Fanfics Brasil - Capítulo 6 A Química - Adaptação Vondy

Fanfic: A Química - Adaptação Vondy | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 6

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Ela caminhou vagarosamente até a escrivaninha enquanto os guinchos abafados eram  absorvidos pela dupla camada de espuma acústica, sentou-se e cruzou as pernas. Checou os monitores — sinais vitais elevados, mas nada preocupante. Um corpo saudável poderia experimentar uma dor muito mais forte do que as pessoas imaginam antes que órgãos importantes corressem algum risco sério. Esfregou o touchpad do computador para manter a tela iluminada. Em seguida, puxou do bolso o relógio de pulso e o apoiou no joelho, uma atitude principalmente teatral; ela poderia ter visto as horas no computador ou nos monitores com a mesma facilidade.

Ela olhava para ele enquanto esperava, o rosto sereno e o relógio prateado brilhando em contraste com a roupa preta. Os alvos costumavam achar desconcertante esse comportamento — que ela pudesse encarar seu trabalho de modo tão impassível. Assim, ela o observava, a expressão educada, como a de um membro da plateia em uma peça medíocre, enquanto o corpo dele se revirava e se contorcia na mesa e seus gritos engasgavam na boca amordaçada. Às vezes, seus olhos se voltavam para ela, aflitos e suplicantes, e outras vezes rodopiavam loucamente pelo cômodo.

Dez minutos podiam ser uma eternidade. Os músculos dele começaram a ter espasmos independentes entre si, alguns formando nós e outros com a impressão de que queriam ejetar dos ossos. O suor corria pelo rosto, escurecendo seu cabelo. A pele nas maçãs do rosto parecia prestes a abrir. Os gritos diminuíram de volume, se tornaram roucos, soando muito mais como os berros de um animal do que os de um homem.

Mais seis minutos.

E essas nem chegavam a ser as drogas boas.

Qualquer um que fosse doente o bastante poderia duplicar a dor que ela estava infligindo naquele momento. O ácido usado por ela não era uma substância controlada; era razoavelmente fácil de adquirir pela internet, mesmo por alguém que por acaso estivesse fugindo da banda podre do governo dos Estados Unidos. Antigamente, quando fazia interrogatórios com as melhores condições possíveis, em um lindo laboratório e com um lindo orçamento, além de um sequenciador e um reator, ela fora capaz de criar algumas preparações excepcionais e ultraespecíficas.

Na verdade, a Química nem de longe era o codinome apropriado para ela. No entanto, a Bióloga Molecular talvez soasse pomposo demais. Barnaby tinha sido o especialista em química, e os procedimentos ensinados por ele a mantiveram viva depois que ela perdeu o laboratório; no fim, ela se transformara em seu codinome. Mas, no início, fora sua pesquisa teórica com anticorpos monoclonais que tinha chamado atenção do departamento. Era uma pena que ela não pudesse arriscar e levar Christopher para o laboratório. Essa operação teria proporcionado resultados muito mais rapidamente.

E ela havia chegado perto demais de efetivamente retirar a dor da equação, o que teria sido o seu Santo Graal, apesar de ninguém parecer ansioso por isso. Ela tinha certeza de que, se ainda estivesse trabalhando no laboratório nos últimos três anos, em vez de lutando para sobreviver, teria criado por agora a chave que destrancaria qualquer coisa da mente humana que fosse preciso. Sem tortura, sem terror. Apenas respostas rápidas, dadas com prazer, e depois uma viagem igualmente prazerosa para uma cela ou para o muro de execução.

Eles deviam tê-la deixado trabalhar.

Ainda faltavam quatro minutos.

Ela e Barnaby haviam conversado sobre diferentes estratégias para lidar com esses períodos do interrogatório. Barnaby contava histórias para si mesmo. Ele se lembrava dos contos de fadas da infância e pensava em versões modernas ou em finais alternativos ou no que aconteceria se os personagens trocassem de lugar. Ele dissera que algumas das ideias que lhe vinham à cabeça eram bastante boas, e, quando tivesse tempo, iria colocá-las no papel. Ela, no entanto, sentia estar perdendo tempo se não fizesse algo prático. Formulava planos. No início, planejou novas versões de um anticorpo monoclonal que controlaria a reação do cérebro e bloquearia os receptores neurais. Mais tarde, planejou a própria vida em fuga, pensando em tudo o que poderia dar errado, todos os piores cenários, e o que ela poderia fazer para evitar cair em cada armadilha. Depois, como escapar de uma armadilha que estivesse em vias de acontecer. E, em seguida, em como escapar se de fato caísse em uma armadilha. Tentava visualizar cada possibilidade.

Barnaby disse que ela precisava tirar uma folga mental de vez em quando. Divertir-se um pouco, senão, qual era o propósito de viver? 

Apenas viver, concluiu ela. Apenas viver era tudo o que pedia. E assim ela despendeu o esforço mental necessário para tornar isso possível.

Hoje ela pensava no passo seguinte. Esta noite, a noite de amanhã, ou, que os céus o ajudem, na noite seguinte, Christopher ia contar tudo para ela. Todo mundo cedia. Todo ser humano tem um limite de resistência à dor, isso é um fato. Algumas pessoas conseguem lidar melhor com um tipo ou outro, mas isso significava que ela só precisaria provocar outro tipo de dor. Em algum momento, se ele não falasse, ela iria virar Christopher de bruços — para não engasgar no próprio vômito — e administrar o que ela chamava de agulha verde, ainda que o soro fosse transparente, assim como todos os outros. Se não surtisse efeito, ela tentaria um dos alucinógenos. Sempre havia uma nova maneira de infligir dor. O corpo tinha muitas formas diferentes de experimentar os estímulos.

Uma vez que tivesse a informação de que precisava, ela interromperia a dor, o doparia, e então mandaria um e-mail para Carston a partir desse endereço de IP e lhe diria tudo que descobrira. Depois fugiria e continuaria assim por um bom tempo. Talvez Carston e companhia não fossem atrás dela. Ou talvez fossem. E era capaz de ela nunca saber, porque muito provavelmente continuaria escondida até a morte — se tudo corresse bem, de causas naturais.



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Autor(a): ana

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Quase ao fim dos dez minutos, a dose começou a perder o efeito. Cada caso era diferente, mas Christopher reagia de acordo com a maioria. Seus gritos se transformaram em grunhidos ao passo que seu corpo lentamente se derretia em um amontoado de carne exausta em cima da mesa, e então ele ficou quieto. Ela retirou o objeto de sua boca, e ele arfou em busca de ar. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • Manuzinhaa Postado em 24/04/2018 - 17:32:56

    MULHER DO CÉU, CONTINUA

  • heloisamelo Postado em 15/12/2017 - 02:20:44

    Contt

  • julianafontes Postado em 13/12/2017 - 05:15:11

    Ansiosa para que o Chris apareçaaaa, continuaaa

  • julianafontes Postado em 05/12/2017 - 01:19:33

    Estou amando demais, continua logooo

  • beatris Postado em 04/12/2017 - 00:51:11

    ctn logo pfv pq eu estou realmente curiosa e levemente perdida...


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