Fanfic: A arte da vida ( adaptada) ayd | Tema: Portinon (ayd)
À beira do mar Caribe, a cidade fundada em 1533 era o cenário da fotógrafa consagrada Anahí Giovanna Portilla, quem estava em Cartagena de Índias iniciando suas férias. Belas praias, sol forte, ambiente turístico e movimentado. Associada a história pirata, o destino foi escolhido porque foi o principal porto durante a colonização espanhola, era o lugar preferido para os ataques e cheio de lendas.
Além dos monumentos da era colonial, Cartagena tinha sabor. Saborsito colombiano, e era todo o oposto do caos de Nova York, onde residia. Entre modelos e ruas movimentadas, a vida de Anahí não tinha cor. Por isso sua especialidade era a arte em preto e branco. Com a perda de seus pais logo cedo, ela se manteve fechada e sem muita perspectiva de aventuras. Era muito apegada a eles, que tiveram suas vidas arrebatada por um acidente aéreo onde passageiros e o piloto do jet privado faleceram.
A dor de Anahí era daquele tipo que a gente se acostuma a ter, mas nunca supera. A mais velha das três irmãs, não costumava se preocupar consigo, e por isso sua irmã mais nova vivia em seu pé.
Ao aterrissar, ela alugou um Jeep cinza no próprio aeroporto e jogou sua mala no banco de trás.
- Eu já disse, Angel, não sei quando vou embora. – comentava segurando o celular.
- Mas quantos dias de férias você tem?
- Qual o interesse?
- Eu quero te apresentar uma pessoa. Tem certeza que você não pode tirar uns dias para vir me visitar?
- Uma pessoa? – a jornalista gargalhou. – Da última vez que você me apresentou alguém, o resultado não foi muito bom que digamos.
- Porque você é uma estupida fechada. Se fosse mais receptiva com as pessoas, não seria impossível encontrar alguém.
Já dentro do carro, Anahí tirou sua jaqueta de couro, colocou seus óculos escuros e saiu pelas ruas de Cartagena, sentindo o vento no rosto e respirando o ar caribenho. Colocou o celular no alto-falante e prosseguiu:
- Ela era louca, Angelique. E eu já disse, não preciso de ninguém.
- Você acha que não precisa, mas essa sua vida monótona e escura precisa de cor! Alguém que te ensine a perder o controle, Anahí! Você já tem quase trinta anos!
- Angel, estou dirigindo e minhas férias acabaram de começar. Obrigada pelo conselho, mas estou bem assim. Agora tchau, mana. Te amo.
Sem tempo para que respondesse, ela desligou o aparelho e o jogou no banco ao seu lado. Dirigia devagar enquanto admirava a arquitetura antiga, os monumentos e as belas mulheres com pouca roupa.
Parou na orla onde tirou os sapatos e dobrou a calça. Saiu descalça, apenas com sua câmera e foi em direção à praia. Uma, duas, três fotos. Virava-se lentamente capturando todos os tipos de paisagens e pessoas. Turistas, nativos, pescadores... até que de longe viu uma garota com cabelos longos e escuros, soltos com o vento. Ela estava de short jeans e um biquíni, correndo descalça entre as crianças com a bola no pé. Anahí sorriu torto, aproximando-se o suficiente para que a foto ficasse perfeita. Abaixou-se e esperou por trás da lente. A garota correu desviando um, dois, três moleques, e gol. Levantou os braços e sorriu pulando. E aquele instante de alegria ficou registrado.
Voltou ao carro, olhou a foto uma última vez na máquina e dirigiu-se ao hotel.
Cartagena tinha sabor, foi o que Emma disse a Anahí quando recomendou o lugar. Mas o que Anahí não sabia era que além disso, também tinha a cor. A cor que a dor havia ofuscado com a morte de seus pais, mas que em breve... muito em breve, ela aprenderia a enxergar novamente.
***
Na época da colonização, os escravos africanos, por ordem dos senhores espanhóis, construíram o Castillo San Felipe de Barajas. Situado na colina de São Lázaro, fora levantado em 1657, mas sofreu vários ataques por parte dos franceses e ingleses. A 40 metros acima do nível do mar, é ideal para avistar as embarcações que se aproximam.
Cabelos soltos ao vento, escuros e pele levemente bronzeada. Bochechas vermelhas pelo sol e o olhar perdido. Do alto do castelo era possível enxergar os altos prédios de Bocagrande, zona exclusiva de desenvolvimento imobiliário, conhecido como a cidade amuralhada. Desenhada com padrão de primeiro mundo, urbanizações de acesso restrito e como não, habitada por famílias de classe alta. É um pedaço de Mami Beach no Caribe.
- Dul! – uma garotinha com aparência semelhante se aproximava correndo. – Dul. olha o que eu achei! – com as mãos estiradas, a pequena menina trazia consigo uma joaninha dentro de suas mãos. – Ela pousou em mim!
A mais velha desceu do muro, desfazendo seu semblante reflexivo e sorrindo:
- Sério, Cláudia? Ela gostou de você!
A menor assentiu veemente.
- Posso levar ela para casa?
- Mas o lugar dela não é em casa, meu bem. Ela mora aqui, entre as flores e árvores. O que acha de deixa-la em sua casa e vir visitar de vez em quando?
- Assim ela pode se encontrar com a família dela, não é?
- Exatamente!
- Já venho!
E novamente correu, na direção contrária, indo até o jardim.
Dulce tinha 19 anos dos quais a maioria deles viveu em outra cidade, mas conhecia Cartagena melhor do que muitos nativos. Amava a natureza, suas praias e a simplicidade de seu povo. Se importava com os pescadores, sujava os pés brincando com os filhos deles e conhecia cada pequeno lugar daquela cidade. Não havia um canto que a bela latina não soubesse sua história e seu segredo. Todos sabiam que Cláudia era sua irmã e que seus pais tinham uma pousada, mas o resto era um autêntico mistério. Ninguém conhecia sua família ao certo, mas também não estavam preocupados com isso, porque não existia na Vila alguém com um coração mais puro que o de Dulce. Conheciam a garota desde os 16 quando sua irmã tinha apenas 6 anos, e elas ficaram conhecidas pela ilha. Mas algo que todo mundo sabia e fazia questão de elogiar, era o desapego que Dulce tinha por coisas materiais. Sempre livre e solta, ela vivia despreocupada.
Andou pelas ruas saudando alguém que passava do outro lado, pegou sua bicicleta e saiu. O vento estava forte, do jeito que ela gostava.
Enquanto isso, do outro lado, como não... Anahí acordava em sua suíte em Bocagrande. Tomou café, pediu um mapa a atendente, e dessa vez optou por uma roupa mais leve. Jeans, All Star e uma camiseta solta. Os óculos escuros para proteger os olhos azulados do sol, sua câmera e uma bolsa.
Havia marcado alguns lugares que gostaria de conhecer e fotografar, na ideia de que não estaria mal ser turista por uma vez em sua vida.
Mas desde que chegara no hotel, não podia tirar da cabeça a imagem daquela garota comemorando um gol em plena praia. Tanto foi seu encantamento, que passou a foto para seu celular e a publicou em seu Instagram, com a legenda de Art. Aquela alegria era tão nítida, que pela foto qualquer um poderia sentir a mesma emoção que a jovem. Algo que... se era honesta, nunca havia experimentado.
E por olhar para onde não deve, não viu o que tinha que ver. Uma jovem em uma bicicleta amarela que atravessava a rua com o sinal ainda verde. Anahí acelerou, por sorte de leve, mas freou muito em cima quando a bicicleta e a garota já estavam no chão.
- Merda! – gritou freando bruscamente.
- Ai!
Anahí desceu do carro correndo, ouvindo as buzinas dos outros motoristas. Abaixou-se para ajudar a garota a se levantar, mas quando os olhares se encontraram, ela ficou embasbacada por alguns segundos fitando-a.
Era ela.
Dulce segurava a cabeça e tinha um pouco de sangue na palma da mão direita. Mas Anahí não fez nada. Ficou para olhando-a. A garota logo percebeu, franzindo o cenho:
- Acho que... não vi o carro.
Anahí piscou lentamente, voltando a si:
- Oh, merda. Me desculpe, eu estava olhando para... aí você... e então eu...
Dulce riu com a forma em que ela falava rápido e tentava se explicar:
- Não entendi absolutamente nada.
- Você consegue se levantar? Te ajudo? – tentou carrega-la, mas a latina segurou os ombros da fotografa sutilmente:
- Eu estou bem, foi só uma queda.
- Me desculpe, eu sou um desastre.
- Vamos logo! – um motorista mal humorado gritou. Anahí se levantou imediatamente.
- Houve um acidente, vire a direita e vá embora! – gritou de volta. Dulce tentou se levantar, mas sua bicicleta estava torta devido ao encontro com o carro.
- Droga... – sussurrou levantando-a. Olhou ao redor procurando algum lugar para se encostar.
- Sua bicicleta... Você está sangrando, deixa eu te levar ao médico! – Anahí pediu.
- Oh, não tem problema, eu estou bem. Só preciso de um táxi para me levar. Foi só um... – então Dulce olhou finalmente Anahí de cima a baixo e de repente ficou nervosa. – Arranhão. – completou.
- Sua mão está sangrando e eu destruí sua bicicleta, por favor, me deixe compensar.
- Está tudo bem, não se preocupe. – disse sem jeito e com pressa enquanto se aproximava do passeio.
Anahí ficou parada vendo como a jovem se afastava cada vez mais e os outros buzinavam sem parar. Como o destino poderia ser tão irônico?
- Anda logo se não eu vou passar por cima!
- Já vai!
Anahí gritou e entrou no carro de novo. Acelerou e alcançou Dulce, diminuindo a velocidade enquanto falava com a garota:
- Me deixe ao menos te levar em casa ou a algum lugar que queira.
Dulce sorriu negando, empurrando a bicicleta como podia, sem dar muita atenção à Anahí.
- Não precisa, estou bem. – foi seca. – Eu que deveria te pedir desculpas, o sinal estava verde.
- Mas olha sua bicicleta, eu estava distraída. Vamos, por favor! – Anahí insistiu.
Dulce parou, enfim. Anahí também freou.
- Você não vai me deixar em paz, não é? – a fotografa negou sorridente.
- É mais por culpa que por bondade, acredite... – a latina riu negando, mas aceitou e confirmou a decisão assentindo.
Anahí desceu rapidamente do carro e a ajudou a colocar a bicicleta na mala. Entraram novamente e ela voltou à pista.
Dulce se encostou no banco enquanto sentia o vento entrar pela janela, olhando distraída pela rua.
- Então... – Anahí pigarreou sem jeito. A latina apenas virou o rosto, encarando-a. – Posso saber seu nome?
- Dulce. – disse sem mais.
- Anahí. – ofereceu a mão direita. Dulce a observou por uns segundos e então aceitou, sentindo o tato suave e ao mesmo tempo o leve aperto. – Você é da ilha?
- Sep. – voltou sua atenção às ruas. Anahí nada disse. Continuaram em silêncio até que a fotografa insistiu:
- E para onde te levo? Médico? Uma oficina de bicicletas?
- Na rua mais a frente, vire a direita.
Anahí assim o fez, parando em frente a uma pousada.
Cláudia brincava na porta e saiu correndo para recepcionar a irmã.
- Dul! – gritou saltitante. Quando Dulce saiu e a abraçou, Anahí tirou a bicicleta do carro e a colocou na porta como pôde. – Você se machucou? – a menor perguntou preocupada.
- Não, cariño, foi apenas um arranhão. – a tranquilizou com um beijo na testa.
- Ela que te atropelou? – perguntou confusa. Anahí ficou sem jeito, passando a mão no cabelo:
- Foi sem querer...
Cláudia cruzou os braços:
- Você machucou minha irmã?
Dulce gargalhou abraçando a menor por trás.
- Calma aí, linda. Foi culpa minha.
- Eu estava distraída... – Anahí sussurrou para menina.
- Tudo bem... – aceitou ainda desconfiada. – Porque se não, eu ia acabar com você! – ameaçou apontando para a mais velha. Anahí arqueou as sobrancelhas, assentindo.
- Ela é brava... – Dulce riu se desfazendo da irmã, que logo entrou correndo.
- Ela é...
- Bom... – Anahí disse. – Você precisa de alguma coisa? – a latina negou.
- Obrigada pela carona.
- De nada, então... – disse ainda meio hipnotizada.
Ficaram paradas se olhando. O olhar de Dulce demonstrava mistério e curiosidade, enquanto Anahí não se preocupava em disfarçar seu encantamento. Não pela beleza, que também, mas havia algo mais. Uma pureza, aura ou seja lá o nome que isso tenha, mas ela tinha certeza que nunca conhecera alguém com essa característica.
- Então... – Dulce disse sem jeito.
- É, acho que é só... – Dulce assentiu levemente, confirmando. – Foi um prazer, Dulce. – Anahí estendeu a mão e a menor novamente olhou uns segundos antes de aceitar.
- Igualmente, Anahí.
A fotografa estava saindo, quase entrando no carro quando pegou um cartão em sua bolsa e voltou correndo.
- Dulce! – a morena que estava entrando na pousada, virou-se
- Sim?
Anahí se aproximou estendendo o cartão.
- Talvez você ache uma loucura, mas... é que eu acho que você seria perfeita para um trabalho que eu tenho em mente. Esse é o meu cartão... caso você tenha interesse.
Dulce então leu no cartão preto com letras prateadas:
Anahí Portilla.
Fotógrafa.
Autor(a):
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E um número de telefone. - Fotografa? – Anahí assentiu sem jeito. – Daquelas de revista? – Anahí riu sem jeito, coçando a nuca. - Eu tenho meu lado artístico independente, mas a gente precisa comer, né? – Dulce assentiu rindo. - Suponho... - Eu realmente tenho interesse em você... Digo! – se cor ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 22
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siempreportinon Postado em 08/01/2018 - 22:55:11
Estou amando suas histórias, cada dia leio uma. Sei que não comento muito mas estou sempre acompanhando suas publicações!
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natty_bell Postado em 03/01/2018 - 17:42:09
SCRRR EU TO APAIXONADA POR UMA ESTORIA AAAAAAA <3 tem muitas histórias ainda?? To amando serem varias em uma
Emily Fernandes Postado em 03/01/2018 - 19:10:48
Sim, as histórias são muito boas. Ainda tem algumas ou várias pra colocar em prática. Então que viva as histórias aleatórias da fic. Que história vc mais gostou?
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Nix Postado em 08/12/2017 - 19:51:32
Owt que capítulo incrível, amei a surpresa pra Any, o amor que elas fizeram não foi apenas de saudade mas sim de um amor que supera barreiras
Emily Fernandes Postado em 12/12/2017 - 18:03:21
Concordo com tudo que vc disse. O amor delas é lindo mesmo. Vamos ver sexta a onde mais uma vez a arte vai ser pintada.
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Nix Postado em 05/12/2017 - 17:10:33
Acredito que vou chorar horrores nessa história.
Emily Fernandes Postado em 08/12/2017 - 15:46:17
Espero que a história realmente agrade. Pq ela é linda e encanta.
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Nix Postado em 01/12/2017 - 19:28:21
Momento fofo amei, não há palavras para descrever esse capítulo
Emily Fernandes Postado em 05/12/2017 - 15:44:40
Não nunca há palavras pra descrever coisas simples E belas. Aproveite outra história.
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Nix Postado em 28/11/2017 - 09:14:53
Isso ai Anahi não desiste da Dulce Concordo com a Angel o destino delas estão traçados.
Emily Fernandes Postado em 01/12/2017 - 08:49:26
Sim, Anahí não desisti tão fácil. Porém acho que o destino ainda vai aprontar muito com as duas. Isso será inevitável.
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candy1896 Postado em 27/11/2017 - 11:32:28
Continuaa
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:52:35
Continuei kkk bjs
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Evelyn Postado em 25/11/2017 - 16:16:12
Olá maninha eu estou perplexa com suas histórias. Mas vamos ler não é. Bjs amor meu, eu sou a única com tal liberdade pra isso não é. Ahahahahahah
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:51:46
Olá quem seria vc mesmo. O assim. Não diga que minhas histórias não estão te agradando. Perplexa fica eu com sua ousadia. Mas te amo da mesma forma. Bjs evy. Ps sim vc é a única que pode me chamar do que quiser.
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siempreportinon Postado em 25/11/2017 - 11:05:01
Marquei presença aqui, amo suas histórias já pode continuar!!!
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:46:28
Vc sempre marca. Seu pontinho mesmo. Irei continuar.
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Lern Jauregui Postado em 25/11/2017 - 09:37:17
O primeiro encontro delas já vou uma arte rsrs .....A Annie uma fotógrafa de olhos azuis e sexy e a Dul uma garota linda e intrigante... E acho que a Annie meio que já se interessou,só acho rs. Mal posso esperar pros próximos capítulos.... Já pode continuar.. Bjs Emm.
Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:45:05
Obrigada lern, acho que a arte está em tudo O que fazemos seja boas ou ruins, o importante É saber apreciar. Não é bjs pra vc tbm.