Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

POV Poncho

- Poncho, volta pra cama, vai. Eu estou me sentindo tão sozinha aqui. – Angelique pediu manhosa, passando a mão pelo lençol.

- Olha, não sei o que você pensou que isso fosse, mas estou deixando bem claro aqui e agora que foi só uma foda casual. – Disse direto, sem paciência para com essas falsas esperanças que as mulheres gostavam de alimentar. – Como já terminamos o que tínhamos para fazer, você já pode ir. – Apontei com o braço para a porta. – Você sabe onde fica a saída, não é mesmo? – Falei com um sorriso cínico, em seguida dando um gole da cerveja que estava em minha mão.

- Você me usou, é isso mesmo que eu entendi? – Me olhava chocada, a boca aberta e os olhos arregalados.

- Por favor. – Revirei os olhos. – Pare de se fingir de puritana, não combina com você. – Dei-lhe meu melhor sorriso zombateiro.

- Você é mesmo um filho da puta, como todos dizem. Eu estava há dois malditos anos atrás de você e é assim que você age comigo. – Ela catou suas roupas no chão e se vestiu rapidamente de costas para mim, saindo enfezada depois de meu quarto e batendo a porta com brusquidão.

É, eu sou um tremendo filho da puta. Estava me afundando em qualquer boceta para tentar esquecer a garota especial que deixei escapar, como se isso fosse adiantar.

Dei outro gole da cerveja, deixando-a vazia. Joguei a garrafa no chão, perto das outras que estavam por ali. Olhei para o relógio na parede e vi que já eram 7:30.

Droga.

Eu não queria ter de ir para o colégio, mas estava quase estourando o limite de faltas, e tudo o que menos precisava era de ficar preso ao ensino médio por outro ano.

Vesti o uniforme depressa e arrumei a mochila, pondo-a em meu ombro e saindo do quarto ainda dando o nó na gravata. Peguei uma maçã na cozinha e saí de casa, indo com minha Lamborghini até o Elite Way.

No caminho meu celular não parou de tocar incessantemente, com certeza só podia ser o Ucker querendo testar a minha paciência, mas resolvi não atender. Já estava quase chegando no colégio, o que lhe custaria esperar um pouco para falar comigo.

Dez minutos depois eu estava andando pelos corredores, e chegando perto da sala do 6º ano vi uma muvuca de gente se concentrando desde a porta até dentro da sala de aula. Ucker estava tentando passar por aquele monte de gente, mas o puxei pelo braço, impedindo-o.

- Cara, o que tá acontecendo aqui? – Perguntei meio desorientado, tentando olhar por cima para ver o que estava havendo dentro da sala.

- Se você tivesse atendido alguma das minhas vinte ligações já teria descoberto. Sério, é tão difícil assim atender a porra do celular? – Perguntou um pouco irritado, mas eu o conhecia bem, logo essa chateação passava.

- Vamos cortar a parte que você me dá um sermão como uma mãe preocupada, e vamos logo ao ponto. Por que parece que o colégio inteiro está dentro da nossa sala?

Ele ficou por um momento só me analisando, antes de decidir abrir a boca.

- Anny voltou. – Me olhava com expectativa, querendo saber a reação que eu teria a seguir.

Eu nem pensei em nada, somente dei um jeito de me desvencilhar de toda aquela gente. E lá estava ela, em pé na frente da mesa dos professores, dando atenção à todos que queriam conversar com ela.

Estava linda, arrisco dizer que estava mais bonita do que nunca. Os fios loiros tinham crescido um pouco mais, batendo agora na cintura, as pontas com leves cachos. A franja alongou-se e agora era capaz de permanecer atrás da orelha. Tinha ganho um pouco mais de corpo, o uniforme de repente parecendo tão justo nela.

Dulce lhe contava muito animada alguma coisa, e Anny ria gostosamente, mostrando os dentes perfeitos. Senti tanta falta daquele sorriso.

Um pouco tímido de repente, me aproximei dela, me fazendo notar. Ela me viu e tive a impressão que seus olhos se iluminaram, um brilho percorrendo aquelas esferas azuis. Fora isso, seu rosto permanecia impassível, como se não quisesse demonstrar nenhuma emoção antes de saber como eu iria agir.

A sala inteira estava em silêncio, todos calados querendo assistir o que sairia de um reencontro entre Poncho e Anny, o não-casal mais famoso que já passou por aquele lugar.

Meu coração parecia querer pular para fora do peito, batendo completamente descompassado, e eu me perguntava se o dela estava assim também. Minhas mãos suavam com o nervosismo, e eu tive de escondê-las dentro dos bolsos da calça jeans.

Ela estava ali, de volta para mim. Tinha largado aquele mala americano em Nova York para ficar comigo, eu tinha a certeza.

Dei um passo para a frente, me pondo perto dela. Deixei escapar um pequeno sorriso por toda a emoção que estava sentindo e ela me sorriu de volta.

Céus, finalmente o marasmo perturbador em que estive nos últimos doze meses iria acabar.

- Anny, eu... – Fui interrompido repentinamente.

- Amor, eu já conversei com o diretor e ele me aceitou aqui. – Era o desgraçado do americano. – Agora não vai se livrar de mim tão fácil. – Disse brincando, antes de lhe dar um selinho. Senti meu sangue ferver.

Eu era um otário, só podia ser. Como fui achar que ela tinha voltado por minha causa?

Ela devia era estar rindo internamente de mim, pensando em como eu estava agindo como um completo idiota apaixonado diante dela, suando e tudo.

- Err... Ryan, espere um pouco, está bem? – Ela disse, pondo uma mão no peito dele e o afastando. Logo após, olhou para mim com expectativa. – O que você ia me dizer?

- Só que você devia ter ficado nos Estados Unidos mesmo. – Disse duro. Sabia que não devia tratá-la assim só por não me querer, era egoísmo de minha parte, mas a mágoa estava falando mais alto. – Não fez falta por aqui.

- Não fez falta só se for para você, Herrera. – Dulce se meteu, furiosa. – Olhe a sua volta. – Estendeu os braços, mostrando a sala. – Toda essa gente quis ver a Anny. – Pôs um sorriso cínico no rosto. -Não jogue a sua frustração de ter sido chutado em cima dela.

- Olha, eu não sei o que você tem contra a minha namorada, mas fale assim com ela de novo e eu arrebento a sua cara. – O babaca me ameaçou e tive vontade de rir. Ele era muito engomadinho, parecia nunca ter se metido em uma briga na vida e estava querendo bancar o machão para cima de mim.

- É? Por que não tenta agora? – Arregaçei as mangas da camisa, peitando-o. Ucker se meteu no meio e me afastou.

- Poncho, deixa de ser babaca, cara. Olha só a cena ridícula que você tá fazendo. – Ele tentou me controlar, mas eu estava com muita raiva dela e daquele filho da puta do namorado dela.

- Me solta Ucker, ou vai sobrar pra você também. – Tentei empurrá-lo e Dulce se aproximou, botando o dedo na minha cara.

- Tente e quem vai acabar apanhando vai ser você. Eu estou há um ano querendo meter meus dedos na sua cara de imbecil. Não me faça perder a razão, se não eu juro que eu te arrebento. – Ela disse ameaçadora. Francamente, Dulce era pequena e enfezada assim ficava parecendo um chihuahua quando late para um cachorro maior.

- Por que você não dá o fora daqui, einh? Não está vendo que está irritando todo mundo? – O mauricinho não cansava de se meter.

- E você, quem acha que é para chegar aqui já querendo mandar em alguém? Se liga otário. – Apontei com o dedo a sala toda. – Esse é o meu território, meu colégio, minha cidade.

Minha garota.

- Você se acha o fodão, não é? – Perguntou debochado, rindo da minha cara.

- Eu sou. – Falei convencido e foi a vez dele se aproximar de mim, nos deixando frente à frente.

- Você não sabe com quem está se metendo. – Tentou me intimidar. – Poncho, não é? – Perguntou com desprezo evidente. - Anny me contou sobre você. O idiota com quem ela estava saindo antes de ir embora. Parece que você não superou ainda e por isso fica aí pagando de revoltado com Deus e o mundo. Só saiba que se a incomodar de novo, eu acabo com você. Não vou te dar uma surra, por mais que seja tentador. Vou fazer muito pior. Se a magoar, eu tenho poder pra te levar a falência, tirar tudo o que você tem até que acabe morando debaixo de um viaduto. – Apontou o dedo para mim. – Está avisado.

- Estou morrendo de medo. – Zombei com divertimento.

- Por que está agindo assim, Poncho? – Anny me perguntou sentida, aqueles lindos olhos azuis estavam tristes.

Tinha até esquecido que ela estava ali, com toda a confusão. Estava sentada na mesa dos professores, os braços entorno de si, como se estivesse se protegendo. Parecia muito afetada com todo o bate-boca. Vê-la assim me fez sentir mal, e me arrependi pelo modo como me comportei.

- Eu sou um babaca, o que esperava que eu fizesse, Anny? – Indaguei lamentoso, só dando tempo de ver sua expressão mudar para pena, antes de eu me virar e ir sentar no fundo da sala.

O professor Madariaga chegou logo em seguida e todos do 6º ano foram se sentar, os alunos de outras séries foram embora. Anny me deu uma rápida olhada, por cima do ombro do americano, antes de se virar novamente para a frente. Ele estava sentado bem atrás dela, marcando o território possessivamente.

Por que não urinar em volta dela logo?

- Primeiramente, eu gostaria de dar as boas-vindas à nossa querida Anahí, que está de volta dos Estados Unidos. – O professor falou com um sorriso simpático. – Acho que falo por todos quando digo que sentimos a sua falta. E não posso me esquecer, é claro, de que temos outro novo aluno conosco, um nova-iorquino vindo morar no México. Qual o seu nome, rapaz?

- É Ryan, senhor. Ryan Rockefeller. – Se voltou para trás, me olhando com pura satisfação de quem sabia o peso que seu nome tinha.

Porra, eu não acredito que ela estava namorando um Rockefeller. Agora eu estava lidando com um dos filha da puta mais ricos do mundo.

Que seja, não me importava se ele cagava dinheiro. Eu o destruiria do mesmo jeito.

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Vai começar Poncho vs. Ryan hahahah