Fanfic: Necromante - Os Deuses da Morte | Tema: Fantasia
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O castelo e boa parte do Reino de Talles explodiu graças ao plano de Hela. Uma parcela dos soldados de Condar foram pegos nessa explosão, alguns morreram na hora, outros queimaram até morrer e os menos afortunados foram pegos pelos escombros que saíram voando, sendo esmagados ou sofrendo fraturas graves. Temendo algo pior acontecesse, o comandante de Condar, Cletus, ordenou para que a maioria de seus homens circulassem o reino pelo lado de fora e, para os que ficassem, tomassem muito cuidado. Poucos esqueletos e mortos-vivos continuavam a incomodá-los por dentro dos muros, assim como do lado de fora.
Após utilizar uma passagem secreta subterrânea, Hela estava ao ar livre em meio a floresta que cercava Talles. Junto a ela, estavam Molly e um punhado de esqueletos. Na frente, a bruxa caminhava calmamente, de uma maneira que nem parecia que uma guerra estava sendo travada perto deles. Ela estava indo em direção a Hades. Subitamente, Hela parou, e a refém e os esqueletos fizeram o mesmo. Molly pode ver o momento em que as tatuagens no corpo da bruxa começaram a cintilar e escutou seus múrmuros.
Do meio do mar de árvores espessas iluminando apenas pela luz da lua, soldados romperam para atacar o pequeno grupo. O primeiro dos homens atacou Hela com uma estocada, mas ela deu um passo para trás e acertou um potente soco na face o inimigo — o elmo amassou com o impacto e o sangue esguichou. Em seguida, Hela saltou, desviando de uma segunda lâmina, e girou no ar, acertando o segundo homem com chute, fazendo-o ser arremessado aos outros.
Os esqueletos cercaram Molly para protegê-la e evitar que escapasse. Alguns dos soldados avançaram, mas os esqueletos com lança conseguiram empalar alguns antes de se aproximarem, e, os que passaram, os esqueletos com espada confrontaram-nos. Não querendo arriscar a segurança de Molly e não cumprir uma ordem de seu Rei, Hela investiu impetuosamente contra os guerreiros, sendo capaz de estraçalha-los com um soco, mesmo o homem com a armadura mais pesada.
Vendo o massacre que a bruxa fazia sozinha, Molly, a refém, teve a certeza que não teria como fugir dali.
Hades observou a explosão do castelo pelo lado de fora. As labaredas eram altas e a fumaça negra subia aos céus. Estava prestes a materializar-se onde Hela estava, porém sentiu que mais soldados se aproximavam de sua posição. A sombra rodeou seu corpo, demonstrando estar sedenta por mais sangue, que ainda não estava satisfeita pelo simples massacre.
A primeira fileira de soldados entrou no campo de visão de Hades, e as sombras espicharam-se e contorceram-se em direção a eles, penetrando em suas armaduras e dilacerando seus corpos facilmente. A domadora das sombras não se moveu, ficou parada observando, com seus olhos castanhos claros, o sangue jorrar, o desespero, a impotência; deleitava-se do belo massacre que suas sombras eram capazes de fazer sem dificuldade alguma.
Então, sobrepujando todo os gritos grotescos de sofrimento, um rugido alto e estridente ecoou por todo o reino de Talles.
O dragão de escamas acinzentadas rompeu do céu e pairou rente as nuvens. A garganta da criatura alada ficou rubra e uma torrente de chamas fora lançada em direção ao grupo de guerreiros de Condar. O brilho das chamas rubras iluminou a escuridão. As vítimas atingidas pelo calor não tiveram tempo para gritar, simplesmente tostavam completamente antes mesmo de conseguir.
Sobre as costas do Desordem, o dragão, estavam Morrigan, Aisa e Thanatos. O Rei Morto se levantou e ergueu seu braço direito, fazendo sua mão direita emanar um brilho azul. No mesmo instante, esqueletos começaram a sair do chão, soldados mortos começaram a serem reanimados, e a contenta voltou a acontecer, agora renovada e ainda mais intensa. Thanatos olhou para baixo e conseguiu identificar o comandante inimigo, Cletus, que não parava de vociferar ordem para seus soldados. O espadachim fez que ia saltar, mas seu rei o impediu com uma olhadela.
— Fique, Thanatos. Sua forma de besta gasta muito de suas forças e de seu corpo. Descanse — ordenou o necromante. — Eu irei.
— Não mesmo — interrompeu Aisa. — Perdoe minha audácia, meu rei, concordo que Thanatos não deve ir, e você também não. Não deixei de notar que você reanimou bem menos cadáveres que conseguiria. Acredito que esteja exausto por ter reanimado o Desordem, e não lutará cem por cento. — Franziu o cenho. — Eu irei. Se algo acontecesse com você, não me perdoaria, e Hela me mataria.
Em silêncio, Morrigan ponderou sobre o que sua subordinada disse. Odiando admitir que o que ela disse havia sentindo, o Rei Morto apenas assentiu. Como resposta, ele recebeu um gracioso sorriso de Aisa, que se jogou do dragão logo em seguida.
Por de dentro dos muros do reino de Talles, a feiticeira chegou a chão. Ao mesmo tempo, espinhos grandes e pontiagudos afloraram do solo e começaram a empalar todos os soldados. Se os guerreiros não fossem mortos assim que fossem perfurados, iriam ficar empalados vivos até morte, sentindo o frio dominar seu corpo. As estacas de gelo, porém, não emergiram no solo a frente de Aisa, criando assim uma estreita passagem que seu fim levava ao comandante inimigo.
Aisa, com seus braços e rosto começando a ficar revestido com uma fina camada de gelo, encarava seu inimigo. Cletus, por outro lado, segurava sua espada com duas mãos em postura defensiva e devolvia o olhar para a feiticeira com a mesma intensidade.
— Você deve ser a feiticeira — observou Cletus.
Aisa fez uma careta.
— Você é muito observador. Descobriu que sou só por que criei gelo?
— Todos os outros são engraçadinhos como você?
— Na verdade, não. Eu sou o alívio cômico do grupo. Os outros só são antissociais, psicopatas e doentios.
— Humpf, um grupo deplorável.
— Foram os únicos que me aceitaram do jeito que sou. — Os olhos de Aisa tornaram-se sombrios. — Não deixarei que você fale assim do meu Rei e de meus amigos.
Sentindo que estava prestes a ser atacado, Cletus rapidamente avançou para dar o primeiro golpe. O gelo começou a sair sob os pés de Aisa, trilhando um caminho no chão até um muro emergir na frente do comandante inimigo. Ela viu o momento em que chamas brilharam por detrás do muro e a lâmina flamejante cortou o gelo facilmente. Entretanto mais paredes foram se formando conforme Cletus a cortava com sua espada flamejante. Vendo que isso não levaria nada, o comandante Cletus redirecionou-se para sua esquerda, quebrando as estacas de gelo com sua espada, e flanqueou o a feiticeira em um ataque veloz. Aisa jogou seu corpo para trás — a espada brandiu contra o chão —, uma estaca de gelo fez-se em sua mão direita e ela golpeou, porém o gelo fragmentou ao brandir contra a armadura. Como resposta, Cletus acertou Aisa com um golpe com o braço esquerdo, arremessando-a.
Aisa rolou pelo chão, sentindo a dor alastrar-se pelo corpo. Quando olhou para cima, viu o comandante no ar caindo em sua direção. Rapidamente, ela cruzou os braços, e o gelo bem espesso cumpria-a por completo, formando uma espécie de abrigo. Sem hesitar, Cletus cravou a espada contra o abrigo de gelo, penetrando-o facilmente por causa do calor das chamas. Em resposta, vários espetos cresceram do abrigo, onde três deles perfuraram a couraça do comandante. Sentindo que seu corpo estava começando a congelar, Cletus se livrou dos espetos e abriu uma larga distância da feiticeira. O abrigo se desfez e Aisa ergueu-se com a mão sobre o ombro direito, que estava chamuscado e sangrando. O gelo em sua mão criou uma camada sobre a ferida, estancando o sangue e resfriando a queimadura, mas debilitando a movimentação de seu braço.
Simultaneamente, os esqueletos e os mortos-vivos continuavam a luta contra os soldados por de dentro dos muros. Mesmo assim, nenhum deles ousava chegar perto da luta que acontecia entre o comandante e a feiticeira. Da mesma forma que, para Cletus e Aisa, a única luta que acontecia no momento era entre eles. Os dois se encaravam intensamente. Sangue escorria pelos ferimentos de Cletus; a dor pulsava pelo corpo de Aisa.
Novamente, fora Cletus o primeiro a fazer o movimento, investindo com uma estocada com a espada flamejante. O braço esquerdo de Aisa começou a ficar envolto de um bafo álgido. Cletus notou isso, e começou a preparar-se para o ataque gélido. Inesperadamente, porém, Aisa esticou seu braço direito e um turbilhão de chamas laranjas e intensas cintilaram em direção ao comandante, que, sem tempo para reação, acabou inevitavelmente sendo engolido pelo fogo, assim como qualquer outro no caminho.
Aisa continuava injetando suas chamas continuamente, mas notou que algo estava errado — suas chamas perdiam intensidade depois de um certo ponto. Receosa, ela parou de emitir as chamas, e desta forma conseguiu perceber que elas estavam sendo absorvidas pela espada. A parte frontal da armadura e o rosto de Cletus estavam chamuscados, enquanto a lâmina de sua espada estava rubra. Rapidamente, Aisa manejou seu braço esquerdo em direção ao comandante e o gelo fora surgindo na mesma direção. Em uma explosão exagerada, a espada emanou o fogo com maior quantidade e intensidade do que a última vez. Quando o gelo entrou em contato com as chamas, houve a irrupção do vapor, tornando-se excessivo e denso.
Em meio ao vapor, Aisa enxergou o brilho da espada vindo em sua direção, dando-lhe tempo o suficiente para jogar seu corpo para trás. Entretanto a lâmina saiu rasgando-a superficialmente de seu olho esquerdo até sua cintura. A feiticeira caiu no chão e levou involuntariamente sua mão até o olho esquerdo recém cortado. Sentiu a dor do corte e a queimação intensa alastrar-se por seu corpo. Ela olhou para si, vislumbrando o corte que descia de seu seio até a cintura. Seu olho arregalou-se e ela ficou completamente paralisada. Outro corte?, pensou.
Aproveitando que sua adversária estava distraída, Cletus correu em direção a feiticeira. Quando ele viu Aisa erguer a cabeça, surpreendeu-se: ela estava chorando. Inesperadamente, Aisa começou a gritar. Parecendo sair a partir dela, uma forte ventania começou a soprar, empurrando o comandante para longe. A rajada fez com que as estacas de gelo desprendessem do chão e começou a circular no ar. Casas começaram a desmanchar, escombros a esvoaçar, assim como os humanos e não-humanos. Do corpo de Aisa, começou a fluir o fogo e o gelo, fazendo-os, pelo meio do vento, atingir grandes proporções e longevidade. Ora os seres dentro do reino de Talles eram congelados pela álgida nevasca, ora eles eram tostados pelo cálido vapor. Gritos dos humanos ecoavam enquanto tentavam fugir, por outro lado, desprovido do medo da morte, os mortos-vivos e esqueletos continuavam a tentar massacrar seus inimigos até serem congelados, queimados ou carregados pelo vento.
Cletus utilizava sua espada para se defender de qualquer coisa que vinha em sua direção. Ele voltou seu olhar para a feiticeira que parecia estar descontrolada, e viu-a ser engolida por uma densa sombra, desaparecendo juntamente com elas. O vento dissipou-se, as últimas fagulhas cintilaram no ar junto com a brisa fria e tudo voltou a calmaria, deixando rastros de destruição e vários corpos mortos para trás. Libertando-se de seus questionamentos pelo ocorrido, Cletus rapidamente olhou a redor para ver quantos de seus homens haviam sobrevivido. Apenas vinte?!, pensou o comandante.
— Foi você que fez minha subordinada perder o controle?
Seguindo a direção da voz, Cletus encontrou Morrigan. Ele observou o necromante, estudando-o minunciosamente. A presença do Rei Morto era opressora, os olhos azuis eram profundos e penetrantes. Apesar de parecer exausto e estar sem o braço esquerdo, Cletus ainda sentia uma terrível sensação de que deveria ser cauteloso ao lutar contra ele.
— Bem, deve ter sido. — Morrigan esticou sua mão e a espada de ossos chegou rodopiando até ele. — Você já deve saber que não irá sair daqui com vida, certo?
Cletus riu.
— Seu ego deve ser bem alto — indagou o comandante. — Acha que pode me ameaçar nessa situação deplorável que se encontra.
— E posso — afirmou Morrigan. — Não acredita? Ataque-me, então.
A espada flamejante sibilou e cintilou, então Cletus avançou com a lâmina recuada, preparando-a para um ataque forte. Morrigan olhou para cima e viu algo caindo do céu, atingindo o comandante certeiramente. Junto com o impacto, uma cortina de poeira pairou no ar. O necromante largou a espada de ossos e adentrou na poeira. No último instante, vislumbrou a mão erguida a segurou.
— Acalma-se, Hela, quero ele vivo.
A bruxa estava em cima do Cletus, segurando a garganta dele e com seu punho direito erguido, onde seu Rei impediu que abaixasse. A espada do comandante havia voado com o impacto, e ele não tinha forças para tirá-la de cima de si. As tatuagens brilhavam no corpo de Hela. Ela mantinha sua mão esquerda na garganta de Cletus, forçando-o a ficar no chão.
— Como desejar, meu rei — concordou Hela.
Morrigan largou o punho de Hela, e ela atingiu Cletus com um soco forte o suficiente para desacordá-lo.
O reino de Talles transformou-se em uma ruína. Seu castelo, construções e muros estavam destruídos, tendo apenas algumas partes ainda de pé. Grande área da floresta que cercava ao redor do reino estava queimada graças as terríveis chamas do dragão. O exército de mortos estava em grande número ao redor das ruínas, enquanto muitos corpos mortos ainda continuavam estirados no chão, esperando que o necromante os reanimasse. Além disso, o cheiro de cadáver e queimado pairava intensamente no ar.
Os Deuses da Morte estavam dentro dos muros e Desordem estava do lado de fora, repousando. Thanatos estava sentando e escorado em escombros, dormindo com sua espada repousada em seu corpo. Hela estava costurando o braço esquerdo de Morrigan. Deitada no chão com o torso e olho esquerdo enfaixado, repousava Aisa. Hades não se encontrava presente. Um pouco distante dos quatro, encontrava-se Molly, sentada e abraçada com os joelhos, olhando para o nada. Quando, enfim, Hela terminou de costurar o braço, Morrigan abriu e fechou os dedos e moveu o braço.
— Muito obrigado, Hela. — Após a bruxa assentir, Morrigan teve sua atenção para Molly. — Hela e Hades trataram você bem, Molly?
— E o que isso importa para você? — devolveu Molly, cuspindo as palavras com fúria. — O que você quer comigo, Morrigan?!
— Como assim? — questionou o necromante, surpreso. — Não lembra o que lhe propus quando te encontrei?
— Você me duas escolhas. Uma eu morria e seus exércitos de mortos paravam e, na outra, todos morriam e eu sobrevivia.
— E você preferiu morrer, certo?
Ainda mais enfurecida, Molly ergue-se e abriu os braços, querendo abranger todo o reino de Talles.
— Vocês mataram todos, exceto a mim, seu ser doentio e repugnante! — vociferou.
Depois de um curto silêncio, Morrigan fez que ia falar, porém foi interrompido com a respiração ofegante de Aisa. Ela havia acabado de despertar, estava assustada olhando de um lado para o outro.
— Acalme-se, Aisa, a luta já acabou — assegurou Morrigan.
Aisa, ao reconhecer a voz de seu rei, teve seu olhar fixado nele.
— Já... acabou? — Ela olhou para si, viu que estava enfaixada, e olhou a destruição ao redor. — Eu perdi o controle...?
— Sim — confirmou Hela. — Hades conseguiu te acalmar. Acredito que te tirou daqui e acertou você bem forte para desmaiar.
— Entendi porque minha cabeça dói. — A feiticeira sorriu. — E o que houve com aquele careca que lutava comigo?
— Está tomando um ar fresco. — Morrigan apontou com a cabeça.
Mais à frente, no centro da rua, em uma espécie de estaca alta feita por vários ossos, estava o comandante inimigo. Cletus estava amarrado no topo da estaca, despido; seu corpo estava manchado por sangue, cheio de feridas e seu rosto estava em um estado deplorável depois do golpe de Hela. Ainda estava vivo, porém. Corvos começavam a rodeá-lo, sedentos por sua carne.
— Daqui algumas horas iremos embora daqui — declarou Morrigan. — Só iremos dar um tempo para Aisa recuperar suas forças.
— E qual reino irá destruir agora? — perguntou Molly, ainda ácida.
— Ora, que bom que perguntou — retrucou em um tom sarcástico, que fez Hela e Aisa rirem baixinho. — Iremos atacar o reino de Condar.
Surpresa, Molly arqueou a sobrancelha.
— Mas fazendo isso você irá chamar atenção de muitos outros reinos!
— E é exatamente isso o que eu quero.
Continua...
Autor(a): TioArcanjo
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O exército de mortos seguia rumo ao reino de Condar. Por onde passavam, o rastro de destruição era deixado. Não importava se eram animais ou pessoas, qualquer coisa que se moviam na frente deles eram atacados e mortos imediatamente. Assim sendo, qualquer vila que tivesse o azar de estar no caminho, era completamente dizimada, e, por não est ...
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