Fanfics Brasil - Capítulo 9 A arte da vida ( adaptada) ayd

Fanfic: A arte da vida ( adaptada) ayd | Tema: Portinon (ayd)


Capítulo: Capítulo 9

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- Que merda de cidade inútil, vai todo o mundo se fo/der! – Xingou, forçando as rodas da cadeira sem sucesso. – É só comigo essa porr/a!



Algumas pessoas que passavam olhavam para a cena de forma curiosa, mas sem mexer um dedo para ajudar.
Claro, estavam todos muito atrasados para seus compromissos para tirar dois minutos de seu dia para ajudar uma moça que ficou com a cadeira de rodas presa em um buraco na calçada.


- Mas que caral/ho. – Disse mais para si mesma, tentando forçar a roda a sair do lugar, sem sucesso.


- Deixe-me ajudar. – Um homem de barba se aproximou, esperando que ela aquiescesse para prosseguir.


Ele empurrou a cadeira para fora do buraco e verificou se não havia nenhum dano na roda da mesma.



- Obrigada, moço. – A moça de cabelos castanhos agradeceu, continuando seu caminho até o ponto do ônibus, onde ela teve que desviar de mais dois buracos. – Fora Crivella. – Murmurou sozinha, finalmente chegando no maldito ponto.
Pegar o ônibus todos os dias era uma merda, porque nem sempre os motoristas paravam para ela quando viam que ela era cadeirante, porque sabiam que teriam que descer pra fazer a plataforma mexer e tudo mais, sem falar que nem todos os ônibus tinham esse mecanismo.


Por isso ela sempre saía com muita antecedência de casa, para não se atrasar para a sua faculdade ou para qualquer outro lugar que ela fosse.



Ela detestava quando o motorista era mal humorado e ficava de cara feia quando percebia que iria ter que ter todo aquele trabalho para ela entrar no ônibus.


Ela não tinha culpa de ser cadeirante, mas tinha direito e ir e vir como qualquer um e não era um motorista de ônibus idiota que iria tirar isso dela. Sem falar que ele não fazia mais do que a obrigação dele porque era seu trabalho, então...



Pelo menos o de hoje era mais legalzinho e ela não teve que sentir toda aquela energia negativa em cima dela aquela hora da manhã.


Não que parecesse ser tão cedo porque o sol estava matando-a e a todos os moradores da cidade, mas ela infelizmente não podia discutir com Deus e pedir para ele dar uma ligada no ar condicionado.


Pelo menos em sua faculdade existiam todos os tipos de rampas de acesso, então se sentia incluída lá dentro e todos eram muito legais com ela, não dando a mínima para sua condição. Afinal, as pessoas podiam ser bem escrotas quando querem umas com as outras.
Os elevadores estavam com filas, mas ela furou todas porque tinha prioridade e logo se encontrava no décimo andar, onde ficava o seu curso que era psicologia.


Suspirou verificando o relógio e percebendo que ela havia chegado antes de todo o mundo e foi para o canto do hall onde haviam marcado ser o ponto de encontro com os calouros, que mal sabiam o que lhes aguardava.


Alguns começaram a chegar, pois avisaram que deveriam estar lá o mais cedo possível. Claro que isso era só para eles serem feitos de trouxas, mas mais trouxa ainda tinha sido a veterana que chegou mais cedo que eles.


 


- Ainda falta o pessoal chegar com as coisas. – Maitê, uma das calouras, colocou a mão no peito.



- Que coisas?



- Coisas. – Deu um sorrisinho maléfico e percebeu que os outros veteranos chegavam com algumas sacolas. – As coisas chegaram.



- Mas que coisas são essas, tô com medo.



- Vamos todo o mundo tirando a roupa que vai começar a maior suruba que você respeita. – Alfonso chegou gritando e os calouros se viraram para ele. – Brincadeira. Sou Alfonso tudo bom com vocês?


- Não, eles estão com medo das coisas. – Disse se aproximando dele, que se assustou ao vê-la ali.


- Você madrugou?


- Saí de casa cedo demais. – Explicou, sorrindo e se virou para os calouros. – De qualquer forma, sou Dulce. E vocês vão sofrer na nossa mão.



O trote não tinha nada demais, eles só iam pintar os calouros hoje e no dia seguinte haveria um jogo de verdade ou consequência, mas nada era obrigatório e ninguém seria excluído se não quisessem participar.



O curso tinha muitos alunos e por isso os veteranos se dividiam em partes para ficarem responsáveis por um determinado número de calouros, para não ficar nada muito bagunçado. Foram organizados em grupos, do um até o dez.


Alguns veteranos vieram no dia da matrícula para conhecer os calouros e pegaram seus facebooks e números de telefone para fazer grupos e conhecê-los melhor antes do começo das aulas. O hall começou a encher de pessoas e ainda faltava um calouro para começarem a pintá-los, mas os veteranos já estavam destampando as tintas e arrumando os pincéis.



Dulce passou pelos calouros vendo os que ela iria querer pintar e acabou escolhendo Maitê e um outro garoto que era bastante tímido, seu nome era Rafael e ele mal se mexia, ela o escolheu para falar com ele.
- Rafael, vem cá. – Chamou puxando ele por um braço e impulsionando a cadeira com a outra. – Você está bem?


- E-estou.



- Você não parece bem.



- Estou com um pouco de vergonha, só isso.



- Já dissemos que vocês não precisam participar das coisas se não quiserem.


Rafael enfiou as mãos nos bolsos. - É que minha mãe disse que eu não iria me enturmar se não participasse do trote, então tenho que participar.


Dulce entortou a boca. - Meu querido, você não é obrigado a nada. Ninguém aqui é e ninguém vai te deixar de lado só porque você não se sentiu confortável para participar do trote, ok?


Ele assentiu. - V-você... Eu... Eu queria assistir a umas aulas... Hoje, não queria ir embora não.


Dulce assentiu. - Você trouxe o seu horário?


- Sim.



- Então venha que irei te mostrar onde é. – Camila levou o garoto até onde ficava o quadro de salas.


Voltou para onde todos estavam, percebendo que começaram a pintar mesmo faltando um. Deu de ombros e colocou as tintas que iria precisar em um banco, chamando Maitê e começando a pintá-la.



- Você tá escrevendo "Sou trouxa?" – A garota perguntou, tentando ler o que a veterana pintava em sua perna.


- Claro que estou. – Dulce sorriu e terminou de escrever.



- Mal cheguei na universidade e já sou insultada desse jeito, bicho. – Maitê sorriu e Dulce quase deixou o pincel cair no chão.


Olhando de perto e direito, a caloura era muito bonita.
"Amém Novatas. Amém".


Não que em algum universo paralelo ela fosse dar bola para Dulce por uma série de razões, mas ela já estava acostumada e não se importava. Pessoas bonitas deveriam ser apreciadas e admiradas e foi exatamente para isso que Dulce nasceu, para exaltar as mulheres bonitas.
Homens também, mas ela preferia mulheres mesmo.



- Oi, bom dia. – Uma voz ofegante falou bem do lado delas. – É aqui que ficam os calouros do grupo 7?


Dulce levantou o olhar apenas para encontrar uma garota que ela nunca tinha visto na vida com as bochechas vermelhas e a testa suada, como se tivesse corrido muito para chegar aqui. Ela tinha os cabelos claros um pouco abaixo do ombro e usava óculos de sol.


- Sim, aqui mesmo.



- Nossa, achei que nunca ia encontrar vocês, aqui é muito grande! – Disse tirando a mochila das costas.


- E isso são horas?


A garota tirou os óculos e guardou na mochila, Dulce aproveitou para dar uma boa olhada nela.


"Amém Calouras."


- Você é minha veterana?


- Sou. – Respondeu fingindo estar brava.



- Nossa, me desculpa. Eu perdi o ônibus e depois foi difícil pegar outro, eu moro longe e... – Dulce e Maitê caíram na risada.
- Ela tá brincando com você, relaxa. Aliás, sou Maitê



- E eu me chamo Dulce.


A recém-chegada uniu as sobrancelhas grossas. - No facebook está María. – Ela trincou os dentes.



- É Dulce María. E eu gosto só de Dulce. – Revirou os olhos. – Minha mãe é louca.


- Tudo bem, Maria. – A veterana se virou para os amigos.



- Poncho, me dá a tinta azul que eu vou tacar na cara dessa idiota, por favor! – Disse alto o suficiente para ele escutar e não demorou para que o garoto aparecesse em sua frente.



- Dulce, eu disse pra você não xingar ninguém. – Ele apertou a mão da caloura que havia acabado de chegar. - Sou Alfano, tudo bom? Ela é louca, me desculpe.


A garota riu, negando com a cabeça como se não tivesse problema.


- ELA ESTÁ ME CHAMANDO DE MARIA!



- SEU NOME É DULCE MARIA, O QUE VOCÊ QUER QUE EU FAÇA? VOCÊ NÃO DEVIA TER POSTO ESSA MERDA NO FACEBOOK!



- EU NÃO SABIA E AGORA EU NÃO CONSIGO TIRAR, O FACEBOOK NÃO DEIXA!



- Então pronto, para de xingar os outros.



- Vai se fo/der e me traz logo a tinta. – Alfonso revirou os olhos e foi buscar a tinta, que estava na mão de uma menina que ela não gostava. – Obrigada, você é um anjinho.


– Ele negou com a cabeça vendo o sorriso cínico de Dulce e voltou a pintar alguém. – Qual seu nome, abusada? – Perguntou molhando o pincel no pote de tinta que seu amigo havia lhe dado.



- Anahí. – Falou rindo. – Olha, se me permite, eu sei um macete que te permite trocar o nome do facebook.


A mais velha ergueu uma sobrancelha. - Sabe?


- Sei. – Ela enfiou a mão no bolso com cuidado para não se sujar e entregou o celular na mão dela, observando-a se sentar e virar a tela para que Dulce conseguisse ver o que ela fazia.



Ela conseguiu tirar o "María" do nome e a mais velha suspirou aliviada, detestava as pessoas lhe chamando de Maria.



- Obrigada, Anahí. – Disse ao mesmo tempo que levava o pincel até seu braço.



- De nada, Maria.



- Ah, vai se fo/der. – Começou a pintar a caloura, que ria porque sentia cócegas com o pincel. – Posso pintar sua blusa? – Indagou vendo que a blusa da garota era da cor branca.


- Pode. – Disse dando de ombros e vendo Dulce mergulhar o pincel no pote.



- Sua mãe não vai ficar pu/ta? – Perguntou vendo que a blusa parecia realmente limpinha.



- Tenho certeza que não. Ela está mais empolgada comigo na faculdade do que eu mesma, ela provavelmente vai fazer um photoshoot meu quando eu chegar pintada em casa. – A mais velha riu.



- Imagino, igualzinha a minha. No meu trote eu estava tentando me esconder e ela tirou várias fotos e postou no facebook. – Revirou os olhos e começou a pintar a blusa da menina.



Dulce não demorou para terminar de sujar Anahí e se virou para os calouros, procurando a sua próxima vítima. Escolheu um garoto disposto a tirar a camisa e o pintou de forma que seu tronco parecesse a embalagem da cerveja Stella Artois, mas infelizmente depois dele todos os outros já estavam pintados e ela não pode fazer o calouro Nescau como pretendia.



Suspirou indo ao banheiro lavar as mãos antes que as brincadeiras começassem, tinha concurso de dança, de canto e de muitas outras coisas, a única regra era que só os calouros podiam participar – não que eles fossem obrigados, é claro.


Os veteranos somente organizavam e encorajavam seu grupo de novatos a participar, mas Dulce tinha preguiça dessa parte então só ficava assistindo no canto, junto com Poncho, que às vezes era tão ou mais preguiçoso do que ela.



- E então, o que achou dos calouros? - Perguntou o garoto, mexendo no cabelo.


- Tem muita gente bonita. – Disse observando uma menina cantar Ana Carolina no hall melhor do que a própria.



- Graças, porque dos que entraram com a gente só se salvou eu e você.



- Não acredito que vou ter que concordar. – Respondeu com um sorriso se formando em seu rosto. – Vamos comer? Isso aqui ainda vai demorar e eu to com fome.



- Quando é que você não está com fome? – Alfonso enfiou as mãos nos bolsos e começou a acompanhá-la até o corredor que levava até a cantina, depois deles passarem pelas pessoas aglomeradas ali.



- Então, Poncho, já sabe quem vai beijar amanhã?


- Dulce, não é assim que funciona, você sabe disso...


- Claro que é assim, eu dei vários beijos no meu trote.



- Mas você é vagab/unda, eu sou de família!


- Ainda bem que eu sou vagab/unda, fui enviada a esta terra para ser piranha mesmo. E em minha defesa, foram os últimos beijos na boca que eu dei na minha vida, desde então tô seca. – Disse enquanto adentravam o corredor.


Poncho riu. - Ok. – Ele suspirou. – Eu acho que talvez eu possa aceitar os beijos de alguém. Não se esqueça de que somos veteranos e não podemos escolher o calouros, só eles que escolhem a gente.



- Merda. – Dulce tinha se esquecido desse detalhe. – Agora mesmo que não vou beijar na boca.


- Fica calma, você vai! – Ele disse dando uma risadinha. – Você já tem alguém em mente?


A garota ergueu os ombros enquanto eles entravam na cantina. - Talvez umas duas ou três pessoas... Nada sério. – Deu de ombros, como se não fosse importante.



- Você é uma safada mesmo. Me fala quem é porque aí eu desenrolo elas pra você na choppada de quinta.



- Eu nem sei se elas vão na choppada.
- Calouro meu não falta choppada não, meu amor. Agora vamos, desembuche.


Dulce levantou os ombros. - As que eu pintei.


poncho arregalou os olhos. - Até o garoto?


- Não, você tá maluco? – Fingiu um tom de ofensa. – Mas ele era bem bonito, ou vai dizer que não reparou? – Seu amigo negou com a cabeça. – Como assim você não reparou num homão da porra daqueles sem camisa? Ah Poncho, vai chupar um p/au.



- Seria o meu sonho?



Dulce riu e foi para a fila da cantina, pediu um joelho (que é um tipo de enroladinho de queijo e presunto) e um refrigerante e foi se ajeitar para comer. poncho tirou uma das cadeiras das mesas de plástico para que ela pudesse chegar perto da mesma e se sentou na outra depois de pedir um Del Valle de maracujá.


- Eu sempre fico animada para o começo das aulas... – Começou depois de morder seu salgado. – Mas agora to pensando que daqui a três semanas já vamos estar num desespero de várias coisas pra fazer.



- Sai daqui com esses assuntos. – Disse dando um gole em seu suco. – Eu vou me divertir bastante essa semana no trote e semana que vem começa a fase do "queria estar morto" até o final do período.



- Eu queria estar morta desde já. – Falou comendo seu salgado.


A próxima etapa do trote, depois da que estava acontecendo agora, que chamava-se "show de calouros", era que eles tinham que descer a universidade toda pelas rampas e pelas escadas gritando que psicologia era o melhor curso e ao mesmo tempo sendo bem afrontosos e passando por outros cursos ainda gritando a mesma coisa.


Dulce detestava descer de rampa, porque para ela era muito difícil controlar a cadeira e ela tinha que usar as próprias mãos na roda para fazer isso, o que fazia as suas palmas arderem e até sangrarem. Às vezes os elevadores não funcionavam e ela tinha que descer todos os andares assim, mas geralmente Poncho a ajudava descendo todos os andares segurando a cadeira para que ela não precisasse segurar sozinha.



A parte ruim era que de vez em quando Poncho faltava e ela não queria pedir ajuda para mais ninguém porque ninguém tinha obrigação de ajudá-la – nem mesmo Poncho, mas ele sempre insistia. Até porque, ela era muito consciente do quanto de esforço era necessário para tal atividade e a última coisa que queria era incomodar alguém.



Não era orgulho, ela só apreciava a sua independência. Já não bastava que para tomar banho ela precisava da ajuda da mãe ou de sua irmã, ela não queria incomodar mais ninguém em nenhum aspecto da sua vida.



Os veteranos arrumaram os calouros em fila para começar a descer, Dulce foi na frente sendo levada por Louis e todo o resto do curso de psicologia foi atrás deles, gritando e invadindo o hall de outros cursos. O clima dos trotes sempre era de muita alegria, os calouros estavam empolgados por terem entrado na universidade e os veteranos felizes porque tinham uma desculpa boa para matar todas as primeiras aulas.
Chegando no hall principal da universidade, eles fizeram barulho por mais um tempo e depois pararam para tirar fotos e fazer vídeos. Alguns veteranos levaram os calouros para almoçar nos barzinhos que tinham na rua da faculdade e outros começaram a se preparar para ir embora.
- Você vai agora? – Poncho perguntou para a amiga.


- Vou sim, está muito calor, credo.


Ele assentiu e lhe deu um beijo no rosto, pois eles iam embora por saídas diferentes, já que Poncho pegava o metrô e Dulce o ônibus.



Quem dera ela pudesse ir embora de metrô também, mas não tinha nenhuma estação perto da sua casa e então ela precisaria pegar outro ônibus, o que nunca valia a pena.



Anahí estava parada no ponto esperando o seu ônibus, querendo rir quando alguém lhe encarava muito pelo fato dela estar toda pintada.



- Vou te atropelar.


Anahí quase caiu quando algo bateu em seus joelhos. Se virou assustada e encontrou sua veterana.



- Que susto! – Anahí disse rindo. – Você tá maluca?


- Eu nasci maluca.


- To vendo. – Anahí ajeitou os cabelos que caíam sobre seu rosto, ainda sorrindo. Ela era realmente muito bonita. – Tá indo pra que lado?


- Bonsucesso, moro lá. E você?


- Eu estou indo pra casa, no centro.


Dulce franziu o cenho. - Você vai pro centro de ônibus?


- Como mais eu iria?


- De metrô! A estação é aqui atrás.


- Eu não sabia...


Dulce a olhou debochada. - Anta! Onde você achou que fosse a estação maracanã?!


- Eu não achei que fosse em lugar nenhum, não costumo vir para esses lados.


Dulce deu um tapa na própria testa. - Tá. É só você voltar pra faculdade e sair pelo outro lado, aí vai ter uma rampa à sua esquerda e você sobe, vai sair de cara com a estação do trem e do metrô.


Anahí aquiesceu. - Tudo bem, obrigada. – Disse se preparando para voltar para dentro da faculdade, o ponto onde elas estavam ficava bem em frente a mesma.



- Ah, Anahí. – Dulce chamou e a mais nova direcionou seu olhar para ela. – Desculpa por ter te xingado mais cedo, não quis ofender. E agora também não. – Anahí abriu um sorriso.



- Que isso, não tem problema, eu sei que você estava brincando. – Ela não sabia como se despedir da veterana, estava em dúvida se só dava tchau ou lhe abraçava.
- Você vai vir para o trote amanhã, né?


Anahí franziu o cenho. - Achei que já tivesse participado do trote.


Dulce ergueu as sobrancelhas. - Não, amanhã tem a segunda parte.



- Sim, venho sim então. – Sorriu e preferiu não fazer contato físico com a outra para se despedir, estava muito calor e, de qualquer forma, ela estava toda cheia de tinta mesmo.


– Até amanhã, Maria. – Disse saindo do campo de vista da mais velha.



- Maria é o cara/lho. – Xingou baixo sem conseguir evitar um sorriso de aparecer no seu rosto.



Anahí achou que fosse se perder, mas encontrou a entrada do metrô de forma mais rápida do que imaginava e chegou em casa bem mais cedo do que chegaria se tivesse sido de ônibus, agradecendo mentalmente por Dulce ter lhe dado essa dica.


Se sentiu mal por talvez não ter ficado por lá e esperado a garota pegar o ônibus ou tê-la ajudado a entrar no mesmo, mas imaginou que estaria sendo evasiva. Não sabia se ela havia nascido cadeirante ou havia se tornado depois disso, então talvez ela fosse se sentir ofendida se Anahí oferecesse ajuda.



Pelo menos, se Anahí estivesse no lugar dela, iria se sentir mal se possuísse uma certa independência e as pessoas ficassem oferecendo ajuda como se ela fosse incapaz.



Chegou em casa ainda achando engraçado os olhares das pessoas sobre si pelo fato dela estar toda pintada e sua mãe estava acabando de se arrumar para o trabalho.



- Anahí! – Exclamou com um sorriso. – Eles te pintaram mesmo! – Disse se aproximando da filha. – Deixa eu tirar umas fotos.



- Porque eu sabia que você ia fazer isso?


- Você gostou do seu primeiro dia? – Perguntou guardando o celular no bolso.


- Sim, foi só trote, mas foi legal! As pessoas são bem legais e simpáticas, eu gostei bastante. – Respondeu tirando a mochila das costas. – Ah, e minha veterana me explicou que o metrô fica lá pertinho, fica mais fácil de ir e voltar também! – Marichelo assentiu.


- Que bom, é bem mais prático mesmo. – Disse pegando sua bolsa. – Minha querida, eu preciso ir pro trabalho, ok? Sua comida está no micro-ondas, esquenta se tiver fria e não esquece de tomar seus remédios. – Beijou sua testa. – Fica com Deus.


- Tudo bem, mãe. Tchau. – Viu a mãe sair pela porta e suspirou, indo tomar um banho antes de qualquer coisa porque não aguentava mais aquela tinta em cima de si.
Claro que antes parou no espelho e tirou uma foto para postar no instagram falando que era seu primeiro dia na faculdade, depois tirou a roupa e entrou no banheiro. Tomou seu banho calmamente, tendo um pouco de dificuldade de tirar toda aquela tinta de si e precisando usar o esfregão para isso.


Quando terminou, saiu do banheiro e foi esquentar sua comida depois de se vestir, almoçou assistindo a um filme qualquer na HBO. Checou seu celular e ele parecia movimentado com muitas mensagens, todas do grupo de calouros. Eles comentavam o trote e falavam sobre o que iria acontecer no dia seguinte, todos muito animados e fazendo piadas.


Anahí sorriu, entrando na conversa também. Ela era muito solitária e quase não tinha amigos, – na verdade, ela tinha muitos, mas eles eram virtuais – então era difícil seu celular ter tantas mensagens de pessoas da vida real. Ela iria passar pelo menos cinco anos na faculdade, então queria se enturmar com o pessoal e pelo menos ter quem cumprimentar pelos corredores.


Tomou os remédios depois de almoçar e ficou apenas conversando com o pessoal no celular até ficar de noitinha, que era a hora que ela costumava ir para a academia. Estava com um pouco de preguiça, mas acabou indo.


...


Parecia muito cedo para se estar viva quando Anahí acordou no dia seguinte, mas ela sabia que tinha que levantar ou se atrasaria. Desligou o alarme do celular e levantou da cama bocejando, indo tomar banho e escovar os dentes antes de tomar café. Sua mãe e seu pai ainda estavam dormindo, pois Marichelo só trabalhava de tarde e Enrique saia um pouquinho mais tarde que Anahí de casa.



Tomou café e seus remédios em seguida, pegando a mochila e saindo de casa. Chegou bem cedo na faculdade porque o metrô vinha bem mais rápido que o ônibus e suspirou, vendo que não tinha ninguém conhecido por perto ainda. Enviou mensagem no grupo avisando que tinha chego e alguns responderam que estavam a caminho, Anahí disse que estava sentada no hall e guardou o celular no bolso depois de colocar os fones e ficar escutando música para passar o tempo.



Deu pause no Spotify quando percebeu um rosto conhecido no seu campo de visão que parecia falar algo com ela. Sorriu, guardando os fones na mochila e se virando para a garota.



- Caiu da cama, foi?


Anahí riu. - Sim, não queria tomar bronca de novo.


Foi a vez da outra sorrir. - Não soe como se eu fosse malvada.



- Você é. Me xingou com cinco segundos que me conhecia. – Cruzou os braços, se fingindo de séria. – Isso é um absurdo, Maria.



- Vai se fo/der. – Dulce ensaiou rodar a cadeira para ir para longe dela, mas Anahí foi mais rápida e travou a cadeira antes que ela pudesse sair do lugar. – Isso é sacanagem, sabia? – Disse enquanto a mais nova ria. – Você vai pro inferno por isso, pode apostar.


- Sua cara foi engraçada. – Respondeu ainda rindo.



- A minha mão na sua é que não vai ser nem um pouco.


- Eu vou ligar pro Disk Trote e te denunciar por agressão.


- Você acha mesmo que essa merda funciona?


- Não sei, nunca liguei. – Deu de ombros.
- Se achou ontem no metrô?


- Sim, cheguei muito mais rápido em casa. Obrigada.


Dulce assentiu e olhou em volta, vendo que Poncho havia acabado de entrar no hall. Ele fez menção de ir até ela, mas quando viu que ela conversava com a caloura, apenas piscou e foi na direção oposta.



- Vagab/undo do car/alho. – Murmurou para si mesma.



- Que?


- Desculpe, estava falando sozinha. – Deu um sorriso amarelo. – Então, preparada para hoje?


- Depende muito do que vocês vão fazer. E se envolver tinta eu to fora, ontem foi uma merda pra tirar tudo isso de mim.



- Não terá tinta envolvida, eu prometo. – Anahí deu de ombros.



- Então tudo bem. Creio que eu não possa saber o que é, correto?


- Infelizmente não posso te dar esse spoiler, mas você não vai demorar muito pra saber.


– Sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão nos cabelos, em seguida deixou a mesma repousada sobre o colo.


Anahí, que estava acompanhando o movimento com o olhar, foi mais instintiva do que racional e pegou sua mão com a palma virada para cima, deixando Dulce sem ação.



- Você se machucou?



- Hm? – A mais velha olhou para sua palma e percebeu que estava ralada. – Ah... Isso? É que eu cheguei cedo para imprimir umas coisas e tive que descer um andar, aí fui de rampa e a roda da cadeira fez isso. Nada demais. – Recolheu a mão, rezando para todos os santos para que ela não falasse algo estúpido tipo "da próxima vez me chama".


Era só o que lhe faltava.



- Você já lavou? Porque a roda é suja e tal...


– Dulce quase suspirou de alívio, mas ela pareceria uma louca.



- Não, vou lavar agora, obrigada. Te vejo daqui a pouco, Anahí. – Disse virando a cadeira para ir para o banheiro lavar a mão, ela realmente havia esquecido.



- Até daqui a pouco. – Ela respondeu pegando os fones.



Dulce observou sua caloura mexendo no celular por um momento antes de realmente começar a ir para o banheiro.


Anahí era, definitivamente, uma gracinha.



Os calouros entraram na sala precisamente às oito e treze da manhã, acompanhados dos veteranos para a segunda parte do trote. Eles dividiram a sala em dois e os grupos se sentaram um de frente pro outro, com um vão no meio para que o calouro da vez pudesse levantar e ser entrevistado. Maitê foi a primeira a ser chamada e os outros ficaram parados vendo as perguntas que iriam ser feitas. As primeiras foram simples: nome, motivo para ter escolhido o curso e signo. Depois eles perguntaram se Maitê era virgem e começaram com mais perguntas sobre sexo, algo que fez Anahí congelar onde estava. O questionamento terminava com Maitê apontando para que pessoas daquela sala ela ficaria e o resultado foi que Dulce e ela acabaram dando um selinho.



Anahí mal reparou nesse detalhe, pois estava nervosa e queria saber se eles seguiriam o mesmo tipo de perguntas para todos os calouros. A resposta veio quando sim, eles mantiveram o mesmo padrão com o próximo, que pareceu gostar das mesmas e respondia com algumas piadinhas. Anahí sabia que não era nada educado simplesmente se levantar e sair da sala, mas foi exatamente o que ela fez. Simplesmente pegou sua mochila e irrompeu pela porta, ficando aliviada ao chegar ao corredor.



Não demorou dois minutos para que Anahí, que havia se encostado em uma parede na intenção se acalmar, visse Dulce saindo da sala e vindo em sua direção.



- O que houve? Você está bem? – Perguntou vendo que a mais nova tinha o rosto vermelho e não parecia ser de vergonha, mas de nervoso.



- Estou. – Disse enchendo seus pulmões de ar.


Dulce mexeu na mochila que ficava em seu colo e tirou de lá de dentro uma garrafa de água, que estendeu para a garota de pé.



- Obrigada. – Anahí tomou uns goles antes de devolver a água para a veterana e enfiar as mãos nos bolsos.



- Por que você saiu daquele jeito?



- Me desculpe... – A mais nova abaixou a cabeça. – Só me desculpe. – Ok, ela não quer contar.



- Não precisa se desculpar. E está tudo bem se não quiser me contar também. Se você não estava confortável, não tem problema ter saído.



- Obrigada por isso. – Elas chegaram até os bancos e Anahí se sentou, tendo a mais velha de frente para ela. – De verdade. As pessoas não são muito compreensivas hoje em dia.



- Eu sou. – Sorriu. – Mas não precisa agradecer.



- Eu acho que agora todos vão achar que eu sou bem estranha, né? – Dulce negou com a cabeça.



- As pessoas daqui são bem respeitosas umas com as outras, então eu duvido muito disso. – Anahí assentiu. – Ei, você já vai embora?


- Tá me expulsando? – Dulce negou com a cabeça, rindo. – Quer dizer, se você quiser voltar para o trote, eu não vou ficar chateada nem nada.



- Não, que isso, eu prefiro ficar aqui conversando com você. – Sua caloura deu um sorriso meio tímido e ela jurou ver suas bochechas ficando mais vermelhas.



As duas ficaram conversando por tanto tempo que nem perceberam quando o trote acabou e os calouros saíram da sala, se dispersando pelo hall. A mais nova descobriu que Dulce tinha vinte e dois anos e iria se formar esse ano se tudo desse certo, pois estava no décimo período. Ela era bem eclética quanto ao gosto musical, por isso não conseguia escolher um artista favorito.



Dulce pôde perceber que Anahí não tinha muitos amigos pois não falava de quase ninguém, ela tinha vinte anos e era muito apegada a sua mãe. Ela gostava de ler e sua banda favorita eram os Beatles. A caloura era realmente muito fofa, falava pouquíssimos palavrões e tinha uma risada gostosa.


Dulce sabia que não devia pensar dessa forma da outra, porém, certas coisas ela não conseguia controlar. Ela sempre se interessava pelas pessoas e acabava se machucando, porque ninguém olhava para ela antes do acidente e não era agora que iriam olhar. E não era drama, ela vivia sua vida a tempo suficiente para saber disso.
- Meninas. – Poncho disse se aproximando de forma tímida por estar interrompendo a conversa das duas.



- Oi poncho – Dulce respondeu com um sorriso.



- O pessoal vai almoçar e depois vamos ficar bebendo no bar, vocês querem vir? – Indagou escondendo as mãos atrás do corpo, como costumava fazer com frequência.



- Eu vou. – Dulce se prontificou, rezando para que Anahí viesse. Subitamente, a garota parecia muito sem jeito.



- Eu... Tenho que ir para casa, sabem, tenho médico depois e não posso me atrasar. – Respondeu baixo, coçando a própria nuca.



- Tudo bem. – A mais velha tentou soar o mais compreensiva possível. – Sempre tem uma próxima vez.



- Sim, estou contando com isso. – Anahí se levantou, colocando a mochila nas costas. – Eu vejo vocês amanhã?


- Com certeza. – Dulce ergueu as sobrancelhas. – Amanhã tem choppada à noite, você vem, né? – Ela encolheu os ombros.



- Eu não gosto muito, mas se for pra ficar com você eu venho. – Ela teria caído no chão se não estivesse sentada. – Até amanhã. – Beijou sua bochecha e saiu depois de acenar para Poncho.



- Eu não estou nada bem. – Falou vendo a garota se afastar.



- Anahí, calma. – Poncho avisou, colocando a mão em seu ombro.



- Ela não é a coisa mais fofa que você já viu em toda a sua vida? – Murmurou consigo mesma e com o amigo ao mesmo tempo, sem se importar se parecia uma maluca.


...


Anahí não odiava festas.


Ela só não tinha ido a muitas recentemente e não se sentia confortável em uma, mas veio do mesmo jeito. Tinha prometido para sua veterana que iria e, além do mais, tinha certeza de que as pessoas estavam achando-a estranha desde que ela saiu da sala do nada e não queria dar motivos para eles falarem. A vendo na choppada, esqueceriam o incidente e tudo passaria a dar certo.



Não que ela realmente se importasse e necessitasse da aprovação de alguém para viver, acontece que ela iria passar cinco anos na faculdade e não queria vivê-los sendo chamada de esquisita.



Era só o que lhe faltava, sinceramente.
Não estava muito arrumada – até porque mal dava para se arrumar nesse calor – ela usava uma calça jeans rasgada, camiseta regata e seus tênis pretos de todo o dia. Se deu apenas o trabalho de passar um pouco de maquiagem para realçar seus olhos e deixou os cabelos soltos, como ficavam quase todos os dias. Suspirou, vendo o barulho e a concentração de gente mesmo de longe e se perguntando como iria achar Dulce no meio de tudo aquilo. Afinal, se ela tinha vindo, pelo menos tinha que estar perto da veterana.



Mandou mensagem para a mulher e ficou no hall principal esperando a resposta, que não demorou muito a chegar.
"Estou mandando meu escravo ir te buscar".


Riu sozinha da mensagem e foi mais para o canto, onde ela podia ver todas as pessoas passando para lá e para cá, a maioria com bebidas na mão e em casais, subindo os andares da universidade para terem mais privacidade, se é que me entendem.



Alfonso apareceu em seu campo de visão, com um sorriso simpático e sem se demorar em lhe dar um abraço.
Ela não entendia como ele conseguia se manter cheiroso em um calor infernal desses.



- Olá, escravo. - Ele franziu o cenho e ela riu. - Foi essa a palavra que Dulce usou para te descrever.


- Ela é uma escrota. – Disse enquanto começavam a andar para o meio do furdunço. – Ah, você está linda. – Anahí corou.



- Obrigada, Poncho. – Piscou.
Eles começaram a andar por entre as pessoas e Anahi suava tanto que não sabia dizer se ainda estava viva. Era difícil encontrar espaço para sair do lugar, mas Poncho parecia ter experiência nisso, pois andava pedindo licença e puxando a caloura pela mão.


Passaram da concha acústica, que era tipo um pátio com vários bancos de pedra e um palco no final e foram na direção da capela que tinha na universidade, bem perto de onde ficava o DJ. Ignore qualquer tipo de ironia contida na frase anterior.


Ali as pessoas estavam mais aglomeradas, porém, ao passarem pelas caixas enormes de som, os indivíduos começavam a se dispersar cada vez mais.



Alfonso atravessou o estacionamento quase todo até chegar a uma espécie de florestinha, onde tocava funk – não muito diferente do que tocava na choppada em si – e havia uma festa que o Poncho disse ser do pessoal de Filosofia.



Lá tinha espaço para andar e respirar e, por conta das muitas árvores em volta, era até fresquinho quando batia uma brisa. Ela ficou aliviada por finalmente estar em um local onde não parecia que a multidão iria engoli-la.


Tinha certeza que estava parecendo um lixo depois de se esfregar em tantas pessoas completamente molhadas de suor, sem falar na fumaça das barraquinhas que vendiam churrasquinho que deviam ter deixado seu cabelo fedendo.


Mesmo assim ela sorriu e passou a mão neles, se sentindo quase chapada somente pelo forte cheiro de maconha a sua volta. Foi então que avistou Dulce e, merda, ela estava linda.



Ela nunca desejou tanto um banho na sua vida, tanto por ela estar se sentindo podre de suja quanto porque ela não queria que Dulce pensasse que ela era porca ou qualquer outra coisa do tipo. Como não tinha opção, apenas continuou caminhando na direção da mais velha.



Todos os pensamentos sumiram de sua cabeça quando ela viu sua veterana lhe dar um lindo sorriso.



- Oi. – Falou sem saber o que fazer, evitando abraçá-la porque certamente não devia ser agradável lhe dar um abraço agora.


Não que Dulce desse a mínima, estendeu os braços antecipando o contato.
Ucher acabou sobrando no meio disso tudo. Apenas deu de ombros e misturou mais um pouco de vodka com Sprite para si, depois voltou para onde o pessoal de Filosofia dançava funk perto do som e se aproximou do menino que ele estava afim, dançando junto com ele.


- Você veio mesmo! – Exclamou como se não esperasse nem em um milhão de anos que a mais nova viesse.



- Eu disse que vinha, não? – Falou se separando de Dulce e sentando em um dos bancos de pedra.



- Disse, mas eu não senti muita firmeza em sua palavra. – Respondeu estreitando os olhos. Anahí cruzou os braços e fez sua expressão mais engraçada.



- Maria, você está duvidando de minha palavra?



- Eu vou dizer muito em breve onde você enfia esse María. – Dulce disse indo na direção do que estava no banco, do lado de Anahí. Vodka, Sprite e gelo. – Quer? – Ofereceu um copo para a caloura, que negou com a cabeça.



- Não, eu não bebo.


Dulce deu um gole em seu copo. - Como assim?


A mais nova pareceu subitamente sem jeito, como havia ficado no dia anterior algumas vezes.


- Eu só... Não bebo.


Dulce deu de ombros e tomou mais um gole de seu copo. - Aceita só a Sprite com gelo, então? Está muito calor. – Justificou.
- Você está insistindo muito para eu beber esse troço, por acaso vai me dar um boa noite cinderela?


Dulce gargalhou. - Talvez eu queira. – Respondeu olhando Anahí da cabeça aos pés, algo que fez a novata congelar.


- Bom, eu... – Disse um pouco envergonhada. – Aceito.


Não demorou dois minutos para que Anahí tivesse um copo descartável em sua mão e, ela precisava admitir, foi um alívio beber algo gelado depois do calor que passou há poucos minutos.



- Fazer o que? – Dulce cantou junto com Poncho. – Meu pa/u te ama! – Ela rodava a cadeira para lá e para cá e era o mais perto que ela conseguia de dançar, enquanto seu amigo rebolava muito melhor que metade das meninas da universidade.



Anahí só fazia beber sua Sprite em seu cantinho e rir, Dulce era linda mesmo meio alta e cantando todos os funks que tocavam ali.



- Vem dançar, Anahí! – Dulce chamou se aproximando dela. – Vamos!



- Eu tenho vergonha. – Disse com as bochechas ficando vermelhas só de imaginar.



- Você parece uma velha, nossa senhora. – Falou "estacionando" sua cadeira de frente para Anahí.


- Não vai voltar a dançar?


- Não, estou cansada e não conheço essa música. – Anahí deu um sorriso.


poncho se aproximou delas sem parar de dançar e cochichou algo no ouvido da mais velha, que a fez fechar a cara completamente.



- Que foi? Tá tudo bem? – Indagou preocupada com a mudança repentina da veterana, que apontou para algumas meninas que dançavam perto da caixa de som.



- Uma daquelas ali quer ficar com você, acho que a de saia azul. – Anahí abaixou a cabeça.


- N-não estou interessada.


Dulce ficou aliviada no momento em que a caloura não aceitou, mas havia algo de estranho em sua reação. Talvez ela fosse somente muito tímida mesmo.


- Mas você nem olhou para elas.


- E-eu... Eu não quero. – Não levantou o olhar em momento nenhum.



- Você... É comprometida? É isso? – Indagou revendo as conversas que elas tiveram em sua cabeça para vasculhar se a mais nova havia mencionado algo do tipo.



- Não... – Respondeu encolhendo os ombros.


- Você não gosta de meninas? – Tornou a perguntar, decidida a entender o que estava acontecendo. – Quer dizer, eu sei que a maioria do pessoal aqui é gay, mas não tem problema você ser hetero. Só não fique de olho no Poncho porque aquele ali foi o próprio criador do vale dos homossexuais. – Um dos cantos da boca de Anahí se ergueram em um sorriso fraco por causa da piada da mais velha.



Ela desejava que esse fosse o seu único problema.


- Eu sou bi. – Disse como se isso fosse acabar com as perguntas e não gerar mais delas.



A veterana esticou um braço e acariciou seu rosto, querendo aliviar o que quer de ruim que Anahí sentia naquele momento. Por sua vez, a mais nova aproveitou o toque, seu coração fazendo um rebuliço dentro do peito por conta daquilo.



- O que há de errado, então? – Insistiu, não se conformando com aquela situação.



- Por que se importa? – Anahí ergueu o olhar pela primeira vez e Dulce permitiu-se afogar naquela imensidão de azul, que tinha um brilho triste.



- Porque eu gosto de você, Anahí. – Respondeu sem ter medo de expressar o sentimento. – Me fala o que há de errado.



- Eu não posso.



- Você soa como se algo de ruim fosse acontecer caso eu soubesse. Olha, eu sou uma mulher corajosa, não me importo. – Anahí deu outro sorrisinho. – Me diga a verdade, eu gosto do perigo. – Anie tirou a mão de Dulce de seu rosto e beijou a mesma, segurando-a entre as suas em seguida.



Ela não disse mais nada e continuou encarando a mais velha, como se aquilo fosse capaz de sanar todas as dúvidas que uma tinha sobre a outra. Dulce estava extasiada com aquele olhar e seu estômago revirava de nervoso, ela nunca tinha se sentido desse jeito com ninguém antes.


Se aproximaram antes de perceberem o que faziam, ignorando todo o barulho e pessoas a sua volta. Elas estavam tão perto que seus narizes se tocavam e suas respirações se misturavam, mas Anahí recuou antes que seus lábios se tocassem.



Anahí trincou os dentes.
Ok.
Ela sabia que aquilo iria acontecer, de qualquer forma.


- Desculpa, eu não... – Anahí começou a falar. – Eu... – Dulce balançou a mão antes que a outra terminasse a frase, tentando esconder a decepção em sua expressão.


- Acontece muito comigo, acredite. – Disse com um suspiro.



- Não, não é você, s...


Dulce a interrompeu. - Se você disser "não é você, sou eu" eu vou sair daqui o mais rápido que essa cadeira me permite, o que não é tão rápido quanto eu gostaria, mas deixo avisado que não é para você vir atrás de mim. Eu sei que sou eu e não precisa tentar fazer eu me sentir melhor sobre isso. – Deu uma pausa entre as palavras, segurando o choro. – Confundi tudo. Desculpa.



- Você não confundiu nada, Dulce. – Disse segurando seu rosto. – Eu gosto de você. Gosto muito.



- Mas não do mesmo jeito que gosto de você.



- Não diga isso. – Rebateu, olhando em seus olhos cheios de lágrimas. – Eu só... Eu... Tem uma coisa sobre mim que você vai sair correndo se descobrir, como todo o mundo saiu.



- Eu não posso correr... – Dulce apontou para a cadeira. – Então é melhor você me contar.
– Terminou de falar com um sorrisinho.



- Não é tão fácil. – Anahí abaixou o olhar.



- Eu não disse que era. – Levantou os ombros e segurou suas mãos. – Eu não vou fugir de você. Eu prometo. – Suspirou.



Anahí nunca tinha verbalizado aquilo em voz alta para uma pessoa que não tivesse saído correndo a não ser sua mãe e seu pai. Ela fechou-se completamente sobre o assunto depois de duas pessoas simplesmente sumirem de sua vida depois de saberem, deixando nada mais do que uma mensagem que dizia algo como não saber ou não conseguir lidar com isso.



O pior é que por muito tempo ela também não soube, mas não tinha a opção de desaparecer e enviar uma mensagem se desculpando.
Quisera ela.



- Eu... Eu... – Balbuciou, sem conseguir colocar as palavras para fora. Dulce ficou séria e esperou pacientemente até que ela conseguisse proferir as mesmas. – Eu... – Ela não olhava nos olhos. – Eu tenho aids.



Dulce ergueu as sobrancelhas, visivelmente surpresa.



Não entendia porque as pessoas eram idiotas e corriam ao ouvir sobre aids ou qualquer outra doença sexualmente transmissível. Ela não era especialista sobre o assunto, mas leu o suficiente para saber que você não corre o risco de pegar nada se cuidar de si mesmo direitinho e que a sociedade fazia muita publicidade ruim em cima disso. Pessoas comentem erros que tem consequências, mas não devem ser julgadas pelos outros por isso.
Anahí estava assustada pela falta de reação da mais velha, mas completamente conformada. Ela sabia que as coisas seriam dessa forma no momento que contasse e que perderia mais alguém que gosta por causa de uma burrice que cometeu no passado.



- Você pode ir se quiser, não precisa ficar só pra me fazer sentir melhor. – Falou ainda sem olhá-la.



Se surpreendeu quando Dulce segurou seu rosto e juntou seus lábios em um beijo gentil. Fazia muito tempo que ambas não beijavam ninguém, mas, ainda bem, beijar na boca é igual andar de bicicleta, você nunca esquece. Anahí segurou as mãos da outra que estavam sob si e acariciou sua pele com os polegares, mal podendo acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
Se separaram brevemente quando precisaram de ar, mas a mais nova tornou a procurar seus lábios macios, grudando suas testas em seguida.



- Obrigada. – Murmurou com a voz rouca.



Dulce beijou-a novamente, descobrindo que seus lábios poderiam facilmente virar seu novo gosto favorito.



- Se a próxima coisa que eu disser não for uma grande ironia da vida, eu só queria que você soubesse que não vou correr de você.


– A mais velha sussurrou assim que se separaram.



Anahí sorriu ainda de olhos fechados e desejou que tivesse mais contato com a outra do que ela tinha no momento.



- Eu... – Procurou as palavras. – Posso te pegar no colo? – Dulce levantou as sobrancelhas.


- Por que não poderia?


- Não sei, isso vai te causar alguma dor?


- Não. – Anahí se levantou rapidamente de onde estava sentada para tirar a veterana da cadeira e coloca-la sentada sobre suas coxas de lado. Dulce envolveu os braços no seu pescoço e a mais nova lhe segurava com o braço na base de suas costas. – Quando você descobriu que...? – Ela deixou a frase no ar.



- Eu tinha dezessete anos. Peguei do idiota do meu ex, ele me traía com várias meninas e insistia em fazer sexo sem camisinha porque falava que incomodava muito. Ele sempre tirava na hora de gozar para eu não engravidar, mas eu nunca parei pra pensar que aquilo podia me trazer doenças e muito menos que ele transava com outras meninas. – Disse sem olhar para Dulce.



- Eu sinto muito.



- Não sinta. – Ergueu o olhar. – Eu também tive minha parcela de culpa, se tivesse insistido para ele usar camisinha isso nunca teria acontecido. Mas agora eu aprendi a conviver com isso, está tudo bem. – A mais velha acariciou seu rosto e lhe deu um selinho breve. – Posso te fazer uma pergunta? – Assentiu. – Você nasceu assim?



- Não, minhas pernas funcionavam quando eu nasci. Sofri um acidente de carro com catorze anos, estava em um táxi voltando do shopping quando ele chocou de frente com um carro que estava fugindo da polícia. Eu fui a única sobrevivente desse acidente. – Disse com um suspiro. – Felizmente hoje eu sou independente na medida do possível e estou conformada com a minha situação. – Anahí balançou a cabeça, mostrando que entendeu. Em seguida, gesticulou de uma esquisita com a mão livre, sua palma estava virada para cima e parecia que ela mantinha uma bola invisível no ar.



- Você consegue...?



- Olha, meu pa/u não sobe até porque eu não tenho. – Elas riram juntas. – Mas sim, eu consigo ficar excitada e go/zar como qualquer outra pessoa. Perdi os movimentos, mas não toda a sensibilidade. - Parou de falar por um momento. – Ah, e eu acho que você deveria saber, às vezes eu uso fralda geriátrica.



- Por quê?


- Porque quando eu vou sozinha pra algum lugar ou lá é difícil pra ir ao banheiro, eu uso fralda e faço xixi na fralda pra não ficar prendendo e não dar infecção urinária ou problema renal.



- Entendi.



- Eu estou usando fraldas agora. E acabei de fazer xixi. – Anahí parou de balançar a cabeça. – Eu sei que não é nada educado fazer xixi no colo dos outros, mas tá tudo dentro da fralda, eu prometo.



- Tudo bem! Eu posso viver com isso. – Riu um pouco e apertou mais a mais velha contra si. – Nunca achei que fosse encontrar alguém igual a você.



- Eu também não. Inacreditável ter vinte e dois anos e mijar na fralda.


Anahí gargalhou. - Você é muito imbecil, Maria. – Disse ainda rindo.



Dulce abraçou mais sua caloura, até ela estar com a cabeça deitada em seu ombro, começando a lhe fazer um cafuné gostoso.



- Você... – Ela começou a falar, depois de um tempo. – Eu sei que quando a pessoa é portadora de AIDS, ela precisa tomar cuidados especiais na hora de transar, mas como isso funciona entre duas garotas?


 


- Está querendo me levar para a cama, Srta. Savinõn? – Perguntou brincalhona, mas Dulce foi séria em sua resposta.



- Mas é claro, se não eu não perguntaria.



- Bom, temos que tomar algum cuidado como camisinhas nos dedos e esse tipo de coisa. – Suspirou, estava quase dormindo com o carinho que recebia. – E no sexo oral usar alguma coisa para proteger, tipo uma camisinha rasgada ou algo do tipo. – Dulce assentiu.



- Muitas pessoas se afastam de você quando descobrem? – Indagou esperando não parecer evasiva.



- Não muitas porque não contei para tantas pessoas assim, mas já me magoei o suficiente por causa disso. Eu estava... começando a me envolver com elas e me senti na obrigação de contar, depois eu só recebi pedidos de desculpas por SMS.



- Isso é horrível. – Ficou uns instantes em silêncio. – Eu queria poder dizer que sinto muito, mas eu estaria mentindo. Você provavelmente não estaria comigo agora se estivesse com uma dessas pessoas. – Anahí sorriu.


- Nesse caso, nem eu sinto. – Deu um beijo casto em seu pescoço e só soltou Dulce na hora de ir embora.


...


- Só você mesma pra me fazer vir pra um lugar desses no calor do Rio de Janeiro, Anahí! – Dulce resmungou.



- Mas amor, a gente vem na orla justamente quando está calor! Não tem graça se não estiver. – A mais velha ergueu um olhar feio para a outra.



- Não tem graça pra você, que parece uma bonequinha e não sua. – Ela parou de rodar a cadeira e continuou falando, Anahí parou na sua frente. – Fica aí com esse rostinho vermelho do sol, tão branca que nem carioca parece porque carioca que se preze já sai do útero bronzeadinho, tirando foto como se fosse turista e falando que ama o calor, ah, vai tomar no c/u! – Anahí só fazia rir enquanto pegava algo dentro da sua mochila. – Anahí, as pessoas não podem ser tão bonitas no calor, sua existência é uma afronta para o mundo! Olha a sua volta, vê se tem alguém bonitinho que nem você? Não tem! Aí é fácil pra você chegar e dizer "ah, não tem graça não vir no calor" é claro que tem!



Anahí se agachou na frente dela e limpou todo o suor de seu rosto e pescoço com uma toalhinha. Terminou dando um beijinho na ponta de seu nariz e outro em seus lábios.



- Vem, vou comprar água. – Disse parando no quiosque e vendo Dulce ir atrás dela.


Ela comprou duas garrafinhas de água e entregou uma para a mais velha, que bebeu quase a metade de uma vez só de tanta sede que ela estava. Em seguida fechou a tampa e colocou a garrafinha no colo, suspirando e esperando Anahí acabar de beber a sua para voltarem a andar.



Elas andaram bastante e teriam que andar tudo de novo para voltar. Dulce já estava bem cansada do calor e de rodar a cadeira e Anahí percebeu isso.



- Ei, deixa que eu empurro.



- Não! – Disse firme, continuando a impulsionar a roda com os braços.



- Por quê?



- Não quero dar trabalho para ninguém. – Respondeu se vendo sem opção quando Anahí se pôs atrás dela e começou a empurrar a cadeira, não dando a mínima se ela tinha dado permissão ou não. – Anahí! – Ralhou e a outra não lhe deu ouvidos.



- Você tem um problema sério em deixar as pessoas ajudarem você. – Pontuou com a voz baixa.



- Talvez seja porque eu não pedi por/ra de ajuda nenhuma. – Ela queria muito poder ver o rosto da outra enquanto falava, mas não podia porque estava atrás dela. – Eu vivi a minha vida toda desse jeito, quem você acha que é pra mudar as coisas assim?



- Eu sou só uma pessoa que gosta e se importa muito com você. Se não sabe lidar com isso, eu não posso fazer nada. – Disse encerrando a discussão, porque Dulce ficou sem saber o que lhe responder.



Foram em silêncio de volta para o ponto de ônibus. Esperaram um pouco mais do que gostariam pelo transporte, ainda mais porque não trocavam palavras em momento nenhum. Anahí pegou o mesmo que Dulce e apesar dele passar no seu bairro, era longe de sua casa, então decidiu descer com a outra e pegar um de volta depois.



Dulce não queria ter brigado com ela e repassou a conversa que tiveram várias vezes em sua cabeça, sabendo que em algum momento teria que dar o braço a torcer. Quando desceram do ônibus, Anahí não fez menção de se mexer ou sair do ponto, indicando que iria ficar lá e pegar um ônibus para sua casa sem nem se despedir da outra.



- Anahí... – A mais velha chamou baixo, porque, afinal, as pessoas do ponto de ônibus não tinham que ouvir a discussão delas. Ela abaixou a cabeça e encarou-a. – Vem comigo até em casa... Podemos conversar lá.



Tudo o que ela fez foi assentir e começar a seguir Dulce até o prédio onde ela morava. Subiram os sete andares em silêncio e chegaram até o apartamento onde a veterana morava, entrando em seguida.



- Oi Cláudia. – Disse quando passou pela irmã na sala, que estava assistindo televisão.



Anahí foi até a menina e lhe deu um breve abraço como forma de cumprimento, àquela altura elas já se conheciam e Cláudia gostava bastante de Anahí. Foram até o quarto de Dulce, e a mais velha fechou a porta no intuito delas terem um pouco de privacidade para conversar. Apesar de seus pais não estarem em casa, sua irmã podia ser bem fofoqueira quando queria.


- Anahí... – Murmurou assim que fechou a porta, mas não sabia como terminar a frase.



- Eu só queria ajudar, você parecia cansada. Me desculpe se te ofendi de alguma forma
– Anahí se explicou sentando na beirada da cama e vendo Dulce ir até ela.


- Não... – Disse pegando a mão da mais nova e acariciando entre as suas. – Eu só... Eu tenho tanta gente querendo fazer as coisas pra mim o tempo todo por eu ser cadeirante que às vezes eu só quero zunir todo o mundo, mas você não tem culpa disso. Desculpa por ter sido grossa. – Anahí assentiu. – Eu precisava sim de ajuda. Obrigada.


- Tudo bem. – A mais nova segurou a sua cintura e puxou-a para o seu colo, como gostavam de fazer desde a primeira vez que isso aconteceu, na choppada da faculdade.


- Você... – Dulce acariciou sua bochecha com o polegar. – É a melhor coisa que me aconteceu. – Anahí sorriu de forma tímida. – Eu estou falando sério. Você entendeu todas as minhas falhas perfeitamente e era tudo branco até você me desenhar, você mudou tudo. – A mais velha a beijou, sendo correspondida com delicadeza.



- Dulce... – Murmurou contra seus lábios, seu coração batia forte e ela não sabia como lidar com todos aqueles sentimentos dentro de si. – Eu amo você.



A veterana não sabia lidar com aquilo. Em toda a sua vida, ela nunca tinha ouvido essa frase vindo de alguém – romanticamente falando – e não fazia ideia de como agir. Não pode evitar de sorrir, vendo que Anahí não parecia estar lhe cobrando uma resposta. Ela tinha certeza que depois de todos esses meses juntas, a garota havia montado morada em seu coração e esperava que isso fosse tudo o que importasse.


E era.
Voltou a beijá-la com mais intensidade que antes e ousou escorregar as mãos para a barra de sua blusa, levando-a para cima. A mais nova não esboçou reação que não fosse ajudar Dulce a se livrar do pano, descendo os beijos para seu maxilar e seu pescoço.


Suspendeu a mais velha e a deixou deitada na cama, colocando seu corpo por cima do dela se apoiando nos cotovelos para não largar todo seu peso em cima de Anahí.



- Olha, eu... – Anahí começou a falar, mas foi interrompida pelo dedo da outra em seus lábios e um sorriso.



- Shh. Amor, leve seu tempo.
A caloura sorriu se inclinando para beijá-la e então elas se amaram até seus corpos se tornarem um só.


 


********


Aaaaaaa o que vocês acharam dessa quarta história?????


 


 



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Comentários da Fanfic 22



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  • siempreportinon Postado em 08/01/2018 - 22:55:11

    Estou amando suas histórias, cada dia leio uma. Sei que não comento muito mas estou sempre acompanhando suas publicações!

  • natty_bell Postado em 03/01/2018 - 17:42:09

    SCRRR EU TO APAIXONADA POR UMA ESTORIA AAAAAAA <3 tem muitas histórias ainda?? To amando serem varias em uma

    • Emily Fernandes Postado em 03/01/2018 - 19:10:48

      Sim, as histórias são muito boas. Ainda tem algumas ou várias pra colocar em prática. Então que viva as histórias aleatórias da fic. Que história vc mais gostou?

  • Nix Postado em 08/12/2017 - 19:51:32

    Owt que capítulo incrível, amei a surpresa pra Any, o amor que elas fizeram não foi apenas de saudade mas sim de um amor que supera barreiras

    • Emily Fernandes Postado em 12/12/2017 - 18:03:21

      Concordo com tudo que vc disse. O amor delas é lindo mesmo. Vamos ver sexta a onde mais uma vez a arte vai ser pintada.

  • Nix Postado em 05/12/2017 - 17:10:33

    Acredito que vou chorar horrores nessa história.

    • Emily Fernandes Postado em 08/12/2017 - 15:46:17

      Espero que a história realmente agrade. Pq ela é linda e encanta.

  • Nix Postado em 01/12/2017 - 19:28:21

    Momento fofo amei, não há palavras para descrever esse capítulo

    • Emily Fernandes Postado em 05/12/2017 - 15:44:40

      Não nunca há palavras pra descrever coisas simples E belas. Aproveite outra história.

  • Nix Postado em 28/11/2017 - 09:14:53

    Isso ai Anahi não desiste da Dulce Concordo com a Angel o destino delas estão traçados.

    • Emily Fernandes Postado em 01/12/2017 - 08:49:26

      Sim, Anahí não desisti tão fácil. Porém acho que o destino ainda vai aprontar muito com as duas. Isso será inevitável.

  • candy1896 Postado em 27/11/2017 - 11:32:28

    Continuaa

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:52:35

      Continuei kkk bjs

  • Evelyn Postado em 25/11/2017 - 16:16:12

    Olá maninha eu estou perplexa com suas histórias. Mas vamos ler não é. Bjs amor meu, eu sou a única com tal liberdade pra isso não é. Ahahahahahah

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:51:46

      Olá quem seria vc mesmo. O assim. Não diga que minhas histórias não estão te agradando. Perplexa fica eu com sua ousadia. Mas te amo da mesma forma. Bjs evy. Ps sim vc é a única que pode me chamar do que quiser.

  • siempreportinon Postado em 25/11/2017 - 11:05:01

    Marquei presença aqui, amo suas histórias já pode continuar!!!

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:46:28

      Vc sempre marca. Seu pontinho mesmo. Irei continuar.

  • Lern Jauregui Postado em 25/11/2017 - 09:37:17

    O primeiro encontro delas já vou uma arte rsrs .....A Annie uma fotógrafa de olhos azuis e sexy e a Dul uma garota linda e intrigante... E acho que a Annie meio que já se interessou,só acho rs. Mal posso esperar pros próximos capítulos.... Já pode continuar.. Bjs Emm.

    • Emily Fernandes Postado em 28/11/2017 - 07:45:05

      Obrigada lern, acho que a arte está em tudo O que fazemos seja boas ou ruins, o importante É saber apreciar. Não é bjs pra vc tbm.


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