Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Narração extra:

Dois dias se passaram e as coisas não amenizaram na Zona Norte nem na Zona Sul. Alfonso ainda enrolava para contar ao Ricardo sobre a moto, e ainda não falava sobre a tal gravidez de sua mãe. Estava tão surpreso que só descia para comer, e não suportava falar com ninguém. Nem sobre isso, e nem sobre qualquer outro assunto que fosse. Anahí também estava na mesma. Evitava falar sobre Alfonso ou sobre Fábio. Descia para comer, porque Ricardo insistia, mas não ficava muito tempo. Evitava contato com todos, pois ainda estava muito abalada.

Era sexta-feira e a Ruth estava com uma decisão tomada. Ligou para Ricardo pedindo sua permissão de ir até sua casa, o que claro, ele não negou. Sabia que Ruth precisava conversar com Fábio, e quanto mais prolongasse, mais doeria. Ele queria mesmo que pelo menos parte do problema fosse resolvido, pois ainda teria de fazer o DNA e todo o resto do emaranhado de confusão que se meteram.

Ricardo ainda quis buscá-la na Zona Norte, mas Ruth negou. Às onze horas da manhã estava na porta da sua casa, esperando que ele abrisse para ela. Ricardo liberou o portão e a buscou no jardim, sentindo seu coração disparar ao ver sua amada. Eles sorriram assim que se viram, mas não houve beijo e nenhum contato maior do que o visual. Acharam que fosse melhor assim, pelo menos até a poeira baixar.

- Ele está ai? – sussurrou Ruth, sentindo um nó imenso na garganta.

-Está – confirmou Ricardo. Ele tinha medo que o sentimento de Ruth voltasse. Tinha medo que a história dos dois se resolvessem da melhor maneira, e ela resolvesse dar uma nova chance a ele.

Os dois entraram juntos na casa do Ricardo, sem trocar outra palavra que fosse. Fábio estava descendo as escadas no momento em que Ruth pisou na sala, e paralisou no último degrau da escada.

- Você por aqui? – perguntou surpreso. Seu coração batia descompassadamente, e ele não sabia se era pela surpresa, ou se ainda tinha sentimentos pela mulher que virou às costas há cinco anos atrás.

Ruth também tinha seu coração acelerado, mas teve certeza logo no primeiro contato, que o sentimento não passava de raiva, mágoas. Não amava mais, apenas queria matá-lo.

- Oi, meu amor! – sorriu, irônica, fazendo Fábio engolir em seco – Sentiu minha falta?

Fábio sentiu uma leve tontura por ver a sua mulher repentinamente em sua frente. Segurou-se no corrimão da escada e se manteve em pé. Piscou algumas vezes e se recompôs, voltando a encará-la sem expressão.

-O que faz aqui? – perguntou, deixando sua voz fraquejar – Como sabe... – suspirou – Alfonso...

- Não – interrompeu Ricardo – Fui eu.

Fábio não disse nada, apenas o encarou, mas logo desviou para Ruth novamente.

- Sabe qual é minha vontade agora? – Ruth se aproximou vagarosamente até ele. Deixou sua bolsa na mesinha ao lado da escada e ficou de frente ao Fábio que a encarou receoso.

- Não sei – engoliu em seco, prevendo o que aconteceria.

A mulher subiu dois degraus da escada, ficando quase da mesma altura que ele, e meteu a mão em sua cara. Ele sentiu um ardume imenso, e colocou a mão em seu rosto. Quando abriu a boca para protestar, Ruth bateu de novo e de novo e de novo...

- PARA, RUTH! ESTÁ DOENDO, CACETE! – gritou Fábio, tentando se esquivar da mulher.

Ricardo assistia tudo com um sorriso no canto dos lábios. Ele pensou em separá-la, mas antes a deixaria descontar cinco anos de mágoa. Fábio merecia.

- ESTÁ DOENDO, É? VOCÊ NÃO SABE O QUE É DOR, FÁBIO! NÃO SABE O QUANTO DOEU TER FICADO COM UM BEBÊ DE UM MÉS E UMA CRIANÇA DE TREZE ANOS, PERDIDA, SOZINHA, ABANDONADA! ISSO É DOER! – bateu novamente – VOCÊ É UM CANALHA!

- RICARDO, ME AJUDA! – implorou Fábio, enquanto ainda tentava se esquivar de Ruth.

- EU? – riu- Claro que não! Não sabe quantas vezes quis fazer isso contigo, irmão. Agora que tem alguém que está com coragem, eu não vou atrapalhar – sentou-se no sofá – Vou assistir de camarote.
Ruth ainda batia em Fábio, sem nem se dar conta da força que colocava em cada tapa. Estava tão cega de raiva, que queria matá-lo se pudesse. O problema não era Fábio ter a abandonado, o problema maior foi mexer tanto com o psicológico do Alfonso, e ainda voltar a mexer depois de anos, com essa história de ser pai de Anahí.

Depois de alguns minutos Fábio conseguiu segurar Ruth descontrolada, colocando suas mãos presas, paralelas ao corpo. Ricardo se aproximou rapidamente dos dois e empurrou Fábio para longe da sua amada. Anahí desceu assustada, e soltou um grito ao ver Ruth desfalecer nos braços do homem que cresceu chamando de pai.

- RUTH! – gritou assustada. Any sabia da gravidez, por isso que havia ficado tão desesperada.
Ricardo a pegou no colo e a colocou no sofá. Beijou sua face e sussurrava para ela acordar, que sem ela não viveria. Ninguém pode ouvir. Além de sua voz sair baixa, ainda estavam nervosos demais para prestar atenção em outra coisa que não fosse na mulher desmaiada.

Anahí narrando:

-Pai... – chamei Ricardo, mas Fábio me olhou sorrindo. Revirei os olhos e voltei minha atenção ao Ricardo que esperava ansioso por alguma ajuda que fizesse ela acordar.

- Chama o doutor Alcântara, Any. Por favor, ligue para ele.

- Pai, acho melhor levarmos ao hospital – abaixei em seu lado – Ruth está grávida. Pode ser perigoso.

Até esqueci que Fábio era seu ex marido. Falei como se fosse a coisa mais normal ver Ruth grávida sem nem ao menos sabermos quem era o homem com quem se relacionava. Ricardo me olhava com os olhos tão esbugalhados que pensei que tivesse dito alguma bobagem. Fábio também estava assustado, surpreso. Mas não ousou se quer questionar-me sobre a gravidez.

- Como grávida? – perguntou meu pai – Mesmo?

- Sim. Ela soube no dia em que passou mal por causa do sumiço do moreno – o olhei – Digo... do Alfonso. Está de quase três meses, mas não sabemos quem é o pai. Ela não diz. Eu sabia que estava saindo com alguém, mas em momento algum revelou quem era.

Ricardo ficou mudo por algum tempo. Parecia querer dizer algo, mas como não disse, eu também não insisti. Continuamos ali tentando acordá-la, mas já desesperados porque nada fazia voltar do súbito desmaio. Até que felizmente, papai jogou um pouco de água em seu rosto e funcionou. Ruth abriu seus olhos e sentou-se no sofá, sem olhar para ninguém. Fábio se afastou, olhando-a de perto da escada. Acho que estava com receio de alguma coisa. Sentei-me ao seu lado e a abracei.

- Está tudo bem – beijei seu rosto – Temos que ir ao hospital para saber se esta tudo bem com o bebê.
Fábio riu e deu um passo em nossa direção. O olhei surpresa pela sua reação. Parecia um maluco dando risada sozinho de algo que nem mesmo nós sabíamos o que era.

- Ora, não perdeu tempo também – negou com a cabeça – Não sei para que vir aqui fazer um escândalo, se também seguiu muito bem sua vida. Está até tendo mais filhos.

- Por que eu vim? – o olhou – Porque você foi um cafajeste por ter me abandonado com um filho recém-nascido. Jamais te desculparei por isso. Você foi baixo. Deixou uma criança de treze anos cuidando de mim, fazendo o papel que era seu, Fábio!

Fábio se aproximou um pouco mais. Fiquei atenta em cada reação sua, pronta para intervir. Ruth não merecia ser acusada de nada. Se seguiu sua vida, é porque o mundo gira. Ela fez certo em se relacionar com outra pessoa. Fez bem em dar a oportunidade à si mesma de ser feliz.

- Mas agora não precisa mais de mim. Pode pegar o pai dessa criança e me esquecer – virou as costas – Se é que sabe quem é o pai.

Arregalei meus olhos e fiz algo que jamais pensei em fazer na vida. Ali diante de mim estava uma pessoa que eu desconhecia. Não era mais meu tio amável. Não era aquela pessoa que sempre me apoiou e me deu carinho, o que ria comigo, que eu poderia contar sempre como tinha sido o meu dia, e até conversar comigo sobre garotos. O homem diante de mim era alguém completamente diferente daquele que morou em minha casa durante cinco anos. Eu simplesmente não o conhecia mais.

Levantei-me em um pulo do sofá, entrei em sua frente antes de pisar no primeiro degrau da escada e lhe acertei um tapa estalado em seu rosto. Ninguém iria falar mal de Ruth na minha frente, e sair impune. Eu lutaria pela sua felicidade se pudesse. Ela merecia tudo de bom, porque Fábio já tinha feito sofrer por mil vidas.

- Você lave a sua boca antes de ofender a Ruth! – esbravejei. Ia dar outro tapa, mas percebi que não valia a pena. Somente aquele o deixou fora dos eixos, como se não acreditasse no que eu tinha feito. Fábio ficou completamente perplexo.

Ricardo se aproximou vagarosamente e cerrou os punhos. Parou ao meu lado encarando Fábio. Pensei que fosse bater nele também, mas não. Fez algo que me surpreendeu ainda mais. Porém, não posso negar que amei muito saber daquilo.

- Ela sabe quem é o pai sim – afirmou convicto – E pode ter certeza que ele a tratará muito melhor do que você.

- AH é? – riu – E como tem tanta certeza?

-Porque o pai do filho dela... Sou eu!

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E ai gostaram do capítulo? Bem tenso, né? Mais acho que vai alegrar muita gente ;) Estava torcendo para chegar nesse capítulo para o Fábio apanhar ;)

Comentem,

xoxo