Fanfics Brasil - Capítulo 19 A arte da vida ( adaptada) ayd

Fanfic: A arte da vida ( adaptada) ayd | Tema: Portinon (ayd)


Capítulo: Capítulo 19

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O vento sussurrava levemente, soprando música para ouvidos apurados. Era mais uma tarde de sábado qualquer, talvez uma tarde de verão em que o sol aquece deliciosamente a Terra, ou talvez fosse uma tarde de outono em que o cheiro das flores invadia o peito sem autorização. Não era dia e nem noite, o crepúsculo anunciava docemente a linha de transição, esta que traz inquietação, que excita os loucos e apaixonados, o algoz e salvador dos escritores.



Dulce estava na sacada do seu apartamento segurando uma caneca quente de achocolatado, a sua frente, a frenética cidade se preparava para receber a noite, a Lua brilhava de um lado enquanto o Sol, retirava-se de campo descendo lentamente em um céu sem nuvens. A morena suspirou profundamente, o ar enchendo seus pulmões e o aroma doce aquecendo seu peito, enquanto sua pele nua se arrepiava por causa do vento um pouco mais frio, que anunciava a chegada da noite. O crepúsculo trouxe a sua memória momentos que ela julgava ter esquecido, talvez a culpa das lembranças repentinas fosse do céu alaranjado e a presença do sol e da lua, que desenterram lembranças intensas.


- O sol, após um dia carregado, busca descansar, desaparecendo sobre a linha invisível do horizonte. – Dulce ouvia atentamente a outra contar. - Ele, astro-rei, exausto de mais um dia, cede lugar à noite, onde a Lua, rainha da noite, e seu grande amor, o substituirá. Os dois são amantes, mas não podem ficar juntos, não por muito tempo, então sempre antes de dormir, com os olhinhos pesando, o Sol contempla sua amada chegar para reinar sobre a noite. – Dulce beijou rapidamente a bochecha da outra e ganhou um leve tapa em sua mão. – Preste atenção! – a outra ralhou, voltando a contar. - O céu enche-se de um laranja avermelhado, como se ali tivesse sido palco de uma batalha sangrenta, mas a única batalha que existe é a do Sol que não quer partir, mas ferido, resignado,cansado, retira-se para voltar num outro dia, recuperado para tentar ficar junto ao seu amor.


- Por que eles não ficam juntos? – Dulce indagou curiosa, sem saber em que ponto aquela história iria chegar e o porquê de sua namorada contar.


- É uma história que aconteceu há milênios... – começou a explicar, tendo a total atenção da namorada voltada a si. – Isso foi antes da existência de qualquer planeta, antes mesmo do tempo existir, tudo era escuro e vazio... Não havia galáxias, apenas escuridão. O Sol, antes de conhecer a Lua, vagava pelas trevas, andava a esmo, de olhos fechados sem ter luz, mergulhado na sua própria escuridão e ausência de sentimentos. Certo dia, que não se sabe quando, não há uma delimitação humana para quando isso aconteceu. Ele tropeçou em uma princesa, ao abrir seus olhos sentiu algo vibrar e irradiar do seu peito, a jovem à sua frente tinha os olhos mais negros que já tinha visto na vida. A Lua, por sua vez, estava encantada com os olhos dourados do Sol. Ambos se apaixonaram intensamente, e ele a cortejou por anos, talvez séculos, quanto mais o Sol amava mais ele irradiava, brilhava... Tornava-se poderoso. O passar do tempo trouxe as galáxias, os planetas, e eles continuavam fortes e fieis em seu amor, inseparáveis. Deus durante suas criações colocou a Terra, esta que trouxe um brilho cândido e terno à Lua, bem como um brilho descomunal ao Sol, porém o brilho foi tão forte que era preciso fechar os olhos na sua presença. Deus, triste com a situação, e percebendo que a Lua estava ficando machucada por causa do brilho do Sol, resolveu separar os dois. O Sol quando soube chorou tristeza, lágrimas em uma coloração vermelho alaranjado, e uma parte da Lua se tornou escura sem a presença aconchegante de seu amado, sentia-se triste e deprimida. Ela passou a ter fases e mesmo tendo as estrelas como companhia não se sentia como antes. Ambos tentaram esquecer um ao outro, porém o amor que tinham era indizível. Destemido, atrevido e com o peito clamando pela Lua, o Sol, com uma saudade dolorida em seu peito, encontrou um jeito de burlar a separação imposta por Deus. Em certos dias, mesmo de longe, conseguia aparecia mais cedo, durante a aurora, apenas para admirar sua amada, a Lua também procurava sair mais cedo para admirar seu amante e mesmo que não pudessem ficar juntos por muito tempo, eles quebravam as regras e leis do céu em nome do seu amor.


- Deus percebendo e compreendendo todo o amor que eles tinham um pelo outro, chamou a Lua e decidiu organizar um encontro, quando a Rainha da noite ficou sabendo, seu peito transbordou felicidade, mas havia uma condição, os encontros ocorreriam depois de extensos anos. A Lua concordou, estava ansiosa para rever de perto seu amado, tocá-lo e beijá-lo. A euforia era tanta que não se importou com o curtíssimo tempo que teriam juntos, só em estar com ele faria tudo valer. Quando o universo soube do encontro, todos ficaram alvoroçados, e, percebendo isso, no dia do encontro, Deus apagou as luzes assim que os amantes se alinharam. O encontro dos dois ficou conhecido por eclipse, que significa desaparecimento, obscurecimento, ocultação total ou parcial... O tempo de um eclipse é muito curto em comparação ao tempo que ficam separados, mas apesar de toda a distância, e de não se verem fisicamente próximos um do outro, o amor deles e milenar... São mãos que não se tocam, mas se sentem!


- Que história triste. – Dulce sentiu um estranho incomodo na garganta, mas não soube o motivo. – Por que me contou, amor?


- Às vezes mesmo as pessoas se amando muito, elas não acabam ficando juntas. Planos superiores são desenhados e mudam as regras do jogo. – disse em um sussurro. Dulce arqueou a sobrancelha tentando entender. – O amor do Sol e da Lua é eterno, infindo e quando esse tipo de amor acontece, não importa o quanto demore, as almas conseguem se alinhar novamente. – a morena engoliu em seco. As palavras de sua namorada pareciam uma despedida, seu peito acelerava em medo.


- O que você está querendo dizer com isso, Anahí? – perguntou em um fio de voz. A outra suspirou pesadamente sem saber como pronunciar as palavras seguintes. – O meu pai recebeu uma ótima proposta de emprego.


- Isso é maravilhoso. – Dulce disse mais aliviada sem perceber que era ali, naquela frase dita quase sem força, estava o problema. – Há um tempo você disse que ele não estava se sentindo satisfeito em seu atual trabalho. – Anahí acenou em concordância. – Por que está triste, meu anjo? – perguntou, sentiu uma súbita angústia como se apertassem seu coração sem piedade.


- Meu pai aceitou o emprego... – a voz de Anahí saiu entrecortada. A cada demorava de Dulce para responder, Anahí sentia seu peito ser esmagado. – O emprego não fica aqui.


- Fica em qual cidade? – Dulce perguntou, sentindo-se asfixiada. – Vamos conseguir dar um jeito...


- O emprego fica no México e estamos nos mudando para lá no mês que vem. – Anahí cuspiu tudo de uma ver, Dulce sentiu uma súbita vontade de vomitar, era como se alguém tivesse socado seu estômago.


Braços finos rodearam o corpo da morena, tirando-a de suas dolorosas lembranças. Um cheiro cítrico muito conhecido invadiu o ambiente, ela bebeu um gole de chocolate quente e ofereceu a mulher magra que estava atrás de si, acariciando sua cintura. Ainda contemplando o sol descer para seu sono, sentiu-se nostálgicas pelas lembranças que invadiram sua mente, agitando seu peito. Anahí não lembrava a última vez que se sentiu tão angustiada como estava naquele sábado qualquer, ela simplesmente não entendia como a súbita lembrança de um amor adolescente pudesse ainda a ferir, porém o alaranjado-avermelhado do céu trouxe a imagem do choro do sol em seu cérebro e foi o suficiente para agitar suas camadas mais profundas, camadas que ela julgou não ter. A natureza em seu mais belo espetáculo trouxe a dor da ruptura e Dulce reviveu cada lágrima que derramou, as palavras engolidas e a juras de amor não cumprida.


- Você está tão distante. – encolheu ao ouvir um sussurro em seu ouvido, bebeu mais um gole de achocolatado sem saber se queria adoçar a língua, que agora amargava com as lembranças ou se queria aquecer o peito que esfriava com uma cicatriz latejante.


- Apenas estou com um pouco de dor de cabeça. – disse baixo, olhando para os dedos de sua mão.


- Aqui está frio, vamos voltar para o quarto, eu te faço uma massagem e cubro seu corpo de beijos. – mordeu o lóbulo da orelha da outra. – Aposto que consigo tirar sua dor de cabeça com alguns chupões aqui e outros ali... – desafiou prepotente, iniciando uma sequência de beijos pelo pescoço da morena.


 


- Eu não estou afim, Keana. – desvencilhou-se e depositou a caneca sobre uma mesa que lá tinha.


- Dulce Savinõn negando sexo. – a outra comentou alarmada, com uma pitada de ironia.


- Eu não nego sexo, mas não estou no clima. – respondeu rude.


- Eu estava só brincando... – a outra garota se afastou. – O que te deu? Estávamos gozando loucamente e agora você está com essa cara de que não é fo/de há séculos.


- Lembranças indesejadas. – resmungou, Dulce entrou para seu quarto, Keana seguiu em seu encalço.


- Que lembranças? – indagou curiosa.


- Coisas bobas de adolescente.


- Mas se foram coisas bobas, por que ficou tão carrancuda?


- Você não entende... - Dulce começou a recolher suas roupas, vestiu a calcinha e a calça e começou a vasculhar o chão em busca do seu sutiã. - Sabe aquela maldita história de que o primeiro amor a gente nunca esquece. - sua voz saiu baixa, pois ela estava debaixo da cama pegando a peça que tanto procurava. – Às vezes o destino escolhe as pessoas erradas para viver esse tal... – levantou-se e vestiu a peça. – Primeiro amor. – rolou os olhos. Keana estava perplexa por dois motivos, primeiro Dulce estava falando sobre algo íntimo, coisa que ela nunca fazia, sempre foi muito reservada sobre sua vida, e segundo, pelo o que estava entendendo Dulce tinha se apaixonado uma vez o que era inacreditável ou talvez essa paixão fosse à peça que faltava para explicar o porquê de Dulce María Savinõn ser misteriosa, cética, inalcançável e impenetrável. – Bom eu estava lembrando do dia que levei o pé na bu/nda mais ridículo que alguém pode levar. – a morena cuspiu, assim que terminou de colocar seu moletom vermelho. Dulce sabia que sua última frase tinha sido uma completa mentira, mas não conseguia, mesmo depois de anos, verbalizar tudo o que aconteceu com ela e com Anahí e como seu coração foi despedaçado por circunstâncias criadas pelo destino e por pessoas que não queriam as duas juntas.


- Dulce Savinõn amou alguém? – perguntou cética. – Por que está se vestindo? – perguntou quando percebeu que a morena estava sentada na cama calçando as meias.


- Primeiro. – olhou séria para a mulher nua a sua frente. – Amar é uma palavra forte, foi algo mais bobo, uma paixonite adolescente. – disse entre dentes, a morena sentiu seu peito gritar que aquela frase era uma completa mentira, mas o tempo colocou as coisas em seu devido lugar. – Segundo... – pegou seu All Start branco, surrado pelos anos de uso, e começou a se calçar. – Estou saindo para dar uma volta.


- Você vai me deixar sozinha?


- Você já sabe onde colocar a chave quando for embora. – foi à única coisa que disse, seus olhos estavam em busca de sua carteira.


- Não tem trinta minutos que transamos e você está indo? E da sua própria casa. – retrucou exasperada.


- Eu te chamei para sexo, não para começarmos um romance. – pegou o celular, a carteira e suas chaves. – Não sei o porquê dessa cara. – aproximou-se da outra e sorriu um sorriso presunçoso. – Você sabe que nosso relacionamento está estritamente ligado a sexo... – selou os lábios. – Nos vemos depois. – disse sem esperar pela resposta da outra. – Não esqueça de fechar a porta da sacada. – gritou quando já estava na saindo do seu apartamento, Keana negou com a cabeça e deixou seu corpo cair na cama. Dulce não mudaria nunca, sempre sacana, prepotente, confiante, malditamente sedutora e fria.


{...}


Dulce precisava pensar. O sol já adormecido dava espaço para a lua brilhar em um céu estrelado, a morena pegou sua Harley-Davidson Iron 883 e saiu sem rumo, cortando as ruas da cidade deixando o vento frio embalar seus pensamentos. Exatos cincos anos, calculou entre um sinal vermelho e outro, e aquela lembrança a pegou desprevenida, sequer cogitava ter feridas em aberto, mas sentiu uma pequena pontada em sua cicatriz. As lembranças voltando como uma torneira quebrada, que jorra água sem controle. A morena de olhos castanhos se viu obrigada a parar, ficou tentada a ir a um bar, mas como estava pilotando escolheu se refugiar em um parque que se encontrava nas proximidades de onde estava.


 


- Oi amor. – Dulce atendeu no primeiro toque do seu celular. – Como foi a viagem?- perguntou eufórica e ao mesmo tempo já saudosa da sua namorada.


- Eu só queria seu colo. – Anahí choramingou, Dulce sentiu seu peito doer por não poder tocar, acariciar, sentir fisicamente sua namorada.


- Nós vamos conseguir passar por isso juntas... – tentou convencer mais a si do que a namorada.


- Não tem nem vinte quatro horas que estou aqui e já sinto falta do que suas mãos podem me fazer sentir... – confessou em um sussurro rouco, mesmo sem ver, Dulce sabia que Anahí mordia o lábio inferior. – Eu te amo tanto e isso vai ser tão frio e solitário sem você me aquecendo com seus toques.


- Bebê você consegue ser tão fofa e sexy ao mesmo tempo que fico assustada... – Anahí gargalhou do outro lado da linha. - Eu também te amo imensamente. Como está seu pai?


- Ele está extasiado e ao mesmo tempo distante, não sei explicar... – suspirou profundamente, Anahí se jogou na cama, estava cansada de ficar sentada no chão do lugar que seria seu futuro quarto. – Aqui não é meu lar. – resmungou. – Meu lar é entre seus braços, no aconchego do seu corpo... – resmungou, frustrada por tudo, por estar em outro país, por estar longe da namorada, das amigas. Para Anahí a vida parecia uma grande piada ou uma jogada errada do destino.


Dulce piscou os olhos tentando voltar a realidade, nos sábios um sorriso frustrado por saber que mesmo após longos anos, a voz de Anahí, quando ela estava emburrada, conseguia fazer cócegas em seu coração. Ver sua namorada ir embora foi além de doloroso, foi dilacerante, mas guardava cada segundo compartilhado com Anahí como um lindo tesouro de uma vida passada, a vida de uma Dulce que não existia.


Anahí e Dulce se conheceram no Ensino Médio, quando passaram a pagar matemática avançada juntas. Um trabalho em dupla foi o suficiente para o começo de uma amizade mesmo tento personalidades opostas. Elas descobriram pensarem de forma semelhante acerca de política, música, filmes, livros e sem perceber já estavam tomando sorvete, assistindo filmes, jogando boliche. O tempo foi passando, o carinhoe a vontade de estar juntase próximas só aumentando até que Anahí resolveu dar um próximo passo e convidou a outra para um encontro oficial. Dulce sentiu-se surpresa com a atitude e coragem, porém, em seu íntimo, o coração vibrou ao saber que Anahí se sentia da mesma forma que ela. Um encontro seguiu o outro e outro até que no quarto, o primeiro beijo aconteceu, e antes, apenas amigas, tornaram-se depois, amigas e namoradas.


No último ano do Ensino Médio, o pai de Anahí conseguiu um emprego em outro país, ele trabalhava como cozinheiro em um restaurante médio, mas Fernando era um excelente cozinheiro e por causa de seu talento, bom humor, e de conseguir fazer amizades facilmente, assim que demonstrou estar insatisfeito com o trabalho que tinha conseguiu uma proposta irrecusável de ser o chefe de um dos restaurantes mais conhecidos e bem frequentados na Cidade do México, ele não pensou duas vezes e em menos de dois meses estava voando para outro país com a esposa e filha.


As duas como um quebra-cabeça montado foram postas em uma situação em que era brutalmente desencaixada uma da outra, Dulce e Anahí sofreram de forma imensurável em que ambas passavam a noite chorando saudade e alimentando-se de esperança que um dia ficariam juntas, porém, mesmo o amor dela sendo quase palpável de tão consistente que eram, seguir em frente foi a melhor solução quando a distância e as barreiras imposta pelo pai de Anahí desgastavam o relacionamento, mas não foi um processo fácil e muito menos uma decisão satisfatória, para nenhuma das duas. Dulce se viu destruída quando, por chamada de Skype, tudo acabou.


- Esse é nosso fim? – a morena chorava compulsivamente, seus olhos inchados indicando que há tempos as lágrimas vazavam direto do seu peito.


 


- Talvez, nessa vida não tenhamos sido feitas para ficarmos juntas. – Anahí respondeu, sua cabeça parecia que explodiria a qualquer momento, seu peito doendo, algo era arrancado dele, e Anahí sabia que era a parte que pertencia a sua namorada. – Tudo o que mais quero é acalentar seu corpo e velar seu sono, mas moramos em países diferentes e meu pai disse que você está atrasando minha vida mesmo eu gritando, esgoelando que não... – bufou. – Eu estou cheia de brigar com ele, de brigar com você, estou cheia de coisas para estudar... Eu odeio esse país e as pessoas mesquinhas e ricas que estudam comigo, eu odeio a distância, eu odeio a falta de dinheiro, eu odeio não poder te tocar, não poder sentir minha mão deslizando por sua pele... Tudo que sinto vontade é de fugir...


- Então vamos fugir! – Dulce sugeriu com um fio de voz.


- Com que dinheiro? – afundou o rosto nas mãos. – Eu não aguento viver como o Sol?


- Por que você é o Sol?


- Porque eu brilho mais... – mandou beijos para a tela do computador, um pequeno sorriso junto com um negar de cabeça apareceu vindos de Dulce. – Sem contar que você é a Lua em referência à noite, às trevas, ao escuro... – as duas ficaram se encarando, o silêncio gritando palavras, os olhos tocando-se em uma despedida.


- Eu não quero impedir que você viva sua vida e tenha outras experiências... – Dulce baixou a cabeça, sua voz saindo entrecortada, Anahí sentiu o peito ser esmagado.


- Você é minha vida, você e o seu amor são minhas experiências, meu currículo já está cheio, a única coisa que preciso é de sua presença física.


- Eu posso ir te visitar, eu passei o verão todo trabalhando meio período. – lembrou mais uma vez da possibilidade.


- Meu pai não te quer aqui em casa... E você já sabe, há meses que falo sobre...


- Eu procuro não lembrar, mas já está tão perto... – as lágrimas voltaram a cair em um fluxo mais forte, Anahí se inclinou na cama e beijou várias vezes a tela do computador. – Eu não te acredito que depois de ter mudado para seu outro país, seu pai ainda te matricula em um internato.


- Eu só queria minha vida e você de volta, mas já se passaram oito meses e tudo o que acontece é cada se torna mais inalcançável...


- Eu sempre estou aqui. – Dulce começou a mexer no cabelo tentando controlar a ansiedade.


- O problema é que meu pai tem feito de tudo para que EU não esteja aqui... – Anahí perdeu as palavras quando Dulce sugou o lábio inferior para dentro da boca, uma mania muito estranha que tinha, mas que era fascinante para Anahí.


{...}


- Você está terrível. – Maitê, sua amiga e colega de trabalho, comentou assim que Dulce adentrou o escritório com enormes olheiras, a morena passou a madrugada acordada, bebendo o uísque e revivendo um passado doloroso. – Bom dia para você, senhorita mal humor. – resmungou ao ver a amiga sentar em sua mesa sem responder. Dulce permaneceu calada, não estava com vontade de conversar com ninguém.
Maitê mesmo não gostando quando a outra se fechava em seu próprio mundo, respeitava seu momento, ou tentava.


- Chegou esse livro para ser analisado... – Dulce trabalhava como revisora em uma editora conceituada, a morena era formada em Letras e tinha especialização na área em que trabalhava. – E ele veio com ordens específica do chefe para que você analisasse. – Dulce rolou os olhos achando ser uma piada da amiga na tentativa de fazê-la falar. – É sério... – Maitê se levantou de sua mesa e jogou o pacote assinado por seu chefe, tendo como mensagem, "O autor pediu exclusivamente que você o revisasse".


Dulce estranhou o fato, mas nada disse, Maitê bufou por não ouvir uma palavra da amiga, desde que recebeu o pacote estava curiosa para saber o porquê da preferência pela mulher de olhos verdes, enquanto isso a morena apenas se levantou de sua mesa, serviu-se de café bem amargo, seu predileto, e voltou para se concentrar na leitura.
- Pu/ta que pariu... – sussurrou, os olhos arregalados ao ver o título do livro, seria uma pegadinha do destino ou sua mente pregando alguma peça, ela pensou.
"Eclipse: o reencontro do Sol e Lua, por Anahí Puente Portilla"


{...}


Anahí não conseguia respirar, sentia-se prestes a explodir de medo. E se ela não viesse? E se Lauren tivesse seguido sua vida? E se a tivesse esquecido de vez? A síndrome do "e se..." atacava seu sistema nervoso, deixando sua respiração descompassada. Anahí Portilla não era escritora e nem tinha tal talento, sempre achou Anahí melhor nessa área, sua paixão, além de contar os contos que ouvia de sua avó, era os animais, por isso tinha torna-se veterinária. Apesar do pai ter uma condição financeira relativamente boa, ela, depois que mudou para o México, teve que aprender a ter o pouco, segundo seu pai só assim ela aprenderia a valorizar o dinheiro, e também Fernando mantinha sua filha debaixo dos seus olhos. Anahí compreendeu depois, muito tempo depois, quando já estava sem Dulce, que seu pai nunca aprovou o relacionamento das duas como dizia aprovar, ele apenas tolerava por julgar ser rebeldia da idade, mas depois de se mudarem para o México e perceber que a filha ainda mantinha o relacionamento, tratou logo de podar a vida da filha, dinheiro regrado, cursos e mais cursos para fazer, aula de música e leitura obrigatória de livros e como última cartada, colégio interno.


Mas Anahí não queria pensar no passado, seu foco estava no seu grande e único amor. Ela tentou esquecer Dulce e usou outras garotas do colégio, saiu com um ou dois caras, talvez três, mas seu coração já estava marcado e ela jurou a si mesmo que se livraria das garras do pai, tornar-se-ia independente com uma condição financeira razoável e voltaria atrás do que era seu, e depois de seis anos, que pareciam séculos, lutaria se fosse preciso, por Dulce. Depois de formada, cortou relações com o pai, que já não era das melhores, e foi tentar a vida sozinha, quando já tinha dinheiro, mudou-se para os Estados Unidos e abriu uma pequena clínica para animais perto do bairro residencial em que morava. Encontrar Dulce não foi difícil, para sua surpresa, a morena trabalhava na editora de Ariana Grande, uma mulher muito amável que se tornou uma grande amiga assim que se mudou e também cliente do seu Pet Shop, então a ideia surgiu e um livro com um título singular foi parar direto para Dulce ler, dentro dele o endereço para um encontro, endereço no qual Anahí já se encontrava com muita antecedência.


Minutos depois do horário marcado leves batidas na porta do quarto foram ouvidas. Dentro do quarto pulou de susto, já estava cogitando que Dulce não apareceria, do outro lado, a morena de olhos castanhos estava em uma confusão de pensamentos, não sabia ao certo se deveria mesmo estar ali.


Ambas planejaram como se portarem ao se verem, mas olhar uma para outra era como ver parte de um passado que parecia não existir mais, mas ao mesmo tempo era como mergulhar no passado e reviver aqueles anos dourados que foi quando namoravam. As duas ficaram se encarando por certo tempo, o azul no castanho, os olhos mais uma vez conversando, mas dessa vez era uma batalha silenciosa de porquês.


- Oi. – Anahí decidiu iniciar o diálogo.


- Oi, Anahí. – Dulce respondeu sem saber ao certo o que dizer, sua mente estava uma confusão e seu peito doía, pois parecia que seu coração pularia a qualquer momento para alinhar-se com o da outra. Anahí mordeu o lábio inferior em nervosismo e Dulce quis morrer com tal gente, e percebeu que ainda ficava mexida com a presença da outra.


- Entre. – convidou, afastando-se da porta.
- Desde quando está no país? –perguntou, quando já estava dentro do quarto, não contendo sua curiosidade.
- Alguns meses...


- Por que agora? – a morena questionou, Anahí compreendeu o teor da pergunta.


- Eu precisava me estabilizar primeiro... Eu realmente não sei... Eu precisava me preparar para isso. - disse baixo. - Eu perdi a conta de quantas vezes planejei esse encontro...


- Você continuou pensando em mim?


- Você seguiu em frente? - respondeu com outra pergunta.


- Tecnicamente... - respondeu sem saber o que dizer. Dulce achava que aquilo não passava de um sonho, em um entardecer as lembranças de Anahí se fizeram presentes e agora estavam frente a frente. - Eu tentei. - começou a explicar. - Mas você sempre foi insubstituível e quando eu percebi que ninguém seria como você, decidi seguir em frente e me resignar a não ter mais relacionamentos sérios... De repente, amar já não fazia parte do meu vocabulário. Então eu me fechei para o amor e sentimentos semelhantes porque me recusei a amar outra mulher. - Anahí engoliu em seco ao ouvir aquilo e seu peito sorriu em resposta.


- Eu também tentei, mas percebi que não queria seguir em frente então me dediquei ao máximo para poder voltar... – confessou. - Eu me desliguei da minha família e fui batalhar... Sou veterinária...


- Você conseguiu? - Anahí acenou em concordância e Dulce lembrou-se da paixão que Anahí tinha ao falar sobre ser veterinária, seu peito encheu de alegria ao saber que ela era formada no que amava.


O silêncio se vez presente, mas não era incomodo. Os olhares se buscavam, as almas se conectam depois de tanto tempo, mas passou tanto tempo assim? Aquela pequena dor existente latejava de forma gostosa e todo o tempo não pareceu tão longo agora que se olhavam, tocavam-se visualmente.
Elas viam o universo, uma mergulhando na galáxia da outra. O infinito verde sendo engolido pelo buraco negro castanho, o castanho colidindo com o azul, o tempo se desintegrando. E todo o minúsculo tempo passado foi percebido como séculos.


Uma conexão corporal se fez presente quando as almas exigiram a presença uma da outra. De repente se beijavam lentamente, ao toque das línguas as duas sentiram uma explosão inexplicável no peito. Não havia necessidade de palavras, apenas mãos e toques, a necessidade latente de sentir a presença física.


Anahí desceu os beijos pelo pescoço de Dulce, que gemeu em resposta. Os dedos de Anahí pressionavam as costas dá outra, dedilhando e reencontrando cada pedacinho que muito conhecia. Entre beijos e mordidas caminharam pelo quarto de hotel até encontrarem a cama. Lentamente as roupas foram parar ao chão enquanto elas se rendiam uma à outra. Elas quebraram a lei do tempo, não transcorriam os segundos, os minutos ou as horas, o que existia era o alinhamento entre Anahí e Dulce, um preencher e transbordar de almas.


O Sol e a Lua se encontravam e se alinhavam em um eclipse de amor.


 


*********


 


É isso aí meninas espero que vcs tenham gostado dessa montanha russa da vida. Pq nessa montanha russa todos podemos andar.


Basta apenas vc deixar ser envolvido nessa arte da vida que está em volta de cada um de nós.


Um beijo enorme no coração de cada um de vcs . E logo nos veremos em mais uma história.


                              FIM. 


 


 


 


 


 



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  • siempreportinon Postado em 08/01/2018 - 22:55:11

    Estou amando suas histórias, cada dia leio uma. Sei que não comento muito mas estou sempre acompanhando suas publicações!

  • natty_bell Postado em 03/01/2018 - 17:42:09

    SCRRR EU TO APAIXONADA POR UMA ESTORIA AAAAAAA <3 tem muitas histórias ainda?? To amando serem varias em uma

    • Emily Fernandes Postado em 03/01/2018 - 19:10:48

      Sim, as histórias são muito boas. Ainda tem algumas ou várias pra colocar em prática. Então que viva as histórias aleatórias da fic. Que história vc mais gostou?

  • Nix Postado em 08/12/2017 - 19:51:32

    Owt que capítulo incrível, amei a surpresa pra Any, o amor que elas fizeram não foi apenas de saudade mas sim de um amor que supera barreiras

    • Emily Fernandes Postado em 12/12/2017 - 18:03:21

      Concordo com tudo que vc disse. O amor delas é lindo mesmo. Vamos ver sexta a onde mais uma vez a arte vai ser pintada.

  • Nix Postado em 05/12/2017 - 17:10:33

    Acredito que vou chorar horrores nessa história.

    • Emily Fernandes Postado em 08/12/2017 - 15:46:17

      Espero que a história realmente agrade. Pq ela é linda e encanta.

  • Nix Postado em 01/12/2017 - 19:28:21

    Momento fofo amei, não há palavras para descrever esse capítulo

    • Emily Fernandes Postado em 05/12/2017 - 15:44:40

      Não nunca há palavras pra descrever coisas simples E belas. Aproveite outra história.

  • Nix Postado em 28/11/2017 - 09:14:53

    Isso ai Anahi não desiste da Dulce Concordo com a Angel o destino delas estão traçados.

    • Emily Fernandes Postado em 01/12/2017 - 08:49:26

      Sim, Anahí não desisti tão fácil. Porém acho que o destino ainda vai aprontar muito com as duas. Isso será inevitável.

  • candy1896 Postado em 27/11/2017 - 11:32:28

    Continuaa

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:52:35

      Continuei kkk bjs

  • Evelyn Postado em 25/11/2017 - 16:16:12

    Olá maninha eu estou perplexa com suas histórias. Mas vamos ler não é. Bjs amor meu, eu sou a única com tal liberdade pra isso não é. Ahahahahahah

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:51:46

      Olá quem seria vc mesmo. O assim. Não diga que minhas histórias não estão te agradando. Perplexa fica eu com sua ousadia. Mas te amo da mesma forma. Bjs evy. Ps sim vc é a única que pode me chamar do que quiser.

  • siempreportinon Postado em 25/11/2017 - 11:05:01

    Marquei presença aqui, amo suas histórias já pode continuar!!!

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:46:28

      Vc sempre marca. Seu pontinho mesmo. Irei continuar.

  • Lern Jauregui Postado em 25/11/2017 - 09:37:17

    O primeiro encontro delas já vou uma arte rsrs .....A Annie uma fotógrafa de olhos azuis e sexy e a Dul uma garota linda e intrigante... E acho que a Annie meio que já se interessou,só acho rs. Mal posso esperar pros próximos capítulos.... Já pode continuar.. Bjs Emm.

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:45:05

      Obrigada lern, acho que a arte está em tudo O que fazemos seja boas ou ruins, o importante É saber apreciar. Não é bjs pra vc tbm.


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