Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Ricardo e Ruth no mesmo bar da Zona Norte.

Ruth ainda estava tentando assimilar todas as coisas que pareciam cair sobre seus ombros de uma vez, sem conseguir impedir. Ricardo, também, mas ao contrário dela, tudo o que mais o amedrontava, era pensar que Ruth podia não querê-lo mais. Poderia querer evitar seus sentimentos, ou até mesmo esquecê-lo por ser irmão do seu ex-marido, o qual ela amaria deixa-lo apenas no passado.

E lá estavam os dois novamente naquele mesmo bar da zona norte, conversando sobre como seria o futuro deles dali em diante, com o peso da notícia. Os dois conversaram por quase duas horas, mas não chegaram à conclusão alguma. Apenas Ricardo tinha a certeza de que passaria por tudo aquilo se a tivesse nos braços no final da luta. As coisas não seriam fáceis, disso ele sabia, mas em seu peito, o mais difícil era estar sem ela. Logo quando encontrou alguém que aceitou seus defeitos, que o fez perder o orgulho e sua marra pela vida dura que havia passado, apensar de todo o dinheiro que tinha. Ricardo era a prova que dinheiro não comprava felicidade.

Eles se desejaram Feliz Ano Novo e continuaram ali conversando, tentando um entender o outro. Ruth não conseguia apagar o fato de que Ricardo e Fábio eram irmãos, e o que a enlouquecia, além disso, era pensar em contar para Alfonso. Ah... Com seu orgulho maior que a cidade de São Paulo, ele jamais aceitaria o fato de ser primo da mulher da sua vida. Esse era o maior medo que tinha. Medo de que Alfonso fizesse uma loucura quando descobrisse que talvez não poderiam ter filhos, por causa do grau de parentesco.

- Ruth, me ouve – disse Ricardo, ao perceber que a mulher estava quase se levantando, sem nem chegar á lugar algum – Estou tremendo só de pensar em não te ter em minha vida mais.

A mulher deixou as lágrimas tomarem conta de seu rosto, e mordeu o lábio inferior, tentando inutilmente reprimir seu choro que queria vir do fundo da alma. Ela não conseguia olhar em seus olhos sem chorar. Não conseguia pensar sem querer se debulhar em lágrimas, mas ao mesmo tempo em que queria ficar com Ricardo, queria também que tudo se resolvesse da melhor maneira.

- Fábio vai surtar quando descobrir que seu filho é namorado da sua sobrinha – sussurrou – Alfonso também vai surtar quando descobrir que é primo da garota que ama. Eu estou no meio disso, Ricardo. Estou perdida, entende? – suspirou – Não vejo saída...

Ricardo tentou entender a mulher, mas não entendia onde os dois não poderiam ficar juntos. Onde estava escrito que alguma coisa atrapalharia um futuro relacionamento deles?

- Não faz sentido, amor. Por que não podemos ficar juntos? – respirou fundo – ainda não entendi o que nos impede. Alfonso não vai ficar contra, tenho certeza, e o Fábio... Poxa, vocês não estão juntos há quase seis anos. Poxa, não faz isso conosco, Ruth. Vamos enfrentar isso juntos, nós dois!

Ruth o abraçou pelo pescoço e seus braços envolveram a cintura da mulher com todo o amor que sentia por ela. Os dois não falaram nada por algum tempo. Permaneceram em silêncio, apenas um aproveitando o outro, o calor dos corpos, o cheiro que entrava em suas narinas, e as sensações que causavam. Ruth não queria mais soltá-lo, e Ricardo muito menos. Mas ainda faltava entrarem em alguma conclusão sobre tudo. Ainda faltava saber o que seria dos dois depois de tudo o que descobriram.

- Me dê um tempo – pediu Ruth – Vou esperar passar essa semana, e depois conto ao Alfonso com calam sobre todo esse emaranhado de confusões que nos metemos sem querer. Tenho que ser cauteloso ao falar do Fábio, por Alfonso é revoltado pelo que ele fez com a gente. E quero também falar com Fábio. Depois vemos como ficamos, pode ser? – afastou o rosto de seu ombro para melhor ver – Eu quero ir com calma, Rick. Eu amo você de verdade, mas não posso atropelar as coisas e só pensar em mim mesma. Tenho filhos, tenho uma vida, e um ex-marido que mesmo longe continua me colocando em enrascadas. Fora que ainda não nos separamos no papel, né? Isso complica tudo ainda mais.

Ricardo queria sair de lá e encher a cara em qualquer outro bar que encontrasse em sua frente, longe de Ruth, mas pela primeira vez em sua vida, tentou ser racional. Tentou se colocar no lugar de outra pessoa que não fosse si próprio, e calmamente entendeu o lado da mulher. Ela realmente estava certa em não pensar somente em seu desejo, ou então muita gente sairia magoada além dos dois.

- Eu estou tentando te entender – beijou a bochecha de Ruth – Vou esperar o tempo que for, porque eu sei que um dia seremos um do outro sem virgulas ou interrogações. Seremos nós dois, amor.

Ruth soluçou e o apertou ainda mais em seus braços delicados e finos.

- Eu te amo! – sussurrou – Obrigada por esse tempo, amor.

Ricardo apertou os olhos para gravar o que Ruth havia dito e selou seus lábios, querendo não soltá-la mais por no mínimo mil anos.

- Também te amo, meu amor! E você não sabe o quanto.

Os dois se beijaram demoradamente, esquecendo por breve momento que estavam em meio à coisas mal resolvidas e precisavam antes de tudo, resolver suas vidas. Depois se despediram com o peito doendo e seguiram caminhos diferentes, um para cada lado, mas ambos com vontade de chorar. Com o coração doendo e comprimido, vazio.