Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Cheguei em casa e não havia ninguém. Passei meu tempo assistindo coisas banais na televisão. Logo depois, tomei banho, troquei de roupa, me arrumei e saí para encontrar-me com meu moreno.

Cheguei no horário do seu almoço. Ele estava virado de costas pra mim, parado perto da moto. Parecia arrumar alguma coisa por ali, completamente distraído. Andei pé com pé sem deixar que notasse minha presença, e o abracei forte. Alfonso se virou rapidamente, completamente tomado pelo susto. Foi engraçado, confesso.

- Mina, quer me matar?

Eu gargalhei, e o abracei pelo pescoço.

- Quero, mas de outra coisa.

Alfonso tocou minha cintura, e eu o beijei rapidamente. Nossas línguas se lançavam ligeiro, e eu adorava aquela maneira brusca e carinhosa que ele me beijava. Sabia que sentiria saudades suas, sabia que aquele envolvimento todo se resultaria em tristezas, mas naquele momento tudo sumiu. Aliás, era só me aproximar do Alfonso que até os barulhos dos pássaros de tornavam silenciosos. Seus carinhos eram únicos, e por mais marrento que fosse, sempre sobrava espaço para mimos, nem parecia o Alfonso, na verdade. Bom, pelo menos não o Alfonso que me contavam. Aquele que impunha sua opinião doa à quem doer, mandão e marrento, e etc... Aquele Alfonso que me abraçava, era um garoto carinhoso, que mesmo com sua selvageria, sabia me encantar. Estava amando passar todo aquele tempo com ele, mesmo mentindo para os meus pais, mesmo que em segredo. Alfonso valia a pena todo esse risco.

Parei o beijo lentamente quando nosso fôlego chegou ao fim.

- Gostosa – disse ele, sorrindo – Quer comer onde, branquinha? PF ou cachorrão?

Eu dei risada e selei nossos lábios novamente.

- Onde você quiser, moreno. Só quero ficar contigo.

Alfonso esboçou aquele sorriso lindo dele, e quando ia iniciar outro beijo, ouvimos alguém pigarrear. O som era tão próximo de nós, que levamos cerca de cinco segundos para criarmos coragem de ver quem era.

Era quem eu temia.

- Pai – sussurrei, sentindo meu sangue borbulhar, esquentar e corroer tudo por dentro de mim. Meu coração batia tão forte, que tive a impressão de que saltaria fora do meu peito à qualquer momento.

Afastei-me de Alfonso, e viramos em direção ao meu pai, que permaneceu sério, com cenho franzido e colocando medo em mim, como sempre. Ali era o doutor Ricardo. O respeitoso e o que impunha medo. Olhei brevemente para o Poncho, que parecia engolir em seco. Seus lábios estavam brancos, e ele parecia tão gélido quanto eu.

- Nós só estávamos... – Alfonso tentou dizer algo, mas meu pai não se importou, interrompeu bruscamente, olhando-me cheio da razão.

- Eu sei muito bem o que estavam fazendo – ele fez uma pausa agoniante, e de repente... Não mais do que de repente, esboçou um sorriso enorme que, me deixou completamente confusa – Vocês estão juntos?

- Nós bem... – quase me engasguei com as palavras. Não sabia se era por medo de sua reação ou por não saber muito bem o que éramos. Não sabia nos rotular.

- Estamos nos conhecendo – respondeu Alfonso – Não estou desrespeitando sua filha, e nem estou com ela pra conseguir me dar bem aqui dentro. Estou gostando de ser apenas um entregador de documentos, e gostando ainda mais de estar com a sua filha, doutor.

Meu pai riu e se aproximou de nós, colocando a mão direita no ombro do Poncho.

- Tudo bem, garoto – ele sorriu – Sabe que faço muito gosto de vocês dois? De verdade, acho que formam um belo casal. Só, - apertou os lábios – cuida dela. Não a faça sofrer.

Alfonso assentiu completamente sem graça, e pegou na minha mão, entrelaçando nossos dedos.
Era a primeira vez que ele fazia aquilo. O que posso dizer? Não tenho palavras para expressar o que senti. Meu coração acelerou muito, e eu amei aquilo.

- Vou cuidar – disse Alfonso – Anahí merece ser bem cuidada.

- Merece – sorriu – Vão sair?

- Vamos almoçar – respondeu Poncho – Mas estarei aqui na hora certa.

- Tudo bem – disse meu pai – Tire o dia amanhã. Vão sair, aproveitar a semana. Só quarta que tem bastante entregas, amanhã nem tem muita.

Espera! Aquele era meu pai?

Eu parecia estar em um universo paralelo. Estava ainda tentando entender o que havia acontecido há pouco. Se o doutor Ricardo, estava brincando com a nossa cara, ou sendo sincero. Bem, ele não era muito de brincar. O máximo que vejo sorrindo, é quando Alicia faz alguma palhaçada – que pra mim poderia ser sem graça, mas meu pai amava.

- Bom, vou indo – disse ele – Ainda tenho que analisar uns documentos, vou só encontrar-me com um cliente agora.

Assentimos e ele se aproximou. Apertou a mão do Alfonso, deu um beijo em meu rosto e se dirigiu até a garagem, onde seu carro estava estacionado. Olhei para Alfonso ainda perguntando-me se aquele era meu pai. Seu sorriso naquele momento, foi imenso, e a coisa mais linda. Nos encaramos por algum tempo, até que inesperadamente, Poncho pegou-me pela cintura e colou nossos corpos com necessidade. Nos perdemos em um beijo ritmado e completo de carinho. Desejos ocultos, talvez, mas muito carinhoso. Era lento, mas a pegada que Poncho tinha, deixava tudo muito mais gostoso. Nossas línguas lançavam, deixando tudo na mais incrível sintonia. Nos envolvemos por longos minutos, até nos faltar ar. Nos separamos lentamente e o Poncho sorriu, daquela maneira que faziam minhas pernas vacilarem.

- Meu pai gostou de você – sorri – Isso é bom, porque, todos os caras que me envolvo, ele acha algum defeito.

Alfonso balançou as sobrancelhas, convencido, e sorriu.

- Isso é bom, não é? Podemos passar mais tempo juntos, que ele nem vai se importar.

- Não é bem assim – eu ri – Se dissesse que foi na sua casa que eu dormi, meu pai surtaria com certeza.
Ele riu, e assentiu.

- Mas é que em casa pode acontecer várias coisas – mordeu o lábios inferior – Ricardo pode pensar que estou levando sua filha para um caminho mais safado.

- E está – mordi meu lábio inferior e ele sorriu – Mas eu amei esse caminho.

Nós rimos, e nos beijamos mais uma vez. Dessa vez não durou muito, porque logo fomos embora, mas mesmo assim era gostoso, como os outros.

No fim, Alfonso decidiu me levar para comer em um restaurante simples que havia perto do escritório do meu pai. Era bem simples, mesmo, mas todos tão simpáticos que me senti mais a vontade do que muitos restaurantes chiques que papai nos levava. A senhora que nos serviu parecia conhecer bem Alfonso, e logo me enturmei com todos eles. Me senti em casa, de verdade. Comi tanto que saí até pesada. Poncho ria de mim, eu parecia nunca ter ido em lugares assim. Jamais fui, realmente, mas se dependesse de mim, iria com mais frequência.

Voltamos ao escritório, nos despedimos com muitos beijos, e então eu tive que ir. Não daria pra dormir com o Alfonso, ou todos iriam ficar desconfiados das minhas mentiras, mas não tinha problema, no dia seguinte seria só nos dois novamente.

Àquele dia não houve nada demais. Cheguei em casa e fiquei lendo um livro, já que não tinha mais ninguém por ali, e nem nada para fazer. À noite, troquei sms com o Alfonso durante um bom tempo, e ele disse que estava sentindo minha falta em sua cama.

Tem como não pirar?

Tive uma noite de sono tranquila, e tive a impressão de que sonhei com ele a noite toda. Sorri sem perceber assim que abri meus olhos, e então fui me arrumar para passar o dia com o Alfonso.
Estava frio. Tempinho doido. Coloquei uma calça jeans, tênis, camisa rosa com estampa, uma blusa de moletom branca, uma trança de lado e pronto. Peguei um ônibus e em quase uma hora estava descendo a rua do Alfonso. Não tinha avisado que ia naquela hora. Quis fazer uma surpresa.
Cheguei em sua casa, toquei a campainha e nada. Troquei novamente, e nada. Foi quando olhei para o lado esquerdo, e vi o Bingo correndo em minha direção.

- Branquinha - beijou meu rosto – Veio ver o Poncho?

- Sim, mas acho que ele não está. Ninguém atende.

- Acho que ele não saiu não – olhou-me confuso – Deve estar em um sono muito pesado, isso sim. Eu abro aqui, sempre faço isso.

Bingo tirou um grampo do bolso de sua bermuda, e abriu a porta. Revirei os olhos e não quis invadir a casa, mas ele entrou e me puxou, certificando-me que a Ruth não se importava.

- Bom, vou indo nessa gata – beijou meu rosto – Vai lá que o Poncho vai amar te ver.
Eu sorri.

Bingo saiu de casa e eu subi para o seu quarto. Ouvi uma risada do corredor, e a voz do Alfonso dizendo “estou com dor de cabeça, sério”. Girei a maçaneta devagar, sentindo meu coração acelerar.

Dei de cara com uma cena que apertou meu coração. Para os olhos de um, poderia não ser nada demais, mas para os meus olhos, não gostei. Júlia, estava no meio das pernas do Alfonso, aproximando seu rosto do dele, enquanto ele tentava educadamente se desvencilhar. Ele a empurrava, mas ela suas mãos e continuou forçando para poder beijá-lo. Até que conseguiu fazê-lo deitar na cama. Minha respiração acelerou de tal forma que eu não sabia se corria, ou se ficava quieta esperando pra ver o que aconteceria ali.