Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando

Encantada é o que me define. Encantada pelo sorriso do Alfonso, encantada pelo olhar, e pelo modo como tem me tratado desde a hora que nos conhecemos. O jeito que ele olha, àquele jeitinho de garoto inocente e machão, único. Acho que nunca me encantei por um garoto tão facilmente, quanto estou fascinada por ele. E o que dependesse de mim, ele não iria perder seu emprego, nem que eu precisasse bater no meu pai até ele recontratar o Poncho.

Estava perdida em pensamentos tentando seguir o endereço que estava na pasta. E não demorei muito até encontrar. Eu já tinha ido ali com o meu pai, e conhecia a maioria das pessoas que trabalhavam. Foi rápido, e em dez minutos eu já estava no outro endereço, porém esse, eu não conhecia. Tive que pegar um táxi, que acabou me levando para uma rua meio esquisita, sombria. Não sei explicar muito bem, mas já não gostei logo de cara. Me deu até calafrio

-Tem certeza que é aqui, senhor? – perguntei, ainda duvidando muito de que era o lugar certo.

- Sim, senhorita. Foi exatamente o nome que me disse. O escritório é aquele ali, olha – ele apontou e realmente era o nome pelo qual eu estava procurando, porém, mais parecia um bar de pessoas insanas, do que um escritório sério, como o do meu pai.

- Obrigada – eu paguei o motorista, e desci, ainda com receio de estar naquele lugar.

Fui caminhando por aquelas quebradas, e haviam garotos que me olhavam como se eu estivesse no lugar errado. Alguns sorriam com malícia, meninas fofocando e até ouvi uma delas comentando da roupa que eu vestia. Realmente era bem diferente das que elas vestiam. Roupas curtas, como se não sentissem frio na vida. Continuei caminhando até chegar no tal escritório. Entrei e fui falar com um senhor de cabelos grisalhos, e uma roupa com aparência de suja, como se não fosse trocada há semanas. Ele sorriu, e percebi que faltavam dois dentes. Bom. Considerando que era o mais são por ali, criei coragem e aproximei-me mais dele.

-Olá...

-Olá, moça bonita – interrompeu-me, com aquele sorriso digamos, diferente – Em que posso ajudar

- Estou procurando o senhor – olhei na pasta, e voltei minha atenção para o senhor – Pierr

- Pierre? – ele riu – Tem ninguém com esse nome tão chique assim não, moça.

-Mas o endereço é aqui, senhor.

Ele se aproximou com um sorriso meio malicioso, e tentou passar a mão pelo meu cabelo, mas eu me esquivei.

-Talvez seja o nome errado e bem, se não acha ele, que tal sairmos juntos? Conheço uma lanchonete bem bacana por aqui.

Eu comecei a entrar em pânico conforme a tentativa fracassada de sair dali. Haviam dois homens na porta que pareciam ser seus seguranças ou amigos, e pelo visto não sairiam de lá tão cedo. Continuei com meus passos para trás, até chegar em uma pilastra.

- Senhor, eu só estou trabalhando, preciso ir.

- Pra que tanta pressa? – ele sorriu – Vamos nos divertir um pouco.

Ele pegou na minha cintura, e eu entrei ainda mais em desespero. Ele me puxou para uma escada que haviam ali, e subimos, chegando à uma sala muito bagunçada e com um cheiro nada agradável. O senhor com dentes em falta, empurrou-me até um sofá, e sorriu maliciosamente. Foi aí que me dei conta que estava no lugar errado, e aquilo mais parecia uma armadilha para o Alfonso. Maldade de alguém do escritório que na certa não foi com sua cara.

Alfonso narrando

Uma hora e meia depois, e eu já estava na praça com o serviço completo. Haviam muitos papeis para assinarem, e pra completar ainda errei o caminho, mas por fim terminei. Voltei para a praça às 15:28, e fiquei esperando a Any. Passou minutos, e mais minutos, e nada da Anahí voltar. Olhei novamente no celular, ficando preocupado, já eram 16:15. Resolvi ir até o escritório pra ver se ela tinha ido direto lá.
Estacionei minha moto, desci, tirei o capacete o colocando no braço, e caminhei até dentro do escritório. Fui até a Joana que me olhava confusa, devido a minha feição preocupada.

-Jô, a Any passou por aqui?

Desde a hora em que saiu daqui não. – respondeu – Por quê?

- É...Nada – desconversei. Não queria contar a verdade, porque sabia que levaria uma bronca por deixá-la fazer o meu trabalho – Pode me passar o endereço para onde eu tinha que entregar aquelas pastas creme e a verde?

A Joana procurou nos arquivos de pasta onde estavam os endereços de todos os lugares onde as pastas eram entregues, até que esticou-me um pequeno papel.

Aqui. Pra que quer, Alfonso? – perguntou, desconfiada.

-Nada, Jô – disse, meio apressado – Valeu.

Eu sai praticamente correndo, sem me importar com os olhares confusos das pessoas. A Joana ainda tentou me chamar, mas eu não me respondi. Continuei a dar meus longos passos em direção à moto. Sentei-me, coloquei o capacete e olhei o papel. O da pasta verde era perto, então fui lá primeiro. Cheguei à um mercado e, entrei perguntando por ela, mas disseram que tinha saído há horas. Aquilo me apertou ainda mais o coração.

- Onde você se meteu, Any? – perguntei à mim mesmo.

Voltei para a moto e fui em outro endereço. Era uma rua estranha, umas quebradas, com pessoas de todo o tipo na rua. Algumas falavam alto, outros me olhavam como se eu fosse um pedaço de carne nova no pedaço. Não parecia o tipo de lugar que o senhor Ricardo teria cliente. Fui até o nome que indicava no papel, que mais parecia um bar. Entrei, e perguntei à um ruivo meio bêbado que havia por ali, se tinha a visto. Dei toda a discrição dela, e ele disse que não. Fui em mais dois caras, e nada. Até que um homem de cabelo preto e terno, desceu uma escada que havia em um canto, e então fui até ele.

- Boa noite, senhor. Será que pode me dizer se viu uma loira do cabelo comprido, e olhos azuis? Ela tem algumas mexas bem douradas, e não é muito alta.

-Vi sim – ele riu, escandalosamente – Acho melhor ir embora, garoto.

Eu estranhei aquela sua reação, e fiquei olhando até ele sair daquele lugar. Foi então que me veio na cabeça, para subir às escadas, assim o fiz. Haviam quatro portas, e eu não sabia onde ir. Estavam indo à uma porta de madeira que havia no fim do corredor, e ouvi um grito, vindo de outra porta.

-ME SOLTAAAAAAAA! – dizia uma garota.

-Any – soltei, baixo.

Eu corri para a outra porta, tentando identificar se era dali que vinha o som, e nada. Outro grito saiu da mesma direção, uma porta branca, e só podia ser ali!

- SOCORROOO! – a garota gritava – PARA! ME SOLTA!

-CALA A BOCA, MENINA! – o cara riu – VAI SER RÁPIDO!

- SOCORROOOO! – a menina gritava cada vez mais desesperada, e aquilo foi me subindo um frio na espinha, um medo incomum. Não pensei duas vezes, tomei distância e arrebentei a porta – Socorro – a Any disse baixo.