Fanfics Brasil - Capítulo 124 Os Opostos Se Completam

Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos


Capítulo: Capítulo 124

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Anahí narrando:



Eram 19h14m quando ouvi duas batidas sutis na porta do meu quarto. Já tinham batido quase que a tarde inteira desde que apareci ali. Minha mãe tentou falar comigo, o Fábio e até o Christopher, mas eu os neguei. Eu não queria ter de conversar, não estava pronta para falar sobre aquele assunto. Não estava pronta para cutucar aquela ferida recente. Coloquei o fone no ouvido e deixei que me chamassem sem sucesso. Porém, aquelas batidas eu ouvi bem e eram diferentes das outras. Eram mais leves e seguidas, sem espaço. “Toc toc”, e quando ignorei, ouvi mais duas. Só uma pessoa abria assim, e eu decidi abrir.



Levantei-me da cama com cautela, e destranquei. Nem precisei girar a maçaneta, a própria pessoa a girou e mostrou seu rosto. Era exatamente quem eu previa. Ricardo. Nos encaramos por um longo tempo, até que o meu impulso falou mais alto, e eu o abracei. Precisava sentir o carinho dele. Não sei explicar o porquê, mas eu sentia necessidade de sentir os carinhos de Ricardo, mas do que antes. Eu precisava sentir que ele não sentia raiva por eu não ser sua filha, porque na minha mente, ele era tão vítima quanto eu.



-Ah! Não sabe o quanto rezei para aparecer aqui e receber esse abraço –disse baixo. Como se fosse para somente eu ouvir. O que não era impossível, porque não havia mais ninguém por perto. Mesmo falando normal, somente eu ouviria.



Senti uma paz emanar dele e me invadir inteiramente. Uma paz tão boa, que só sentia nos braços do Alfonso. Apertei ainda mais sua cintura, e ele me ergueu em seus braços, andando até a cama.



- Eu amo você – sussurrei.



Ricardo afastou delicadamente de mim e me sentou na cama, sentando-se ao meu lado. Colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e sorriu. Ainda que fosse um sorriso murcho e fraco, era um sorriso que me inspirava conforto e confiança.



- Eu... Olha... – ele abaixou sua cabeça, e vi uma gota de lágrima pingar em sua calça social.



Jamais na vida vi Ricardo chorar por nada. Nem imaginei ver essa cena ilustre. Meu peito doeu por ver aquilo, por vê-lo tão desarmado e indefeso. Talvez até mais que eu. Comecei a lembrar-me das palavras do Fábio dizendo que eu era sua filha e imaginei como estava se sentindo. Traição dupla. Sua mulher e seu irmão em uma cajadada só. Naquele momento dava para entender o que ele sentia toda vez que me via. Entendi porque que me tratava tão distante desde os meus dez anos.



- Você sabia, não é? Sabia que não era sua filha, e por isso mudou comigo do nada.



Ricardo assentiu e me olhou com tristeza.



- Descobri um pouco antes de você fazer onze anos. Me desculpa meu anjo... Me desculpe! – soluçou – Eu jamais tive a intenção de te maltratar. Eu te amei desde que sua mãe me disse que estava grávida, te amei muito antes de ver seu rostinho, amor.



Abracei novamente meu pai e beijei seu rosto. Suas mãos apertaram em volta da minha cintura... Senti-me tão bem... Que por um instante esqueci que aquela história envolvia também o Alfonso. Era como se minha tristeza fosse somente por descobrir que não era filha de quem passei a vida pensando que fosse.



- Por que mudou comigo? – perguntei claramente, ainda agarrada à ele.



- Fui infantil – pausou, respirando fundo – Imagina... Coloca-se em meu lugar um segundo, filha. Apenas um segundo – respirou fundo novamente – Ao contrário de muitos homens, eu sempre sonhei em ter uma filha. Sempre. Aí conheci a Ivone. Anos depois me casei com ela e tivemos a Alicia. Poderia ser meu sonho realizado se não tivéssemos nos separado. Depois que as papeladas do divorcio saiu legalmente, Ivone quis voltar para Belo Horizonte que era onde seus pais moram até hoje. Eu pensei que fosse poder realizar meu sonho com ela, mas não tive a oportunidade, filha. Ivone levou a Alicia para longe de mim quando era apenas um bebê. Ia fazer um ano ainda, e não cuidei como queria. Não vi seus primeiro passos, nem sua primeira palavra, nem nada. Era muito longe daqui e eu já trabalhava no escritório. Ainda era projeto pequeno, e eu não podia largar sempre para visitá-la. Conseguia escapar nos aniversários, e ainda assim não eram todos – pausou – E então, mais anos se passaram e eu conheci sua mãe. Namoramos, noivamos e casamos. Quando engravidou, eu desejei novamente que fosse uma menina, mas não foi, foi o Matheus, depois veio o Christopher e aí... – beijou minha cabeça – veio você. Eu depositei nessa gravidez tudo o que sempre sonhei. Fiz planos, projetos, investi no seu quarto e em tudo mais que podia. Eu não realizava somente os seus sonhos, mas os meus também. E então, de surpresa em um dia que poderia ser outro qualquer... Escutei que você não era minha filha. Meu mundo – disse com a voz embargada – desabou. Simplesmente desabou. O chão abriu debaixo dos meus pés, sem que eu pudesse escapar do abismo. E inconscientemente depois dali, passei a ignorar. Ou tentar. Me desculpa, amor, por favor me desculpe – chorou – Toda vez que te machucava, eu sofria, mas não podia evitar. Você era minha, minha! Fábio tirou minha mulher, e conseguiu tirar o que eu mais tinha de precioso na vida. Eu te amava mais do que todos os outros. Mais do que Alicia, e de repente você não era mais minha. Me desculpa!



Ouvir aquilo fez meu coração partir em mil pedacinhos tão minúsculos, que não sentia como se nunca pudesse ser consertado. Doía tanto, mas tanto, que eu só sabia chorar assim como Ricardo. Saber que ele me amava sim, e que tudo não passava de mágoas por eu não ser filha dele, me confortou de certa forma. Eu me senti amada quando mais precisei.



Não sentia mágoas dele. Não tinha lugar para ressentimentos do Ricardo, pelo contrário, saber dos seus sentimentos só me fez amar ainda mais. Me fez ter ainda mais orgulho do que já tinha. Não importava as palavras de Fábio e minha mãe, nem um exame de DNA, eu era filha do Ricardo sim, pois pais é quem cria.



- Oh! Papai – o abracei mais forte que pude – Não importa o que eles dizer, não importa. Você é meu pai. Eu amo você, Ricardo. Tenho um orgulho imenso do homem que é. Do advogado bem sucedido que se tornou com o passar dos anos. Eu te amo, e o meu pai é sim você. Não amo Fábio dessa forma e nunca vou amar.



Afastei-nos devagar e vi seu rosto completamente tomado por lágrimas incessáveis. Eram lágrimas silenciosas, mas não tão dolorosas talvez. Sua feição tinha certo alívio. Talvez eram as palavras que ele queria ou precisava ouvir.



Seus braços me apertaram ainda mais. Era um abraço tão gostoso e confortante, que pedi mentalmente para que aquilo não acabasse. Eu queria poder ficar ali para sempre. Papai era como se fosse meu escudo. Eu estava me sentindo tão bem que não queria voltar à realidade.



- Eu te amo tanto! – beijou minha testa – Obrigado por ter me desculpado... filha.



O abracei novamente e ergui minha cabeça, beijando seu rosto. Meu pai retribuiu o beijo e fagou meus cabelos carinhosamente, enquanto ainda nos abraçávamos.



Ficamos ali no quarto por um bom tempo. Conversamos sobre aquele assunto doloroso, e ele te me perguntou sobre o Alfonso. Contei como me sentia, e gentilmente ele recolheu todas as minhas lágrimas, me acolheu e me acalmou como sonhei a vida inteira.



Não quis jantar e ele respeitou a minha vontade, pois também não quis. Às 21h ele saiu para tomar um banho, e eu me deitei pensando em tudo o que minha vida se tornou em quase um ano. Na velocidade que minha felicidade passou diante dos meus olhos com o Poncho. Voltei a chorar, mas logo me obriguei a dormir. Acho que era isso que precisava.



No dia seguinte, acordei com o meu celular tocando insistentemente. Abri meus olhos assustada e o peguei de cima da mesinha que ficava ao lada da cama. Olhei no visor e atendi rapidamente quando vi que era o Bingo.



O que aprontou, moreno?



- Alô? – atendi aflita, prevendo que era alguma coisa sobre o Alfonso.



Bingo era meu amigo, mas não tinha costume de me ligar assim, ainda mais em plena 7h. logo liguei uma coisa na outra. Alfonso saindo feito louco no meio da tarde e sem capacete. Só podia ser algo relacionado à ele.



- Any? Sou eu, Bingo – disse rapidamente.



- Bingo, o que aconteceu com o Alfonso? – perguntei aflita – Ontem ele saiu sem o capacete, o que aconteceu?



Bingo fez uma longa pausa. Quando ia quebrar, ele se adiantou.



- Eu não sei. Liguei exatamente por isso – disse impaciente – Pensei que ele tivesse com você, Any. Alfonso não apareceu em casa desde ontem, não sabemos onde está.



Meu coração doeu tanto ao ouvir aquilo. Engoli em seco sem saber o que responder. Eu fiquei desesperada, tentando pensar onde Alfonso estava metido, mas não me passava absolutamente nada pela minha cabeça.



- Bingo... – minha voz embargou na hora. Não consegui completar a frase.



- Desculpe-me , branquinha, não queria te deixar mal. Apenas pensei que estivesse contigo.



Não estava, e aquilo me deixou sem era nem beira. Fiquei tão desesperada que não pensei em mais nada. Fiquei cega de medo, imaginando mil coisas ao mesmo tempo. Poncho sem capacete... Era tudo o que me martelava à mente.



- Por favor, tente pensar em algum lugar que ele possa estar, Bingo. Qualquer lugar.



- Eu não faço ideia, Any. Pensei a manhã toda, mas não cheguei a conclusão alguma. A Ruth não está nada bem, também. Cris está levando-a ao hospital, acho que a pressão caiu.



Tudo veio de uma vez. Senti-me desolada, e minha única reação, completamente inconsciente, foi chorar feito louca. Ajoelhei-me no chão do meu quarto e derrubei minhas lágrimas, enquanto ainda tentava imaginar onde Alfonso podia ter se metido. Fiquei ainda pior quando pensei em cogitar delegacia ou necrotério.



- Vou já ai – sussurrei – Em uma hora estarei ai!



- Espera, Any...



Não esperei coisa alguma. Era o meu amor que estávamos falando. Tudo bem que não poderíamos mais nos tratar como tal, mas eu ainda me preocupava com ele. Meu peito ainda doía quando pensava que ele poderia estar morto ou preso. Era tão cabeça dura que poderia estar morto ou preso. Era tão cabeça dura que poderia se meter em confusão com a velocidade da luz.



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Autor(a): anyeponcho

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 246



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  • degomes Postado em 16/08/2019 - 07:06:00

    Contínua 🙏

    • anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:29:34

      Continuei =)

  • AnaCarolina Postado em 11/08/2019 - 18:54:57

    Mas como assim gente? Me diz que esse exame foi alterado

    • anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:30:28

      Será? Vamos saber o que aconteceu daqui a alguns capítulos... Só digo uma coisa: a história é AyA, então....

  • AnaCarolina Postado em 30/07/2019 - 09:17:33

    Aaaaah esse momento é todinho meeeeu Continua

    • anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:52:08

      =) Foi pequenininho o poste, mas, mais tarde tem mais ;)

  • luananevess Postado em 28/07/2019 - 21:35:41

    Continua

    • anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:51:23

      Continuando.... =)

  • AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:16

    Continuada <3

    • anyeponcho Postado em 18/07/2019 - 23:37:48

      Postei 2 vezes hoje &#128512;

    • AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:44

      Continua* hehehe

  • AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 18:36:10

    Caramba, que merda! Não vejo a hora de tudo se resolver de vez :'(

    • anyeponcho Postado em 14/06/2019 - 17:07:20

      Eu também :) Mas, infelizmente vai demorar um pouquinho pra acontecer

  • AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 13:59:58

    Oláaaa já já vou ler os capítulos e volto pra comentar <3

  • AnaCarolina Postado em 04/05/2019 - 00:05:27

    Cadê você?

    • anyeponcho Postado em 14/05/2019 - 20:49:51

      Volteiiiii!!! Passei por uns momentos ruins, mais agora estou de volta =)

  • AnaCarolina Postado em 09/04/2019 - 21:51:48

    Tadinha da Mai :(

  • AnaCarolina Postado em 31/03/2019 - 22:43:19

    Que bom que apesar de tudo o Ricardo entendeu e não demitiu ele... Continua


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