Fanfic: O Enigma do Medalhão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo 8

Alfonso beijou-a no pescoço e depois beijou-a nos lábios outra vez.

Suas mãos deslizaram da curva da cintura fina até os ombros roliços, e em seguida insinuaram-se pelo decote da camisa. Ao mesmo tempo, sua língua voltava a explorar a boca macia que um dia já fora sua.

Sua. Mia deveria ter continuado sendo sua pelo resto da vida!

Voltar a beijá-la depois de tantos anos trouxera-lhe lembranças dos planos que havia feito para os dois.

Uma família.

Ele queria ser parte de uma família outra vez.

Mia acariciou-lhe os cabelos enquanto ele mudava de posição para aprofundar ainda mais o beijos.

Os quadris femininos moldaram-se aos dele, Alfonso perdeu a noção do presente e retornou ao passado, lembrando-se dos bons momentos que passara em companhia de Mia.

As conversas que haviam tido, o riso compartilhado, os carinhos trocados, as horas que haviam gasto fazendo amor...

Horas em que experimentara a mesma deliciosa sensação que experimentava agora.

Mas não, estava enganado.

O que acontecia agora era mil vezes melhor do que tudo o que já acontecera antes.

A mulher em seus braços parecia diferente, de algum modo que ele não era capaz de definir.

Alfonso sabia apenas que os beijos de Mia tinham sido menos apaixonados e urgentes no passado.

Ele a amara de verdade mas, levando em consideração o que Mia lhe dissera antes de casar-se com Carlos, concluíra que ela apenas sentira uma forte atração sexual por ele.

Agora, porém, Mia estava agindo do modo com que Alfonso sempre sonhara, entregando-se totalmente, sem reservas.

Ela deslizou as mãos para debaixo da camisa de Alfonso, acariciando-lhe o peito, e ele voltou a gemer.

Louco de excitação, Alfonso começou a desabotoar a camisa de seda que cobria os seios fartos e firmes de Mia. Desejava tocá-la, sentir a maciez e o calor daquela pele contra a sua própria pele.

Desejava experimentar mais uma vez a sensação paradisíaca de ter aqueles seios roçando contra o seu peito nu, a sensação maravilhosa de beijá-los e mordê-los bem de leve para depois sugar os mamilos rosados.

Sim, Alfonso se lembrava. Mia fora sua antes de tomar-se esposa de Carlos.

Tal pensamento teve o poder de trazê-lo de volta à realidade.

Arrasado por um intenso sentimento de culpa, ele interrompeu o beijo e as carícias.

Por Deus, o que estava fazendo?! Mia não mais lhe pertencia! Agora ela era a mulher de Carlos!

Alfonso empurrou-a para longe de si.

Cobrindo os olhos com as mãos, ele balançou a cabeça.

Pretendera ensinar uma lição a Mia, provar que ela jamais mudaria.

Como pudera permitir que situação escapasse do seu controle? Pior que isso, o que o levara a cometer um ato tão insano?

Baixando as mãos, Alfonso abriu os olhos e encarou Mia.

Ela estava abotoando a camisa de seda com dedos trêmulos. Lágrimas escorriam pelo rosto corado e deslizavam sobre os lábios inchados pelos beijos de poucos segundos atrás.

— Maldição! — exclamou Alfonso, tenso.

Ele se virou de costas e arrumou a própria camisa, que escapara para fora do cós da calça.

Pensando ter ouvido a voz de Mia, olhou para trás.

— O que disse?

— Na... Nada. — respondeu ela, enxugando as lágrimas com as costas das mãos antes de fitá-lo.

Por um instante Alfonso teve a impressão de que os olhos azuis de Mia pareciam um tom mais escuro que o normal. E a expressão com que ela o fitava tinha uma força e uma profundidade da qual Mia não era capaz.

Será que estava tendo uma alucinação?

De repente, ela pigarreou e deu um passo à frente,

— Fique longe de mim. — ordenou Alfonso. — Por favor, fique longe de mim, Mia.

Ela assentiu e recuou, afirmando:

— Fique tranquilo, nunca mais irei me aproximar de você. Mas quero lhe pedir um favor, também. Não me chame de Mia!

Alfonso lembrou-se no mesmo segundo da estranha frase que ela dissera na noite anterior.

"Eu não sou Mia."

Franziu a testa, curioso, pensando no quanto ela parecia mudada.

Agora há pouco Mia agira como uma mulher completamente diferente do que sempre fora, uma mulher que ele nunca conhecera antes, que correspondera às suas carícias com um ardor inusitado.

E os olhos dela...

Ora, que tolice!

Ele até podia estar disposto a imaginar que a mulher que se derretera de paixão em seus braços não era Mia Colucci, mas existia uma grande distância entre "imaginar" e "acreditar"...

E por mais que deixasse a imaginação correr à solta, nada alterava o fato de que Mia era a esposa de Carlos Tremayne. Seria loucura esquecer-se disso, mesmo que por um breve momento.

— Você tem razão. — murmurou Alfonso, por fim. — O seu nome não é Mia, é Sra. Carlos Tremayne. E eu já aceitei esse fato há muito, muito tempo.

Anahí estava tão zangada quanto Alfonso, ou mais.

Assim que ele tinha montado em Cherokee para procurar Sophie, ela se recriminou por ter permitido que o beijo acontecesse.

Irritada, pegou um pedregulho do chão e atirou-o com força no riacho.

Como pudera ser tão estúpida e tão irresponsável a ponto de não ter pensado no quanto o beijo abalaria Alfonso Herrera?

Desde quando tornara-se tão egoísta?

A expressão de vergonha e de arrependimento que vira no rosto de Alfonso quando ele a afastara voltou-lhe à mente.

Droga!

Era ela que devia estar envergonhada, e não Alfonso. Afinal, sabia muito bem que ele amara Mia, antes de perdê-la para o melhor amigo.

Além disso, havia a questão da sua própria identidade.

Alfonso não sabia que havia beijado e acariciado outra mulher. Ele acreditara estar beijando Mia, acreditara que fora Mia que correspondera às suas carícias.

Droga, mil vezes droga!

Anahí não estava absolvendo Alfonso de toda responsabilidade pelo que acontecera, claro. Fora ele quem havia começado tudo, portanto merecia sentir um pouco de culpa também.

Por outro lado, Anahí sabia que não deveria ter permitido que a situação chegasse ao ponto em que chegara. Tinha de ter interrompido o beijo antes que ele se tornasse tão... tão incrível!

Teria sido fácil recuar se o beijo tivesse sido normal ou sem graça. Mas nunca, em toda a sua vida, Anahí fora beijada com tanta paixão e sensualidade, a ponto de sentir-se prestes a desmaiar de emoção.

Mulher nenhuma no mundo teria tido força de vontade para resistir a um beijo tão avassalador.

Ah, mas como ela gostaria de ter a chance de testar a sua força de vontade outra vez...

Sentando-se numa pedra e enterrando o rosto entre as mãos, Anahí suspirou.

Quero voltar para casa. Por favor, meu Deus, deixe-me voltar para casa.

Alegar que sentia uma forte dor de cabeça não havia adiantado nada.

Carlos fizera questão de que sua esposa participasse do jantar que ele estava oferecendo naquela noite aos líderes da comunidade.

E mais, Carlos insistira para que ela se comportasse direito, caso contrário...

— Nunca vi ninguém tão preocupado com a própria auto-imagem quanto Carlos. — resmungou Anahí em voz inaudível, enquanto levava à boca uma garfada de bolo de chocolate com cobertura de chantilly.

Ela não sabia quem a mataria primeiro, o homem que assassinara Mia ou os alimentos cheios de calorias e colesterol que consumira esta noite.

Como não havia comido nada desde que chegara, a princípio Anahí não pensara em mais nada além de saciar a fome.

Mas agora, depois de uma refeição à base de carne vermelha e molhos gordurosos, sem mencionar os doces servidos à sobremesa, ela estava descobrindo mais uma razão para voltar o quanto antes para os anos 90, preservar a sua saúde.

Nesse momento, a mulher sentada ao lado de Anahí à mesa abriu a bolsa que tinha no colo e pegou uma piteira de jade.

Em seguida, a mulher enfiou um cigarro, sem filtro, claro, na ponta da piteira e acendeu-o, lançando uma pequena nuvem de fumaça azulada na direção do rosto de Anahí.

— Quer fumar também, querida? — perguntou a mulher, oferecendo-lhe um cigarro.

Anahí pestanejou, reprimindo a vontade de soprar para longe a nuvenzinha tóxica.

Será que Mia fumava? Era provável que sim, pois todo mundo por ali fumava.

Mas havia um limite para o que Anahí estava disposta a fazer enquanto era obrigada a assumir a identidade de sua sósia.

— Não, obrigada. — respondeu ela, com delicadeza. — Talvez eu fume mais tarde.

A mulher sorriu e soltou mais algumas baforadas de fumaça antes de tornar a abrir a bolsa e pegar um frasco de bebida.

Olhando para as outras convidadas, Anahí notou que várias delas também haviam tirado frascos de bebida da bolsa.

Que doidice!

Anahí teve a sensação de estar assistindo a um filme antigo, ou de ter sido convidada para participar de uma peça de época onde todo mundo conhecia o script, menos ela.

Para as outras pessoas devia ser fácil agir com naturalidade, refletiu Anahí, pesarosa. Afinal, ninguém mais precisava fingir que era Mia Colucci.

Mas por que logo ela fora escolhida para desempenhar o papel de uma mulher fútil e desajuizada, detestada pelo marido, desprezada pelo ex-amante, e que ainda por cima fora estrangulada por um homem barbado?

Anahí estremeceu.

Ainda não havia parado para pensar com calma no assassinato porque estivera ocupada demais tentando encontrar um jeito de entrar nos túneis.

Mas agora que já não tinha tanta certeza de conseguir retornar logo para o futuro, a possibilidade de o assassino de Mia vir atrás dela começava a preocupá-la.

E se o tal homem fosse algum aliado de Carlos nos negócios? E se o sujeito houvesse comparecido ao jantar desta noite?

Na certa ele teria ficado chocado ao entrar na mansão e ver Mia circulando por entre os convidados, sem nenhuma marca roxa no pescoço.

Por sorte, isso não acontecera. Não havia nenhum homem barbado entre os convidados de Carlos.

Mas até quando essa sorte iria durar?

Olhando para Carlos, sentado na outra pontada da mesa, Anahí levou uma das mãos à testa e fez uma rápida careta de dor enquanto movia os lábios para formar em silêncio a frase: "Estou com dor de cabeça, posso me retirar?"

Carlos balançou de leve a cabeça e lançou-lhe um olhar cujo significado era óbvio.

Não.

Anahí pousou as mãos sobre o colo e suspirou. Olhou ao redor até avistar a figura de Alfonso Herrera.

Alfonso...

Ela já o achara bonito usando roupas apropriadas para cavalgar. Mas agora, usando um elegante traje social, ele estava simplesmente devastador!

O terno risca-de-giz de corte impecável realçava-lhe os ombros largos. O colarinho engomado da camisa branquíssima contrastava com o bronzeado do rosto e com os cabelos pretos.

A gravata de seda combinava com o lenço no bolso do paletó, um detalhe sem dúvida destinado a atrair a atenção feminina. E o truque funcionava, concluiu Anahí, notando com uma pontinha de ciúme que muitas das mulheres à mesa não tiravam os olhos de Alfonso.

A moça sentada ao lado dele, por exemplo, não cessava de dirigir-lhe sorrisos sedutores.

Uma outra mulher o fitava como se estivesse prestes a pular a mesa para ir aninhar-se no colo dele.

Ao estender uma das mãos para pegar a taça de vinho à sua frente, Alfonso percebeu que Anahí o encarava e franziu a testa.

Ela enrubesceu e virou o rosto, depressa.