Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos
Alfonso narrando:
Estava me sentindo patético com as promessas não cumpridas de Anahí. Eu acordei cedo lutei contra meus próprios fantasmas e apareci naquela clínica antes mesmo de abri-la, como combinei com Ricardo na noite anterior. Ele ainda me fez prometer que eu não faltaria, me fez prometer que estaria ali sem desistência. E eu estive. Mesmo com medo do resultado, estive firme ali, sozinho. Somente eu e Fábio, já que também havia chegado cedo.
Assim que a clinica foi aberta, entramos como dois estranhos. Conversei com a recepcionista e tive que esperar ainda vinte minutos para que o laboratório fosse aberto e o enfermeiro chegasse. Fábio e eu não trocamos palavra alguma. Parecíamos dois estranhos inertes, presos em nossos próprios pensamentos, sem nem notarmos a presença um do outro. Bom, era impossível não notá-lo. Meu corpo inteiro se tencionou ao vê-lo ocupando o mesmo espaço que eu. Ainda que fosse com mil cadeiras separadas da minha, ainda era perto demais, pois não queria dividir o mesmo ar que ele.
Me mantive firme ali, esperando o laboratório se abrir e Anahí chegar. Estava louco para abraça-la e deseja-la toda sorte do mundo, assim como queria para mim também. Era nossa última chance de ficarmos juntos, de sermos realmente felizes, e eu queria acreditar que não seria desperdiçada. Que seriamos apenas nós dois, e eu não precisaria me afastar dela como deveria caso o exame desse positivo. Queria me prender a esse único fio que restava entre nós, e me agarraria a ele até que eu visse com meus próprios olhos o laudo que daria naquele papel sulfite.
Era por volta das 8h30m quando um rapaz novo, aparentemente com 22 anos, surgiu pela porta automática sorrindo para os pacientes e dando bom dia. Como se tivesse tido uma excelente noite ou como se sua vida fosse um mar de rosas. Por mais que eu me sentisse o oposto daquilo, retribui educadamente e fiquei atento, procurando saber se era o tal enfermeiro que precisava para realizar o exame. Ele caminhou até a recepcionista, deu-lhe um selinho em seus lábios, disse algo que a fez rir timidamente e deu a volta no balcão novamente, colocando-se ao lado de fora. Deu uma olhada às pessoas que estavam sentadas nas entediantes cadeiras azuis e olhou novamente os papeis em suas mãos.
Naquela altura já tinham dez pessoas sentadas. Fábio e eu já tínhamos feito nossa ficha, e esperávamos que o tal enfermeiro nos chamasse. Coisa que não demorou muito. Acho que foi o tempo de arrumar a sala, e já ouvi o meu nome ecoar por aquele corredor de paredes brancas, deprimente.
Respirei fundo e levantei-me, indo em direção a voz que ainda me chamou novamente, acho que receoso por não ter escutado. Escutei, só queria mais um tempo, pois meu único interesse de estar ali, ainda não tinha chegado. Balancei a cabeça negativamente e olhei para a porta uma última vez antes de entrar no laboratório.
O exame foi rápido. A dor foi apenas uma picada, mas nada que se comparasse ao meu coração que estava estilhaçado em mais de mil pedaços. E ainda sentia os cacos rasgar toda a minha pele interna, fazendo aquela dor triplicar. A agulha não foi nada perante àquilo. Nada comparado ao medo de perder a única mulher que amei na minha humilde vida. A única que queria ao meu lado, e que tinha o poder de me fazer sorrir com pouco, sem esforço algum.
O enfermeiro me entregou um papel pequeno branco, e mandou que eu fosse novamente até a recepção. A data que a moça me deu para pegar o exame, foi na sexta-feira. Eu ainda teria que esperar mais alguns dias para o resultado, o que não seria nada se eu estivesse confiante, mas naquele momento, eu não conseguia manter-me firme em pensamentos. A autoconfiança de Fábio foi capaz de me abalar e de me acertar em cheio. Em seu semblante, não havia resquícios de que o exame não sairia como sua vontade, o que me deixava ainda mais amedrontado. Sua vontade era o oposto da minha. Para eu ficar feliz, Fábio não poderia ser o pai de Anahí, já que eu tinha certeza de que ele era o meu pai. Infelizmente era.
Minha mãe seria incapaz de trair Fábio, por mais que ele merecesse. Ela sempre foi a mulher mais doce que conheci, doando-se inteiramente à todos a sua volta, sem nem pensar duas vezes. Trocava seu sorriso para agradar os outros. Dava simplesmente até as roupas do corpo para ver alguém sorrir. Mesmo que a pessoa não merecesse, como no caso de meu pai.
Agoniado, ainda permaneci na recepção com o Fábio e duas cadeiras distantes da minha, esperando Anahí. Deu 9h, 9h45m,10h15m,11h00, 11h54m, 12h, e nada de Anahí ou Ricardo. Estava mais agoniado. Meu coração se dissipando cada vez mais. Meu pai também pareceu impaciente. O vi levantar mais de cinco vezes e checar seu celular, mas não me falava nada. Nem mesmo para me dizer se tinha ao menos tentado falar com alguém.
Levantei-me da cadeira irritado e me direcionei até a recepcionista. Já não era mais a mesma. Haviam duas, mas a da parte da manhã estava em horário de almoço. Pedi o telefone para a recepcionista mais gordinha e ela gentilmente me deixou fazer a ligação, mas aterrorizante da minha vida. Liguei diretamente para o telefone do Ricardo. Achei melhor do que falar com a branquinha.
Seu celular tocou cinco vezes, mas finalmente ele me atendeu. Sua voz parecia cansada, irritada, desapontada. Não sei explicar muito bem o que senti na hora, mas não foi coisa boa. Algo me dizia que eu não iria gostar de saber por que do atraso de Anahí.
- Alô! – atendeu – Alfonso?
- Sim, Ricardo – respirei fundo – Aconteceu alguma coisa? O enfermeiro vai embora ás 13h. eu já fiz o exame e Fábio o dele. Cadê a Any?
Ricardo fez uma pausa angustiante e respirou fundo. Lá vinha bomba.
- Eu tentei te ligar mais de mil vezes, garoto, cadê seu celular? – pausou. Não respondi – Está ligando da onde?
- Meu celular foi roubado – limitei-me a dizer – Estou ligando da clinica.
- Mas você se machucou? – perguntou preocupado. Ah! Como aquela conversa estava me tirando do sério. Eu não queria vê-lo preocupado comigo, queria que me respondesse de uma vez o que de fato estava acontecendo.
- Estou bem, Ricardo. Isso foi há dias, não se preocupe. Só me diz onde se meteu a sua filha, por favor – suspirei – Estou agoniado, Ricardo. Essa é a nossa última chance.
E outra pausa foi feita. Ainda ouvi sua língua estalar na boca duas vezes, mas nada de uma resposta sair. Parecia que estava agoniado, sem saber o que dizer ou por onde começar.
- Desculpe-me, garoto, mas ela não quer mais fazer o exame.
Mas o quê????
Bati minha mão no balcão com tanta força, que as moças assustaram, dando um pequeno pulinho para trás. Me desculpei e voltei minha atenção ao telefone, onde a respiração do Ricardo era ainda mais pesada, como se de certa forma, tentasse prender o choro, assim como eu estava.
- Anahí perdeu a noção da vida? – disse mais alto do que pretendia – Ricardo, não brinque comigo, por favor! Eu preciso, preciso... – não tive forças para dizer o quanto precisava que ela fizesse aquele exame. E precisava muito, demais. Eu estava vendo nossas vidas afundarem sem que eu pudesse fazer absolutamente nada, e aquilo estava me matando.
- Eu sinto muito, rapaz. Regina disse que ela era realmente a filha do Fábio, e pediu para que Anahí não duvidasse da sua palavra – pausou – Bem, não preciso dizer o que aconteceu, não é? Estávamos há duas ruas da clínica, mas tive que voltar. Ela é bem agarrada com Regina. Seria incapaz de duvidar de qualquer palavra de sua mãe. Sinto muito mesmo.
- Não mais do que eu Ricardo – murmurei, sem saber se ele ouviu – Ela está por ai?
- Sim. Quer que eu vá chamá-la?
Aquilo não era assunto para se resolver por um celular. Eu queria olho no olho.
- Não, obrigado. Mas eu vou aí – suspirei – Preciso ouvir com meus próprios ouvidos que ela realmente deu para trás. Preciso olhar nos olhos de Anahí. Tudo bem para você?
- Não sei se isso irá resolver alguma coisa, mas tudo bem, rapaz. Sabe que é sempre bem vindo por aqui. Faça o que seu coração está mandando.
- Eu quero apenas que ela me diga olhando nos meus olhos que está dando para trás, mas não pretendo convencê-la a fazer o exame. Porque agora, quem não quer mais sou eu.
Ricardo pausou novamente. Acho que analisou bem as minhas palavras antes de me dar alguma resposta.
- Tudo bem, eu entendo você. Acho que no seu lugar estaria com a mesma revolta. Mas, Anahí é assim, mesmo. Não pensa em si, pensa sempre nos outros.
Balancei a cabeça negativamente e respirei fundo, soltando o ar bruscamente.
- Nesse caso não pensou nem em mim, que diz amar. Ela não pensou em nada, Ricardo, somente em uma mulher que não merece um pingo de consideração de sua parte. Desculpe-me, mas não merece! Regina te traiu com seu próprio irmão, e é inadmissível que depois disso, Anahí ainda coloque sua mãe como prioridade.
Talvez eu tivesse sido duro demais nas palavras, mas naquela altura eu já não conseguia raciocinar mais nada. Eu só queria estar diante de Anahí, fazendo-a repetir em minha cara que realmente não queria mais realizar o exame.
- Está certo.
- Vou desligar, Ricardo. Nos vemos mais tarde.
- Ok, garoto. Avisarei Elisabeth de que você virá, assim poderá entrar sem ser anunciado. Até daqui a pouco.
- Obrigado, Ricardo. Até.
E assim, com a dor imensa tomando por completo não só meu coração, mas também o meu corpo, eu desliguei o telefone, e agradeci a recepcionista pela gentileza de me ceder um telefonema. Sai da clínica apressado, sem nem olhar para Fábio. Estava pouco me importando se ele sabia ou não que Anahí não iria fazer a droga do exame de sangue. Quem fez o que fez e ainda socou minha cara como se tivesse cheio da razão, não merecia de forma alguma a minha consideração.
Ainda ouvi o Fábio dizer “hei”, mas como esse não é o meu nome, não virei para saber o que queria. Não era o dono da razão e do mundo? Então que fosse atrás de informações sobre sua filhinha, pois eu não diria absolutamente nada.
Corri até o estacionamento da clínica, peguei a moto do Bingo e voei para sua casa, que não era muito longe dali. Não demorei muita coisa, porque o trânsito estava ameno, e considerando minha vontade de chegar lá rapidamente, eu não estava com a velocidade permitida pelas placas de sinalização, estava muito acima. Corri o risco de levar multa e ainda ser xingado pelo Bingo, mas cego por causa da decepção que Anahí me fez sentir, quem iria se importar com alguma coisa dessas? Com números indicando a velocidade ou sinais vermelhos? Passei em dois, e depois me entenderia com Marcelo.
Cheguei em sua casa e toquei o interfome. Não precisei dizer nada, nem meu nome. O portão foi aberto rapidamente e eu entrei com a moto do Bingo, deixando-a perto do enorme jardim que enfeitava perfeitamente o local.
Respirei fundo, mas não foi o suficiente para acalmar meu coração. Meu corpo inteiro tremia, meu coração disparou descompassadamente. As palavras travou em minha garganta antes mesmo de entrar em sua casa. Eu queria gritar, apenas. Queria chacoalha-la e perguntar por que tinha feito aquilo comigo, por quê?
Elisabeth me atendeu gentilmente, e pediu que eu esperasse por ali na sala. Subiu as escadas e sumiu de minhas vistas, voltando cerca de dois minutos depois. Avisou-me que Anahí desceria em minutos, e eu me sentei no sofá para esperá-la.
Não demorou muito até que ela surgisse no último degrau da escada com seus cabelos curtos presos em um rabo de cavalo. Deixando a maioria das pontas soltas. Nem isso a estragava. Se fosse em outro momento eu estaria caindo aos seus pés, mas naquela hora, pela primeira vez na minha vida, eu senti vontade de matar uma pessoa. Ela curvou seus lábios em um sorriso tímido, fazendo-me apressar os passos em sua direção e encurtar a distância que tinha entre nós.
Seus olhos arregalaram ao ver a velocidade em que me aproximei. Com certeza ficou com medo, mas nem assim me importei. Apertei tanto seu braço direito que mais tarde ficaria marcado na sua pele. Ela arfou, fechando seus olhos com força, e tentando inutilmente se desvencilhar do meu aperto.
- O que deu na sua cabeça? – exasperei – O que deu na sua cabeça de não ir fazer o exame, Anahí? Ficou maluca? – pausei. Ela abriu seus olhos, mas não me respondeu – Eu acordei cedo, fiz o exame e cadê você naquela bosta de clínica? – a chacoalhei – Onde estava com a cabeça de desistir da nossa única chance de ser feliz?
Autor(a): anyeponcho
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Alfonso narrando: Seus olhos encheram-se de lágrimas. Eu tentava me esforçar ao máximo para não demonstrar o quanto gostaria de me debulhar em lágrimas, não queria demonstrar fraqueza, ainda mais para a causadora de tudo isso. Não queria que ela percebesse o quão perdido estava, por mais que meu show demonstrasse o m ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 246
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degomes Postado em 16/08/2019 - 07:06:00
Contínua 🙏
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:29:34
Continuei =)
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AnaCarolina Postado em 11/08/2019 - 18:54:57
Mas como assim gente? Me diz que esse exame foi alterado
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:30:28
Será? Vamos saber o que aconteceu daqui a alguns capítulos... Só digo uma coisa: a história é AyA, então....
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AnaCarolina Postado em 30/07/2019 - 09:17:33
Aaaaah esse momento é todinho meeeeu Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:52:08
=) Foi pequenininho o poste, mas, mais tarde tem mais ;)
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luananevess Postado em 28/07/2019 - 21:35:41
Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:51:23
Continuando.... =)
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AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:16
Continuada <3
anyeponcho Postado em 18/07/2019 - 23:37:48
Postei 2 vezes hoje 😀
AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:44
Continua* hehehe
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 18:36:10
Caramba, que merda! Não vejo a hora de tudo se resolver de vez :'(
anyeponcho Postado em 14/06/2019 - 17:07:20
Eu também :) Mas, infelizmente vai demorar um pouquinho pra acontecer
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 13:59:58
Oláaaa já já vou ler os capítulos e volto pra comentar <3
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AnaCarolina Postado em 04/05/2019 - 00:05:27
Cadê você?
anyeponcho Postado em 14/05/2019 - 20:49:51
Volteiiiii!!! Passei por uns momentos ruins, mais agora estou de volta =)
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AnaCarolina Postado em 09/04/2019 - 21:51:48
Tadinha da Mai :(
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AnaCarolina Postado em 31/03/2019 - 22:43:19
Que bom que apesar de tudo o Ricardo entendeu e não demitiu ele... Continua