Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos
Anahí narrando:
Acordei com uma dor de cabeça que parecia que mil elefantes tinham sapateado com salto agulha em todos meus neurônios. Abri os olhos lentamente, incomodada com a claridade que entrava pelas frestas da janela. A cortina não estava fechada, por isso facilitava o sol a marcar presença pelo quarto inteiro, atingindo mais o lado da cama em que eu estava deitada. Já que era perto. Coloquei a mão direita na cabeça, sentando-me devagar para não latejar ainda mais. Estava sozinha naquele quarto, e meu peito apertou muito, só de imaginar onde Alfonso poderia ter ido aquele horário. Ainda estava de férias, sem muito o que fazer. Não poderia ter compromisso logo naquele dia.
Levantei-me como uma idosa com reumatismo, e caminhei até o banheiro para fazer minha higiene. O cheiro que exalou assim que abri o banheiro, era do perfuminho que havia em cima da pia e soltava de meia em meia hora, automaticamente. Era uma delícia e eu gostava muito. Parecia com baunilha e lavanda. Mas, naquele momento não foi uma boa comunicação com a dor que sentia. Um enjoo atingiu-me em cheio, e acabei lavando o chão quase que inteiro, sem nem conseguir abrir a tampa do vaso sanitário antes de vomitar.
-Droga! – murmurei enjoada. Tudo girava a minha volta no momento em que voltei a postura ereta. Tive que me segurar na parede para não cair em cima da minha própria sujeira. Tirei minha roupa e entrei no box antes mesmo de pegar algo para limpar o chão.
Enquanto lavava minha cabeça, vi flash da noite anterior. Nada foi um sonho. Eu realmente tive a festa de aniversário mais desanimada e triste da minha vida. Fábio era pai de Alfonso e não era meu tio. Ricardo não era meu pai. Alfonso e Miguel eram meus irmãos. Minha mãe mentiu a vida inteira. Ruth perto de pegar toda a mentira e... Alfonso meu irmão. Isso era o que mais me matou.
As lágrimas desciam com tanta facilidade, que me perguntei se depois de tudo que tinha chorado, onde achei mais água em mim. A dor me atingiu novamente. Eu queria que fosse um sonho, ou queria dormir e só acordar quando toda aquela angustia sumisse, mas eu tinha que encarar a realidade. Eu estava viva, acordada, e não tinha mais o Alfonso como namorado.
Respirei fundo e fechei o chuveiro alguns minutos depois. Não me sentia melhor. Apesar de sempre dizerem que chuveiro lava a alma, não era exatamente assim que me sentia. Eu estava sentindo falta de ar, enjoo e náuseas toda vez que me lembrava de que tinha feito muito mais que beijos com o Alfonso. Isso era tão agoniante, que toda vez que lembrava do nosso momento de amor, sentia-me suja, culpada. Tinha vontade de arrancar minha pele na unha, por mais que não tivesse culpa disso tudo. Não tinha consciência, não podia adivinhar que justo o garoto que eu mais amei na vida, tinha algum laço sanguíneo.
Abri a porta do box, peguei minha toalha que ainda estava pendurada por ali, e me enxuguei rapidamente. Enrolei-me na toalha e sai do box. Pulei a enorme poça de vomito que estava ali e abri a porta. Assim que fechei e me virei, dei de cara com quem eu não estava pronta para encarar. Não naquele momento. Não de surpresa, por mais que fosse seu quarto.
- Bom dia – disse ele sério. Seus olhos estavam fundos, avermelhados. Seu cabelo todo bagunçado. Vestia apenas uma bermuda de dormir e chinelos.
Respirei fundo e abaixei a cabeça. Queria responder que bom dia era só para ele, mas não quis faltar o respeito.
- Bom...dia – apertei os lábios – Você pode me pegar um pano? Eu acabei sujando o banheiro.
Não levantei a cabeça. Mal tinha coragem de olhá-lo nos olhos, mas pude ver seu pé caminhar em minha direção lentamente, como se tivesse receios de se aproximar. Ergui minha cabeça instintivamente, e nossos olhos se encontraram rapidamente. Mordi o cantinho interno da boca e ele respirou fundo.
- Vá se trocar, eu limpo. E se quiser dormir mais um pouco...
Balancei a cabeça negativamente.
- Não estou mais com sono. Na verdade, estou morrendo de dor de cabeça – desviei-me dele e caminhei até seu guarda-roupa em busca de alguma roupa minha. Tive que ignorar minha vontade de pegar uma camiseta dele como fazia sempre. Acostumei-me com seu cheiro, mas tinha que me desacostumar.
Alfonso se aproximou novamente e virou-se, ficando de frente para mim, apoiado na porta do guarda-roupa. Respirei fundo novamente e peguei uma lingerie rosa claro de dentro de sua gaveta de cuecas.
- São seis da manhã, minha mãe nem acordou – comentou com voz fraca – Vou limpar o banheiro e te trago um remédio. Deita de novo, amo...- pigarreou – Any. É... Acho que ainda teremos alguns reflexos de apelidos, né? Tudo muito recente.
Eu não queria entrar naquele assunto dolorido. Pelo menos não naquele momento, sendo tão cedo como era. Percebi que era essa a vontade de Alfonso, tocar no assunto e talvez resolver de uma vez por todas o que estava na nossa cara e não tinha como ignorar. Mas não dei corda. Naquele momento tudo o que eu mais queria era evitar falar do que tinha acontecido.
- É – disse apenas, ainda tentando não olhá-lo.
Minha vontade ainda era beijá-lo. Tocar seu corpo e enchê-lo de carinho como todos os dias. Eu não podia aceitar que tudo tivesse acabado assim. Não podia ser real e eu não conseguia acreditar. Estava fazendo um esforço tão grande por não poder tocá-lo, que mal percebi que estava prendendo o meu ar.
Peguei minha roupa e caminhei até o centro do quarto. Virei- me de costas ao Alfonso e me vesti ali mesmo em sua frente, já que o banheiro ainda estava interditado. Quando terminei de vestir a camiseta, vi Alfonso passar feito um furacão pela porta do quarto, e bateu com tudo sem nem se importar com quem estivesse dormindo.
- Droga, amor! – sussurrei com lágrimas nos olhos. Era muito difícil não toca-lo.
Alfonso narrando:
Droga, droga. Mil vezes droga!
Ver Anahí trocando de roupa na minha frente e não poder tocá-la mais, era no mínimo torturante. Eu queria tocá-la, fazê-la minha novamente, mas sabia que não podia. E o que mais doía não era não poder naquele momento, mas pensar que não poderia mais tê-la em minha vida, a não ser como irmã.
Todos ainda estavam dormindo, mas eu queria poder quebrar aquela casa inteira. Queria apagar as lembranças do meu pai, apagar Anahí da minha vida. Sumir, talvez. Dormir e acordar só quando tudo estivesse se resolvido. Era dureza não poder fazer nada do que tinha vontade. Era complicado manter-me racional quando o que eu mais queria era explodir.
Peguei um copo de vidro e joguei contra a porta da geladeira, soltando um urro do fundo da minha garganta, doído. Gritei novamente e cai de joelhos no chão com as mãos na cabeça. Estava doendo tanto, mas tanto, que eu não sabia o que fazer. Doía mais do que quando ela foi para Londres. Doía mais do que quando meu pai resolveu ir embora. Eu implorava por um ar.
-O que aconteceu? – perguntou Mai, assustada. Ela desceu as escadas correndo, e arregalou os olhos quando viu a situação deplorável em que me encontrava.
Levantei-me minha cabeça com lágrimas pingando e mordi o lábio inferior com tanta força, que chegou a sangrar.
- A Anahí passou mal e vomitou no banheiro – solucei – Pede para alguém limpar, eu vou... Eu...
Levantei-me atordoado e praticamente voei porta a fora daquela casa sem nem olhar para trás. Maite ainda me chamava, mas eu não voltei. Eu precisava de um ar, precisava de alguma maneira amenizar aquela dor imensa que eu sentia no peito.
Dormir na mesma cama que ela e só vê-la como minha irmã, me torturou a noite toda. Eu mal tinha pregado os olhos. Deitei-me na sala, mas também não foi uma boa ideia. Consegui uma bela dor nas costas e a solidão que cresceu na escuridão da madrugada. A pergunta que tinha feito quando ainda estava bêbada, eu não consegui responder. Mas, nem precisava, não tínhamos outra opção. Eu tinha que aceitar que ela arrumaria outro namorado, e eu teria de disfarçar meus ciúmes e crises quando a visse beijando outros lábios que não eram os meus.
Peguei minha moto sem nem ao menos lembrar do capacete,e sai em plena velocidade. Sentir o vento no meu rosto e a liberdade na alma, acalmava brevemente o meu coração. Não posso dizer que ainda me sentia em paz, porque seria uma mentira deslavada, mas com a minha moto eu esqueceria meus problemas, ou procurava esquecer.
Andei sem sentido pelas ruas da zona norte. Entrei em tantas ruas estranhas, que quando dei por mim, nem sabia mais onde estava. Havia só um pequeno beco no final da rua. As paredes eram verdes escuras e um grupo jovem de mais ou menos 18 à 20 anos, ria e soltavam fumaças no ar. Desliguei a moto, estacionei ali na calçada e desci.
- Perdido aqui, irmão? – disse um dos garotos de longe. Pelo nariz empinado deveria ser o chefe da turma. Mas não me deixou intimidado. Eu sabia muito bem me dar com aquelas pessoas.
- Procurando esquecer os problemas. O que tem ai?
Um garoto aloirado levantou-se com dois pacotes na mão e caminhou em minha direção com certo receio. Talvez pela moto, pensassem que eu fosse mauricinho ou tivesse algum dinheiro, o que estavam muito enganado.
- Temos tudo o que precisa para te tirar desse mundo – sorriu de lado – O que pode me dar em troca?
Eu sai com tanta pressa, que a única coisa que eu tinha realmente, era a minha moto. Era a única coisa de valor, mas também o instrumento do meu trabalho. Pensei por alguns instantes, mas não estava usando mais meu lado racional. Eu não queria mais pensar. Estava prestes a uma crise de loucura e precisava de alguma coisa para aliviar toda minha tensão, por mais que aquele caminho... Fosse um caminho sem volta.
Logo eu que sempre recriminei as pessoas que tentavam eliminar seus problemas com ervas fortes, estava ali diante do dilema de resistir ou não a proposta que eles faziam. Eu poderia me ferrar vendendo a moto da empresa, mas para quem estava ferrado, nada mais me importava.
- Tenho minha moto – balancei a chave – É nova. Pode ser?
Ricardo tinha trocado minha moto há pouco tempo. A minha já estava dando problemas, então me deu uma de sua empresa, deixando em minha responsabilidade. Era meu trabalho, mas poderia sair para onde quisesse. Ele confiava em mim plenamente.
Os garotos se entreolharam, mas o loiro praticamente arrancou a chave da minha mão e jogou um pacote transparente. Quem não aceitaria uma moto nova daquelas? Eles poderiam vender e tirar algum lucro, conseguir mais drogas. Claro que não recusariam.
- Só isso? – neguei com a cabeça – A moto é nova. Quero mais!
Alguns palavrões foram expostos de sua boca, mas eu apenas ignorava, achando estar no meu direito de “consumidor”. Mais quatro pacotes foram dados, sem direito a pedir mais. Tudo bem, eu nem sabia ainda se era exatamente o que eu queria, cinco pacotes bastavam por aquele momento.
Virei- me de costas sem dar muita confiança a eles e sai daquele beco. Havia uma praça não muito longe dali. Sentei-me no banco e abri um pacote da erva. Peguei uma nota de dois reais, coloquei um pouco na nota, procurei alguém por perto com um isqueiro e sem pensar muito para não desistir, fumei aquilo, sentindo-me inteiro imediatamente.
Enquanto fumava, não lembrei mais de Anahí, não lembrei de Fábio e nem de ninguém. Poderia ser irresponsabilidade minha, mas pela primeira vez na minha vida eu queria fazer alguma coisa para mim, e não ser racional. Alias, precisava de alguma coisa para não enlouquecer. Antes, meu antídoto era Anahí, mas como a vida surpreende, eu tive que me apegar em algo que não fosse me abandonar. A erva foi minha saída, e eu me sentia revigorado.
Autor(a): anyeponcho
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Anahí narrando: Ouvir um arrancar de motos e escancarei a janela com rapidez. Meu moreno estava à toda velocidade e sem capacete. Rezei para Deus o guardar e virei-me para o quarto, dando de cara com Mai, um rodo, pano e produto de limpeza. Ela disse que Alfonso pediu para que limpasse, mas como estava grávida, não tinha estômago para aquil ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 246
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degomes Postado em 16/08/2019 - 07:06:00
Contínua 🙏
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:29:34
Continuei =)
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AnaCarolina Postado em 11/08/2019 - 18:54:57
Mas como assim gente? Me diz que esse exame foi alterado
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:30:28
Será? Vamos saber o que aconteceu daqui a alguns capítulos... Só digo uma coisa: a história é AyA, então....
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AnaCarolina Postado em 30/07/2019 - 09:17:33
Aaaaah esse momento é todinho meeeeu Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:52:08
=) Foi pequenininho o poste, mas, mais tarde tem mais ;)
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luananevess Postado em 28/07/2019 - 21:35:41
Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:51:23
Continuando.... =)
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AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:16
Continuada <3
anyeponcho Postado em 18/07/2019 - 23:37:48
Postei 2 vezes hoje 😀
AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:44
Continua* hehehe
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 18:36:10
Caramba, que merda! Não vejo a hora de tudo se resolver de vez :'(
anyeponcho Postado em 14/06/2019 - 17:07:20
Eu também :) Mas, infelizmente vai demorar um pouquinho pra acontecer
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 13:59:58
Oláaaa já já vou ler os capítulos e volto pra comentar <3
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AnaCarolina Postado em 04/05/2019 - 00:05:27
Cadê você?
anyeponcho Postado em 14/05/2019 - 20:49:51
Volteiiiii!!! Passei por uns momentos ruins, mais agora estou de volta =)
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AnaCarolina Postado em 09/04/2019 - 21:51:48
Tadinha da Mai :(
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AnaCarolina Postado em 31/03/2019 - 22:43:19
Que bom que apesar de tudo o Ricardo entendeu e não demitiu ele... Continua