Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

Meu coração sofreu um baque ao ouvir aquela voz tão doce e ao mesmo tempo desesperada no telefone. Fiquei inerte. Não sabia se respondia, chorava, ou ficava calado apenas ouvindo sua respiração. Eu queria poder dizer muitas coisas, mas não consegui. Nada. As palavras travaram na minha garganta, e meu coração parecia querer fugir pelos meus ouvidos. Eu parei até de respirar e de pensar. Só conseguia enxergar Anahí na minha cabeça, nada mais.

Se passaram cerca de cinco minutos, e continuávamos iguais. Ela muda de um lado, eu mudo do outro, e querendo passar pelo fio do telefone para poder abraçá-la. Queria sair correndo em plena três da manhã e passar o resto da madrugada com ela, mas eu sabia que era loucura, e jamais faria isso, sabendo que depois nos machucaríamos ainda mais. Já estávamos afastados uma semana, e por mais difícil que estava, eu não voltaria atrás. Não voltaria ao início do sofrimento, onde passei os dois primeiros dias chorando a noite toda por não poder nem mandar uma mensagem de boa noite à ela. Já estava tentando seguir em frente, e por mais que doesse, eu não voltaria atrás.

Seu choro ecoou pelo telefone, e meu corpo inteiro se tencionou mais ainda. Fechei meus olhos com força, sentindo meu peito doer por não poder fazer nada. Meu coração sentiu o impacto de suas lágrimas sem nem vê-las. Só de imaginar sua carinha triste desesperada, eu queria morrer. Não podia fazer nada. Não era possível mais nada.

-Sente saudade? – perguntou, após algum tempo, com a voz embargada pelas suas lágrimas e fungado.
Queria poder responder que não, e sinceramente quase menti. Mas saudade era tudo o que sabia sentir ultimamente. Já não chorava todas as noites, mas a saudade não diminuía em nada.

- Sinto – limitei a dizer. Não queria dar muitas explicações, porque sabia que isso faria mal à ela. E também, porque eu ainda pensava que a culpa era somente da Anahí. Se não se recusasse a fazer o exame, poderíamos estar bem, juntos, abraçados e nos beijando naquela madrugada. Mas não... Ela era teimosa. Preferia acreditar na sua mãe, que escondeu a traição durante a vida inteira, do que atender um pedido meu, que sempre a amou. Desde o primeiro olhar.

Anahí respirou fundo, e voltou a chorar ainda mais alto. Chegou até se engasgar, mas procurou se recompor e se recuperou. Fiquei em silêncio apenas a ouvindo novamente.

- Vêm me ver? – balbuciou. Sua voz saiu tão baixa, que quase não consegui ouvir. Os soluços eram mais altos que a própria voz.

Ir vê-la seria realmente tudo o que eu queria, se fosse em outro momento. Não pensaria duas vezes. Mas, naquele momento, eu não pude nem responder o que eu queria realmente. Não pude acender esperanças, não pude dizer nada. Aliás não respondi. Era óbvio que eu queria vê-la, mas não podia, então preferi ficar quieto. Apenas ouvi seus soluços novamente, e a respiração forte.

- Poncho? Fala alguma coisa... – insistiu. Novamente achei melhor permanecer calado, para que as coisas não ficassem ainda pior – Você não vai falar comigo? Não me ama mais é isso? Olha...

- Anahí...- a interrompi. Respirei fundo tentando controlar meu nervosismo, e tentei encontrar uma voz calma – Eu não posso ir te ver, e você sabe disso. Nós somos irmãos, não foi isso que sua mãe disse e você decidiu acreditar? Então. Se fizesse o DNA. Poderíamos estar abraçados. Você poderia estar dormindo a essa hora. Dormindo nos meus braços. Mas você preferiu acreditar em uma pessoa que mentiu sobre seu verdadeiro pai, e ainda traiu o Ricardo, que é a pessoa quem você considera mais importante na sua vida apesar das merdas que fez antes, não é? Você está pisando na bola com as pessoas que mais se importam com você, Anahí. Está pisando na bola, e pode ser um caminho sem volta, Toma cuidado. Só isso que te digo, mina. Quando acordar para vida e decidir seguir um caminho diferente, pode ser tarde demais. Se está acostumada a ter tudo a hora que quer, vou te contar uma novidade... A vida não é assim. Não irá girar sempre ao seu redor! Acorda, princesinha! A vida não é um conto de fadas. Você está se ferindo porque quer, e ferindo quem mais te quer!

Não esperei por uma resposta apenas desliguei o telefone e corri para o meu quarto. Meus pensamentos eram me enfiar debaixo do chuveiro e derrubar as lágrimas que passei a semana inteira tentando evitar.