Fanfic: O Enigma do Medalhão *AyA*Ponny* | Tema: Ponny, AyA

Capítulo 15

Grávida!

Sentindo o coração disparado, Anahí verificou a data no topo do parágrafo que acabara de ler.
Será que...

Sim! Mia engravidara quatro anos atrás!

Então fora por isso que Carlos mantivera Mia afastada da mansão!

Era isso que Edith havia começado contar a Katy naquele primeiro dia, antes de ser interrompida pela chegada de Carlos!

Ansiosa, Anahí continuou lendo o diário.

"Mia tinha ficado feliz ao descobrir que esperava um filho. Ao mesmo tempo, ficara amedrontada.

Se contasse ao amante que estava grávida, destruiria o futuro dele como pastor religioso. Se Carlos descobrisse sobre a gravidez, era o futuro dela mesma que passaria a correr perigo.

O casamento com Carlos não dera certo, como Mia havia imaginado que daria. Os dois brigavam o tempo todo, por qualquer motivo.

Para resolver a situação, Mia tentou convencer o amante de que não podiam mais se ver, mas ele se recusou a aceitar o fim do relacionamento.

Quando Mia, num gesto de desespero, declarou que não o amava mais, o rapaz não acreditou e ameaçou ir conversar com Carlos, supondo que ele era o pai dela, decidido a pedir a mão de Mia em casamento.

Finalmente percebendo que o único jeito de afastar o amante seria contar-lhe a verdade, Mia falou sobre o bebê.

O rapaz não reagiu como ela esperava.

Em vez de ficar com raiva ou medo, ele se mostrou feliz. Chorando de emoção, abraçou Mia e declarou que agora a amava mais do que nunca."

Ao ler esse trecho do diário, Anahí sorriu.

Que sujeito incrível! Para um homem dos anos 20 que pretendia ser pastor religioso, até que ele reagira de um jeito bem "moderno" ao saber que engravidara a mulher com quem tinha um relacionamento, considerado pecaminoso na época.

Suspirando, Anahí, retomou a leitura.

"O amante de Mia não reagiu tão bem quando ela lhe contou o resto, que era casada, que já havia tido outros amantes e tudo o mais.

O rapaz ficou ao mesmo tempo magoado e furioso, e foi com alívio que Mia o viu ir embora do bosque onde costumavam se encontrar.

Ela lamentaria para sempre a perda do único amor verdadeiro que conhecera, mas pelo menos teria o consolo de saber que havia feito tudo o que era necessário para evitar a ruína do homem amado."

Os olhos de Anahí se encheram de lágrimas de emoção.

Pobre Mia... O que acontecera com ela e com bebê?

Anahí sabia que Carlos afastara Mia da mansão, graças ao mexerico de Edith, mas não sabia o que havia acontecido depois.

Será que Mia tivera o bebê? Em caso afirmativo, onde estaria a criança, agora?

Anahí continuou lendo o diário.

"Para surpresa de Mia, o seu amante foi procurar Carlos a fim de exigir que ele concedesse o divórcio à esposa, para que os dois pudessem se casar.

Carlos ficou enfurecido e ameaçou o rapaz, dizendo que preferia arruinar financeiramente a família dele a permitir que um escândalo manchasse a boa reputação do sobrenome Tremayne.

O rapaz, por sua vez, não se deixou intimidar e retrucou que Carlos podia fazer o que bem entendesse, só o que ele queria era casar-se com Mia, que estava esperando um filho seu.

Mas Mia sabia do que Carlos era capaz. Sabia que ninguém no mundo seria capaz de vencer Carlos numa guerra de vontades.

Por essa razão, quando Carlos mentiu para o rapaz dizendo que ele e Mia também tinham dormido juntos nos últimos meses, ela confirmou a mentira.

Fingindo um pouco caso que estava longe de sentir, Mia afirmara que qualquer um dos dois podia ser o pai do bebê que estava esperando.

Ao ver o desespero de seu amante ela sentiu que morria por dentro, mas fez questão de desferir o golpe final dizendo ao rapaz:

— Para mim tanto faz quem é o pai do bebê, desde que eu possa continuar a viver cercada pelo luxo ao qual estou acostumada. E você não é rico o bastante para me cercar de luxo, certo?

Nunca mais Mia viu o rapaz outra vez.

Ele desapareceu, e a família dele aceitou a generosa "oferta" que Carlos lhe fez para ir embora da cidade.

Antes de ser mandada para um abrigo para mães solteiras, Mia implorou a Carlos que a deixasse ficar com o bebê para criá-lo como se fosse filho dos dois, mas ele não quis nem saber da idéia.

Em vez disso, Carlos fez planos para entregar a criança ao orfanato vizinho ao abrigo."

O parágrafo seguinte do diário dizia:

"O meu bebê é um menino. Ele é lindo, embora tenha cabelos castanhos como os meus, e não cabelos escuros como os do pai. Mas eu insisti para que meu filho tivesse o mesmo nome do pai: Enrique."

Havia mais parágrafos depois.

Alguns falavam do sofrimento de Mia ao deixar o bebê no orfanato, outros mencionavam o seu retorno à mansão Tremayne.

"Mia quase morrera de tristeza ao dar um beijo de despedida no filho, primeiro fora obrigada a separar-se do homem amado, agora era obrigada a abandonar o bebê...

Mia voltara para a mansão com o coração cheio de ódio e amargura.

Carlos a afastara das duas pessoas que ela mais amava no mundo, e ela jamais o perdoaria por ter feito isso.

Sem que Carlos soubesse, Mia havia continuado a visitar o filho no orfanato.

Entregava todo o dinheiro que conseguia juntar à instituição, impondo apenas uma condição, o bebê não devia ser entregue para adoção."

Anahí fechou o diário com as mãos trêmulas e a mente em turbilhão.

A última entrada do diário era datada de seis meses atrás, o que significava que o filho de Mia ainda devia estar no orfanato mencionado.

E o nome da criança era Enrique.

Enrique.

O pai de Anahí também se chamava Enrique.

E nascera no mesmo dia que o filho de Mia.

Anahí saiu correndo do quarto, ansiosa para ir ao encontro de Alfonso.

Encontrou Katy no corredor, e a criada avisou que Carlos mandara chamá-la.

Ignorando o recado, Anahí continuou correndo até chegar à casa de hóspedes. Abriu a porta da sala e quase deu um encontrão em Alfonso, que estava saindo com uma mala nas mãos.

— Alfonso, você precisa me levar para o Estado de Missouri! — disse ela, sem fôlego.

— Mudou de idéia? — perguntou ele, largando a mala no chão. — Quer ir embora daqui comigo?

— Não! Isto é, eu quero ir até o Estado de Missouri, mas só por um dia. E você, para onde estava indo com essa mala? Pensei que ainda fosse demorar alguns dias para ir embora daqui.

— Isso foi o que eu lhe disse antes, mas agora...

— Oh, não! Você contou a Carlos sobre nós?!

— Contei.

— Céus! Será que você tem noção do que fez?!

— Claro que tenho. Eu fiz apenas algo já deveria ter feito há muito tempo. Além disso, uma das criadas viu você saindo da casa de hóspedes hoje de madrugada e foi falar com Carlos. Ele já sabia de tudo, antes mesmo de eu abrir a boca.

— E qual foi a reação de Carlos?! — indagou Anahí, aflita. — Ele ficou muito furioso?!

— Ficou, mas só porque eu me recusei a seguir os planos que ele havia feito para o meu futuro. Você tinha razão, sabe? Carlos nunca se importou com você. A única coisa que o preocupava era a possibilidade de você arruinar a minha vida. — Alfonso sorriu e acariciou o rosto de Anahí, acrescentando: — Mas eu disse a ele que você me salvou.

— Você é um bom homem, Alfonso Herrera. Ninguém mais teria tido coragem de defender Mia. Talvez você esteja certo. Talvez ir para longe de Carlos seja o melhor para você.

— Você é o que pode existir de melhor para mim, querida. E mesmo que você não concordasse em partir comigo, eu arranjaria um jeito de afastá-la de Carlos.

Anahí estremeceu e aninhou-se nos braços de Alfonso. Abraçou-o com força, emocionada.

Não tinha mais a sensação de estar levando a existência de outra mulher, pois agora sabia que, assim como Mia havia encontrado o grande amor da sua vida, ela também encontrara o seu grande amor.

O problema era que mais cedo ou mais tarde também seria obrigada a abandonar o homem amado, como acontecera com Mia.

— Alfonso, eu terminei de ler o diário de Mia. — disse Anahí, de repente. — Ela... teve um filho.

— O quê?! Um filho?!

— Sim! Lembra-se de quando Mia passou quase um ano longe da mansão, quatro anos atrás? Pois então, Carlos a mandou para um abrigo de mães solteiras no Estado de Missouri. Ela permaneceu lá até o nascimento do bebê, um menino.

— Um filho... — murmurou Alfonso, incrédulo. — Mas por que Carlos mandaria a esposa para um abrigo de mães solteiras? Ele sempre quis ter um filho, e...

— Carlos não era o pai do menino. — explicou Anahí, antes que Alfonso pudesse dizer qualquer coisa, ela prosseguiu: — Não tenho tempo agora para tentar convencê-lo mais uma vez de que não sou Mia. Só o que posso lhe dizer por enquanto é que o filho de Mia é mais uma das coincidências que já mencionei antes. O menino deve estar com uns três anos de idade, e ainda se encontra no orfanato em que Carlos mandou colocá-lo, no Estado de Missouri. E eu preciso vê-lo para ter certeza de uma coisa.

— Você quer que eu a leve até lá?

— Quero.

— E depois?

— Não sei. Mas se o menino for quem eu estou pensando que ele é, serei obrigada, mais que nunca, a voltar para o futuro.

Nico Thomas sentiu o sangue gelar nas veias ao ver a mulher no interior do luxuoso automóvel que atravessou os portões da mansão.

A mesma mulher que julgara morta e cujo corpo abandonara dentro uma caverna.

Mas ali estava ela, viva, acomodada no banco do passageiro, conversando com o homem moreno que dirigia o automóvel.

Dando partida no motor do automóvel que comprara assim que chegara a Tremayne, Nico começou a seguir o outro veículo.

Em algum momento, de algum modo, teria de separar Mia Colucci do homem que a acompanhava, e matá-la.

— Sra. Tremayne, como vai? — a mulher sentada atrás da escrivaninha de mogno levantou-se da cadeira com um sorriso nos lábios.

Ela usava os cabelos presos num coque e usava roupas simples mas elegantes.

A pequena placa de bronze sobre a escrivaninha identificava a mulher como "Sra. Phillips".

A Sra. Phillips aproximou-se. Cumprimentou Anahí com um aperto de mão, fez um aceno com a cabeça na direção de Alfonso e em seguida comentou:

— Que bom vê-la novamente, Sra. Tremayne. Fazia tempo que a senhora não vinha até aqui. Precisamos conversar sobre um assunto muito importante relacionado ao...

— Quero ver Enrique. — disse Anahí, interrompendo-a. — Ele ainda está aqui, não está?

— Sim, é claro, mas...

— Discutiremos o tal assunto importante mais tarde, se não importa. — as palavras de Anahí soaram bruscas, mas ela estava tão ansiosa para ver o menino que nem se deu conta disso.

Seu pai.

O filho de Mia podia ser o seu pai!

Durante a viagem de três horas entre Tremayne e a pequena cidade na divisa dos Estados de Oklahoma e Missouri, ela não conseguira pensar em outra coisa.

— Como preferir, Sra. Tremayne. Com licença, vou buscar Enrique. — a Sra. Phillips saiu da sala.

Anahí fitou Alfonso, tentando decifrar a expressão que dominava o rosto másculo.

Ele permanecera calado durante toda a viagem. E agora, o que estaria pensando?

Será que passara a acreditar que Mia e Anahí realmente eram duas mulheres diferentes? Ou teria concluído que "Mia" enlouquecera de vez?

Bem, pelo menos ele estava ali, a seu lado, e isso já era um bom sinal.

— A Sra. Phillips me reconheceu, Alfonso. E ela foi buscar o menino. Isso significa que tudo o que Mia escreveu no diário é verdade. — disse Anahí, de repente.

— Eu sei que é. Por acaso pensou que eu não havia acreditado em você?

— Confesso que não sei mais o que pensar. Você ficou calado durante toda a viagem...

— Fiquei calado para refletir melhor sobre tudo o que está acontecendo. E sabe o que foi que eu concluí? Que estou com medo de que tudo o que você me contou seja mentira, pois quero muito ter certeza de que você é mesmo Anahí, e não Mia. Por mais absurda que a sua história pareça, quero que ela seja verdadeira. — baixando o tom de voz, Alfonso acrescentou: — E sabe por quê? Porque estou apaixonado por Anahí, e quero passar o resto da minha vida ao lado dela.

— Eu também te amo, querido, mas nós nunca... — Anahí interrompeu a frase no meio e virou-se para trás ao ouvir o barulho da porta da sala sendo aberta.

A Sra. Phillips entrou, acompanhada por um garotinho moreno de três anos de idade.

Oh, céus, pensou ela quando o menino sorriu de alegria ao vê-la.

Já havia considerado a possibilidade de o filho de Mia ser o seu pai, e agora ali estava a confirmação que procurava.

Mas como? Como era possível?

— Mamãe! — exclamou o garotinho, correndo para abraçá-la. — A senhora voltou!

Anahí abaixou-se e o recebeu de braços abertos, procurando esconder as lágrimas que lhe subiram aos olhos.

— Sim, eu voltei. — murmurou com voz rouca de emoção. — Vamos, deixe-me olhar para você...

Ela notou que os olhos do menino eram azuis como os seus, e como os de Mia...

Então era essa a conexão!

Finalmente Anahí entendeu por que era tão parecida com Mia.

Sua avó! Mia era sua avó!