Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Estava muito irritado. Incrível a cara de pau da Anahí de bater na minha casa para fazer caridade. Aquilo sinceramente me irritou muito! A hora em que a vi, fiquei com vontade de beijá-la, mas não podia esquecer o fato de que ela estava querendo mandar na minha vida. Me senti humilhado, como se ela estivesse esfregando na minha cara, que eu não sou homem o suficiente para cuidar da minha própria família.

Caramba, não preciso que uma patricinha cheia da grana, banque a minha família. Não preciso disso! Ninguém pode imaginar a vontade de explodir que fiquei ao ver todas aquelas coisas. Saco!
Peguei minha moto e saí com toda a minha fúria. Saí em alta velocidade sem pensar em mais nada, andando por aí sem direção. Foi quando vi Anahí andar meio sem rumo. Ela parava algumas pessoas, e parecia pedir alguma informação. Menina doida, não conhece ninguém e vai parando assim. Por mais que uma parte de mim estivesse com vontade de apagá-la por completo da minha mente, a outra, queria levá-la para casa. Segura. Sem que ninguém fizesse nada à ela. Passei a moto por ela, e buzinei, fazendo-a parar.

-Oi – disse, baixinho – O que quer, Poncho?

- Sobe aí, eu te levo – tirei o capacete e a entreguei.

Anahí não pegou o capacete. Não fez o mínimo esforço para erguer sua mão e tocá-lo. Ficou me encarando de cenho franzido, e balançou a cabeça negativamente.

- Não precisa. Me indicaram um ponto de ônibus aqui perto, vou esperar um táxi ou ônibus... Qualquer coisa.

- Você não conhece nada aqui, garota, sobe aí que eu te levo. Vai ficar até amanhã procurando um táxi nesse bairro. Fora que você nem sabe qual ônibus pegar. Para de ser orgulhosa.

- O que? – perguntou, irritada – Quem é você pra falar em orgulho, Alfonso? Quem?

- Só porque não aceitei sua ajuda, vai agir assim? Como se fosse vingancinha?

- Vingancinha? Acha que sou tão infantil assim pra agir com essas pequenas vinganças, garoto? É.. realmente não me conhece! Eu quis ajudá-lo, será que não entra na sua cabeça? Será que não vê que eu quis apenas o sue bem? Porque é tão difícil aceitar a ajuda das pessoas?

- VOCÊ ME HUMILHOU- alterei-me – Humilhou, Anahí! Foi como se dissesse que eu não tenho capacidade para cuidar de uma família! Já me sinto fracassado sozinho, não preciso que alguém me ajude com que me sinta assim – bufei – Droga, cara! Eu estava curtindo ficar com você, porque teve que estragar tudo?

- Eu estraguei? – perguntei, incrédula – Caramba, garoto! Eu também estava curtindo ficar com você, tanto que quis te ajudar! Acha que gostei de te ver passando mal por não comer? Acha que gostei de saber que seu irmão está com febre por causa de uma bolacha?

- QUE EU IA COMPRAR! – irritei-me novamente.

- EU NÃO QUIS TE HUMILHAR, SEU IDIOTA! NÃO QUIS ESFREGAR NADA NA SUA CARA, EU SÓ QUIS O SEU BEM! – Anahí abaixou sua cabeça e passou a mão no rosto. E foi aí que eu percebi que estava chorando – Eu só quis ajudar – ela ergueu sua cabeça, e realmente estava chorando – Não sou essa patricinha que você pensa, mas que bom que acha isso. Que bom que disse isso agora, antes de nos envolvermos ainda mais. Você mostrou quem realmente é, e eu só tenho a agradecer. Não quero um amigo assim, orgulhoso, que não aceita ajuda, que não aceita carinho. Pode ficar tranquilo que no sue caminho não vou cruzar tão cedo. – ela se virou, mas eu desci da moto correndo e segurei seu braço – SOLTA! – gritou, ainda nervosa – Eu sei me virar, não se preocupa!

E então ela foi, toda linda e marrenta. Fiquei com vontade de ir atrás mas me segurei antes de brigar e o pior acontecesse. Vê-la chorar me partiu o coração, sinceramente. Mas eu tinha uma opinião, e ninguém iria me fazer mudar. Anahí pisou na bola, e que bom que foi no começo de tudo. Como ela disse, foi melhor... Antes que nos envolvêssemos ainda mais. Mesmo que só como amigos.

Anahí narrando:

Cheguei em casa 2 horas depois. Tudo porque eu realmente não sabia qual ônibus pegar e nem onde descer. Perguntei ao motorista, mas ele acabou se confundindo. Ou seja, andei pra caramba tentando me achar, e acabei com bolhas nos meus pés. Pra completar meu fim de tarde, ainda tive que aguentar bronca dos meus pais. Bom, minha mãe e meu tio. Pela primeira vez na vida, meu pai me defendeu. Imaginem uma cara de surpresa... Essa foi a minha. Olhos estalados e boca aberta, foi o que realmente aconteceu. Não entendi muito bem, mas acho que meu pai estava gostando realmente do Alfonso. Isso é bom, na verdade. Em toda minha vida ele só se apegou à duas pessoas Alicia e Daniel... Seus filhos mais velhos.

E minha noite passou assim. Chorei no chuveiro pelas palavras pesadas do Alfonso, mas nada que pudesse me derrubar. Na verdade chorei mais de raiva do que outra coisa. Alfonso foi apenas um capítulo na minha vida, um ficante de apenas alguns dias, e eu estava disposta a virar a página.

-Vai ser fácil – pensei – Não me apeguei. Foi o começo de tudo.

Depois de ler um livro, que era tudo o que tinha, por causa do castigo... resolvi finalmente dormir. E eu estava tão cansada que foi fácil.

Acordei no outro dia às 6 h da manhã. Fiz minha rotina matinal e saí comendo uma maçã como sempre. Christopher me deixou na escola, e eu entrei com a Angelique para mais um dia cheio de tédio. Rodrigo me encheu o saco o intervalo inteiro, mas o Bernardo acabou me salvando de ficar conversando com ele.

Bernardo era aluno novo. Ele estudava na minha turma, e sempre conversávamos. Bê era um garoto muito bacana, tímido, e ao contrário de muitos babacas por ai, não era o pegador do pedaço. Embora fosse muito, mas muito bonito.

- Obrigada – disse à ele, assim que Rodrigo saiu de perto de nós visivelmente chateado.

- Não fui com a cara dele – comentou Bernardo – Muito marrento para o meu gosto.

Marrento. Incrível como me lembrou o Alfonso instantaneamente.

- Sim – disse, apenas.

Bernardo olhou-me estranho, mas não insistiu. Acho que percebeu que eu não estava nos meus dias mais alegres, então preferiu manter-se quieto.

O intervalo passou voando. Mas as aulas se rastejaram. Assim que bateu o sinal para a saída, Angelique e eu fomos embora, encontrando o meu tio no portão, como sempre. Despedi-me da Angel, entrei no carro, cumprimentei meu tio e fomos para a casa.

E assim se foi uma semana. Meu pai devolveu minhas coisas e liberou meu castigo. Alicia me enchia o saco todos os dias, como se fosse o seu verdadeiro hobby, ou até sua verdadeira vocação. Não fui mais trabalhar com meu pai, sendo assim... Não vi mais o Alfonso. Não vou negar que vez ou outra me pego lembrando de tudo o que vivemos. Não foi uma vida, nem um mês... Mas seus beijos eram algo impossível de se esquecer. Precisa de um tempo para isso acontecer.

Era sábado, e meu pai estava no escritório resolvendo alguns problemas. Porém, acabou esquecendo papeis importantes em casa, e sobrou para a Anahí levar até ele, como sempre. Só agradeci por ser sábado, e não veria Alfonso, caso contrário iria acabar surtando. Não queria ver aquele garoto orgulhoso tão cedo.