Fanfic: Necromante - Os Deuses da Morte | Tema: Fantasia
Alguns dias depois...
O exército de centenas de homens do reino de Condar — exibiam a cor vermelha e preta em suas armaduras — estavam a porta do reino de Talles. Já iria para o terceiro dia que eles estavam parados ali, apenas colocando seus soldados em posição e discutindo seus possíveis planos. Este exército estava sob a liderança de Cletus, um dos melhores comandantes de Condar.
Por outro lado, sob o comando de Hela, o exército de mortos-vivos e esqueletos do necromante estavam alinhados e preparados para repelir o ataque dos homens de Condar. Ela posicionou os soldados de seu rei cuidadosamente, tentando prever as possíveis táticas de seu inimigo.
Ela, juntou com Hades e Molly, estava em cima do muro da cidade, na localização exata sobre o portão. A bruxa e domadora das trevas estavam calmas diante de tantos inimigos, mas a refém estava extremamente nervosa e com medo, assim como os guerreiros inimigos, como qualquer pessoa de bom senso estaria antes de um confronto de tamanha proporção.
Então, o inevitável finalmente aconteceu.
Os soldados de Condar, pisando forte contra o chão para fazer barulho, começaram a avançar. Sob o barulho das armaduras, os soldados clamavam pelo nome de seu reino.
Hela apertou forte a faca que Morrigan havia dado para ela, onde a possibilitava ter controle sobre seus lacaios. Com um simples movimento de sua mão, os mortos-vivos e esqueletos começaram a avançar. Estes, eram silenciosos e sem vida, mas tão letais quanto seus inimigos.
Em um determinado momento, explosões aconteceram em meio os soldados de Condar. Homens e pedaços deles começaram a voar. Com sua linha de frente completamente destruída em tão pouco tempo e repentinamente, os soldados hesitaram por um instante. Todavia, os lacaios do necromante continuaram o avanço e começaram o confronto direto. Os gritos começaram a ecoar, em meio ao barulho alto das lâminas fazendo o seu trabalho.
Apesar das explosões terem massacrado uma quantidade significativa dos guerreiros de Condar, a vantagem numérica ainda era grande. Esta perda repentina, de certo modo, não causou diferença no que seria o resultado o final. Os lacaios mortos do necromante começaram a perder seus números, mais do que os homens de Condar.
Molly, percebendo isso, começou a ficar cada vez mais desinquieta. O medo começou a assolar.
— Vocês irão perder! — ela disse de maneira afobada.
De imediato, Hela gargalhou.
— Mas que observação óbvia, garota. Nós não precisamos ganhar agora. Só precisamos sobreviver e matar o máximo que conseguirmos até o retorno de nosso rei. — Hela subiu em cima da ameia, abriu os braços e seu sorriso alargou-se. — Isso tudo o que você está vendo, Molly, é futuro grande exército de nosso Rei Morto.
Diante daquelas palavras, Molly arregalou os olhos ao entender a situação. Por parte dos Deus da Morte, não importava quantas baixas tiverem, Morrigan poderia simplesmente reanimá-los. Além disso, todos os soldados de Condar que seus lacaios matassem, logo seriam reanimados como lacaios do necromante. Aquele confronto fora provido de um plano delicadamente planejado para Morrigan adquirir seu exército. E o Rei de Condar caiu tão facilmente.
Ela queria gritar para todos aqueles guerreiros que era uma armadilha. Contudo, contra sua vontade, Molly sentiu uma leve... admiração pelo plano.
Mais explosões aconteceram. Desta vez, vieram do portão leste. Pouco tempo depois, explosões no lado oeste. Hela desceu da ameia e fintou Hades.
— Preciso de um favor seu, Hades. Junto com armadilhas explosivas, eu coloquei lacaios no lado leste do portão, na floresta. Acredito que irá suprimir por um tempo. Entretanto, não tive lacaios sobrando para proteger o portão oeste. Você poderia?
— Como desejar, Hela. — Hades assentiu e fora engolida pelas sombras...
...E emergiu lado oeste do reino de Talles. Sem ter que esperar muito, as tropas de Condar começaram a sair da floresta em direção ao portão. Os guerreiros avistaram a singularidade negra, mas, por ser apenas um e eles muitos, continuaram avançando com rubor.
As sombras ao redor de Hades começaram a espichar, tornando-se várias formas pontiagudas. Alongando-se, repuxando-se, as trevas foram em direção aos guerreiros. Como se a armadura deles fosse de papel, as sombras a trespassavam e empalavam e desmembravam todos aqueles humanos. Espantando diante aquela situação que não entendiam, os soldados hesitaram em avançar. Mas as trevas não. Logo, o chão ficou encharcado de corpos mortos, vísceras e sangue.
Vindo da floresta, uma nota musical ressoou. Protegendo os soldados das sombras, uma barreira de energia emergiu.
Agora, uma nota mais aguda. As sombras estremeceram, retorceram-se e —conforme as notas eram tocadas — começaram a recuar, até tornar-se apenas Hades novamente.
Tomando a frente, um homem com um alaúde em mão saiu. Não trajava armaduras, mas sim uma túnica azul que parecia ser muito cara e uma máscara prateada tampava metade de seu rosto. Com um meio sorriso encantador, o bardo tocou seu alaúde. Seus guerreiros ficaram envolto em uma energia verde, e suas feridas começaram a regenerar-se. Com seu comandante Lance na linha de frente e com suas feridas sendo curadas, os soldados de Condar tiveram ânimo e confiança revigorada.
Hades, por causa daquele bardo filha da puta, não conseguiria usar suas sombras conforme ela queria. Por sorte, os homens foram reduzidos apenas a cinquenta.
Vendo os guerreiros vindo em sua direção, Hades sacou sua espada do manto de sombras e avançou também. Quando estava bem próxima, ela mergulhou nas sombras aos seus pés e subiu nas sombras detrás do último homem, talhando suas costas. No segundo, cortou a cabeça dele fora com apenas um golpe.
Conforme Hades confrontava aqueles homens, o bardo tocava para curá-los e, quando necessário, suprimir as sombras. Porém, o inevitável só fora adiado. Hades mergulhava e emergia das sombras, desmembrando e matando os soldados em velocidade que não conseguiam acompanhar. Logo, mais cinquenta corpos estavam caídos ao chão sob os pés de Hades, que tinha a espada manchada de sangue, mas ela continuava imaculada.
Lance observou a singularidade de trevas em sua frente. O olhar assassino dela era intenso, mas ele não temeu. O comandante também não estava satisfeito, pois perdera tantos homens e aquilo era uma afronta a seu rei.
Com fúria por sentir-se desafiado por um reles bardo, Hades se disparou em direção a ele. Suavemente, Lance passou os dedos sobre as cordas do alaúde, e o barulho do som resultou em um pilar de pedra emergindo no chão, atingindo em cheio a singularidade. O Deus da Morte rodopiou no ar e pousou sem dificuldades no chão. Ela saltou para o lado, e mais um pilar emergiu da onde estava. Correndo para direita, Hades desviou de todos pilares que eram emergidos. Ela tentou usar suas sombras de novo, mas o som agudo impediu.
Pegando uma espada do chão, Hades atirou em direção ao bardo, que repeliu a lâmina com um impulso de energia do alaúde. Lance viu a singularidade esconder-se atrás de um dos pilares de pedra. De imediato, sentiu um arrepio na nuca. Ele sacou a adaga e rodopiou, cortando uma sombra, mas era apenas isso: uma simples sombra. Temendo o pior, o bardo virou para frente, e fora empalado por uma espada. A lâmina passou pelo seu alaúde — as cordas foram rompidas — antes de passar pela sua carne. O sangue começou a escorrer pelo canto de sua boca.
Hades saiu detrás do pilar. Finalmente suas sombras puderam alongar-se.
Lance viu as sombras engolir tudo, exceto a máscara branca de seu inimigo, com seus olhos assassinos intensos. Naquele momento, o bardo temeu o Deus da Morte.
As sombras pontiagudas começaram a penetrar em sua carne. Ele fez que ia gritar, mas os gritos não saíram quando as sombras entraram em sua boca para sufocá-lo, enquanto ia sendo empalando. De dentro para fora e de fora para dentro, o corpo daquele bardo fora rasgado. E a raiva de Hades fora acalmada.
Como Molly havia previsto, assim como qualquer outro, os lacaios do necromante não conseguiam suportar a ofensiva dos soldados de Condar. Mesmo com uma vitória que parecia certa, Cletus, o comandante, não parava de gritar ordens. Percebendo que não demoraria muito para que o exército inimigo chegasse ao portão, Hela agarrou Molly pelo pulso.
— Vamos.
Sem pestanejar, Molly deixou ser levada. As duas desceram do muro e foram em direção ao castelo. Lá, cerca de vinte esqueletos que empunhavam espadas estavam no aguardo. Com o manejar da faca, os lacaios seguiram Hela.
Chegando na sala do trono, Hela fora até uma tocha que estava acoplada no pilar de pedra. Ao ser puxado, demonstrou-se ser na verdade uma alavanca. Com um ruído, o chão — que fica atrás do trono destruído — começou a abrir e rebaixar-se, formando uma escada onde levava ao subterrâneo. Parecendo estar com pressa, Hela começou a descer os degraus da passagem subterrânea, e Molly e os esqueletos foram logo em seguida.
Enfim, os soldados de Condar invadiram Talles. Sem inimigos para contestar seu avanço, as tropas adentravam cada vez mais em direção ao castelo.
Do lado de fora da muralha, Cletus sentiu que havia algo errado. Entretanto, antes que pudesse fazer algo a respeito de sua dúvida, o reino de Talles começara a explodir, tento seu início no castelo. O calor das explosões espalhou-se, os destroços e a fumaça chegam aos céus. Alarmado com aquele acontecimento, Cletus ordenou que suas tropas não avançassem, mesmo que não precisasse. Que tipo de rei explode todo seu reino para acabar com um punhado de soldados inimigos?!, pensou o comandante.
Em uma gruta entre a floresta, Hela, Molly e os esqueletos observavam as chamas e fumaça ao longe. Molly percebeu os lábios de Hela esticaram em um gracioso sorriso. A bruxa ergueu os braços ao céu e proferiu:
— Meus amados deuses, ofereço a vocês as almas perdidas aqui neste confronto em nome do Rei Morto, Morrigan, e a mim, sua mais submissa vassala, em troca de suas adoráveis bênçãos.
Molly via aquela cena com horror. Se os deuses da Hela existirem... eles com certeza estão contentes agora, pensou sem tirar os olhos das chamas.
Thanatos é um dos melhores guerreiros que já existiu. Sua espada gigante — sempre bem limpa e afiada — é considerada pesada demais para um espadachim comum manejar, mas também grande demais para um espadachim experiente e forte manejar. Dotado de uma frieza, força, reflexos e destreza sobre-humanos, Thanatos é mais uma arma do arsenal de Morrigan. Dentre os seis, ele é o menos, aparentemente, “sobrenatural”, porém isso não o faz, nem de longe, o menos perigoso.
Thanatos é um dos melhores guerreiros que já existiu. E o que será que ele passou para tornar-se o que é hoje?
Havia dias que Morrigan, Thanatos, Ahriman e Aisa cavalgavam sem parar. Graças aos cavalos estarem mortos, não havia necessidade de alimentá-los e parar para descansar, mas não podia fazerem nada em relação a suas pernas assadas. Entretanto, o Rei Morto não queria parar, não podiam enrolar para chegar em seu destino.
Eles haviam chegado em um campo onde o gramado detinha um verde forte e as flores embelezavam ainda mais o local. Junto com algumas elevações rochosas — pequenas demais para ser considerado uma montanha —, o campo detinha ondulações naturais, sem que o desnivelamento fosse grosseiro. Em um determinado momento, Morrigan desceu do cavalo — os outros fizeram o mesmo — e seguiu caminhando, demonstrando uma certa cautela.
— Não querendo questionar sua sabedoria, meu rei, mas aqui realmente há um dragão? — questionou Aisa, incomodada pelo forte sol da manhã.
— Sim. Diferente dos magos, feiticeiros e bruxos, a necromancia é algo repassado. Além da necromancia em si, o conhecimento, as memórias e tudo que compunha os antecessores vem junto. O primeiro necromante de minha linhagem teve contato com os atualmente extintos dragões. Muitas gerações a frente, o necromante Traynfusm viu um dos últimos dragões hibernar por esta região — explicou Morrigan.
— Agora entendo porque os necromantes nunca aumentaram com o passar do tempo, apenas diminuíram — observou Ahriman. — Muitos dos necromantes antecessores a você deveriam saber da existência deste dragão... então por que nunca fizeram algo com ele?
— Porque nenhum deles tiveram quatro coisas muito importantes: determinação, coragem, sabedoria e um grupo a altura. Eles poderiam até ter três destes itens, mas sempre faltava um. — Morrigan abriu um sorriso. — E eu tenho os quatro.
Animados com as palavras de seu rei, Aisa e Ahriman voltaram a ficarem em silêncio.
Quando chegaram perto de uma elevação, Morrigan parou. A princípio, a não ser pelo tamanho, ela não era diferente das outras elevações: pedras, musgos e flores. Mas não demorou muito para que os Deuses da Morte sentissem a forte magia emanando de lá. De imediato, todos perceberam que ali hibernava um dragão.
— Do fogo eles nasceram... — começou Morrigan, olhando de soslaio para Aisa.
— E do fogo renascerão — completou Aisa com um sorriso para seu rei.
Os braços de Aisa ferveram em chamas. Sem hesitar, ela disparou a torrente de chamas em direção a elevação, envolvendo-a com fogo. Sem que Morrigan ordenasse a parar, Aisa continuava disparando suas chamas mais e mais, até que por fim o chão tremeu. As pedras começaram a rachar. A elevação começou a ficar maior. Como se fosse uma película, as pedras começaram a cair, demostrando as escamas acinzentadas do dragão. A criatura rugiu depois de um longo sono. Suas asas bateram até que finalmente ele conseguisse levantar. A cratera que deixará era profunda, e o dragão demostrou ser imenso. Ele começou a voar e a rugir — o bater de asas quase fizeram os Deuses da Morte saírem voando e o rugido quase deixaram-nos surdos.
Aisa, Ahriman e até mesmo Thanatos estavam em mistura de perplexidade, animação e admiração. Já Morrigan, por outro lado, apenas mantinha-se com um olhar feroz, sedento para possuir aquela criatura mística para si.
— Thanatos, tire sua armadura, irá precisar — ordenou Morrigan. — Ahriman, chame a atenção do dragão para nós.
Sem questionar, Thanatos começou a desfivelar sua armadura, até estar completamente nu. Ahriman fez as pedras flutuarem e atirou-as no dragão, que logo redirecionou seu olhar para eles ao ser atingido na face. A monstruosidade redirecionou seu voo. Sua garganta começou a ficar rubra, e, no mesmo instante, Morrigan proferiu suas seguintes ordens:
— Aisa, muros de gelo.
Antes que seu rei terminasse de falar, as mãos da feiticeira já tocavam o chão. Barreiras espessas de gelo emergiram do chão, uma na frente da outra, até totalizarem dez, não mais pois não havia tempo. O fogo tocou o gelo, que fora facilmente derretido. O vapor gerado espalhou-se abundantemente, e o turbilhão de chamas continuou seguido em uma grande distância.
Do vapor, uma fera com aparência similar a um minotauro de pelagem marrom com aproximadamente cinco metros de altura saiu voando com suas asas de morcego em direção ao dragão. Sobre as costas desta fera, estava o necromante. A criatura, na verdade, era Thanatos, uma espécie de mutação que o espadachim tinha.
Thanatos voou até o dragão e socou a mandíbula dele o mais forte que pode — e a criatura chiou. Morrigan saltou das costas de Thanatos para o dragão. Sua espada de ossos fora coberta pelo seu sangue negro. O necromante cravou a espada nas escamas e, correndo, saiu rasgado o dragão.
Rugindo de dor, o dragão fora tomado pela ira. De imediato, ele acertou uma patada em Thanatos, que, mesmo na sua forma bestial, fora arremessado violentamente contra o chão sem que pudesse fazer algo. A criatura alada sentia-se sendo rasgado, além disso, o sangue do necromante parecia ser espinhos, espetando sua carne por dentro. Agoniado, o dragão girou. Sem nada em que segurar, não restou nada além da queda para Morrigan.
As garras do dragão estavam em direção ao necromante, mas pedaços de gelo atingiram suas garras e a face. Aisa criava o gelo e Ahriman o atirava em direção a criatura.
A criatura alada cessou o ataque por tempo o suficiente para quer Thanatos socorresse seu rei. Porém, não demorou para que o dragão se redirecionasse em direção a eles. Sem pensar duas vezes, Thanatos arremessou seu rei para trás, e agarrou a mandíbula do dragão. Tentando frear o avanço, Thanatos fora arrastado enquanto segurava as mandíbulas pronta para fecharam-se nele.
Morrigan rolou pelo chão e rapidamente colocou-se de pé. Ahriman e Aisa ficaram em seu lado em seguida.
— O que faremos, meu rei? — perguntou Ahriman. Era notável que ele temia aquele dragão, mas mesmo assim continuava animado por enfrentá-lo.
Por um instante, o Rei Morto olhou para seu lacaio bestial. Rapidamente conclui que o dragão não queria avançar, pois Thanatos não teria força o suficiente para mantê-lo ali. Estava focando apenas em devorá-lo, e Thanatos usava toda sua força para segurar as presas. Os pelos já estavam empados de suor e sangue. A expressão em seu rosto era de força excessiva. Não iria durar muito.
— Ahriman, as poções explosivas de Hela está com você?
— Sim.
Subitamente, Morrigan agarrou Ahriman pela garganta. Confuso, Ahriman agarrou os braços do necromante para se livrar, mas não conseguia — estava sendo sufocado.
— Aisa, ajude Thanatos a manter a boca do dragão aberta.
Aisa colocou as mãos no chão, que fora congelado até chegar perto do dragão, onde dois pilares de gelo emergiram do chão para manter a boca da criatura aberta.
Morrigan começou a caminhar em direção ao dragão enquanto ainda sufocava Ahriman.
— Eu lhe dei uma ordem, Ahriman.... nunca estuprar uma mulher! E o que você fez?! — A mão livre, a esquerda, emanou azul. Vários esqueletos emergiram do chão e foram até a boca do dragão para ajudar mantê-la aberta. — Você estuprou aquela aventureira! E ainda teve a audácia de mentir para mim! Você nega, Ahriman?
Diante daquelas acusações verdadeiras e irrefutáveis, Ahriman nada fez. Sentiu o aperto em sua garganta aumentar, e só aceitou seu destino. Parou até mesmo de debater-se. Seu Rei era forte demais, e sua mente não conseguia focar para usar seus poderes.
Sentindo-se ameaçado, o dragão tentou levantar voou, mas não conseguiu. Suas patas foram congeladas por Aisa. Sendo sua última alternativa, a garganta do dragão começou a ficar rubra ao preparar-se para atirar as chamas.
— E este é o preço que se paga por desrespeitar minhas ordens — concluiu Morrigan, jogando Ahriman direto para a boca do dragão.
Thanatos soltou as presas, os esqueletos desmancharam e os pilares de gelo foram quebrados, então a boca do dragão fechou-se abruptamente sem mesmo que ele quisesse.
As poções explosivas que Ahriman carregava reagiu com o calor da garganta do dragão. Os Deuses da Morte escutar o barulho abafado explosão, ao mesmo tempo que viram o dragão se inchar. A criatura alada então tombou. Sua boca ficou entreaberta, assim deixando a fumaça negra exalar e o sangue vermelho bem forte escorrer pelo chão. Com uma respiração lenta e pesada, os olhos fecharam-se... e o dragão morreu.
Exausto e ferido, Thanatos fora diminuindo e perdendo pelo até volta a sua forma humana. Aisa estava sentada no chão, muito cansada por ter tido que usar seu gelo continuamente para manter os pilares e congelar o dragão. Nenhum deles estavam preocupados com a morte de Ahriman. Ninguém gostava muito dele e, além disso, desrespeitou as ordens de seu rei. Não qualquer ordem, mas a de não estuprar uma mulher. Todos os Deuses da Morte perceberam o quanto Morrigan sentia-se incomodado quanto a estupro. Morrigan demostrava passividade com qualquer outro assunto, exceto este... e ninguém sabia o porquê.
Morrigan esticou braço, e espada de ossos veio até ele. O necromante caminhou até o dragão e redirecionou-se para a barriga. Havia uma leve abertura proveniente da explosão, onde que algumas tripas misturadas com o sangue recaíram no chão. Morrigan cortou seu antebraço um pouco abaixo do cotovelo com sua espada — não fez nenhuma expressão de dor. Ele deixou seu sangue negro escorrer em abundância na ferida do dragão. Minutos depois, Morrigan havia provido tanto sangue que perdeu a consciência por um segundo, e Aisa o segurou por trás imediatamente, deixando seus seios amortecerem o impacto. Com delicadeza, a feiticeira deslizou sua mão pelo braço esquerdo de seu Rei e revestiu com uma fina camada de gelo onde sofreou o corte. Em seguida, ela pegou o braço do chão e congelou-o por completo.
— Talvez Hela consiga costurar para você, meu rei — sugeriu Aisa.
— Obrigado — agradeceu Morrigan, e teve uma rápida reverência de Aisa como resposta.
O necromante aspirou por um tempo, tentando recuperar sua sobriedade após ter perdido tanto sangue.
— Faço a ti o meu lacaio — sussurrou, olhando para o dragão.
O sangue negro na ferida do dragão cristalizou-se, fechando a abertura. Asas responderam com um espasmo. As escamas de dragão pareceram perdem ainda mais a cor. De maneira lenta, a criatura alada se pôs de pé, lançando um rugido estridente em seguida. O dragão olhou para Morrigan, abaixou sua cabeça e deixou que seu Rei o acariciasse.
— Qual será o nome dele, meu rei? — perguntou Aisa, mal conseguindo conter seu sorriso de animação.
Thanatos se aproximou. Seu corpo musculoso ainda estava à mostra e manchado de sangue. Aisa desceu seu olhar até as virilhas do homem, e assobiou. Nada mau, ela pensou.
— O nome dele será Desordem — declarou o Rei Morto.
O dragão bufou, como se aprovasse o nome que lhe fora concebido.
Continua...
Autor(a): TioArcanjo
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Anos antes... Em uma pobre casa de madeira — sendo a maioria podre —, mal iluminada, com cheiro de mofo e goteiras, uma criança de cabelo castanho-escuro, assim como seus olhos, estava sentando uma cadeira de caráter duvidoso. Sobre a mesa, tinha uma tigela e uma colher, ambos de madeira. O garoto esperava calmamente sua janta estar pronta. A mulh ...
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