Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Papai havia chegado da casa da Ruth, e até parecia mais calmo, tranquilo. Seu semblante era mais relaxado que antes. Ele me explicou que estava com a Ruth há alguns meses. Antes de eu ir à Londres os dois já estavam envolvidos. Acho que no dia do jantar na casa do Poncho, os dois se encantaram um pelo outro, e tudo aconteceu. Jamais vi papai tão apaixonado como estava. Seus olhos brilhavam ao se referir a Ruth e ao bebê que estava à caminho.

Após conversarmos um pouco, papai ligou para Ruth, para saber como estava. Eles conversaram por mais ou menos meia hora, e eu ouvi tudo, pois estava ao seu lado no escritório, com o telefone da sala em mãos ouvindo toda a conversa. Ele quem deixou. Era realmente outra pessoa. Um pai de verdade. O pai que sempre sonhei em ter.

Eles diziam tanto “eu te amo” um para o outro, que eu já estava em prantos. Era emocionante e ao mesmo tempo doloroso pensar que a única pessoa que eu amava, era quem não poderia ter. como não queria estragar a felicidade dos dois, ao me perguntar porque estava chorando, apenas respondi que o amor deles era lindo. Papai terminou de conversar com Ruth e arrastou sua cadeira de rodinhas até meu lado.

- Amor, semana que vem já abro o escritório novamente. Tenho muitos casos urgentes e infelizmente não vou poder tirar férias – pegou minha mão esquerda – Vamos fazer o exame de DNA essa semana? Falaremos com a Ruth e o Alfonso, e então faremos. O que acha?

Parte de mim achou realmente genial. Eu mal poderia ver o exame negativo e ter o meu amor de novo comigo, estar em seus braços para nos amarmos para sempre. Mas ao mesmo tempo, não queria mais tocar nesse assunto por um tempo. Poncho, estava estranho demais comigo. Eu queria antes, deixar o tempo passar.

- Poncho não quer falar comigo, pai – engoli em seco – Ele não quer nem me ver.

Ricardo me puxou para mais perto e passou seus braços pela minha cintura, abraçando-me com toda ternura e amor, que naquele momento, ele sentia por mim. Finalmente era visível que tinha sentimentos bons por mim.

- Ele está triste, assim como você – beijou minha cabeça – Só que cada um tem um jeito diferente de lhe dar com seus problemas. Alfonso parece o tipo que tenta evitar lidar com a dor. Dê um tempo à ele que logo vocês dois voltam a se falar.

Alfonso tinha um jeito estranho de lhe dar com seus problemas, realmente. Ele evitava as pessoas, se isolava muitas vezes. Mas, voltarmos a nos falar, acho que só se o exame desse negativo. Ele estava triste demais para falar comigo normalmente, e ele triste demais, se afastava demais.

- Vou esperar o tempo dele – sorri de lado. Eu queria poder acreditar que não demoraria muito até querer falar comigo normalmente, mas já não tinha esperanças.

Ficamos conversando mais um pouco sobre vários assuntos. Papai cogitava morar com Ruth, mas desconversava, acho que com medo da minha reação. Eu ficaria muito feliz se eles morassem juntos. Mereciam ser felizes, mas eu queria ir junto. Não moraria com Fábio e Regina nem que eu fosse filha mesmo do Fábio. Quem me criou a vida inteira foi Ricardo, e esse era o único pai que queria. Sendo de sangue ou não.

Jantamos ali mesmo no escritório, comida japonesa. Lembrei-me que de tudo que Alfonso e eu comemos juntos, jamais comemos sushi juntos. Eu adoraria ver sua carinha de nojo ao ver um peixe cru em seu prato. Sabia que não tinha comido antes, pois uma vez ele comentou, e até disse que achava estranho, mas como ele sempre queria pagar a conta, e sempre íamos em restaurantes baratos, não comíamos algo muito sofisticado como comida japonesa ou de outro país.

Sorri sem nem ao menos me tocar. Papai percebeu e acariciou minha mão, que estava em cima da mesa.

- Do que está rindo, amor?

O olhei ainda sorrindo e respirei fundo, evitando chorar no meio do jantar.

- É que estava pensando, Alfonso não conhece comida japonesa. Queria poder ver a cara dele achando tudo nojento, sabe? Entortando a boca e o nariz, quando repugna alguma coisa – mordi o lábio inferior – Pai, eu quero ser sua filha. Tudo seria tão mais fácil.

- Você é minha filha – acariciou novamente minha mão – independentemente do resultado, você sempre será minha filha, anjo. Sei que seria mais fácil, por causa do Poncho, mas eu acho... Sinto no fundo de mim, que vocês não são irmãos. Eu amo você demais para ser somente a minha sobrinha. Meu amor é grande demais.

E o meu também era. Meu amor era tão grande, que mal cabia no peito, e ainda mais nos dias que papai estava mais carinhoso, meu amor simplesmente quadruplicou. Se ele não fosse meu pai, seria sim decepcionante, mas o amor que eu sentia por ele, amor de pai e filha, isso ninguém poderia mudar. Era real. Ricardo era meu pai, mesmo que os papeis dissesse o contrário.

Depois que limpamos seu escritório, papai se dirigiu ao quarto de hospedes. Era onde estava dormindo desde o meu aniversário. Desde quando toda a verdade fora revelada. Os dois já não se davam mais como antes, então, mudar-se para o quarto ao lado não foi difícil para nenhum dos dois. Acho que papai estava até aliviado por isso. Parecia não querer dormir antes, apenas para manter o teatro de que tudo estava bem, mas como a verdade foi esfregada na cara de todos, impiedosamente, não havia mais o que esconder e nem mentir.

Subimos juntos. Parei no quarto do Christopher e abracei papai.

- Boa noite, meu amor – beijou meu rosto – Foi muito bom passar a noite contigo. Conversar, rir... – sorriu – Eu realmente amei.

- Eu também – retribuí o beijo no rosto – Você está fazendo amá-lo ainda mais pai. Obrigada por ter mudado comigo, obrigada por tudo!

Ricardo soltou todo o ar dos pulmões e me apertou ainda mais contra seu peito. Ao dizer as próximas palavras, percebi que estava embargada por lágrimas contidas.

- Eu quem agradeço, filha! Agradeço por me permitir recuperar o tempo perdido. Eu amo tanto você, sabia? Tanto!

Sim. Agora eu não duvidava mais, eu sabia que o amor era real. Ricardo se permitiu mudar, e eu o desculpei por tudo que tinha me feito antes. Entendi que o motivo era só mágoas que tinha em seu peito por tio Fábio e minha mãe. Ele não conseguiu separar antes, mas depois de eu descobrir, ele soube se retratar.

- Durma com Deus, minha menina – beijou o topo da minha cabeça. Nos afastamos. Sorrimos um para o outro e eu coloquei a mão na maçaneta.

- Amém, você também! – sorri. Papai ia se virar, mas eu o chamei, fazendo-o me olhar novamente – Eu te amo, e... Amei saber que está co a Ruth.

Papai sorriu e mandou um beijo no ar.

- Eu também te amo e muito! – sorriu – E a Ruth,,, Ah! Deus me deu uma nova chance para amar e ser amado. Ela é importante demais para mim.

Era nítido em seus olhos. Não precisava falar. Bastava olhar em sua face, que estava com letras maiúsculas, o quanto amava Ruth. E eu amei saber que estavam juntos.

Terminamos de nos despedir, e eu adentrei o quarto do Chris. Ele estava no computador conversando com a Dul e fazendo um trabalho da faculdade. Beijei seu rosto e me deitei em sua cama. Dormi com ele, e não chorei. Ainda estava triste, mas a noite com meu pai foi tão agradável, que o único sentimento que estava em meu peito, era de esperança. Esperança de que tudo fosse voltar a ficar bem. Eu acreditava piamente nisso.