Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Não vi mais o Poncho na quarta feira, e também não pude vê-lo na quinta. Nos falamos brevemente pelo celular, mas não era a mesma coisa. Eu sentia falta dele, sentia falta do seu toque, do seu cheiro, das suas manias, e até das suas gírias. Se em dois dias eu estava sentindo uma falta imensa daquele marrentinho de aba reta, imagina ficar dois anos sem nem trocar mensagens com ele. Eu iria pra Londres, e não saberia o que seríamos do domingo em diante.

Acordei na sexta-feira com vontade de chorar. Vi uma foto nossa no meu celular, e aquilo só serviu para aumentar ainda mais minha angustia. Queria vê-lo, mas ao mesmo tempo estava morrendo de medo do meu sentimento me enlouquecer quando fosse para Londres. Quanto mais tempo ficávamos juntos, mais apaixonada eu ficava, e eu sentia ainda mais vontade de chorar.

Alfonso tinha marcado em mim de uma forma que nenhum outro marcaria na vida. Poderia passar mil anos, eu ainda iria lembrar-me dele quando perguntassem um nome, ou a minha melhor lembrança. Com certeza tudo que vivemos estaria preso em mim, marcado como uma tatuagem. Eu jamais esqueceria Alfonso, e jamais viveria tão intensamente, e tão entregue assim, com outro garoto.

Fiquei sentada um bom tempo em minha cama, agarrada aos meus joelhos, chorando como uma garota indefesa. Sentindo não só dor em meu peito, mas pra dizer a verdade, o corpo inteiro doía só de pensar que em dois dias, tudo voltaria ao “normal”. Eu só não sabia definir esse normal, porque pra mim, era ficar ali na minha casa, com minha família e vendo o Alfonso quando eu quisesse. Fiquei tempo indeterminado ali pensando, até ouvir uma batida na porta. Não respondi nada. A pessoa não esperou, apenas adentrou, olhando-me daquela maneira de sempre. Era o meu pai.

-Oi, pequena – disse ele. Poucas vezes ele me chamava assim, e aquilo só provocou-me mais lágrimas.

- Oi – sussurrei, baixando minha cabeça. Não queria que ele me visse chorar, mas foi uma tentativa completamente inútil esconder as lágrimas dele.

- O que foi? – preocupou-se – O Alfonso te fez alguma coisa?

- Fez – o olhei sorrindo – Alfonso me mostrou tanta coisa boa. Me fez ver o mundo de outra forma em apenas uma semana, me fez flutuar em meses. Me fez apaixonar-me por ele. E agora eu tenho que ir – disse, amargurada. Meu pai tinha parcela enorme de culpa por eu estar daquela maneira. Se não tivesse inventado aquela viagem, se não tivesse me mandado para morar fora do país, nada daquilo estaria acontecendo.

Aquela hora provavelmente eu estaria feliz, louca pra encontrar o Alfonso na hora do seu almoço, ou ao fazer um trabalho para o meu pai. E era pra ser assim, e não como meu pai queria.

- Está apaixonada Anahí? – apesar de ter falado o meu nome todo, sua voz saiu doce e meio arrependida, parecia. Como se ele começasse a sentir o que eu sentia. Como se de certa forma, ele se colocasse em meu lugar.

- Sim – abaixei a cabeça – Só não diz nada à ele. Eu quero ir pra Londres sem que ele saiba disso, porque não vai adiantar eu dizer. Em dois dias não existiremos mais juntos. Seremos apenas Anahí e Alfonso. Dois garotos de mundos opostos. Apenas isso – enxuguei minhas lágrimas, ainda sentindo outras virem após.

- Sabe? – olhou-me sorrindo, daquela maneira doca que às vezes aparentava ser. Era mais com a Alicia que sorria assim, mas de vez em quando, eu recebia essa honra – Eu gosto daquele garoto. Não sei explicar muito bem o por quê, - apertou os lábios – mas, eu gosto dele. Se vocês namorassem, eu ia gostar.

- Gosta? – limpei novamente minhas lágrimas. Era estranho ver meu pai dizendo que gosta de outra pessoa além de si mesmo, ou da filhinha preferida dele. Mas gostei de ouvir que o Alfonso o agradava.
Meu pai assentiu, ainda com o sorriso de antes, e pousou sua mão direita em meu joelho.

- Sabe quando, - riu fraco – como sua mãe diz... Seu santo bate com o da pessoa? Alfonso é esforçado, e sua responsabilidade com sua mãe e seu irmão, me admira. O garoto tem apenas 18 anos, e pelo que a Joana me contou, é quem coloca a comida em casa e ajuda a mãe dele pagar as contas.

- Sim – sorri, enquanto levava meus pensamentos até meu moreno. Sorri porque era verdade, realmente. Alfonso era um garoto admirável, e impossível quem não goste dele. Até quando é grosso, é simpático. Se é que dá pra entender.

Limpei novamente as minhas lágrimas, e fiz um coque frouxo em seus cabelos. Meu pai me olhou por alguns instantes, enquanto ainda deixava sua mão em minha perna, e sorriu, mais uma vez.

Eu deveria sentir como estrelas de cinema ganhando um Oscar. Tantos sorrisos do meu pai em um dia, era raro.

- Vai, filha, levanta dessa cama. São quase 14 horas.

- Não quero sair daqui, pai. Só mais tarde quando for encontrar com o Poncho – apertei os lábios – se o senhor deixar.

Meu pai beijou minha testa e se levantou, caminhando até à porta.

- Se você não fosse embora, iria gostar de ter o Alfonso como genro. E sim... Você pode se encontrar com ele. Depois que o turno dele terminar, te levo na casa dele.

Ele se virou, e eu me senti tão contente, tão radiante, que o chamei antes de sair. Seus olhares cruzaram com os meus, e ele sorriu de leve.

- Obrigada.

Não fora uma conversa normal. Alias, com o meu pai, as conversas não eram normais. Na maioria das vezes ele falava e eu ouvia. Dessa vez, ele deu a oportunidade para eu falar, mas, não consegui. Me sentia retraída, como se fosse reprimir minhas palavras como sempre acontecia. Porém, apesar de tudo, foi bom ter “aquela conversa” com ele. Apesar de todos os apesares, ele era o meu pai, e eu o amava.

Resolvi mandar uma mensagem para o Alfonso. Não queria chegar a noite do nada, pegando-o de surpresa.

“Mô, eu queria te ver hoje. Será que posso ir até sua casa depois do seu turno?”

Não demorou muito, ele respondeu.

“Acho melhor não, Any. Nos vemos no domingo, pode ser? Vou até o aeroporto e pá, como combinamos.”

“Por quê? Não quer me ver?”

“Melhor nos vermos no domingo. Melhor”

“Estamos há dois dias sem nos ver. Eu sinto sua falta.”

“Melhor, Anahí. Melhor.”

Não respondi, mas também não pude conter novas lágrimas. Eu chorando feito uma idiota, e ele lá curtindo vai saber quantas meninas. Pra não querer me ver, deve estar pegando a Maite, a Júlia, e todas as outras que apareceram em sua frente, e eu achando que ele era diferente. Doce ilusão, Anahí.

Fiquei mais um pouco ali jogada na cama assistindo televisão, até o Christopher aparecer. Ele me lançou um olhar travesso, e correu até mim, pulando ao meu lado e selando nossos lábios.

- Ô, coisa chata! Papai disse que não quer sair do quarto, então vim te convencer.

Revirei os olhos e continuei deitada, irredutível.

- Não vou sair daqui. Estou bem aqui, deitada assistindo um filme romântico, onde finais felizes existem.

- Credo, Anahí, achei ofensivo – fez voz de gay – Eu ainda acreditava em finais felizes, tá? Não quebra o encanto.

Não aguentei, tive que rir. Christopher era um palhaço, mesmo. Eu amava muito aquele garoto, porque só ele sabia como me animar quando eu mais precisava. Ele sabia direito o que dizer, para que eu pudesse esquecer mesmo que por alguns momentos, os meus problemas.

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Olá!  Como foram de carnaval? Estava na praia e lá nao pega internet por isso nao postei. 

Comentem quero saber o que estão achando ;)

beijinhos.