Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

P.O.V. Anahi

Senti a luminosidade irritando os meus olhos. Tampei-os com as mãos. Então pude ouvir a voz de Dulce.

- Até que enfim você acordou, beberrona. – Abri meus olhos e a vi parada diante da cama. – Se o médico não tivesse dito que você estava bem, eu teria ficado bastante preocupada. Você não acordava nunca.

Me senti muito confusa e desorientada. Médico? Eu estava em um hospital? Olhei a minha volta e constatei que sim. Senti um estranho pinicar em meu braço e olhei para ele. Tinha um tubo enfiado em mim. Dulce foi mais rápida e antes que eu pudesse lhe perguntar, ela me disse:

- Você entrou em coma alcoólico e tiveram que botar glicose na sua veia. Você não se lembra de nada Anny? – Ela me olhava com expectativa por minha resposta.

- A última coisa que me lembro é de estar dançando com Poncho. – Ao me lembrar dele, senti sua falta. - Aonde ele está?

Dulce ficou estranhamente agitada com minha pergunta. Seus olhos se arregalaram e ela começou a suar frio. Ela olhava para os lados, parecendo pensar no que me dizer.

- Ele...Está internado.

Meu mundo quase parou com a notícia.

- O quê??? O que ele tem??? Onde ele está??? – Comecei a falar desesperada.

- Calma Anny. – Dulce me segurou quando tentei tirar o soro de meu braço. – Ele teve uma parada cardíaca.

Me pus mais nervosa ainda com essa informação. Consegui me desvencilhar de Dulce e arranquei o tubo. Me levantei da cama e ia abrir a porta quando escuto sua voz.

- Ele já está bem. Se acalme e me deixe te explicar tudo, antes de sair feito uma doida sem nem saber em que quarto ele está.

Me sentei de novo na cama e fiz um sinal para ela prosseguir.

- Acho que você não sabe, mas ele tomou um comprimido de ecstasy. – Fiz cara de surpresa. – Pela sua cara, certeza que não sabia. Enfim, eu, Ucker e Derrick estávamos observando de longe vocês dois. Estávamos preocupados. E quando você vomitou, decidimos nos aproximar. Ucker concluiu que você estava em um processo para entrar em coma alcoólico e que Poncho estava tendo um superaquecimento por conta da droga. Você entrou em coma no carro e Poncho teve uma parada cardíaca já nos corredores do hospital. Graças a Deus não aconteceu antes, senão Poncho estaria morto agora.

Lágrimas escorriam por toda a minha face. Era muito para lidar. Me senti sobrecarregada de emoções. Todas explodindo de maneira incessante dentro de mim. Poncho quase morreu. Oh céus! O que seria de mim sem ele? Ele era tudo para mim. Soluçava e chorava sem parar.

Não estive com ele quando mais precisou de mim. Queria ter podido segurar sua mão e lhe ter dito que tudo ficaria bem quando seu coração estava por parar de bater e ele estava com medo. Queria ter ficado do lado de fora do pronto-socorro, esperando por notícias e rezando.

Senti que estava me afogando em minha escuridão. Que toda a m**** que me assombrava, agora se apossava de mim. A dor me consumia de forma tão dura. Só ele poderia me tirar do buraco para aonde eu estava indo.

- Dulce, eu preciso vê-lo. Agora.

(...)

Entrei em seu quarto e quando o olhei, parecia que meu mundo voltara a girar. Meu coração voltou a bater forte em meu peito e soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo.

Ele ficava tão bonito quando dormia. Parecia um anjo. Um anjo caído. Ri com o pensamento. Sentei na cadeira ao lado de sua cama e fiquei o observando enquanto pensava.

- Você nem pense de novo em morrer. Eu te proíbo. – Suspirei. – Você me deu um susto tão grande hoje. Deve estar se sentindo muito mal para ter usado bala. Você nunca experimentou nada além de maconha...Eu também estou muito mal. Por isso enchi a cara. – Peguei em sua mão e segurei-a com força. – Quando você acordar, nós dois vamos ter uma conversinha. Não podemos mais nos arriscar desse jeito. Quando você se machuca, eu sinto a sua dor junto de você e vice-versa. Precisamos encontrar um modo de nos livrarmos de toda essa bagagem emocional f***** que carregamos conosco. Só...Não me abandone nunca. Eu sei que eu não te digo isso muitas vezes, mas eu te amo. Você é meu melhor e único amigo. É a pessoa mais especial que já tive a sorte de encontrar. Eu te amo muito mesmo, Poncho.

- Eu também te amo, Anny. – Ele falou ainda de olhos fechados.

- V-você ouviu tudo o que eu disse? – Ele abriu os olhos e fez que sim com a cabeça. – Desgraçado! Fingiu que estava dormindo! – Comecei a estapeá-lo em seus braços.

- Ai! Calma, Anny! Lembra que eu quase morri. – Parei imediatamente. Ele sabia como me fazer sentir culpada.

- Por que você fez isso?

- Sabe, eu queria ver se me vendo num leito de hospital, isso desencadearia em você sentimentos de paixão por mim. Mas não funcionou, você só me ama como amigo. – Fingiu uma cara triste.

- Palhaço. – Ele riu. – E se isso realmente tivesse acontecido? E se eu tivesse dito que estou apaixonada por você? Você teria estragado nossa amizade com essa sua brincadeira. – Ele me olhou confuso.

- Quem disse que teria estragado? Se você fosse capaz de me amar dessa forma, eu acho...Eu acho que eu também seria capaz de amar você assim. Se um de nós dois se apaixonar pelo outro, inevitavelmente o outro também irá se apaixonar. Porque se for possível o coração todo quebrado de um de nós encontrar o amor, isso quer dizer que também é possível para o outro. E se tiver alguém nesse mundo por quem eu iria me apaixonar, seria você Anny. Nenhuma outra. E penso que o mesmo deveria acontecer com você. Acho que te assustei. Você não deve ter entendido... – Coloquei um dedo em sua boca, silenciando-a.

- Eu entendi perfeitamente. E sim, se algum dia eu me apaixonar, vai ser por você Poncho.