Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Era sábado e eu estava no escritório do Ricardo ajudando-o com algumas papeladas complicadas. Não reclamei de estar ali com ele, porque eu ganharia hora-extra. E Ricardo prometeu me pagar um pouco mais, por eu estar fazendo o serviço que seria de outro cara. Acho que é Rodrigo o seu nome. Não sei por que, mas a impressão que tive do Ricardo, passou no dia em que ele me ofereceu água e o dia de folga por estar passando mal. Acho que por trás de toda aquela armadura, batia um coração humano.

-Esqueci o papel principal – disse ele – Aguarde só um momento, Alfonso. Vou pedir para a Anahí me trazer.

No momento em que ele disse àquilo, senti meu coração bater na testa, quase. Essa semana eu pensei nela vez ou outra, mas me foquei bastante no trabalho. Fazia uma semana que não havia, não sentia seus beijos e nem seu toque. E naquele momento, foi como se tudo pudesse vir a tona. Não queria brigar de novo, e nem relembrar aquele dia. Começamos meio mal. Nem nos conhecíamos direito e já estávamos brigando.

Ricardo não demorou-se a voltar. Ficamos conversando, enquanto a Any não chegava. Ele me contou que Alicia era sua filha com outra mulher, que Daniel havia se mudado de país, e que Christopher e Anahí eram diferentes dos irmãos mais velhos. Definiu Christopher como o irresponsável, e a Anahí como a cabeça dura. Bem, era mesmo a cara dela. Resumi um pouco da minha vida, já que ele pediu, mas não entrei em detalhes. Não interessava muito o fato de que meu pai sumiu na vida e blá, blá, blá.
Minutos depois, Ricardo foi atender seu celular que tocava insistentemente, e eu pedi licença para ir ao banheiro. Quando abri a porta da sua sala, bati em alguém que acabou caindo no chão. Sim, era Anahí.

-Ai – resmungou ela com a mão no nariz – Ah, tinha que ser – disse, olhando pra cima.

Abaixei-me ao seu lado e segurei seu rosto com as duas mãos, tentando verificar se estava muito machucada.

- Me desculpa – disse, sentindo-me realmente mal por tê-la machucado – Não quis...

- Relaxa – Interrompeu-me, olhando nos olhos – Daqui a pouco para de doer.

Eu estiquei minha mão para ajudá-la a se levantar, mas a teimosa ignorou e simplesmente se levantou sozinha. Revirei meus olhos e também fiquei em pé. Anahí entrou no escritório de seu pai, como se simplesmente não estivesse ali, e ainda eu entrei atrás, perdendo até a vontade de ir mijar. Ela estava linda, mesmo com o seu jeito patricinha marrenta. Sentei novamente de frente par o Ricardo, e a Anahí sentou ao meu lado, colocando os documentos sobre a mesa. Assim que Ricardo terminou de falar ao telefone, ele caminhou até ela, beijou sua testa e se sentou novamente.

- Obrigado, filha – sorriu – Já vai embora?

- Se o senhor não precisar de mim, vou sim, pai – disse ela – Tenho que me arrumar, vou sair com o Bernardo.

-Bernardo? – ele ergueu as sobrancelhas. Agradeci naquele momento, pois ele fez exatamente a pergunta que eu queria fazer.

Quem é Bernardo?

- Sim. Aquele meu amigo, lembra? Da escola? – ela sorriu de lado – Ele é legal, pai. Relaxa. Não faz essa carinha.

Ricardo pareceu não ter gostado da ideia de ela sair com esse tal de Bernardo, e eu fiquei implorando mentalmente que ele não a deixasse sair. Hã? Espera, eu pedindo mentalmente pra ela não sair com outro? Credo, Alfonso.

- Lembro – disse ele, ainda bancando o pai durão – Mas eu vou precisar de você sim, filha. Queria que verificasse alguns papeis pra mim. Pode ser?

Eu abri um sorriso a hora que escutei aquilo, e a Anahí, percebeu.

- O Alfonso está aqui por que, afinal, não é pra isso? – bufou – Fala sério, pai! Já não basta nos dias de semana?

- Anahí, eu preciso desse favor seu, vai negar? – franziu o cenho – Vai mesmo dizer não à mim?

- Chama a Alicia – disse ela, se levantando toda irritada – Toda vez que quero fazer algo, o senhor barra. Estou cansada, pai. O Alfonso está aqui pra isso, e eu tenho que ficar por quê? Que coisa!

- Anahí, volta aqui! – disse enquanto ela saia – ANAHÍ!

Não adiantou. A Any saiu com seu nariz arrebitado toda nervosinha, porta a fora. Quis ir atrás dela, mas permaneci ali, quieto e calado. Pra não ter que sobrar pra mim. Ricardo bufou e ligou para a tal Alicia, que não se demorou a chegar. Verifiquei tantos papeis naquele dia que não veria uma papelaria por cerca de um ano.

- Bom, tenho que ir à reunião – disse Ricardo – Depois que terminarem você fecha tudo, amor.

Alicia assentiu, beijou o rosto do pai e ele apertou minha mão. Assim que ele saiu, Alicia prendeu os cabelos loiros com um coque frouxo, e sentou-se mais próxima de mim. Estranhei um pouco seu comportamento, mas não disse nada, apenas foquei nos documentos.

- Aí, cansei – disse ela – Acho que podemos dar uma pausa. Quer amendoim? Eu trouxe um pacote.
- Não, valeu – disse, educadamente – Prefiro ver logo os documentos. Tenho que ir pra casa.

- Poxa, por que tão rápido? – mordeu o lábio inferior – Poderíamos nos conhecer melhor, que tal? Tenho que saber quais são suas intenções no escritório do meu pai.

Recuei um pouco, estávamos próximos demais. Aquele comportamento da Alicia me pareceu estranho, nem parecia com a Any. Fiquei meio constrangido, e olhei novamente os papeis, tentando ignorar o decote que ela fazia questão de deixar à mostra, enquanto debruçava na mesa pra ficar mais próxima de mim.

- Minhas intenções é ganhar dinheiro para sustentar minha família – sorri de lado – Podemos terminar logo?

- Você não tem cara de ser anjinho, corta essa, Alfonso – sorriu – Vai, alguns amendoins não vão fazer mal.

- Pode sujar os documentos, Alicia. Ainda mais que são verdes. O corante pode sujar o papel. É melhor terminarmos de uma vez. Depois você come, tá bom?

- Não está bom – cruzou os braços na altura do peito, como uma criança mimada.

É. Eu estava completamente enganado. A Anahí não chegava nem perto de ser mimada ou patricinha, isso era adjetivos referentes à Alicia. Fiquei desejando ser a Any, ali. Tudo seria muito mais divertido se estivéssemos somente nós dois. Tudo seria muito melhor.

- Você é pior que meu pai – disse, irritada. Não teve outro jeito, ela abriu o pacote de amendoim e comeu sem se importar com o trabalho.

Foquei-me no que estava fazendo, e consegui por uns dez minutos. Até que ela bufou parecendo estar impaciente e se aproximou.

- Ai, deixa isso um pouco – respirou fundo – Está quase no fim, Alfonsinho.

- Não me chama de Alfonsinho, Ali – Pedi, calmamente. Esse apelido era muito estranho – Chama de Poncho.

- Ok, PONCHO – riu – Vai, chega disso.

- Não, deixa eu terminar.

- Não – puxou os papeis com os dedos tudo sujo. E nem preciso dizer que, considerando o sabor cebola e salsa, verde... Manchou os documentos importantíssimos do doutor Ricardo, certo?

- Alicia! – a repreendi desesperado – Como explico isso ao seu pai?

Alicia se aproximou e colocou sua mão em minha nuca. Estranhei aquilo e tentei me afastar. Porém ela me surpreendeu com sua rapidez. Puxou-me pela nuca e selou nossos lábios antes mesmo que eu pudesse protestar. Foi nesse momento que ouvi a porta abrir. Afastei-me rapidamente, mas a pessoa já estava olhando surpresa para nós dois. A expressão de surpresa foi mudando aos poucos, e logo apareceu estar é com raiva.

- Any- sussurrei mais para mim mesmo.

- Oi, irmãzinha – disse Alicia, cínica – Estamos aqui trabalhando. Quer alguma coisa?

Anahí me encarava sem desviar o olhar, e eu correspondi morrendo de vergonha por ela ter presenciado aquele selinho. Sua expressão parecia decepcionada, e eu me senti um idiota naquele momento. Idiota por ter brigado com ela, idiota por ter “beijado” sua irmã, idiota por tudo. Se não fosse meu orgulho, ela estaria ali no lugar da Alicia, e entre conversas animadas, risadas e beijos...

Terminaríamos o trabalho rapidamente. Se duvidasse ainda sobraria tempo para nos beijarmos mais ainda.

- Eu esqueci minha bolsa – disse nervosa, pegando sua bolsa de cima da mesa. Nem percebi que a bolsa estava ali – Vocês deram sorte por ser eu e não o pai.

- Relaxa, o pai não faria nada – Alicia piscou

- É, tem razão – disse Any – Ele sempre te defende.

- Any, não rolou nada aqui, tá? – disse, preocupado com sua feição séria – Nós estamos apenas terminando o trabalho.

- Eu vi o beijo – sorriu forçado – Mas de boa, Alfonso. Só terminem o trabalho para o meu pai não ficar chateado.

Alicia caminhou até a mesa, pegou sua bolsa e arregalou os olhos ao ver o papel completamente verde e cheio de farelos. Ela pegou a folha e tentou limpar, inutilmente. Não saiu de maneira alguma.

- Vocês são irresponsáveis – disse, alterada – Como vamos falar para o doutor Ricardo, que o papel está desse jeito? São documentos importantes, caramba!

- São mesmo.

Viramos abruptamente ao ouvir aquela voz e era quem menos esperava. Doutor Ricardo com sua expressão de fúria. Alicia se assustou, mas olhou para Anahí como se a acusasse com o olhar. Fiquei sem saber o que fazer. Completamente perdido.