Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos
Bingo narrando:
Ultimamente todos os meus sábados são iguais. Passo agoniado o dia todo, pois sei que a noite, Victória me ligara dizendo que vai sair com seus amigos. Era sempre assim. O final de semana, eram os únicos dias que tínhamos para aproveitarmos juntos, mas não tinha jeito. Sua palavra sempre prevalecia. Algumas vezes porque ela se achava a certa, dava-me as costas sem nem esperar minhas respostas. Outras vezes eu mesmo cedia, cansado de brigar. Pois ela saia para se divertir, e eu ficava em casa irritado pela briga.
Exausto. Isso me definia há mais ou menos um mês. Victória talvez não fosse capaz de me trair, mas ainda assim, achava uma falta de respeito sair todos os fins de semana sem mim. Eu querendo ficar com ela e Victória parecendo nem ligar. Não se importava com a minha opinião. Tinha 15 anos. Ainda era uma adolescente confusa, e fazia jus a isso.
Eram quase 18 horas, e cansado de esperar uma ligação sua como combinamos, peguei minha moto e fui até sua casa. Eu não queria terminar, mas estava cansado de tentar algo em vão. Uma pessoa não constrói relacionamento sozinho, precisam de duas pessoas. Eu precisava que Victória também quisesse ficar comigo, que ela ao menos se importasse um pouco comigo e com o nosso relacionamento, o que infelizmente não acontecia.
Em meia hora voando e costurando os carros, cheguei até a casa de Victória. Estacionei a moto na calçada e bati na porta. Luma atendeu com um sorriso fraco nos lábios. Por um segundo pensei ter visto seu cenho se juntar, formando um olhar triste, mas como não entendi, deixei quieto.
- Oi, meu anjo – disse ela, carinhosa como sempre. Seu olhar terno e triste ao mesmo tempo, e sua voz mansa como de costume.
- Oi, Luma – Sorri. Dei um beijo em seu rosto – A Vicke está?
E novamente ela me olhou de forma tristonha. Arrumou o avental em seu corpo e apenas assentiu. Não sei explicar muito bem o que senti com aquela feição, mas me senti estranho. Como se algo me dissesse que eu iria sair daquela casa ainda mais chateado ou decepcionado. Respirei fundo e a encarei, esperando uma resposta e torcendo para não ser nada do que eu estava pensando. Meu maior medo era de que ela estivesse me traindo. Isso eu jamais desculparia.
- Ela está na piscina, querido. Quer que eu a chame ou prefere ir lá?
Pisquei algumas vezes, tentando acreditar de que eu estivesse ouvindo coisa errada. Eu passei o dia trabalhando, e a semana toda enterrado na loja de roupas masculinas do shopping perto de sua casa. Ela não me telefonou, não apareceu lá de surpresa para me ver como no começo do namoro, e agora estava ali nadando com... Sei lá quem. Sozinha é que com certeza não estava, e esse era o meu maior medo. Ela não tinha amigas, tinha amigos também e dois deles sempre me preocupavam. O Derick e o Pedro, que sempre faziam de tudo para tocar nela, para cantá-la, e a trouxa achando que era apenas coisas de amigos. Brincadeira sem segundas intenções.
Respirei fundo antes de responder à Luma, que continuava parada perto do sofá, esperando uma resposta. Eu pensei muito, muito mesmo. Demorei cerca de cinco minutos para lhe dar uma resposta, mas se fosse para afundar aquele namoro que fosse de uma vez. Por isso, resolvi ir até a piscina olhar com meus olhos o que estava acontecendo. Mesmo que parte minha dizia que eu iria me arrepender, a outra parte mandava eu ir... E eu obedeci essa parte mandona.
- Vou lá, Luma, obrigado – tentei sorrir, tentando parecer tranquilo. Mas, a verdade é que meu coração acelerava antes mesmo de eu saber o que me esperava ao lado de fora daquela casa. Se de roupas eu já morria de ciúmes dela, imagina com vestimentas finas, quase expondo o corpo inteiro.
Adentrei a cozinha seguido por Luma, e caminhei até a porta dos fundos. Fechei meus olhos e respirei fundo mais duas vezes seguidas, tentando desacelerar um pouco os batimentos do meu coração. Girei a maçaneta, ainda sentindo todos os músculos do meu corpo se contrair. Abri a porta, sai e fechei. Ainda não olhei para a área da piscina. Tentei recuperar meu oxigênio antes de ver o que poderia ser a cena mais dilacerante da minha vida.
Eu amava Victória como jamais amei antes. Nos conhecemos no shopping, quando ela foi comprar roupas para o seu pai, no dia dos pais, e eu passei uma cantada barata, pensando que ela não cairia. E não caiu. Riu da minha cara, mas ao mesmo tempo jogou todo seu charme, que foi difícil não me apaixonar já no primeiro contato verbal com ela. Fiquei encantado por aquela garota, sem nem saber sua verdadeira idade. Ela parecia ter mais ou menos a minha idade. Talvez pela segurança que transparecia, ou seus traços de uma mulher, que possuía. Seus longos cabelos, loiros, ondulados... Eu realmente fiquei fissurado naquela menina, e lembro que comentei com um dos meninos que trabalhava comigo, que ainda a teria para mim.
Naquele dia não consegui muito dela, apenas arrancar várias gargalhadas que me ecoaram na mente a noite toda, fazendo-me ter ainda mais vontade de tê-la. No dia seguinte ela apareceu no shopping, fazendo questão de parar na vitrine da loja e jogar seu charme, para me deixar ainda mais louco. Não consegui conversar com ela, pois a loja estava lotada, e eu atendendo dois clientes de uma vez. Dois dias seguidos ela não apareceu, mas para a minha felicidade, no outro dia, ela apareceu na praça de alimentação bem na hora do meu almoço.
Joguei algumas cantadas baratas apenas para fazê-la rir e no fim almoçamos juntos. Eu, ela e uma amiga sua. Consegui seu telefone, mas não tentei beijá-la. Eu até faria se fosse outra garota, mas com ela, sentia que deveria respeitá-la. Que deveria deixar tudo fluir mais um pouco antes de tentar dar o próximo passo.
Liguei para ela naquela mesma noite, e como era sábado, conversamos até às 4h. foi o bastante para perceber que eu a queria. Que precisava sentir seus lábios nos meus e passar uma tarde com ela, nem que fosse somente para olhá-la. Nem cansado fiquei naquele dia, e minha recompensa foi que aceitou sair comigo no dia seguinte. E nem se importou em comer apenas um cachorro quente na praça perto do shopping. Disse que o que importava era a companhia. E isso me deixou ainda mais encantado.
No nosso primeiro encontro, a conversa fluiu naturalmente, como não aconteceu antes com nenhuma garota. Eu senti que poderia ser eu mesmo, que ela aceitaria numa boa sem nem me olhar torto. Quando disse que morava na Zona Norte, sinceramente esperei sua cara de reprovação, mas ao contrário me surpreendeu dizendo que gostava de garotos simples. Que de mauricinho e metido já estava de saco cheio. Ela só ganhava pontos comigo...Pontos e mais pontos. E chegou ao ápice do meu encantamento, quando antes de entrar em sua casa quando a levei, ela deu o veredito, me beijando. Eu estava nervoso, e com medo de ser rejeitado, e ela incrivelmente fez o que eu quis desde o primeiro momento em que a vi.
A partir daquele dia não consegui mais desgrudar-me dela, e a recíproca era verdadeira. Ela me esperava até uma hora em sua escola. Eu a pegava e almoçávamos juntos em algum PF barato ou em alguma lanchonete que eu pudesse pagar. Ela não exigia nada, e me tratava com um carinho imenso. Me enchia de beijos, palavras bonitas, e até sua primeira crise de ciúmes me deixou alucinado por ela. Eu deveria ter ficado bravo por ter me xingado de galinha, mas ao invés disso, a juntei no porão de sua casa e a calei com um beijo. Esse foi o dia da nossa primeira vez.
Tudo... Simplesmente tudo que se relacionava à ela, para mim era prioridade. Depois da nossa primeira vez, percebi que estava realmente apaixonado, e a queria para sempre comigo. Tinha medo de perdê-la para alguém da sua idade, e a pedi em namoro na porta da sua escola. Com direito a aliança e tudo. Eu tinha algumas economias guardadas, e foi com ela que comprei o que pensei ser um passo magnífico na minha vida. E foi nos primeiros meses.
Até que ela começou a mancar comigo. Saia mais com seus amigos, quase não me dizia onde ia, não me telefonava com frequência de antes, e dormia na casa de sua amiga, que Derick (irmão), fazia de tudo para ficar com ela. Não sei se chegou a conseguir o que queria, mas eu sempre acreditei no que Victória dizia. Sempre acreditei que apesar de suas falhas, ela era ao menos fiel.
Angelique me dizia que era apenas fase, e que logo se tocaria da besteira que estava fazendo comigo, mas eu já não aguentava mais esperar por isso. Tentei, mais meu sangue jamais foi de barata, e não seria com Victória que meu sangue iria mudar. Ela tinha 15 anos, e pelo que me disse uma vez queria curtir a adolescência. Até chegou a jogar na minha cara que eu tive a minha, e estava tentando tirar a dela. Que queria um pouco a mais de confiança e liberdade. Não perguntei se queria terminar, pois tinha medo de ouvir sua resposta. Eu não queria que nosso relacionamento fosse para água abaixo por causa de uma coisa tão banal assim.
Porém eu estava chegando no meu limite. Todo aquele amor que eu senti desde a primeira vez que a vi, estava se transformando em raiva, ou mágoas. Eu não queria que aquilo acontecesse,mas tudo o que Victória fazia, só nos distanciava, e eu, apesar de não querer admitir, sentia que deveria deixá-la livre. Deveria sim dar o que ela queria... Sua liberdade e adolescência. Doía meu peito ao pensar nisso, confesso, mas já não aguentava mais.
Aquele dia na piscina, foi meu estopim. Se era isso que ela queria, era isso que teria.
Olhei em direção à piscina e ela ria com alguns garotos de sua idade. Meninos e meninas. Entre eles estava Pedro, que era o garoto que eu menos engolia. Não conseguia nem olhá-lo. Para mim era pior do que Derick, porque já conseguiu beijá-la uma vez. E ela me contou em prantos pensando que eu fosse terminar, mas não o fiz. Acreditei que foi apenas forçada, e então lhe dei outra chance. Mas suportar aquele moleque ao seu lado, sempre, depois de tudo o que ele fez... Era demais para mim. Eu não tinha mais idade para brincadeira ou ser brinquedo. Eu queria algo sério, estável. Um relacionamento em que eu não precisasse ter medo de encontrar minha namorada com outro, ou de que as brincadeiras de seus amigos passassem dos limites. Eu já tinha passado dessa fase. Queria apenas ser feliz.
Dei alguns passos lentos, ainda querendo que aquele braço envolta de sua cintura, fosse apenas uma ilusão de ótica. Não queria acreditar que depois dos meses que passamos conversando sobre sua liberdade demais entre seus amigos, ela deixou Pedro tocá-la. Logo ele, que pedi tanto para ela se distanciar. Isso foi o fim da picada para mim.
Ainda de olho nos dois, vi Pedro se aproximar de seu rosto, e beijá-lo. Victória se afastou um pouco, negando com a cabeça, e ergueu sua mão direita, onde havia a aliança. Ele revirou os olhos e segurou seu dedo, puxando-a e jogando-a na piscina.
- NÃO, PEDRO! – pude ouvir seu grito. Porém, isso não me confortou. Eu ainda pensava que se tivesse me escutado, nada disso teria acontecido, e seriamos nós dois como tinha sido desde o começo.
Pedro tirar sua aliança, me doeu ainda mais, mas serviu para que finalmente tomasse uma decisão. Ela não teve culpa nesse ponto, pareceu não gostar, mas já tinha ultrapassado com a liberdade que lhe ofereceu. Ela precisava crescer.
- Que foi, gatinha? – riu – Em breve você nem usará mais mesmo. Não disse que ele era chato? Não disse que já pensou em terminar várias vezes? Só ajudei.
Dei mais alguns passos em sua direção, e continuei atento. Precisava ouvir sua resposta.
- Sim, o Bingo está chato, cisma com tudo e não me deixa sair de casa. Mas, é meu namorado, e por mais que passe pela cabeça terminar com ele, eu não consigo – suspirou – Eu o amo Pedro, quantas vezes já disse isso? Não gosto dessa sua brincadeira sem graça. É a segunda vez que tira a minha aliança. Da primeira vez eu quase perdi, e você prometeu que não faria mais. – aproximou-se dele – Eu. Amo. O. Marcelo! Amo, entendeu? – bufou – Ele pode ser chato, mas é o meu chato. E eu não vou terminar com ele – pulou na piscina e submergiu, colocando a aliança de volta em seu dedo. No momento em que virou-se para chegar a borda, que me viu ali, parado perto da piscina com os olhos presos nela.
Confesso que parte minha balançou ao ouvir suas palavras, mas suas atitudes se contradiziam com o que falou para Pedro. Eu estava farto. Precisava pelo menos de um tempo.
Ficamos nos encarando por um tempo que não soube definir. Não conseguíamos desviar nossos olhares, e por um segundo ninguém mais existia para mim naquele lugar. Somente nós dois e suas palavras que ainda ecoavam na minha cabeça. Meu coração batia mais forte do que bateria de uma banda de rock. Minha respiração estava alterada, e em alguns momentos ela até falhava. Eu amava tanto aquela menina...
Victória apoiou suas mãos no chão, dando impulso para subir na borda. Sentou-se e se levantou, caminhando até mim lentamente. Como se seus curtos passos servissem para me analisar. Acho que estava tentando adivinhar se eu tinha escutado tudo, ou se apareci somente aquela hora. Seu olhar era penetrante, mas ao mesmo tempo intrigado... Amedrontado talvez. De certa forma, sentia que Victória tinha medo do que eu poderia fazer por vê-la novamente perto de Pedro.
- Oi, gigante – esboçou aquele sorriso que eu tanto amava, quase fazendo-me esquecer da real razão por estar ali.
Gigante era o apelido que tinha me dado desde o primeiro encontro. Ela dizia que eu era muito grande para ela ( já que batia em meu peito) e que era forte, devido há anos de malhação. No começo eu achava estranho, e até pedi para que parasse de me chamar assim. Mas depois acostumei. Quando me chamava de modo diferente, e até mesmo de amor...Eu já estranhava. Se tornou um apelido especial.
- Oi, baixinha – não consegui ser indiferente como queria, mas também não conseguia ser tão meloso como sempre fui. Eu estava magoado, e denunciei isso em meu tom de voz.
Victória se aproximou, abraçando-me forte pela cintura. Beijou meu peito e eu retribuí no alto de sua cabeça. Respirei fundo e a afastei devagar, para que pudesse olhá-la nos olhos.
- Chegou faz tempo, amor? – mordeu o cantinho da minha boca – Quer entrar na piscina? A água está boa – olhou minha camiseta – Desculpe, acabei te molhando.
- Não tem problema. Eu não quero entrar, Vicke, na verdade, precisamos conversar – olhei por cima de sua cabeça, encontrando diretamente com os olhos de Pedro sobre nós. Era um olhar irônico como se tivesse ganho uma batalha.
É. Pedro queria nosso término, era algo notável. Mas se Victória colocasse limites em suas amizades nada disso teria acontecido.
- Cheguei o suficiente para ver Pedro com a mão na sua cintura, e jogar sua aliança na água – passei a mão no rosto – Podemos sair daqui? Quero conversar a sós. Acho que precisamos disso.
Victória olhou para os pés. Suas mãos estavam cruzadas atrás de suas costas, e ela fazia um barulho com a boca, que era mania quando estava nervosa. Isso me irritava algumas vezes, mas eu já estava acostumado.
- Não vai nem me dar um beijo? – olhou-me novamente. Acho que ainda tentava descobrir o quão irritado eu estava.
Não neguei o beijo, mas só selei nossos lábios, nada mais que isso. Não conseguia. Não antes de colocar tudo em pratos limpos. Victória juntou as sobrancelhas, olhando-me triste, mas não questionou. Avisou seus amigos que iria conversar comigo, e entrou em sua casa, fazendo com que a seguisse. Subimos para seu quarto, e fomos até a varanda, já que Victória estava ensopada e não daria para sentar na cama, e nem ficar dentro do quarto.
Sentamos um de frente para o outro, no chão. Seus olhos pareciam tristonhos. Acho que no fundo, Victória sabia o que eu diria. Eu não conseguia esconder na minha fisionomia. Meu coração doía tanto, que acho que acabei demonstrando isso em cada expressão no meu rosto. Em cada sorriso casto que esboçava, a qual tinha certeza que o brilho não alcançava meus olhos.
Respirei fundo tantas vezes para começar a falar, que Victória começou a batucar em sua panturrilha, como sempre fazia quando estava nervosa. Sempre batia o indicador e o dedo médio em algum lugar. Não sei se aquilo a acalmava, mas a mim tinha o efeito contrário. Eu fiquei tão mais nervoso, que tive que segurar sua mão para que parasse com aquilo.
- Está me deixando nervoso – bufei. Victória olhou em meus olhos novamente e deixou transparecer as lágrimas que não caíram. Apenas continuaram ali paradas, inundando toda sua imensidão castanha clara.
Aproximei-me dela vagarosamente, segurando suas mãos. Forte. Como se ao mesmo tempo que queria dar um fim em toda aquela dor, queria também implorar para que ela mudasse seu jeito. Assim não teria de partir.
- E você acha que está me deixando calma? – piscou. Uma lágrima pingou em sua perna.
Foi ali que me acovardei. Engoli em seco quase dando para trás. Tentei ser o mais forte possível, mas não estava fácil.
- Eu sei que não. Acho que você já percebeu o que vim fazer aqui, não é?
Victória assentiu, e abaixou sua cabeça novamente. Sem coragem de me olhar nos olhos.
- Eu percebi, só não quero acreditar – apertou nossas mãos – Eu sei que ando dando muita mancada com você, mas não duvide do quanto te amo. Eu disse a verdade ali para o Pedro, eu amo você, Celo – me olhou – Amo muito...
- Mas acho que não está preparada para encarar um relacionamento – interrompi calmamente – Vicke, você tem 15 anos, quer curtir a vida, seus amigos, baladas e tudo o que é possível. Não acho errado. Eu tive a sua idade, curti pra caramba, e aproveitei ao máximo. Mas tenho 18 anos, vou fazer 19 daqui a alguns meses, e não tenho mais tempo para curtição, entende? Já passei dessa fase.
Victória se aproximou um pouco mais, soltando nossas mãos para segurar meu rosto entre suas duas mãos.
- Isso não é verdade. Tem tantos garotos com 19 anos que ainda pensam em curtir – engoliu em seco – Bingo, por favor... – não terminou a frase. Ela realmente entendeu minha intenção, e eu não tinha mais forças para voltar atrás. Estava exausto de lutar contra uma coisa que estava na cara que não daria certo.
- Mas eu não sou assim, Vicke. Aliás, entre meus amigos, sempre fui o cara que menos galinhou. Eu só chegava na mina que realmente estava afim, entende? Mais namorei do que fiquei. Foram namoros curtos, mas eu não levei nenhuma delas na brincadeira. Acabou porque simplesmente teve que acabar.
- Como o nosso – sussurrou. Senti que ela estava muito triste, também, mas apesar de não querer parecer a vítima das circunstâncias, Victória não estava sofrendo mais que eu. O meu amor era tão imenso, que eu daria a minha vida para tê-la comigo mais um pouco. Para que ela deixasse sua curtição para ser minha.
- Sim – engoli o nó que queria desatar em minha garganta – Eu quero uma relação estável, Vicke.
Quero ter certeza que enquanto estou em casa, minha namorada está na dela, ou no máximo na casa de uma amiga cujo o irmão não dê em cima dela. Que ela saiba colocá-lo em seu lugar – pausei. Talvez tivesse pego muito pesado, mas eu precisava disso. Precisava falar tudo o que estava em minha garganta, antes que perdesse a coragem. Precisava de alguma forma me sentir aliviado, colocando para fora tudo de uma vez, o que me incomodava.
Victória abaixou a cabeça, e não disse nada. Respirei fundo e continuei.
- Você sabia que era o meu dia de folga, Victória, sabia e não me chamou para a piscina. Convidou seus amigos, e eu? Quando teria tempo para mim? Se não é sua casa ou baladas. Sábado e domingo são os únicos dias que podemos nos ver, e você não fala comigo, nem me liga mais – abaixei a cabeça – Era eu quem deveria estar aqui contigo hoje, Vicke. Não acha? Nós dois juntos. Eu estava morrendo de saudades.
- Eu também, gigante...
- Mas não parece – a interrompi magoado – Poxa, é nosso relacionamento. Ta vendo o que queria que entendesse? – a olhei – Não está preparada para ter um relacionamento sério, baixinha. Você ainda tem muito o que viver. E não tiro sua razão.
Victória se jogou em meus braços, enchendo meu rosto de beijos. A apertei em meus braços o mais forte que consegui. Ainda desejando que aquilo fosse somente um sonho.
- Eu posso mudar, amor. Me dê uma chance e...
Respirei fundo. Não era isso que eu queria. Tinha medo que tudo se complicasse em nossa vida caso ela realmente me pedisse uma chance e eu aceitasse. O respeito poderia acabar, as brigas serem mais frequentes e ao invés de nos amarmos, iríamos acabar nos odiando. Longe de mim odiar a mulher que amava. Era melhor um término passivo, antes que as coisas fugissem do nosso controle.
- Não dá amor- a interrompi – Você ainda é nova, e eu não tiro sua razão de querer viver e aproveitar a vida, mas eu não sou masoquista. Cansei de sofrer. Não dá mais – apertei os lábios – Vicke, não quero que daqui há alguns anos, acabemos por nos odiar. Não quero que você me culpe por não te deixar viver, entende? Pois é isso que poderá acontecer. Você me culpando, e eu morrendo de ciúmes de tudo, ou amargurado pela vida que podemos levar caso ignoremos esse confronto entre nós – beijei seu ombro – Quero que você se lembre de mim, como o seu primeiro namorado, talvez seu primeiro amor...
- Talvez não! – me interrompeu – Você é meu primeiro amor!
Sorri.
- Seu primeiro amor. Quero que se lembre de mim assim, Vicke. Que não acabe por me odiar, entende? – engoli em seco novamente – Vai viver, minha baixinha. Vai aproveitar o que a vida tem de melhor. Você não precisa se prender a ninguém ainda.
- Mas e quando eu cansar disso? Você não vai me esperar, não é?
Afastei-nos vagarosamente e segurei seu rosto entre as duas mãos. Eu tive que ser sincero, por mais que fosse doer nela, ou em mim. Doeu. Acho que nos dois, mas eu não poderia ter dito algo diferente.
- Não vou, baixinha. Só iremos ficar juntos, se realmente for para ser. Se Deus achar que nos pertencemos. Caso contrário, eu vou seguir minha vida – selei nossos lábios – Vou seguir, assim como você seguirá a sua. Precisamos tentar ser felizes, não é? – sorri de lado – Mesmo que doa no início, precisamos seguir em frente e aceitar que cada escolha gera uma consequência. Ruim ou boa. Mas tenho certeza que aparecerá alguém para te fazer feliz como merece, como não consegui.
- Você conseguiu, amor – Disse rapidamente.
Neguei com a cabeça.
- Se eu tivesse conseguido mesmo, não estaríamos assim... – colei nossas testas – Não teríamos tantas dúvidas.
- Amor...
- Shh – a interrompi novamente – Fica bem, tá? Vamos deixar assim. Com um término amigável e sem brigas. Talvez possamos ser amigos algum dia.
Victória selou nossos lábios e me abraçou forte novamente.
- Posso ficar com a minha aliança? Para me lembrar de você...
- Claro – sorri – Ficarei com a minha também – afastei-me, dando um beijo em sua testa – Fique com Deus, baixinha. E seja feliz, tá?
Victória apenas assentiu, se afastando de mim devagar. Levantei-me do chão, olhando em seus olhos. Sorri sem mostrar os dentes, e então caminhei, sentindo meu coração doer cada vez mais. Se fiz a coisa certa ou não, eu não sabia, mas fiz o que realmente senti que deveria ser feito.
Autor(a): anyeponcho
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Alfonso narrando: Aquele sábado já estava sendo estressante antes mesmo de começar. Acordei com a minha mãe passando mal, enquanto Miguel esperneava querendo ver Fábio e me culpando por ter prometido que iria levá-lo até ele, e não ter cumprido. Me culpou também por ter terminado com a Anahí, mais uma vez ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 246
Para comentar, você deve estar logado no site.
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degomes Postado em 16/08/2019 - 07:06:00
Contínua 🙏
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:29:34
Continuei =)
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AnaCarolina Postado em 11/08/2019 - 18:54:57
Mas como assim gente? Me diz que esse exame foi alterado
anyeponcho Postado em 27/08/2019 - 11:30:28
Será? Vamos saber o que aconteceu daqui a alguns capítulos... Só digo uma coisa: a história é AyA, então....
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AnaCarolina Postado em 30/07/2019 - 09:17:33
Aaaaah esse momento é todinho meeeeu Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:52:08
=) Foi pequenininho o poste, mas, mais tarde tem mais ;)
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luananevess Postado em 28/07/2019 - 21:35:41
Continua
anyeponcho Postado em 04/08/2019 - 16:51:23
Continuando.... =)
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AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:16
Continuada <3
anyeponcho Postado em 18/07/2019 - 23:37:48
Postei 2 vezes hoje 😀
AnaCarolina Postado em 07/07/2019 - 22:19:44
Continua* hehehe
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 18:36:10
Caramba, que merda! Não vejo a hora de tudo se resolver de vez :'(
anyeponcho Postado em 14/06/2019 - 17:07:20
Eu também :) Mas, infelizmente vai demorar um pouquinho pra acontecer
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AnaCarolina Postado em 10/06/2019 - 13:59:58
Oláaaa já já vou ler os capítulos e volto pra comentar <3
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AnaCarolina Postado em 04/05/2019 - 00:05:27
Cadê você?
anyeponcho Postado em 14/05/2019 - 20:49:51
Volteiiiii!!! Passei por uns momentos ruins, mais agora estou de volta =)
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AnaCarolina Postado em 09/04/2019 - 21:51:48
Tadinha da Mai :(
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AnaCarolina Postado em 31/03/2019 - 22:43:19
Que bom que apesar de tudo o Ricardo entendeu e não demitiu ele... Continua