Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

P.O.V. Anahi

Era o dia seguinte a minha "conversa" com Poncho. Estava sentada tomando café da manhã com Raquel e Jacke. Elas falavam sem parar sobre alguma coisa. Honestamente, não sabia sobre o quê. Estava tão distraída que parecia que alguém com um controle remoto tinha botado elas no mudo.

Não podia mais negar para mim mesma que estava atraída por ele. Poncho era muito bonito, sempre o considerei assim. Mas antes olhava para ele e via meu melhor amigo. Não mais. Agora o enxergava como um homem. E isso era tão perigoso para mim.

Lembrei de sua traição. Como fora capaz de me manipular. E da maneira mais suja possível. Me seduzindo.

Tudo por conta de seu maldito medo de se expressar. Ele queria guardar toda a sua angústia para si. Não sei se por achar que pode lidar com todos os seus fantasmas sozinho. Ou por acreditar que sua mente é mais fe***** que a minha e que eu iria me assustar ao descobrir o que tem por detrás dos belos olhos verdes.

Ele que se exploda.

- Anny? Anahi??? – Raquel estalava os dedos em minha frente quando desperto de minha reflexão.

- Anny, você não ouviu nada do que eu acabei de falar sobre o meu esmalte? – Jacke me perguntou irritada.

Chega. Não dava mais. Eu tinha alcançado o meu limite.

- Sinceramente? Ainda bem que não! Acho que seria capaz de eu ser a primeira morte por tédio registrada se escutasse as baboseiras que saem da boca de vocês duas. – Elas me olhavam em choque por minha sinceridade.

- Anahi, o que aconteceu com você? – Raquel me perguntava.

- O que aconteceu foi que eu me cansei dessa nossa amizade superficial. Eu tinha medo de ficar sozinha, por isso aturava vocês duas. Mas já não sou assim. Como diz o ditado, antes só do que mal acompanhada. – Dei um breve aceno ao mesmo tempo em que sorria de forma irônica.

Me virei e fui embora me sentindo tão bem comigo mesma como há tempos não sentia. Eu encarei o medo e o venci. Me sentia leve, radiante com a constatação de que um simples passo em direção a luz me fazia tão bem.

Hoje não deixaria nada me abater e tirar essa pequena alegria que estava vivendo.

(...)

Olhava a paisagem quando alguém chega por trás.

- Anahi! – Ponho a mão em meu peito e me viro.

- Dulce! Quer me matar de susto? – Ela ria com uma cara sapeca enquanto segurava suas mãos atrás de seu corpo. Parecia uma menina assim.

- Ainda não Barbie. – Achei graça do apelido, mas não iria admitir. Então fiz uma careta.

- Me chamou de quê Chuck? – Tinha de me dar um ponto pela criatividade. Chuck era um apelido genial.

- Chuck? Como o bonequinho de terror? – Parou e tinha uma expressão pensativa em sua face. – Taí, gostei. Bem original. Enfim. – Suspirou. – Só vim aqui te avisar que o Carlos organizou uma festa para hoje a noite. Vai ser do lado da piscina.

- Vai ser uma pool party? – Fiquei animada com a ideia.

- Sim. É... – Ela ficou sem graça de repente. – Você pode me emprestar um biquíni? Só trouxe um e ele já está sujo porque eu o usei.

- Claro que eu te empresto, Dulce. – Segurei suas mãos e nós duas sorrimos. – Agora, vamos que eu vou te arrumar para que você seja a mais linda da festa e chame a atenção de um certo carinha que eu sei que você quer impressionar. – Ela se pôs imediatamente envergonhada.

- Que cara? Você está delirando Anny.

- Não estou não. Vi como você olha pra um certo Uckermann. – Ao ouvir seu nome, ela escondeu seu rosto entre as mãos.

- Está bem. Eu gosto dele. – Dulce admitiu.

- Olha, eu conheço Ucker a vários anos. E nunca o tinha visto tão interessado em uma garota antes como eu o vi se interessar por você.

- É sério? – Dulce me mirava com os olhos brilhando.

- Sim. Ele está com certeza caidinho por você Chuck. – Começamos a rir. – Agora vem. – Peguei em sua mão. - Temos que nos aprontar.

(...)

Experimentamos várias roupas, tudo para que estivéssemos com o melhor visual possível. Até Maite se juntou a gente. Ela decidiu por usar um vestidinho menos conservador, após muita insistência minha e de Dulce. Embora, tivéssemos falhado em convencê-la a trocar seu maiô preto por um biquíni.

- Não, não. É muita pele à mostra. Prefiro o meu maiô mesmo.

Escolhi para Dulce um biquíni dourado que tinha acabado de comprar. Ela usava uma blusa justa branca e uma saia leve da mesma cor. Me deixou maquiá-la e passei somente pó bronzeador em suas maçãs e um batom nude, deixando-a bem natural. Estava lindíssima. Ucker certamente aprovaria seu visual.

Decidi-me por um biquíni branco e um vestido rosa bebê bem apertado e curto. Fiz em mim a mesma make que em Dulce, acrescentando só um lápis de olho preto. Mesmo não admitindo, queria impressionar alguém em especial. Queria que ele olhasse para mim e se arrependesse de ter sido tão idiota.

- Prontas meninas? – Perguntei e elas disseram sim em coro. Abri a porta do quarto e fomos para a parte de trás do hotel.

A decoração era impressionante. Carlos tinha feito um belo trabalho organizando tudo aquilo tão rápido. Havia um pequeno palco onde tocava Erick Rubin e sua banda. A frente, uma improvisada pista de dança. Garçons circulavam com bebidas coloridas que pareciam deliciosas para mim. Se controle, Anahi. Tinha uma mesa com diversos doces e salgados. Na grande piscina tinham várias bóias daquelas para sentar, tão espaçosas que podiam caber três pessoas ali. Tinha também bolas de ar e de vôlei. Além de uma rede inflável para que se pudesse jogar uma partida. As árvores em volta estavam cobertas por pisca piscas de luz amarelada. Um pouco afastado, várias redes para deitar e puffs vermelhos. Para complementar a decoração, uma linda lua cheia iluminava o céu estrelado naquela noite.

Dulce puxou eu e Maite para a pista. Como ela era forte! Dançavamos animadamente ao som de Malas Intenciones. Dulce o tempo todo olhava a volta procurando Ucker. Mesmo que tentasse me controlar, acabava por fazer o mesmo por Poncho. Era mais forte que eu.

Maite se cansou e decidiu dar uma volta pela festa. Ficamos só eu e Dulce.

- Ali Anny, ele está ali! – Dulce se empolgou demais e acabou por falar demasiadamente alto. Ucker e Poncho, que estavam juntos perto da piscina, olharam para nós.

Não o via desde aquele momento à margem do lago. Só agora, vendo-o outra vez, percebi que mesmo chateada tinha sentido a sua falta. É um sentimento estranho que me deixa muito confusa. Mesmo magoada ainda quero vê-lo, conversar com ele e tocá-lo.

Ele me olhava de um jeito intenso. Parecia que estava passando por uma mistura de emoções enlouquecedora. Tentei decifrá-lo e achei que vi arrependimento, saudade e...Desejo? Não podia ser.

Estava tão malditamente gostoso com seus cabelos bagunçados e uma camisa social azul claro aberta até a metade de seu peito. Queria passar minha língua por ali. Me repreendo mentalmente por meus pensamentos antes de me virar e me perder no meio dos outros alunos, querendo ficar longe de Poncho.

Não resisti quando o garçom passava e peguei um drink da bandeja. Era algo bem forte porque a sensação que tive era de uma trilha de fogo quando a bebida desceu por minha garganta. Oh, eu estaria tão bêbada quando a noite acabasse. Nem a aterrorizante lembrança de meu coma alcoólico era o suficiente para me convencer a parar. Estava me sentindo muito mal. O turbilhão de emoções que Poncho estava me fazendo passar, acabaria por enlouquecer-me. E não podia contar com meu melhor amigo agora para desabafar. Só me restava o álcool, outro velho conhecido.

Pouco tempo depois, já estava bastante alegre. Dançava e me divertia sem me importar com nada. A dor estava adormecida, por fim. Dulce me fazia companhia. Não teve coragem de ir falar com Ucker. E eu conhecia aquele cara, era um verdadeiro bunda-mole quando se tratava de mulheres. Não iria tomar uma atitude com minha amiga tão cedo.

Percebi que Dulce também estava bastante alegre. Resolvi perguntar.

- O que você tomou Chuck? – Ela começou a rir.

- Eu não sei. Fui bebendo tudo o que aparecia em minha frente. – Gargalhamos as duas. – Queria criar coragem para chegar no Uc-que. – Tinha dificuldade para falar seu nome. – Mass pelo visto ele não me quer, então vou aproveitar a solteirice.

- V-você... – Apontei para ela. – É das minhas.

- Anw vem aqui Barbie. – Ela me abraçou e começamos a rodopiar ainda agarradas. Nos soltamos quando ficamos tontas.

- Posso me juntar a vocês? – Olhamos para ver quem disse aquilo. Era Derrick.

- Claro. A três fica tudo melhor. – Falei com duplo sentido e os dois riram.

Começamos a dançar e ficamos assim por um bom tempo. Até que Dulce se sentiu tonta e foi se deitar numa rede. Estava agora sozinha com Derrick, que não parava de lançar olhares sobre todo o meu corpo.

- Quer entrar na piscina Anny? – Assenti e fomos até a borda.

Tirei meu vestido com dificuldade. Caramba, ele era muito apertado. Quando enfim estava só com meu pequeno biquíni, Derrick parecia que se segurava muito para não me agarrar. Pulei na piscina e ele fez o mesmo. Subi em uma das poltronas infláveis e logo tinha a companhia de Derrick.

Fui olhando para as pessoas que estavam naquela piscina. Estava bastante cheia. Vi Maite conversando com Christian. Ele parecia falar alguma coisa muito engraçada, porque ela não conseguia parar de rir. Era bom ver Maite mais relaxada e se divertindo. Minha atenção passou a Pilar e Tomás, que estavam se pegando de uma maneira bastante obscena, como se não houvesse ninguém a volta deles. Vi Jack apanhando de Raquel e Jacke. Ele tinha passado a mão nelas. Então o notei.

Poncho estava encostado sozinho em um canto da piscina. Estava de cara fechada, emburrado. Seus punhos e mandíbula cerrados. O peito subia e descia com força. Ele me olhava. Com muita raiva. Me tremi toda e senti falta de ar com sua mirada incessante para minha pessoa.

- Anny... – Derrick falou e então lembrei de sua presença. Contra minha vontade, quebrei o contato visual com Poncho e olhei para o cara que estava ao meu lado.

- Que foi? – Nesse momento ele começou a passar a mão por minha coxa. Me senti extremamente desconfortável.

- E se nós dois aproveitássemos um pouco mais essa festa? – Ele se aproximou mais.

- Derrick, eu acho que te dei a impressão errada. Eu vou ser bem clara. Eu não estou afim.

- Ah, vamos lá Anny. Você nem me deu uma chance. – Ele segurou minha nuca e me puxou para perto de seu rosto.

- Para! Não! – Comecei a gritar quando ele tentou me beijar e virei minha cabeça para o lado.

Do nada, Poncho surgiu ao lado da bóia e socou Derrick no nariz.