Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

-Tá. Alguém entendeu alguma coisa aqui? – perguntei as meninos, enquanto estava ainda atônita.

Alfonso subiu todo marrento, me deixando ali na sala com a maior cara de bunda, digamos assim. Não entendi aquela reação dele, e sinceramente não havia motivos para aquilo. Eu não queria sair com o Bernardo. Não trocaria Poncho por ele, não trocaria ficar ali de beijos e abraços com o moreno, para ir ao cinema com o Bê, não mesmo. Olhei para o Bingo que ria muito, e abaixei a cabeça sem saber se dava um tempo, ou ia atrás.

- Acho que alguém está se mordendo de ciúmes – disse Bingo, rindo – Vai lá, Any.

Assenti, e fui para o seu quarto.

Não tinha me passado pela cabeça que Alfonso estava com ciúmes. Bem, meio loucura pensar isso. Nos conhecemos há alguns meses, mas ciúmes?

Entrei em seu quarto lentamente, tentando espantar aqueles pensamentos. Alfonso estava deitado de bruços, com a cabeça virada pra janela. Fechei a porta lentamente e me aproximei dele. Sentei-me ao seu lado, e beijei suas costas, ganhando nada mais que um suspiro dele. O abracei, e ele ainda não se mexeu. Não reagiu de maneira alguma, e aquilo me deixou magoada. Afastei-me dele e me sentei.

- Não vou sair com o Bernardo – disse, sem olhá-lo – Se eu quisesse sair com ele, já estaria indo embora. Mas preferi ficar.

Alfonso não respondeu, apenas senti seus braços em volta da minha cintura, e seu queixo em meu ombro. O olhei de lado, e ele selou nossos lábios demoradamente.

- Foi mal branquinha. Eu nem tenho nada haver com isso, pra dizer a verdade – beijou meu rosto – Quer ir sair com ele mesmo não?

Virei-me de frente à ele, e o derrubei na cama, ficando por cima dele, sentei em seu quadril com uma perna de cada lado, e curvei meu tronco, aproximando nossos rostos.

- Cala a boca garoto, falou demais, já – revirei os olhos – Está com ciúmes, moreno? – sorri de lado.

- Fica quietinha, vai – ele me puxou pela nuca, me dando um beijo cheio de calor e mãos bobas. Nos envolvemos ali por alguns minutos, até que senti que estava se animando, e parei o beijo, deitando-me ao seu lado.

Poncho se virou de lado, e senti que ficou me olhando, mas sem dizer nada. Fiquei com vergonha, mas acabei virando meu rosto em sua direção. Nos encaramos por alguns instantes, até que me virei de lado, nos selando, e fazendo carinho em sua nuca.

- O que vamos fazer agora? – perguntei, roçando nossos narizes, e sentindo nossas respirações fortes se misturarem – Que horas são?

-São 15 – sussurrou ele – Queria ficar aqui contigo, mas os caras estão lá em baixo – entortou os lábios – Vamos tomas um sorvete?

- Vamos – nos selei.

Nos levantamos, e então chamamos os garotos para tomar o sorvete. Era a maior diversão com eles, fomos rindo o caminho inteiro, e eu até subi de cavalinho no Dado, que me levou assim até a sorveteria. Alfonso fez uma carinha fofa e estranha ao mesmo tempo, mas não protestou. Assim que chegamos, ele me tirou das costas do Dado, e me abraçou por trás, beijando o topo da minha cabeça.

- Quer sorvete do quê, branquinha? – perguntou ele, enquanto nos guiávamos até os congeladores repletos de sabores deliciosos – Vou pegar de chocolate mesmo.

- Quero de morango, moreno – encostei minha cabeça em seu peito, e ele fez os pedidos para a moça, que não tirava os olhos dele. Ela era bonita, tinha os olhos azuis e cabelo preto, curto até abaixo de suas orelhas. Tentei ignorar, e esperamos o sorvete que logo chegou – Obrigada – disse, assim que ela me entregou o meu.

Ela apenas sorriu, e entregou o do Poncho, que tinha duas bolas. Olhei para ele de sobrancelha erguida e ele olhou confuso.

- Pedi uma bola, moça – disse ele, ainda confuso.

- Cortesia da casa – mordeu os lábios.

Eu me afastei dele, e me sentei com os garotos que pareciam crianças que nunca havia tomado sorvete, antes. O mais comportado era o Cris e, assim mesmo estava com uma gota de sorvete de passas ao rum, escorrendo em seu queixo. Dei risada e me sentei ao seu lado.

- Eita, criança. Está babando.

Cris riu, e limpou sua boca com o guardanapo. Alfonso logo voltou, sentou ao meu lado rindo e me mostrou uma nota de 5,00 reais que tinha um número de celular marcado nele.

- Meu troco – continuou rindo – A mina marcou o celular dela.

Devolvi a nota, e sorri fraco, sentindo uma coisa estranha em meu peito. Virei-me para frente e continuei tomando sorvete calada, enquanto os garotos riam e o zoavam. Cris chegou à dizer pra eu tirar satisfações, mas eu só forcei uma risada e nada mais. Sabia que estava apenas brincando, e por mais que eu quisesse mesmo ir socar a garota, não tinha esse direito. Alfonso e eu estávamos apenas ficando, nada mais que isso. Sem cobranças, sem rótulos para o que tínhamos, sem certeza alguma, e sem saber até onde iríamos com isso. Continuei calada, até que Poncho passou seu braço pela minha cintura e roçou seus lábios gelados em minha nuca, fazendo-me arrepiar. Virei o rosto em sua direção, e sorri, recebendo um selinho em seguida. Quando ele ia aprofundar o beijo, Dado o interrompeu.
- Pediu duas bolas? – perguntou ele.

- Que nada, ganhei duas bolas, cara – ele riu, e eu fiquei séria novamente.

- Vou arrancar as suas, Alfonso – murmurei baixinho, crente que ninguém tinha escutado, porém, Poncho ouviu.

Ele riu, e afundou o rosto entre meu ombro e pescoço, ainda rindo.

- Está com ciúmes? – sussurrou em meu ouvido.

O encarei séria, e neguei com a cabeça.

- Eu não – sorri de lado – Ganhar sorvete de graça é uma boa.

Alfonso ia responder, mas a garota se aproximou da mesa, olhando diretamente para ele.

- Querem mais alguma coisa? – sorriu abertamente, fazendo questão de mostrar todos os seus dentes, e o brilho de seus olhos claros.

- Não – respondeu Poncho – Estamos de boa.

- Se quiser mais sorvete, é só falar comigo – sorriu novamente, e Poncho apenas assentiu.

- Obrigada, querida – disse, a olhando – Se ele quiser, ele vai lá e pede. Pode ir.

A garota saiu dali, e o Poncho virou meu rosto delicadamente, em sua direção. Nos encaramos por um bom tempo, esquecendo de todos que nos cercavam. Esquecendo os garotos, a moça, simplesmente tudo. Os olhos verdes do Alfonso, eram como um poço, de tão profundo que eram. Queria mergulhar sem perguntar se teria volta. Olhos expressivos, mas que ao mesmo tempo pareciam esconder mágoas, esconder coisas pessoais. Levei minha mão até sua nuca, e acariciei, enquanto ainda nos encarávamos.

- Me beija – disse ele – Mostra pra mina que sou seu.

Fiz o que ele disse, e o beijei com vontade, enquanto mantinha minha mão direita na nuca, o acariciando. Alfonso segurou-me pelas costas e acelerou o ritmo, deixando tudo ainda mais intenso. Esquecemos o sorvete em nossas mãos, esquecendo mais uma vez os garotos em nossa frente, esquecendo as pessoas ao nosso redor, e esquecendo de tudo. Não importava o que o tempo diria, naquele momento Alfonso era meu, e de mais ninguém.

Parei o beijo com selinhos algum tempo depois, e o Alfonso sorriu, iniciando outro beijo em seguida. Com ainda mais vontade, mais pegada, mais fogo, mais desejo. Mas esse durou bem menos que o outro. Fomos interrompidos pelos garotos que começaram a nos zoar. Poncho franziu o cenho pra eles, que pararam na hora, e me fizeram rir. Alfonso impunha respeito neles, e era muito engraçado ver.

- Vamos então? – perguntou Bingo – Quero ver minha Vick ainda hoje. Tu me leva lá, Poncho?

- Ih, nem rola, cara. Vou ficar com a branquinha hoje – respondeu Poncho, enquanto me aconchegava em seus braços – Mas te empresto a moto. Só cuida.

- Pode deixar, brother, valeu – respondeu Bingo, com um sorriso enorme nos lábios – Quer ir junto ver a Angel, Cris?

- Ih, qual foi? – revirou os olhos. Bingo adorava encher a paciência do Cris, dizendo que Cris estava afim da Angelique, e por mais que pensássemos ser realmente verdade, ele não gostava desses tipos de brincadeira.

- Pô, faz companhia para o Marcelo, Cristian! – disse Poncho – Só uma companhia, o que tem?

- Companhia até pode ser, com tanto que não fiquem me zoando! – bronqueou – Fiquei com a Angelique sim, mas só algumas vezes, não estou apaixonado como pensam.

- Mas não pensamos nada – Poncho defendeu, enquanto estava em uma tentativa quase que fracassada de não rir – Nem dissemos nada. Você que tocou no assunto da paixão.

Cris apenas bufou, mas não respondeu. Isso estava me cheirando a paixão reprimida, mas preferi não me meter, talvez a brincadeira o irritasse ainda mais, e não estava afim de chatear ninguém.