Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

POV Anahí

Eu tive a sorte de conseguir um taxi rapidamente, ao sair do restaurante. Mas quando abri a porta do carro e ia entrar nele, uma mão segurou meu braço e me impediu. Virei-me já sabendo que era ele.

- O que você quer, Poncho? – Perguntei sem paciência.

- Te levar em segurança até o Elite. Não é uma boa ideia uma garota como você ficar andando sozinha de taxi a essa hora. - Ele estava sério, sem seus sorrisos convencidos e seu jeito despreocupado habitual.

- Tá, tudo bem. Você me convenceu.

Eu me virei para entrar no taxi, mas Poncho me impediu outra vez.

- O que você está fazendo? – Ele perguntou.

- Hum, eu estava tentando entrar no taxi? Ou você quer voltar pro colégio a pé? Por mim tudo bem, desde que você me carregue nas costas.

- Não seja boba, eu estou de carro. Tá estacionado logo ali atrás, caso você não tenha percebido.

Eu olhei para trás e logo notei a chamativa Lamborghini do Poncho. Só faltava ele pintar aquele carro de amarelo marca-texto.

- Você nunca se cansa de esfregar na minha cara que você tem um carrão e eu nada, não é?

- Qual seria a graça de ter um carrão e não exibi-lo? – Perguntou divertido.

- Você vão entrar ou não? Eu não tenho a noite toda! – O motorista se mostrou impaciente.

Eu olhei rapidamente para o Poncho, que ficou quieto esperando pela minha resposta.

- Nós vamos de carro, desculpe por tomar o seu tempo. – Então fechei a porta do taxi e ele partiu, não sem antes dizer alguns bons palavrões para nós dois.

- Muito simpático ele. – Poncho disse achando graça e eu não pude evitar de rir. – Até que enfim você riu! Já estava começando a achar que ia fazer cara feia para mim a noite toda.

- Eu ainda estou zangada com você. – Falei já mais séria.

- Ah, você acha que eu acredito nisso? Você se rendeu no momento que eu me mostrei preocupado com a sua segurança, e não era para menos. Já pensou se você tivesse entrado sozinha no taxi daquele sujeito? Você precisa ter mais cuidado Anny, principalmente tarde da noite como agora.

Ele ficava tão fofo quando agia desse jeito protetor comigo, mas eu ainda não estava pronta para dar o braço a torcer. Queria que ele se esforçasse um pouco mais para me convencer a perdoá-lo por ter ido me vigiar no restaurante.

- Dá pra parar de agir como se fosse o meu pai? Aliás, nem meu pai me trata assim. – Comecei a andar até o carro, deixando o Poncho para trás.

- Sabe, é bem difícil te entender às vezes. – Disse já me alcançando. – Por exemplo, quando você chorou agora à pouco para terminar com o americano. Engraçado isso, você disse que não sentia nada por ele mas depois parece me mostrar o contrário.

- O americano tem um nome, Ryan, não importa o quanto você tente ignorá-lo. – Tentei desviar o foco.

- Você não respondeu a minha pergunta.

Eu entrei no carro e ele fez o mesmo logo após.

- Você não me perguntou nada.

- Eu não precisei, estava implícito.

- Estava? Eu nem percebi? – Me fiz de desentendida de propósito.

- Anny, chega de enrolação, por favor. Não saber o porque de você ter ficado tão abatida por outro cara tá acabando comigo.

Droga, ele não pode simplesmente dizer isso e esperar que o meu coração não se apertasse. Depois de um longo suspiro, eu decidi contá-lo.

- Eu fiquei sentida porque ele foi a única pessoa que cuidou de mim quando eu não tinha mais ninguém, nem mesmo você. Se não fosse por ele, eu teria ficado completamente sozinha e deprimida em Nova York. Honestamente, eu tenho até medo de pensar no que eu poderia ter feito comigo mesma caso o Ryan não tivesse aparecido. – Eu olhei para baixo, me sentindo triste com as recordações dos primeiros meses nos Estados Unidos. – Mas respondendo a sua pergunta, não, eu não sinto nada por ele. Eu amo só você, vai ser sempre só você.

- Me desculpe. – Disse lamentoso.

- Pelo quê?

- Por ter sido um completo idiota, por ter tido tanto medo de admitir para mim mesmo os meus sentimentos. E depois por ter te deixado ir embora. – Ele passou as mãos pelo cabelo, nervoso. – Eu sabia que eu estava sendo um covarde, eu sempre soube, mas mesmo que meu corpo gritasse para que eu fosse correndo até aquele aeroporto, eu deixei o medo me ganhar.

Poncho tinha me feito sofrer muito, mas estava realmente arrependido e tinha confessado que me amava, isso era tudo o que eu precisava.

O nosso relacionamento nunca daria certo se ficássemos sempre lembrando do que deu errado no passado, e eu estava disposta a passar uma borracha por cima de tudo. Mas ele precisava fazer o mesmo.

- Ei. – Eu segurei seu rosto entre minhas mãos. – O que passou, passou. Não importa mais. Eu quero é focar no presente, eu e você.

Ele sorriu para mim e virou seu rosto para beijar minha mão.

- Eu te amo, você sabe disso?

Com três palavras ele me desarmava completamente. Como era possível isso?

- Sei, agora eu sei. – Respondi sorrindo toda boba.

- Que grossa, nem fala que me ama de volta! – Se fingiu de chateado, me arrancando uma risada.

Eu segurei o seu queixo e o puxei para perto de mim, colando nossos lábios num selinho, depois o empurrando de volta para o seu banco.

- Eu te amo, satisfeito?

- Não. – Respondeu simples, me deixando confusa.

- Não?

- Não. Só vou ficar satisfeito se você concordar em passar a noite comigo na minha casa.

- Mas amanhã nós temos aula.

- E qual o problema? A gente acorda cedo e eu te levo para o Elite.

- Você realmente acha que nós íamos conseguir acordar cedo? – Eu ri sem acreditar. – Se lembra que da outra vez nós dormimos até de tarde?

- Pra isso existem despertadores, ué.

Ele parecia não estar me entendendo então eu posicionei meu pulso diante de seus olhos, para que viesse que horas eram no meu relógio.

- Poncho, tá tarde. Eu to cansada e com sono, e nesse momento tudo o que eu quero é dormir, um tipo diferente de dormir do que você quer. Eu nem sei porque você ainda não ligou esse carro. – Fiz cara de pidona para ele. - Me leva pro colégio, vai.

- Tudo bem, hoje eu deixo passar. Mas eu tenho um ano de saudade pra matar, Anny. Amanhã você não me escapa.

E nem quero.

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Quarta tem mais, amores :*