Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

-Minha menina! – disse Fábio, assim que me viu entrar pela porta da sala. Ele parecia surpreso e ao mesmo tempo feliz em me ver, mas não consegui demonstrar emoção alguma. Para ser bem sincera, a única coisa que eu queria era um banho e meu travesseiro que me tirasse nem que fosse por minutos, daquela realidade fatídica em que encontrava.

Passei por ele apenas o olhando de soslaio, e caminhei diretamente a escada, querendo esquecer o porquê de estar ali. Fábio tentou me parar, mas desviei dele e subi sem nem me importar em demonstrar qualquer tipo de emoção que fosse.

O fato é que saber que Regina e Fábio tinham traído Ricardo, e ainda por cima transformar consequentemente Alfonso e eu em irmãos, tirou o respeito que sentia pelos dois, e até mesmo diminuiu o carinho imenso que a vida inteira tive por eles. Seria difícil aceitar tudo aquilo, e acostumar com a ideia de que Fábio era meu pai, seria uma tarefa quase impossível. Eu não queria aceitar. Não queria entender que era a vida, o destino. Eu simplesmente não engolia ter sido separada do amor da minha vida logo quando finalmente, depois de tempos tentando, conseguimos enfim nos entender.

Tranquei-me no quarto como fazia aos meus 12 anos quando brigavam comigo. Coloquei o som em volume alto o suficiente para não ouvir minha mente, e chorei como se meu mundo estivesse desabando. E bem...era o que eu sentia de certa forma. Não queria ver ninguém e nem comer nada. Não sentia fome, sede e nem vontade de ser social com alguém.

Chorei por horas e horas. Não sei por quanto tempo estive sentada no chão com as costas na cama. Só sei que quando decidi colocar um fim naquilo, o sol já tinha desaparecido, e ficou apenas a escuridão invadindo meu quarto.

Respirei fundo e caminhei até a janela, mas antes de fechá-la, decidi contemplar o céu. As estrelas eram tantas, a lua acima da minha janela, linda. Se não tivesse tão triste, desolada e sem um namorado, diria que era uma excelente noite para tomar um sorvete com Alfonso, ou até mesmo com meus amigos. Mas não naquelas condições deprimente em que me encontrava. Eu só queria minha cama e um pouco de calma na alma.

Narração extra:

Ruth e Ricardo se cumprimentaram apenas com um abraço apertado, por mais que a vontade era de um se perder no outro. Evitaram contato maior, porque sabia que a conversa não seria fácil. Ricardo tinha consciência de que sua amada não ignoraria toda aquela história para cair em seus braços,e Ruth sentia que pela sua expressão, a conversa seria mais dolorosa do que imaginava.

Foi complicado até que as verdades pulassem da boca de Ricardo. Ele procurou um modo melhor de dizer tudo, mas... Modo melhor? Isso não existia. Doeria de qualquer maneira, mesmo que fosse carinhoso e amoroso como gostaria. A verdade é que doía muito. Era uma história sofrida e nada poderia mudar aquele fato. Ruth iria querer ver Fábio, e não iriam mais conseguir ficarem juntos.

Ruth estava agoniada, enquanto Ricardo tinha seus olhos lacrimejados. Ainda procurava um meio de contar toda a verdade. Se ela chorasse em sua frente doeria tanto, que ele talvez não fosse suportar, por mais fama de homem da caverna que tivesse. Ricardo tinha um coração apesar de tudo. E lá estavam os dois se encarando, querendo colocar um fim em toda angústia, mas não conseguindo.

-Bom... – iniciou Ricardo após alguns momentos de agonia – Vou direto ao assunto, porque vai doer de qualquer maneira. Só não quero que pense que escondi isso de você. Só não contei quando disse que era a mulher do Fábio, porque envolvia mais pessoas além de nós dois – engoliu em seco – Envolvia nossos filhos.

Ruth assentiu, pois sabia que envolviam os dois. Para ela, eram primos, mas o buraco era mais fundo.

- Eu sei... Os dois são primos.

Ricardo negou com a cabeça, e deixou que a primeira lágrima escorresse sem vergonha alguma. Ruth se assustou no início, mas deixou que ele continuasse quando se senti preparado.

- Vou contar tudo, amor. Mas lembre-se que eu amo você e sempre amarei – Ruth assentiu encarando seus olhos azuis e segurou sua mão direita – Bom, sou casado com Regina bem antes de Fábio conhecer você. Logo quando casamos, percebi olhares entre os dois, mas decidi que era apenas nóia da minha cabeça, impressão. Os dois também negavam, e ela dizia me amar como jamais amou outro antes. Eu estava cego, e acreditei. Meses depois, Fábio te conheceu e o Alfonso nasceu. Vocês até frequentavam minha casa no inicio, se lembra? Nossos filhos eram amigos...

- Me lembro – Ruth interrompeu, sentindo um nó se formar em sua garganta – Até hoje não entendi porque simplesmente Fábio não quis mais ir à sua casa. Vocês sempre foram tão simpáticos conosco, tão hospitaleiros – franziu o cenho – Tem a ver com o que vai me contar, não tem?

Ricardo assentiu.

- Em um dia que cheguei cedo em casa, querendo fazer uma surpresa para minha mulher e passar a tarde com ela como sempre me cobrava, querendo dar-lhe atenção como sempre exigia... Peguei os dois na minha cama – abaixou a cabeça, sentindo-se envergonhado pela situação – Os dois estavam lá, deitados, nus, se acariciando como um casal. Eu não acreditei no que vi, tirei o Fábio de lá a chute e ponta pés, e o fiz jurar que não voltaria mais à minha casa. Ou eu o mataria – passou a mão na cabeça – E eu o mataria mesmo, esta com muita raiva.

Ruth soltou sua mão e negou com a cabeça completamente desesperada.

Ela não queria ouvir mais nada. Sentia-se traída, dor no peito, e ainda não queria acreditar nas palavras do Ricardo. Não queria acreditar que fora traída por tanto tempo, e nem ao menos desconfiou de nada.

- Isso é mentira, Ricardo! – exasperou – Fábio foi um imbecil,ordinário,,, Mas daí dizer que me traiu...

- Traiu, amor – engoliu em seco – Eu também não queria acreditar, e talvez duvidasse realmente, se não tivesse visto, mas eu vi. Vi com meus próprios olhos, não descobri através de fofocas e boatos.

- Ricardo... – ela colocou suas mãos no rosto e chorou baixinho, enquanto Ricardo continuava. Mesmo com o coração partido ele tinha de ir até o fim.

- Eu sei que é difícil, mas é a verdade – suspirou – Bom, depois disso não sei se eles continuaram a se encontrar, mas descobrir que já se encontravam antes. Há anos. Desde o meu casamento – pausou, sentindo dor no coração. Estava próximo da verdade... Aliás, de mais uma. Talvez a mais dolorosa.

Ruth chorava de um lado, e Ricardo se segurava ao máximo do outro, mas não conseguia conter algumas lágrimas fujonas. Por mais que tentasse ocultar, já não era o mesmo cara forte de antes. E precisava finalmente desabafar sua dor para que se sentisse um pouco mais aliviado. Nem que fosse só um pouco.

- Continua... – murmurou ela, sem olhar em seus olhos.

- Anos se passaram, e então em um dia de folga, ouvi Regina e Fábio discutirem no escritório da minha casa. Fiquei na porta ouvindo tudo e... – suspirou – Foi terrível. Regina o contava que um de nossos filhos eram também filho de Fábio. Ele por sua vez, a imprensou para que ela dissesse qual deles. Minha mente agiu mais rápido e pensei que fosse Christopher ou Anahí, que os dois são os mais novos. Foi quando Regina confessou de uma vez, e disse que era...

- Não me diz que... – interrompeu voltando a chorar – Por favor Ricardo, meu filho vai ficar arrasado se descobrir. Diz que é o Christopher.

Ricardo soltou seu primeiro soluço.

- Eu queria, amor. Queria muito! Mas infelizmente é a Anahí, e os dois descobriram isso ontem na festa de aniversário dela.

- Oh, não! – Ruth debruçou-se na mesa e chorou por minutos. Ricardo não aguentou ver a dor de sua amada. Levantou-se do seu lugar e a abraçou forte, deixando que derrubasse suas lágrimas em seus ombros. Oferecendo não um ombro amigo, mas um ombro amor.

- Por isso ele saiu de sua casa. Fábio queria assumir minha menina, e até pensou em ficar com Regina, mas eu os ameacei. Disse que se ela se separasse de mim, iria perder tudo. Casa, carro, conforto... Tudo. E como Fábio não tem nada até hoje, ela preferiu não sair de seu conforto.

- Você a amava muito, não é? – soluçou – Os dois não prestam.

- Eu a amava, não nego. Mas o fato de querer que ela fique, foi somente pela minha filha. Eu não queria me separar da Any, pois apesar de tudo, eu a criei durante anos como se fosse do meu sangue, e não queria aceitar que fosse diferente.

Ruth se afastou o suficiente para encarar Ricardo.

- Os dois pecaram. Eles... – soluçou – E agora, Ricardo?

- Acho que estão pagando por isso. O fato de não poder mais ser um do outro, estão os matando. Eles estão sofrendo muito.

- Quero vê-lo, Ricardo. Quero ver o mais rápido possível. Vou estourar os miolos de Fábio, não por me fazer sofrer, mas por fazer o meu filho sofrer até hoje. Isso eu não permito.