Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Alfonso narrando:

-Gente, grito potente, velho! – disse Bingo, rindo – Fez até o Paulinho parar a música.

- O que aconteceu, Vick? – perguntei – Ela está abraçada com uma menina.

- Cara, não é a... – Dado ia falar, mas na hora percebi bem quem era, e minha respiração parou instantaneamente.

- Any? –sussurrei à mim mesmo, enquanto tentava a todo custo puxar meu ar. Parecia que toda aquela multidão tinha trancado minha garganta, impedindo-me de engolir até minhas salivas. Minha testa começou a respingar-se de suor, fazendo até os caras zoarem comigo, mas eu pouco ouvi o que diziam.

Eu não podia acreditar que Anahí estava ali, ela estava sob o mesmo teto que eu.

- Ai, não acredito, a Anahí – disse Vitória toda animada, dando pulinhos e gritos estéricos ao nosso lado.

- Nossa, é a Madonna e eu não estou sabendo? – brincou Bingo, fazendo-nos rir.

- Vou lá, mô – ela selou o Bingo e saiu correndo em direção às duas.

E lá estava eu, ainda. Parado no mesmo lugar. Com a mão direita erguida na altura, na minha bochecha direita, segurando uma latinha de cerveja. Estático. Só a olhando. Sentindo coisas que jamais havia sentido até aquele momento. Meus olhos fixaram nela, somente nela. Meu coração disparou de forma estranha, minha respiração ficou pesada, e todas as pessoas tinham sumido dali, na minha mente. Só estava ela perto do bar, com uma leve luz batendo em sua pele, deixando-a ainda mais clarinha. A minha branquinha.

- ALFONSO! – gritou Dado, e eu despertei – Estamos falando com você, velho, onde estava?

- Aqui no mesmo lugar, não viu? – bebi um gole da cerveja, e limpei o vestígio com a mão – Cadê a Bruna?

- Disse que foi ao banheiro, não ouviu? – disse Bingo – Sério que estava aqui? Pensei que estivesse ali com a Any – ele riu, e eu revirei os olhos – Vai lá.

- Eu não – virei- me de costas, e continuei me mexendo lentamente de um lado para o outro. Nem estava ali, na verdade, meu pensamento estava junto dela, mas eu não conseguia ir até ela, nem tinha cara. Eu havia sugerido que parássemos com o nosso lance. E foi praticamente a minha culpa, ela ter ido pra Londres. Eu poderia sim tentar algo para fazê-la ficar, mas preferi deixar que fosse.

- Elas estão olhando pra cá – disse Bingo.

Olhei rapidamente em sua direção, e realmente a Anahí estava me olhando. Mesmo de longe pude sentir como se algum ímã nos impedisse de desviar o olhar. Nos encaramos por um tempo significativo, até a Angelique chamar sua atenção. Sorri de leve, e ela correspondeu, virando-se de costas logo depois.

Anahí narrando:

-Sua palhaça, não me contou que o Alfonso vinha! – disse, enquanto tentava controlar meu coração disparado. Minha respiração estava acelerada, e ao mesmo tempo falhava, como se eu tivesse à ponto de um ataque cardíaco.

Pedi uma caipirinha, e tomei como se o mundo estivesse próximo do fim. Angelique tentou intervir, mas eu queria fazer meu coração parar de acelerar pelo Poncho. Tudo o que eu pensava era “foca no Joe, Anahí, ele não terminou o lance de vocês por um motivo que nem era concreto. Ele gosta de ti.” Mas nada adiantava. A vontade de olhar em sua direção era tão grande, que tive que abraçar a Angelique para não me render. Porém, Angelique também não ajudava muito.

- Você nem vinha – murmurou ela, indignada – Imagina se eu dissesse que ele também vinha? – fez uma pausa, e eu não respondi. Continuei abraçada à ela, tentando conter a vontade de beijá-lo – Poncho está olhando.

- Que se dane ele – resmunguei – Cadê a Mai? Ele que a procure.

- Ela não veio – soltou uma pequena risada, e nos desvencilhou do nosso abraço – Parece que tinha um encontro, sei lá. A Bruna estava dançando com ele, mas também sumiu.

- Sua prima? – perguntei, e ela assentiu – Por mim, ele pode ficar com a festa toda.

Ficamos conversando mais um pouco, tentando desviar a atenção da conversa. Não queria pensar no Alfonso, mas caramba, ele conseguia ser mais lindo cada dia que passava. Seu boné de aba reta o deixava incrivelmente sexy e, eu continuei beijando minha bebida, para não ir atrás dele. Angelique foi recepcionar um de seus primos mais chegados, e eu continuei ali, a esperando voltar. Foi quando senti uma mão na lateral do meu corpo, e um perfume bem conhecido.

- Senti saudades, sabia?

Não virei- me na euforia pois sabia que não era o perfume do Alfonso. Era um perfume conhecido sim, mas de uma aventura de anos atrás. Virei- me para o garoto e minhas suspeitas estavam corretas: Samuel. Primo de Angelique e Vitória. Ficamos durante dois meses mais ou menos, e ele até me fazia muito bem, mas acabou não dando certo.

Seu sorriso naquele momento era enorme. Eu tentei retribui da mesma forma, mas não consegui. Eu tenho que admitir que preferia ouvir a voz do Poncho me dizendo “senti saudades, sabia?”. Por mais idiota que ele tenha sido, por mais idiota que fora sua atitude de terminar nosso “lance” sem nem ao menos sabermos se daria em algo algum dia... Isso foi meio infantil, coisa que não esperava dele, mas beleza. Foquei meus pensamentos ali. Não era o Alfonso, era o Samuka. Ele me abraçou forte, e eu tentai retribuir, o apertando em mim. Nos afastamos lentamente e ele acariciou meu rosto carinhosamente.

- Faz tempo que não nos vemos – disse, ainda tímida. Fazia tempo que não nos víamos, e isso gerava um certo incomodo da minha parte. Desconforto, digamos assim.

- Estou estudando em Londres – entortou os lábios- Só vim mesmo porque minha mãe praticamente me obrigou.

- Mentira – disse, surpresa – Eu também estou estudando por lá. Fazem dois meses que me mudei.
Samuel me abraçou forte, e beijou meu rosto.

- Cara, que mundo pequeno. Onde você mora?

Expliquei o prédio onde eu estava morando, e acabou que ele morava em um bairro próximo dali. Ficamos conversando sobre a viagem, e o tempo só fez bem a ele. Samuka estava diferente. Mais maduro. Sua conversa era mais cabeça, e suas brincadeiras muito melhores do que quando nos envolvemos. Nada de imaturidade. Foi até gostoso o tempo que conversamos. Ele estava mais divertido, me fazendo rir de minuto á minuto.

- Quando vai voltar? – perguntou ele, me abraçando pela cintura e me olhando de perto. Bem perto.

- Volto daqui quinze dias, mais ou menos. Eu acho – sorri – E você?

- Eu também – sorriu – Poderíamos combinar de voltarmos juntos, o que acha? Seria bacana.
- Seria. Podemos combinar, sim.

Samuel se aproximou ainda mais seu rosto do meu, mas não sei porque, antes de fechar meus olhos ou me mover, olhei por cima dos ombros dele, e vi o Alfonso me olhando. Senti um arrepio, e meu coração disparou. Não consegui desviar meus olhos dos seus. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas nesses dois meses ele andou passeando demais pelos meus pensamentos, e agora estava ali na minha frente, me olhando daquela maneira marrentinha dele. Ao invés de estar com vontade de beijar o Samuel e esquecer o Poncho, fiquei imóvel, sem conseguir mover meus pés daquele lugar, e sem conseguir desviar meu olhar do seu.

- É... – afastei-me do Samuel devagar e sorri, sem jeito – Eu acho melhor não. Estou fincando com um garoto em Londres, e não acho isso legal, sabe? – entortei os lábios – Desculpa.

- Que isso, minha linda – ele sorriu – Bom, vou dar uma volta por aí... Caso mude de ideia ou queira apenas passar a noite conversando, dançando... Me encontra aí.

Eu assenti sorrindo e então ele se afastou, sumindo rapidamente pela multidão. Virei- me novamente para o bar e pedi uma água. Quando peguei o copo da mão do garçom, senti novamente outra mão em minha cintura. Porém dessa vez, conseguiu me paralisar. Mesmo que tivesse ficado com o Poncho poucas vezes, aquele perfume ficaria marcado na minha alma. Com certeza era ele, e o pior é que não conseguia nem respirar.

- Oi – disse ele, com aquela voz rouca quase enlouquecedora – Tudo bem? Pensei que não viesse.
Virei em sua direção com um sorriso fraco, e ele se afastou um pouco para que pudéssemos nos olhar melhor. Alfonso respondeu o sorriso também fraco e pediu outra cerveja.

- Eu não vinha mesmo. Ia ter que passar por mais despedidas e tal, isso machuca – entortei os lábios e ele assentiu – Mas é minha irmã, né? A Angel não merecia que eu não viesse por causa desses motivos. Seria mesquinho da minha parte. – suspirei – Mas enfim, tudo bem sim, e você?

- Estou bem – disse ele, olhando-me intensamente e profundamente nos meus olhos. Quase pude enxergar sua alma através daquele simples gesto.

- Vou procurar a Angel – disse à ele – Nos vemos por ai.

Dei um passo à frente louca para sair dali, mas ele rapidamente agarrou meu braço esquerdo e nos aproximou meio de lado. Nos olhamos novamente, e eu já sentia minha respiração querer acelerar-se.