Fanfic: Autodestruição - AyA | Tema: Ponny

P.O.V. Poncho

Fiquei observando a Anny a noite inteira. Desde o momento que nossos olhos se cruzaram, não a perdi mais de vista. Estava sempre por perto, mas não o suficiente para que ela me notasse. Sabia que meu comportamento era um tanto quanto obcecado. Mas estava realmente preocupado com ela. Ela não estava bem, e quando ia a festas nesse estado, ela enchia a cara. Anny tinha o costume de afogar sua tristeza na bebida. Era um refúgio temporário, e eu sabia como era bom esquecer toda a dor por algumas horas. E como sabia! Mas seu gosto por álcool estava passando dos limites. Há duas noites atrás teve um coma alcoólico e agora já estava bebendo novamente?

Tive me controlar muito para não ir até ela e tirar o copo de sua mão cada vez que pegava uma nova bebida. Era torturante vê-la enquanto se embebedava mais e mais. Tinha estabelecido para mim mesmo que só iria me intrometer se visse que ela corria perigo. Ela devia estar sofrendo muito e achei que merecia um descanso de seus demônios internos. Mas somente enquanto não pusesse sua saúde em risco.

Vi Derrick se aproximando dela com um sorriso safado, e me pus em total alerta. Havia semanas que o desgraçado falava sem parar sobre como a achava bonita e que queria ter uma chance com ela. Não tinha atitude para chegar nela sóbria e era óbvio que iria forçar agora que estava bêbada. Observei-os atentamente. Cada risada, cada vez que Derrick olhava para os seios dela, que quase saltavam para fora por conta do vestido apertado. Eu via tudo.

Quando Dulce os deixou sozinhos, me aproximei mais. A qualquer momento ele poderia tentar alguma coisa, e eu devia estar preparado para interferir. Evitar o pior. Foram para a piscina e fui junto.

Me isolei em um canto, achando que ela não me veria. Estava enganado. Seu olhar, que vagava por toda a piscina, se fixou em mim. Deixei transparecer todo o meu descontentamento com ela. Não deveria ter dançado com Derrick. E certamente não devia estar sentada tão próxima dele.

Ela parecia vidrada em mim. Como se fosse incapaz de quebrar o contato que tínhamos criado. Estava também afetada por meu olhar. Ofegante e trêmula. Podia ver em seu rosto que me queria. Tanto quanto eu a quero.

Derrick falou alguma coisa e ela quebrou nossa ligação. A cada segundo o odiava mais.

Então ele começou a passar a mão nela. P****! Nem pensei. Fui em sua direção na mesma hora. Me aproximava o mais rápido que podia, enquanto tinha que vê-lo tentando forçá-la a um beijo.

Quando enfim cheguei até eles, não esperei nada para socar o nariz daquele ba****. Não era o suficiente. Ainda tinha muita raiva dentro de mim e precisava extravasá- la. Então soquei um de seus olhos, em seguida o outro. Depois a boca. Iria continuar, se Christian não tivesse aparecido e me segurado. Nico então levou Derrick a enfermaria do resort.

Me virei para Anny. Seu olhar estava intenso demais. Me queimava por inteiro. Não estava em condições por hora de lidar com nossa nova e complicada relação. Tudo tinha se tornado tão confuso entre nós dois. Ela me atraía e depois repelia repetidas vezes. Sem contar que ainda não sabia lidar bem com essa atração que estava sentindo. Decidi por sair da piscina sem lhe dirigir a palavra, era melhor assim. O que não contava é que ela iria atrás de mim.

- Poncho! – Virei-me e não pude conter a surpresa em minha expressão. – Precisamos conversar. – Disse de maneira firme.

- Sim, precisamos. – Ela estava enfim falando comigo de novo por conta própria. F***-se tudo o que pensei segundos antes.

- Aqui não. Tem muita gente nos observando. – Olhei em volta e constatei que era verdade. Quando meti a porrada em Derrick, chamei muita atenção. – Vamos para o meu quarto. Lá ninguém vai poder bisbilhotar.

- Está bem. – Por força do hábito peguei na mão dela. Ela estranhou e tirou a mão da minha. Droga.

Chegando em seu quarto, ela se sentou numa das camas e fez um gesto para que me sentasse na cama ao lado. Sentei e ficamos frente a frente. Ali estava novamente. Olhos verdes em olhos azuis. Parecia uma ligação magnética de tão difícil que era quebrar o contato depois de iniciado. Não sei quanto tempo permanecemos assim. Podiam ter sido horas, que eu nem notaria. O tempo quando estava com ela voava de maneira absurda. Ela então, cortou a ligação e abaixou a cabeça.

- Obrigada por ter interferido. – Ela enrolava uma mecha do cabelo sem parar. Estava nervosa.

- De nada. Mas você não me chamou aqui para dizer isso. O que quer conversar? – Sabia muito bem o que ela queria conversar. Podia até imaginar suas próximas palavras em minha mente.

- Eu queria conversar sobre nós...Sobre o que estamos sentindo. – Ela agora evitava me olhar. Como se estivesse se protegendo.

- E o que estamos sentindo? – Queria ouvir de sua boca. Queria ter a confirmação para poder finalmente me livrar do peso da dúvida.

- E-estamos nos sentindo... – Fechou os olhos antes de dizer a palavra que mudaria tudo. – Atraídos.

Oh, como era bom ouvir isso! Deixei escapar um sorriso e vi-a mais leve.

- Sim, estamos atraídos um pelo outro. – Confirmei e agora era ela quem sorria.

- E agora, Poncho? O que vamos fazer? – Seu semblante tomou rapidamente uma expressão preocupada.

- Eu não sei. Quando eu imaginei nós dois tendo essa conversa, não cheguei até essa parte. – Fui sincero.

- Isso vai estragar nossa amizade? – Anny tinha os olhos vermelhos e estava se controlando para não chorar. Sentei-me ao seu lado, abraçando-a e pondo sua cabeça em meu peito em seguida.

- Só vai estragar se assim quisermos. Nós podemos lidar com isso. – Ela apertava meus braços fortemente enquanto eu acariciava seu cabelo.

- Como? – Perguntou quase que num sussurro.

- Podemos ignorar essa atração. Fingir que não está ali. – Ela levantou a cabeça para me olhar e meu coração disparou. Como iria poder ignorar?

- E isso vai dar certo? – Ela perguntou com esperança na voz. Embora estivesse quase certo que daria errado, não podia tirar essa esperança dela.

- Sim, vai dar certo. – Lhe dou um sorriso encorajador, como se dissesse que tudo ficaria bem. Valia a pena tentar, antes de me desesperar.

- Eu não suportaria te perder, Poncho. – Uma lágrima escorreu por sua bochecha e eu catei com meu polegar. – Sem você, eu não teria nada que me sustentasse de pé. – Começou a chorar desesperadamente e apertava minha mão com tanta força, que meus dedos estavam ficando brancos.

- Calma. Calma. – Beijei sua testa demoradamente. – Você nunca vai me perder. Eu nunca conseguiria deixar você ir, porque eu também não vivo sem você, Anny.

Ela foi aos poucos se acalmando, parando de chorar. Continuei abraçando-a e dizendo palavras de conforto até que se sentisse melhor.

- Sabe, eu sempre pensei em nós como almas gêmeas. – Ela me contou sorrindo. – Não romanticamente falando. As pessoas sempre acham que alma gêmea é sobre o grande romance de suas vidas. Eu não vejo assim. Para mim, tem haver com afinidade e compatibilidade. Aquela pessoa que é simplesmente perfeita para você em todos os sentidos. Que te entende sem palavras. Que te completa e faz se sentir vivo. Tem haver com amor puro. Um amor muito mais forte que o amor sexual. É assim que me sinto sobre você, Poncho.

Não pude evitar sorrir feito um bobo, e nem queria. Ela era tão doce. Segurei seu rosto com ambas as mãos.

- Então somos almas gêmeas.