Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

P.O.V. Poncho

Estávamos Ucker, Christian e eu na piscina externa do colégio. Fazia um calor de quarenta graus e parecia que quase todo mundo teve a mesma ideia que nós, aquele lugar estava lotado. Era difícil de nadar um pouco tendo que desviar de tantas pessoas na água para conseguir fazê-lo. Nadar em linha reta de uma ponta a outra da piscina? Esquece. Estávamos os três conversando em uma das bordas.

- Senhor, que calor! Eu acho que estou no inferno. Eu não devia estar aqui, eu sou um bom menino. – Disse um exagerado Christian.

- Se você é um bom menino, então eu sou um santo. – Ucker entrou na brincadeira.

- Mas você é mesmo um santo, Ucker. Sempre faz o que é certo. É um verdadeiro careta. – Christian continuou.

- Cala a boca.

- E o Poncho, pelo o que você me contou Ucker, é o diabo. – Os dois riram de mim.

- Ei, eu não fiz tanta m**** assim. – Me defendi da acusação.

- Não? – Ucker riu. – Deixe-me pensar. Já apostou corridas de carro no centro da cidade de madrugada. Sério Poncho, onde você estava com a cabeça? Podia ter atropelado alguém. Vendeu droga quando meteu na cabeça que não queria mais ser sustentado pelos seus pais. E usou bala uma vez! Não podia me esquecer dessa parte. Você quase morreu, maluco. Já mandou um cara para o hospital, de tanta porrada que você deu nele. Tudo porque você estava bêbado e acabou ficando irritado por pouca coisa com ele. Não estudou pro exame de direção e não passou, aí foi lá e subornou a auto-escola para te aprovarem. Transou com uma garota no aniversário dela e depois nunca mais deu as caras. Dirigiu caindo de bêbado... – Ucker enumerava meus delitos e eu o interrompi.

- Ok, já entendi. Eu sou um filho da puta e você é o modelo de conduta. Você nunca se cansa de ser tão perfeitinho?

- Não. – Ele falou rindo.

Nisso passou Angelique por nós. Ficou me olhando e mordendo o lábio, tentando me seduzir. Ela estava me dando mole desde a primeira vez que me viu, quando tinha acabado de chegar em Monterrey.

- Cara, ela tá tão na sua. - Ucker disse o óbvio.

- Por que você não aproveita e pega? – Christian me perguntou.

- Esqueceu que eu tô com a Anny, mané? – Dei um tapinha em sua cabeça.

- Idai? É uma amizade colorida, não um namoro. Vocês não tem nenhum compromisso e não precisam ser exclusivos. – Christian tentava me convencer.

- Não precisamos? Isso quer dizer que ela pode ficar com outro? – Fiz uma expressão de pavor.

- Eu te digo que você pode pegar quem quiser e você fica aí preocupado com quem a Anny vai beijar? Ucker, perdemos um soldado. – Os dois riram.

- Eu só estou preocupado com ela. Só isso. Ela tem um dedo muito podre e acaba saindo com uns caras que são encrenca.

- Tipo quando ela escolheu você? – Ucker me zoou e Christian caiu em uma gargalhada.

- Mais problemático que o Poncho, eu acho que vai ser difícil dela achar. – Christian soltou.

- Mas falando sério agora, ninguém aqui acredita nessas suas desculpas esfarrapadas em relação a Anny. Por que não admiti logo que está amarradão? – Ucker, como sempre, tentava me fazer enxergar os supostos sentimentos que ele dizia que eu tinha por Anny.

- Você está muito louco. Eu e a Anny somos só amigos. Quando é que você vai entender isso?

- Talvez quando você parar de beijá-la.

- Uii, isso está ficando muito bom. Continuem. Esqueçam que eu estou aqui. – Christian se meteu.

- Agora é preciso estar apaixonado para beijar uma garota? – Perguntei achando que iria encerrar a discussão com aquela frase.

- Não, não é preciso. – Sorri confiante. – Espere, eu não acabei. Você não precisa estar apaixonado para beijar uma garota, mas quando você simplesmente esquece que todas as outras existem, é um bom indício de que está amando.

- Quem disse que eu esqueci?

- Você era um tremendo galinha, Poncho. Desde a Anny, você não teve mais ninguém. Você nem mesmo olha para outra que não seja a Anny. Angelique te deu a maior moral e você nem ligou.

- Pois isso acaba aqui. – Saí dali furioso por Ucker ficar se metendo novamente em minha relação. Iria mostrá-lo para que ele nunca mais esquecesse, que eu não sou apaixonado por Anny.

Fui em direção a Angelique, que estava do outro lado da piscina. Ela tinha me notado e ficou me olhando, aguardando que eu chegasse até ela.

- O que eu fiz para finalmente conseguir a sua atenção, Poncho? – Angelique me comia com os olhos.

- Sabe, eu só percebi agora que estava perdendo uma coisa muito boa. – Me aproximei mais.

- E o que seria essa coisa? – Ela apertou meus bíceps.

- Isso daqui. – Segurei sua nuca e a beijei.

Angelique tinha um beijo muito bom, sabia com certeza o que estava fazendo. Mas seu beijo era safado demais, não tinha o mesmo toque de delicadeza e doçura que Anny misturava tão bem com a luxúria. Nenhum beijo nunca se compararia com o de Anny.

Sem controlar para onde minha mente ia durante o beijo, acabei por ficar pensando nela o tempo todo. Imaginei que estava beijando-a ao invés de Angelique.

Era difícil de entender porque eu fazia esse tipo de coisa. Andava tendo alguns comportamentos que eram fora de meu normal quando se tratava dela, admito. Mas não estava apaixonado como Ucker pensava. Tinha certeza que não estava.

Ucker estava muito louco por ficar pensando essas coisas. Acho que ele tinha uma certa obsessão por me ver com ela. Ele deveria estar sentindo culpa pelo que nos fez passar quando éramos mais novos e estava tentando nos juntar agora para compensar as coisas. Só poderia ser isso, é claro.

Encerrei o beijo com Angelique e fui olhar para Ucker. Queria dar-lhe uma expressão facial que iria dizer “Olha só como você estava enganado”, mas ao me virar em seu sentido, acabei por encontrar Anny ao lado dele e de Christian.

Ela me olhava magoada. E com toda a razão. Eu era um tremendo idiota.