricias. Acabaram-se as discussões, as bobagens, a outra como refúgio. A chuva, o sol, a tempestade, a primavera, o verão em nada afetava sua expressão melancólica, mas, mesmo parecendo um rastejar, o tempo seguia impiedoso cumprindo seu dever, mas não cessando nenhuma dor.
Sua rotina matinal foi completamente monótona, exatamente igual ao que ela fazia nos últimos anos, levantou para fazer a higiene pessoal, depois desceu sem pressa alguma em direção a cozinha a fim de preparar uma xícara de café bem amarga.
Para Anahi Portilla, seu dia se resumia a acordar, tomar café amargo e passar o resto do dia presa no mundo dos livros, na sua biblioteca, só saia de lá quando seu corpo já implorava por comida. Seu pai, Enrique Portilla, era um poderoso empresário dono de uma das maiores redes de hotelaria dos Estados Unidos, por isso Anahí não precisou nunca trabalhar, mas ela trabalhou por muitos anos porque amava sua profissão, formou-se, com honra e mérito, em uma das melhores universidades, em Biologia Marinha. Porém um acidente de carro que matou sua mulher, Alicia Carter Portilla, fez com que Anahi perdesse o interesse por tudo, até da coisa que ela mais amava depois da sua esposa, o trabalho. Seu pai tentou de todas as formas trazer a filha de volta, mas nada fazia Anahi sair da letargia em que se encontrava, e, como ela tinha uma conta bancária com uma quantidade significativa, decidiu por não mais trabalhar, saindo de casa apenas em circunstâncias inevitáveis.
- Aquele que é atingido pelo amor não pode esquecer o tesouro do seu coração. Adeus. Tu não podes ensinar-me a esquecer. – Anahí lia baixinho Romeu e Julieta, quando o toque da sua campainha se fez presente. Ela estranhou aquilo, mas resolveu ignorar desejando que quem quer que fosse desistisse se não obtivesse resposta, então voltou a atenção para o livro, que relia pela sétima ou oitava vez. A campainha soou novamente, fazendo-a fechar o livro e inspirar profundamente, contou até cinco quando o barulho se repetiu, praguejando quem fosse, levantou-se da cadeira em meio a resmungos.
- Eu não compro biscoitos de escoteiras, sou diabética. – mentiu assim que abriu a porta e foi recepcionada por uma garota com um enorme sorriso. Virou seu corpo para fechar a porta.
- Espera. – a outra pediu, colocando a mão na porta para que ela não fechasse. Anahí parou seu ato e encarou, seus olhos comprimidos ainda tentando se adaptar a luminosidade, percebeu que já estava muito tempo na biblioteca. – Sinto muito por ser diabética.
- Obrigada.
- Espera. – a outra pediu novamente quando percebeu que a porta seria fechada. – Por que acha que sou escoteira? – Anahi indicou, com os olhos, os biscoitos que a garota a sua frente segurava. A garota por sua vez sorriu. – Não sei se fico lisonjeada ou ofendida com o fato de achar que eu seja escoteira... Já fui quando mais nova, mas os biscoitos são...
- Se veio pregar a palavra de Deus e me dá biscoitos saiba que sou satanista. – resmungou, tentando expulsar a mulher.
- Sério? – olhou para a bíblia que segurava, perguntou divertida. A garota não sabia como explicar o fato que ganhou uma bíblia do senhor que morava no fim da rua, o reverendo da igreja local. – Sempre quis saber como funciona um ritual. – prosseguiu animada, Anahi rolou os olhos, visivelmente impaciente. – Vai galinha preta, sangue, crucifixo de cabeça para baixo ou isso é lenda?
- O que você quer? – perguntou já irritada.
- Pensei que não ia perguntar nunca, estava imaginando qual seria a próxima suposição que faria. – debochou, divertindo-se. – Apesar de eu parecer nova, não sou escoteira e nem tenho dezesseis anos. – esticou a mão direita para cumprimentar. – E não vim pegar a palavra de Deus. – olhou para a bíblia e explicou de modo sucinto. – Eu a ganhei do reverendo Joseph. – Anahi acenou em concordância, sabendo de quem se tratava. - Sou Dulce María Savinõn, minha família e eu nos mudamos ontem.
- Prazer, Dulce María. – respondeu educadamente na tentativa de fazer a mulher à sua frente ir embora o mais rápido possível.
- Eu trouxe biscoitos... – gesticulou, com a tigela cheia de biscoito, para que Anahi recebesse. – Eu que fiz, não sou nenhuma profissional na área, mas sei que estão uma delícia...
- Obrigada. – respondeu já sem paciência para disfarçar a voz de irritação. – Não quero ser rude, mas estava no meu escritório trabalhando. – mentiu novamente.
– E preciso mesmo voltar para lá. – Dulce mudou o peso das pernas, tentando não parecer frustrada, pois achou Anahi uma pessoa peculiar apesar da acidez, mas nada que assustasse. – Espero que goste da vizinhança. – encerrou a conversa, e, não esperou a outra responder, fechou logo a porta para que não corresse o risco de outra perguntar surgir. Anahí foi até a cozinha, abriu a tigela e jogou os biscoitos diretos no lixo, colocando-a na pia para que lavasse depois, serviu-se de mais uma xícara de café e voltou à biblioteca.
Dulce, por sua vez, voltou para sua nova residência com uma impressão intrigante de Anahí. A garota achou a vizinha peculiar, aparentava ter uma beleza escondida diante da carranca e das respostas rápidas, mas seu olhar azulado sem vida foi o que mais chamou atenção da de olhos castanhos.
A vida nos remete à início, o ponto de partida. Enquanto o tema morte incomoda, o tema vida traz paz. A morte é um ponto desconhecido, já a vida está além de um coração batendo e ondas cerebrais. Dulce era vida, e, mesmo a própria vida não sendo nada gentil e nem facilitando as coisas, ela não conseguia perder o sorriso e muito menos sua gentileza e respostas amigáveis e divertidas.
Dulce María era o exemplo perfeito do fracasso americano, a jovem tinha vinte e três anos, era formada em administração, mas não conseguiu nenhum emprego após sua formatura, toda sua vida profissional se resumia a atendente de lanchonete, caixa de supermercado, garçonete em bar e bartender em boate, mas quando se viu lotadas e dívidas e nenhum emprego mais rentável em seu caminho, teve que engolir tudo, e voltar a casa dos pais para tentar encontrar uma outra rota, cinco meses havia se passado e Dulce ainda não sabia que rumo seguir e nem tinha uma proposta de emprego para diminuir o peso de morar com os pais mesmo depois de formada, mas ainda que sua vida financeira estivesse em desordem e tivesse uma falta de visão promissora para o futuro, ela não se deixava abalar, não perdia o bom humor e em certos dias conseguia fazer piadas com o momento fracassado em que se encontrava. Dulce era como o sol, quente e que teimava em aparecer mesmo quando chovia.
- Querida, o que faz aí? – Blanca, questionou intrigada ao ver a filha sentada na sacada da casa contemplando o nada.
- Fui elogiada e ofendida em uma mesma frase. – explicou de forma vaga, Blanca arqueou a sobrancelha sem entender.
- Levei os biscoitos aos vizinhos e deixei por última a vizinha da esquerda, ela mau abriu a porta e já foi fechando dizendo que não comprava biscoito de escoteiras por ser diabética. – Dulce pulou do último degrau, em que estava sentada. – Eu entreguei doces a uma diabética... – praguejou ao constatar o que fez, elevando o tom de voz e batendo em sua testa em seguida. Sua mãe continuava sem entender nada, mas nada disse apenas assistiu sua filha andar em passos apressados a casa ao lado. Olhou para o chão e estranhou ter uma bíblia ali, sacudiu a cabeça em negação, depois pediria por explicações a filha.
Dulce praticamente correu, tocando a campainha afobada pelos passos largos que deu e tentando recompor a compostura. Se ela não tivesse saído a poucos minutos da porta da casa podia jurar que ninguém se encontrava dentro daquela casa que parecia ter um ar tão... Não soube explicar, mas deixou para pensar nisso depois ao perceber que passos se aproximavam da porta.
- Duas visitas em menos de duas horas... – Anahí alfinetou. – A vizinhança ficou tão mais colorida...
- Obrigada. – Dulce agradeceu sem perceber o tom debochado. – Eu vim pedir desculpas pelos biscoitos.
- Eles estavam deliciosos! – Anahí mentiu. – Em um minuto pego sua vasilha... – Anahí já estava retornando para dentro de casa quando Dulce a interrompeu.
- Mas a senhora não é diabética? – questionou confusa.
- Sou?!? – arqueou a sobrancelha em confusão. - Sim, claro que sou...
- Eu vim pedir desculpas porque mesmo a senhora falando sobre ser diabética ainda deixei os biscoitos doces com a senhora, achei uma ofensa... Mas espera aí... A senhora comeu mesmo sendo diabética?
- Na verdade não... – Anahi pigarreou desconfortável, pega na sua mentira. – Eu não quis ser indelicada de recusar... – pausou, tentando elaborar uma mentira plausível. Você é nova vizinhança e não queria ser a vizinha antipática, então aceitei, mas joguei fora, sou muito regrada com minhas comidas...
- Entendo.
- Espere um minuto que já entrego sua vasilha. – Anahí falou em seguida, não querendo ser mais questionada e muito menos permanecer naquela conversa sem sentido. Nem seu pai a fazia falar tanto como aquela garota irritante a fez em menos de duas horas. Caminhou em passos largos até a cozinha, lavou a vasilha para devolvê-la limpa. Tudo o que Anahí queria naquele momento era comer algo e voltar para os livros.
Dulce a esperava pacientemente, as vezes esticava a cabeça para olhar o que tinha dentro da casa, pois a porta estava entreaberta, sua curiosidade comichava, a morena estava querendo muito saber se aquela mulher de cabelos longos, traços finos e aparência apática era mesmo satanista, mas assim que percebeu o retorno da outra tratou de inclinar o corpo e fingir que observava algo na rua.
- Aqui. – esticou a vasilha para que Dulce pegasse. – Mais uma vez, bem-vinda a vizinhança. – dito isso, virou o corpo e fechou a porta, sem esperar por alguma resposta da outra.
- Que mulher rude. – resmungou enquanto voltava a sua casa.
{...}
Os dias se seguiram para Anahí em uma rotina por ela já conhecida, acordar as sete e vinte e sete, fazer a higiene matinal, tomar uma xícara de café e se esconder entre os livros.
Uma vez por mês ela precisava sair de casa para fazer compras e para visitar seus pais. Anahí detestava aquilo, sentia-se sufocada em fazer compras pelo simples fato de estar na presença de muitas pessoas, em sentir o peso dos olhares, os cochichos, os sorrisos, a busca por interação que o ser humano insistia em ter para viver em sociedade. Diferente das outras vezes que precisava sair para fazer compraras, ela acordou com uma sensação de desconforto, no peito, ainda mais crescente, pior do que já sentia quando precisava sair de casa. Tentou de tudo para ignorar completamente a vontade de chorar quando percebeu que a data daquele dia correspondia ao dia em que noivou com Alicia. O choro preso durou até o momento do banho, quando Anahí simplesmente desabou em lágrimas, sentindo o coração rasgar a cada grito sufocado.
Dulce acordou sentindo um clima pesado, a morena nunca conseguia acordar antes do seu despertado e estranhamente as sete e vinte e sete estava encarando seu teto com o peito ardendo e suando muito, despertou de um sonho ruim, que deixou seu coração acelerado, mas não conseguia lembrar o que sonhou. A fim de recuperar a calma, trocou de roupa, pegou o Café, seu labrador preto, e saiu para correr envolta do quarteirão, sempre que estava com muita coisa na cabeça, Dulce corria para que a adrenalina e o suor esvaziassem sua mente, desde criança gostou de esportes, para relaxar ela gostava de andar de bicicleta e para espairecer a mente, correr.
- Bom dia, vizinha! – cumprimentou educadamente, acenando com a mão assim que viu Anahí sair de sua casa, Dulce percebeu Anahí resmungar algo, antes de responder ao bom dia com um aceno de mão. Ela achava Anahí muito apática, seu olhar não tinha vida, seus movimentos pareciam mecanizados, não sabia explicar o porquê ou o quê, mas algo muito devastador tinha levado o brilho e a cor da loira de traços finos, era estranho, mas tudo que Dulce via era cinza quando olhava para a mulher que entreva no carro.
Anahí sentia seus olhos arderem, seu corpo pesar, para Anahí, toneladas e toneladas eram descarregadas em seu peito cada vez que respirava, não ousou tirar os óculos escuros. Adentrou o supermercado desejando não ter levantado da cama, fazer compras era ridículo, mas seu corpo definharia se não se alimentasse e mesmo que desejasse a sua morte na maior parte do tempo, tinha certeza que Alicia repudiava tal atitude, então tentava arrastar-se dia após dia nas memórias, que já não tinha tanta certeza se aconteceram daquela forma ou se sua mente alterou algumas coisas com o passar do tempo, de seu grande amor. E por isso, somente por isso, foi fazer compras, lotando seu carrinho com o básico e muita pouca comida já que raramente comia durante o dia, seu grande consumo era café e água.
Anahí resolveu mudar sua rotina, o dia estava muito denso para visitar o pai, então dirigiu seu carro de volta à sua casa, lá, já no conforto da sua residência, ligaria e marcaria uma visita para outro dia. Quando já estava com o carro estacionado em sua garagem, Dulce surgiu novamente em seu campo de visão, Anahí resmungou enquanto abria o porta-malas para pegar as compras. A jovem de olhos castanhos cheios de brilho estava saindo de casa para ir a uma livraria quando viu Anahí, apenas acenou e pensou em não falar nada, mas quando viu Anahí toda atrapalhada com inúmeros sacos, resolveu ajudar.
- Uma ajuda é ótima! – ela disse ao se aproximar de Anahí, não esperou nem permissão e já foi pegando alguns sacos que ainda estavam no porta-malas.
- Seu altruísmo é fascinante. – desdenhou, mas mais uma vez, Dulce não percebeu a amargura ou a falta de vontade no comentário e apenas sorriu genuinamente, como agradecimento, deixando Anahí ainda mais irritada pela invasão da outra. Anahí decidiu não verbalizar seu desagrado pela presença da mais nova, apenas indicou a direção indo na frente.
- Ah! – uma expressão de tristeza e desapontamento escapou dos lábios de Dulce antes que ela pudesse controlar, a outra a olhou com um ar interrogativo, enquanto se dirigia à cozinha. – Eu esperava paredes pretas, figuras demoníacas, túnicas, objetivos para rituais. – Anahí enrugou a testa sem entender o que a outra falava.
- Você costuma beber álcool logo cedo?
- Não sou alcóolatra se é isso que está sugerindo. – defendeu-se, colocando as compras na bancada da cozinha.
- E, por que esse assunto sem nexo?
- A senhora disse que era satanista! – exclamou com uma voz quase infantil, Anahí sentiu vontade de rir, não podia acreditar que a outra na sua frente realmente acreditara naquilo.
- Sim, assim como sou diabética.
- Não enten... ESPERA. A senhora não é diabética? – Anahí negou com a cabeça. – Mas... Mas... O que a senhora fez com os biscoitos? – Anahi deu de ombros, a resposta era óbvia, mas Dulce não parecia compreender as entrelinhas. – Não acredito que jogou os biscoitos que fiz com tanto amor. – resmungou após um longo silêncio, finalmente compreendendo a situação. Anahí não se abalou com a voz chorosa da outra, não a achou irritante, mas também não se preocupou em fazer o papel de vizinha chata porque ela era a vizinha chata. – Por que tão cruel? – resmungou, fingindo um falso choro. Anahí rolou os olhos.
- Você parece uma criança... Não está muito grandinha para esse drama infantil?
- Mas eu sou só uma escoteira. – sorriu sapeca. – Ou seria a pessoa a pregar a palavra a essa velha satanista. – Anahí resmungou baixinho, começou a separar as coisas para guardar no armário, Dulce passou a ajudá-la.
- Eu não sou velha. – disse por fim.
- Você me lembra a minha avó.
- E você me lembra a minha irmã mais nova, irritante e mimada.
- Você tem irmã mais nova?
- Não, mas se tivesse teria seu gênio, Papai tem o péssimo hábito de estragar os filhos ou melhor, ele soube estragar a filha... – Dulce rolou os olhos.
- O quanto ele te estragou?
- Eu não trabalho, por ele nunca tinha trabalhado.
- Você mentiu para mim dizendo que precisava voltar ao trabalho. – a mais nova acusou.
- Não confie em estranhos. – pontuou.
- Só os velhos dizem isso. – implicou. – Mas, por que não trabalha?
Então o impacto da realidade se fez presente e Anahí percebeu que havia falado mais do que devia, que havia dado uma minúscula abertura a uma completa estranha, uma estranha invasiva, debochada e bisbilhoteira, sentiu-se irada com isso. Dulce notou a mudança de Anahi, primeiro foi o maxilar trincado, a mais nova soube que tinha tocado em uma ferida e entrado em um campo proibido, praguejou-se internamente por sem estupidamente curiosa.
- Obrigada pela ajuda. – disse após um longo silêncio. – Você sabe como encontrar a saída. – indicou a direção com um olhar e voltou sua atenção às compras. – Dulce quis pedir desculpas, quis voltar no tempos mas apenas baixou a cabeça e dirigiu-se a saída, frustrada por sua boca ter lhe traído.
{...}
Dulce passou dias tentando, na verdade, inventando desculpas para visitar Anahí, mas não sabia o que fazer, tinha plena consciência que algo muito perturbador foi o responsável por deixar a latina naquele estado cinza. Sua curiosidade era gritante ao ponto de que a de olhos claros sentava nas escadas que davam acesso à sua casa apenas para ver se conseguia pegar Anahí saindo de casa, mas Dulce perdeu as contas de quantos livros leu, de quantas receitas decorou e de quantos dias se passaram, e nada da outra sair. Dulce cogitou a possibilidade de verificar se estava tudo bem com a outra, mas sabia que era muita invasão e isso só acarretaria em mais um distanciamento, não que fossem muito próximas.
Em certa manhã, já sem paciência para ficar ali, a morena pegou sua bicicleta para pedalar pelas redondezas, precisava relaxar e não pensar em Anahí, e foi o que fez, em todo seu percurso canalizou os pensamentos nos currículos que tinha entregue nos últimos dias, principalmente na ligação da empresa de hotelaria Portilla's recebida no dia anterior, pedindo que ela comparecesse para uma entrevista. Dulce estava muito animada com a possibilidade de uma luz naquele túnel escuro que ela chamava de vida adulta. Estava andando de volta à sua casa, empurrando a bicicleta quando viu a vizinha sair do carro, sorriu genuinamente.
- Bom dia, Anahí. – elevou o tom de voz para ser notada. O mesmo resmungo antes de ser respondida com um simples aceno. Dulce sabia dos riscos do que estava para fazer, mas resolveu arriscar. Colocou a bicicleta na calçada e aproximou-se da mais velha. – Eu queria pedir desculpas por ter sido invasiva. – colocou as mãos no bolso.
- Você não foi.
- Acredito que você mente tanto que nem sabe quando fala a verdade. – comentou divertida. – Acredito que há um nome para essa doença. – ponderou. – Devo ter visto algo no Google nesse tipo de pesquisa que se faz as três ou quatro horas da manhã.
- Você é uma menina muito irritante.
- E você uma velha muito amargurada.
- A vida não é um conto de fadas. – Anahí foi ríspida. – Então pare de achar que um sorriso e uma boa ação resolva tudo.
- Foi você que desistiu de viver e não eu!
Anahí sabia que aquilo era verdade, mas nunca tinha ouvido da boca de alguém com tanta propriedade, as pessoas que faziam parte do seu ciclo geralmente faziam voltas e tinham todo o cuidado para proferir aquelas palavras, mas Dulce o fez de forma fria, direta e honesta.
- Não se meta na minha vida. – retrucou ainda desconcertada com tais palavras que ouviu.
- Eu sou quis pedir desculpas, mas você é uma velha cabeça dura e não sabe agradecer ou perceber quando alguém admite seu erro.
- E você é uma pirralha.
- Eu ao menos vivo, diferente de certas pessoas... – cuspiu totalmente contrariada. Ela não permitiu que Dulce respondesse, afastou-se, pegando sua bicicleta e indo à sua casa. Anahí, por sua vez, ficou com o gosto da resposta amargurando sua boca, as palavras entaladas na garganta.
Dulce não se permitiu voltar, muito menos olhar para traz, muitas vezes mesmo que o sol queira permanecer junto com a chuva, ele precisa sumir para dar espaço a tempestade, para que as nuvens densas e negras tivessem seu momento, apenas para retornar com um brilho mais intenso.
{...}
Ler já não era agradável, Anahí estava pela terceira vez na mesma página, a biblioteca tinha se tornado minúscula e ela precisava de ar, um pouco de água resolveria o calor que preenchia seu corpo, pensou ela, mas depois de dois goles, a cozinha parecia ter diminuído, a casa toda parecia expulsar Anahí, então mesmo contra sua vontade, resolveu dar uma volta pela cidade em seu carro, mas não foi muito longe, assim que abriu a porta de casa e viu Dulce sentada na porta da casa, seus pés a guiaram até a garota mais nova.
- Você toca violão. - tentou o início de uma conversa.
- Na verdade não. - respondeu sem olhar Anahí. - Eu apenas arranho algumas coisinhas... - explicou. - É um ótimo instrumento para descolar alguma gata, elas se amarram em garotas que tocam algum instrumento musical. - sorriu, de forma marota.
- Você é lésbica?
- Algum preconceito? - questionou, e não esperou nem pela resposta, já completou. - Bem a sua cara, amargurada pela vida e ainda presa em conceitos ridículos, olha se vai me dar alguma lição de moral, nem perca seu precioso tempo. - resmungou, Dulce levantou as mãos em rendição.
- Calma, esquentadinha!
- Olha quem fala, a velha rabugenta.
- Eu sou lésbica.
- Não me venha... Você o quê? - perguntou quando as palavras fizeram sentido.
- Isso mesmo que ouviu.
- Por essa não imaginava. - confidenciou.
- Por quê? - a outra questionou interessada.
- Você é muito chata, nunca conheci uma lésbica chata, somos todas fofas!
- Você nem me conhece para dizer que sou chata. – informou. - Mas sua opinião não me afeta em nada...
- Você também não me conhece e me trata como se fosse uma criança malcriada.
- Mas você é uma criança malcriada e invasiva.
- E você me lembra a minha avó.
- Não sou tão velha assim... - resmungou já irritada por ser tratada inúmeras vezes como se tivesse mais de sessenta anos.
- Não é o que suas atitudes e seu corpo aparentam.
- Meu corpo? - arqueou a sobrancelha sem entender o ponto.
- Seu corpo está definhando e você nem percebeu. - Anahí engoliu em seco, Dulce se praguejou por mais uma vez não conseguir controlar a boca. Anahí não entendia o porquê as palavras da outra a afetava tanto mesmo sabendo que era verdade. - Por que perguntou se eu era lésbica? - indagou, ainda sem jeito pelas palavras ditas anteriormente.
- Você pode ser bi ou pode não gostar de rótulos, só quis sei lá... Manter uma conversa. - deu de ombros já sem saber o que fazia ali. - Na verdade, foi uma pergunta tola, não há necessidade de falar sobre sua vida sexual, ela não me diz respeito e rótulos são ridículos, eu digo, somos pessoas e não objetos para sermos rotulados, mas há esse interesse insano que a sociedade nos impõe desde que nascemos que precisamos ser encaixados em algum padrão... - desdenhou.
Dulce riu, um pequeno sorriso orgulhoso pelas palavras da outra. Não imaginava, pelas atitudes que a latina costumava ter, Anahí tivesse um pensamento tão forte e aberto.
- Eu concordo. Em cada linha, vírgula e ponto!
- Obrigada? - questionou.
- Você realmente não consegue ter um diálogo sem ser rude em algum momento?
- Não sei o que é um diálogo há um tempo. - foi honesta e estranhou o fato de estar sendo.
- É notável.
- Vai ficar pontuando minhas falhas?
- Assim como você frisa minha pouca idade, apesar de eu não ter. - Anahí rolou os olhos divertida. - Eu já sou uma mulher adulta apesar de ter uma vida frustrada...
- Não tanto como a minha. - Anahi desafiou.
- Você é formada com excelentes notas e mesmo assim se viu obrigada a voltar Anahí a casa dos pais porque não ter emprego e estar afundando em dívidas ao ponto de não conseguir pagar o próprio aluguel?
- Você é formada em quê?
- Administração. - suspirou lembrando da sua última entrevista de emprego. - Como vou ter 5 anos de experiência se ninguém me contrata para que eu possa ter a porra da experiência. - exaltou-se. - Esse país vende uma mentira para as crianças ainda hoje procuro a tão sonhada vida americana que ouvi minha infância todo.
- Eles mentiram o tempo todo.
- Hoje eu vejo que esse sonho é uma utopia. - deixou os ombros caírem, sentindo-se pequena.
- Mas nem tudo está perdido.
- Vai me dar um emprego? - perguntou irritada. - Ah, lembrei que não trabalha porque é filhinha de papai. - debochou. Anahí pensou em responder, as palavras já estavam na ponta da língua, mas um estalo a fez mudar de ideia, colocou as mãos no bolso e percebeu que não estava com o celular.
- Pode me emprestar seu celular?
- Para?
- Só me empresta.
- Não, você quer ver meus nudes.
- Seu o quê?
- É uma velhinha mesmo. - pegou o celular do bolso e entregou a outra. Anahí não quis manter aquela conversa e tratou de ligar para um número conhecido, mas pouco usado.
- Oi, Papa! - ouviu a voz assusta do pai. - Sim, sou eu Anahí... Não aconteceu nada. - tentou tranquilizar a voz alarmada do pai, que há anos não recebia uma ligação dela. - Semana passada o senhor falou por alto que precisava de uma administradora, tenho alguém para indicar. - Dulce arregalou os olhos ao ouvir o teor da conversa. - Não, ela não tem experiência. - a morena de olhos castanhos deixou os ombros caírem, a animação desaparecendo na mesma velocidade que chegou. - Sim, eu entendi... Eu estou bem... Ok Papa... Sim, eu prometo não demorar a visitar vocês... Sim, não vai se arrepender. Obrigada. - encerrou a ligação, abriu o bloco de notas e digitou algumas coisas. - Vá amanhã nesse endereço. - mostrou o nome da rua que escreveu. - Procure por Emma Watson, identifique-se, ela estará te aguardando... Meu pai não prometeu um emprego em um alto cargo, mas está disposto a ajudar uma amiga minha, então começará debaixo, mas algo me diz que crescerá rapidamente.
Dulce pulou tão rápido que Anahí se assustou ao sentir os braços da outra a puxando, em um abraço apertado.
- Obrigada. - a mais nova estava tão eufórica que não percebeu que invadia o espaço pessoal da outra. - Obrigada mesmo, não sabe o quanto te devo. - beijou o rosto de Anahí.
- De nada. - respondeu sem jeito. Sentindo certa felicidade por ter ajudado Dulce. Afastando-se delicadamente, não querendo ser rude. - Espero que não me decepcione.
- Não vou. - prometeu, batendo continência, Anahí riu, um pequeno, minúsculo, mas significativo sorriso.
- Você deveria sorrir mais vezes!
- Você está me cantando? - Anahí se assustou ao ouvir aquilo de sua boca, Dulce arregalou os olhos. Anahí se sentiu desconfortável ao perceber o que disse, soltou um pigarro para limpar o ambiente. - Eu preciso ir... - emendou em seguida. E não esperou por respostas.
{...}
Anahí não percebeu nem quando e nem como, mas passou uma semana que todas as noites se encontrava com Dulce, em frente à casa da mais nova, apenas para conversar, nada íntimo, coisas triviais e aproveitavam para implicar uma com a outra. De repente, uma semana virou duas.
- Está atrasada. - resmungou impaciente.
- Desculpe, como hoje era sexta me ofereci a ajudar a Emma até mais tarde... Espera, você estava com saudades? - estreitou os olhos. Anahí resmungou, mas a outra não conseguiu compreender.
- Está gostando do trabalho? - mudou de assunto.
- Muito. - respondeu radiante, com um sorriso de rasgar a cara. - Eu tenho aprendido tanto, Emma é incrível, muito solícita, paciente e... - sorriu ao lembrar de algo. - Ela é minha fã!
- Sua fã? – Dulce sentou ao lado da mais velha.
- Ela disse que não sabe se é meu charme ou se é meus olhos, mas algo me ilumina o suficiente para traspassar até você...
- Ela é exagerada. - respondeu sem vontade.
- Temos trocados muitas confidências... - sugeriu, estreitando os olhos.
- O que ela andou te falando?
- Segredos... - sussurrou.
- Tipo?!? - a curiosidade de Anahí era gritante.
- Do fato que você não era assim, e ela falou coisas por alto, mas me deixou bastante intrigada... Não imaginava que você poderia ser doce, gentil, educada...
- Essa Anahí não existe mais. - pontuou, ficando irritada. - Emma vai me pagar, sempre com a boca grande.
- Relaxa, Emma é incrivelmente discreta, por mais que eu insista, ela não me conta os motivos que te levaram a ser esse poço de gelo.
- Melhor assim! - resmungou. - Eu preciso ir.
- Não. - a outra pediu rapidamente. - Eu acabei de chegar... - choramingou. - Não vou te pressionar a nada. - disse. - Sei que no tempo certo vai ser capaz de se abrir.
- Você é muito confiante.
- Não me achava assim, mas ao longo da semana Emma tem enchido muita minha bola... E mesmo não dizendo nada com sentido, eu tenho certeza que uma pequena coisa mudou, você parece não ter mais medo, não tanto como antes.
- Eu não tenho medo. - defendeu-se.
- Se a senhora diz. - deu de ombros. - Eu gosto dessa Anahí, um pouco menos ácida. - piscou.
- Você é uma pirralha. - alfinetou, já tentando mudar o rumo da conversa... - Dulce gargalhou, já sem se importar com as provocações da mais velha. Anahí por sua vez sentiu seu estômago embrulhar ao ouvir aquela gargalhada tão vibrante e colorida, uma sensação de vômito apossou-se de seu corpo. Ela não conseguiu entender todo aquele remexer em seu peito, mas sentiu o ar faltar do corpo.
- Milha mulher faleceu. - a risada de Dulce cessou ao ouvir Anahí despejar, Anahí parecia estar sufocada. - E desde esse dia eu já não sei o que é vida. - a cada palavra dita um soco era dado em seu estômago. - Ela morreu em um acidente de carro... - engoliu o choro. Abrir seu peito já estava sendo esmagador, não queria fraquejar ao ponto de chorar. - Um motorista de ônibus cochilou por alguns míseros segundos e passou no sinal vermelho, colidindo com o carro dela... Os paramédicos a retiraram sem vida de dentro do carro.
Dulce não sabia o que dizer, as piadas e brincadeiras não eram pertinentes para o momento e ela sentiu a dor de Anahí como se fosse sua. Sentiu-se impotente por não saber o que dizer, então percebeu que somos pequenos diante de determinados fatos.
- Eu não sei o que dizer...
- Não diga nada. - Anahí pediu.
- Isso explica muita coisa.
- Isso explica o óbvio. - desdenhou. - Como se vive quando parte de você morreu? - Dulce engoliu em seco. - Não perca seu tempo com um discurso sobre o tempo, o tempo tem passado, os ponteiros têm seguido seu curso, mas a dor está lá... Pulsante, ardente... A ferida sangra todo dia mesmo eu tentando conter todo esse vermelho escarlate de dor. - puxou o ar com força, seus pulmões ardiam.
- Sei que inúmeras pessoas devem ter dito algo semelhante, vai ser bobo, sem sentido e repetitivo, mas se você tivesse morta e sua mulher não, você estaria feliz em a ver sucumbir na dor? - e lá estava Dulce provocando sensações nunca antes sentida, aquele gosto amargo das palavras, não dizem que os melhores remédios amargam na boca? Anahí ficou muda, cogitando a resposta e analisando a hipótese. Ela nunca tinha olhado por aquele viés bem a resposta era simples, nunca se perdoaria onde quer que estivesse se Alicia estivesse sucumbindo. Ele sempre quis a felicidade da outra, mas por que era tão difícil deixar o medo de lado?
- Eu costumava ser feliz. - disse após longos minutos de silêncio. - Hoje parece ser tão assustador, sabe, eu tenho medo dá felicidade, ou melhor, eu fujo dela...
- Como o diabo foge dá cruz. - Dulce tentou amenizar o clima, Anahí soltou um pequeno riso, quase imperceptível, mas que fez o coração da mais saltar do peito.
- Já faz um tempo que fiquei sem palavras.
- Eu tenho esse dom. - disse de forma galante e quis se matar logo em seguida, as piadas não paravam de sair e estava começando a se achar estúpida. - Desculpe. - pediu sem jeito, Anahí negou com a cabeça. - Sempre me achei covarde para o amor.
- Eu sempre fui destemida... Mas depois construí barreiras em meu coração.
- Eu sempre fui covarde. – confidenciou. – Mas de uma coisa tenho certeza, não há amor que não doa. Será se não é hora de deixar suas paredes caírem?
- O que sugere? – perguntou baixinho, sabendo que estava para se arrepender de ter perguntado.
- Não tem uma fórmula para isso, talvez você deva dar um último passo para traz, respirar fundo, e depois começar a seguir em frente... Você tem memorias incríveis que sempre estarão contigo, mas agora, metaforicamente falando, você deve largar tudo, sabe, sua dor, seus medos, a saudade, as lembranças...
- Apenas me dê uma boa razão.
- Eu estarei aqui. – engoliu em seco, tentando conter as palavras que cismavam em querer sair sem sua permissão. – Não tenha medo de viver novamente. – baixou a cabeça, seu peito doía. – Deixe-se permitir que outros amores floresçam nesse jardim descuidado.
- Por que eu estou com medo da felicidade? – questionou. Em um mísero secundo de coragem, Dulce selou rapidamente os lábios, não durou mais que dez segundos e nem a mais nova soube explicar de que profundidade surgiu esse desejo pungente, mas não se arrependeu. Mesmos que levasse um fora ou fosse metralhada por uma enxurrada de xingamentos, ainda assim, o sacolejar do seu peito fazia valer a pena.
- Você pediu uma boa razão... – sussurrou, afastando-se lentamente. – Eu não a tenho. – Anahí sentia um calor a invadindo. – E talvez nunca a terei, mas um dia por vez, deixe suas paredes caírem e talvez encontrará em si mesma uma boa razão para não ter medo da felicidade!
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Então, o que acharam desse capítulo???
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
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siempreportinon Postado em 08/01/2018 - 22:55:11
Estou amando suas histórias, cada dia leio uma. Sei que não comento muito mas estou sempre acompanhando suas publicações!
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natty_bell Postado em 03/01/2018 - 17:42:09
SCRRR EU TO APAIXONADA POR UMA ESTORIA AAAAAAA <3 tem muitas histórias ainda?? To amando serem varias em uma
Emily Fernandes Postado em 03/01/2018 - 19:10:48
Sim, as histórias são muito boas. Ainda tem algumas ou várias pra colocar em prática. Então que viva as histórias aleatórias da fic. Que história vc mais gostou?
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Nix Postado em 08/12/2017 - 19:51:32
Owt que capítulo incrível, amei a surpresa pra Any, o amor que elas fizeram não foi apenas de saudade mas sim de um amor que supera barreiras
Emily Fernandes Postado em 12/12/2017 - 18:03:21
Concordo com tudo que vc disse. O amor delas é lindo mesmo. Vamos ver sexta a onde mais uma vez a arte vai ser pintada.
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Nix Postado em 05/12/2017 - 17:10:33
Acredito que vou chorar horrores nessa história.
Emily Fernandes Postado em 08/12/2017 - 15:46:17
Espero que a história realmente agrade. Pq ela é linda e encanta.
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Nix Postado em 01/12/2017 - 19:28:21
Momento fofo amei, não há palavras para descrever esse capítulo
Emily Fernandes Postado em 05/12/2017 - 15:44:40
Não nunca há palavras pra descrever coisas simples E belas. Aproveite outra história.
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Nix Postado em 28/11/2017 - 09:14:53
Isso ai Anahi não desiste da Dulce Concordo com a Angel o destino delas estão traçados.
Emily Fernandes Postado em 01/12/2017 - 08:49:26
Sim, Anahí não desisti tão fácil. Porém acho que o destino ainda vai aprontar muito com as duas. Isso será inevitável.
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candy1896 Postado em 27/11/2017 - 11:32:28
Continuaa
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:52:35
Continuei kkk bjs
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Evelyn Postado em 25/11/2017 - 16:16:12
Olá maninha eu estou perplexa com suas histórias. Mas vamos ler não é. Bjs amor meu, eu sou a única com tal liberdade pra isso não é. Ahahahahahah
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:51:46
Olá quem seria vc mesmo. O assim. Não diga que minhas histórias não estão te agradando. Perplexa fica eu com sua ousadia. Mas te amo da mesma forma. Bjs evy. Ps sim vc é a única que pode me chamar do que quiser.
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siempreportinon Postado em 25/11/2017 - 11:05:01
Marquei presença aqui, amo suas histórias já pode continuar!!!
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:46:28
Vc sempre marca. Seu pontinho mesmo. Irei continuar.
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Lern Jauregui Postado em 25/11/2017 - 09:37:17
O primeiro encontro delas já vou uma arte rsrs .....A Annie uma fotógrafa de olhos azuis e sexy e a Dul uma garota linda e intrigante... E acho que a Annie meio que já se interessou,só acho rs. Mal posso esperar pros próximos capítulos.... Já pode continuar.. Bjs Emm.
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:45:05
Obrigada lern, acho que a arte está em tudo O que fazemos seja boas ou ruins, o importante É saber apreciar. Não é bjs pra vc tbm.