Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Eram dez horas, e eu tinha acabado de sair do banho.

Peguei meu notebook e sentei-me na cama ainda de roupão e com a toalha enrolada em meus cabelos molhados.

Assim que abri, apareceu várias postagens novas. E dentre elas, estavam uma de Alfonso, que me fez perder o ar na hora. Foi instantâneo. Eu não podia acreditar no que estava vendo.

“Se eu sorrir é por você, mulher! Se tornou especial, morena – Com Isabele Martins.”

Fiquei com uma raiva imensa. Raiva, mesmo. Não era só magoa, ara mais que isso. Alfonso postou nossa música, a nossa música! Isso eu jamais o desculparia.

Minha única reação, foi ligar pra ele. Não sabia por quê, mas eu precisava ouvir sua voz dizendo que eu era passado pra ele, e que a tal Isabele era presente.

Chamou, chamou e ninguém atendeu. Na segunda tentativa tocou quatro vezes, e quando estava quase desistindo, ouvi sua voz do outro lado da linha quase fazendo-me perder toda a oxigenação no meu cérebro.

-Alô? – disse com voz estranha. Parecia cansado, ou com sono. Uma voz completamente mola, embargada.

- Oi – disse, quase inaudível – É a Anahí.

Ficou um silêncio agoniante. Alfonso simplesmente ficou mudo. Eu não sabia se tinha caído a ligação, ou se ele estava surpreso.

Poxa, depois de dois meses nos falamos novamente. Até eu estava em choque.

- Eu...reconheci.. o seu oi – disse, baixo também – O que quer?

Meus olhos encheram de lágrimas, e eu estava começando a me arrepender de ter ligado. Meu coração doeu por mais uma vez, receber sua frieza. Doeu, porque parecia que seu sentimento realmente tinha acabado.

Como poderia ter me esquecido tão fácil, se eu ainda o amava cada dia mais?

O sentimento deveria acabar quando o da outra pessoa acaba.

- Tudo bem com você?

- Tô de boa, mina. E aí?

Eu queria desligar o telefone, e ao mesmo tempo, não queria. Perguntar sobre a garota estava se tornando cada vez mais complicado, porque eu nem sabia que direito eu tinha de questioná-lo. Não tínhamos mais nada a partir do momento que eu voltei pra Londres. E se ele quisesse ficar com alguém, era livre.

Mas por outro lado,era um direito meu falar sobre a música. Poxa, era a nossa música. Alfonso cantou enquanto tentava me ter de volta, e a primeira vez, foi quando transamos. Não, ele não tinha direito. Não podia fazer como se tudo o que vivemos, não tivesse significado nada pra ele.

Respirei fundo mil vezes, mas toda vez que abria a boca, minhas palavras não saíram.

- Ta aí ainda? – perguntou ele, calmamente – Você está bem?

- Sim. Estou – disse, mais uma vez, baixo. Não controlando o meu tom de voz.

- Ah, que bom. – ficamos em silêncio novamente, mas Poncho o quebrou – Aconteceu alguma coisa pra me ligar depois de dois meses?

- Sim – ri, fraco – Bem, eu não sei se tenho o direito, mas...Queria saber que é Isabele.

Alfonso riu.

- Sério, velho? Me ligou depois desse tempo todo só pra saber quem é Isabele? – fez uma pausa, e eu não respondi – É. Acho que não tem o direito de perguntar, não.

Eu deveria ter imaginado. Deveria ter previsto que Alfonso jamais me responderia tal pergunta.

E eu queria o quê? “Queria saber quem é Isabele?”

É, não pensei ao jogar uma pergunta em sua cara. Deveria ter pensado antes para não cometer essa gafe. Eu não tinha nada a ver com isso.

- Tem razão. Eu não deveria ter ligado.

- Deveria sim – apressou-se em dizer – Mas deveria ter ligado há dois meses atrás, e não agora! Qual é, mina, não combinamos de manter contato?

Foi aí que minha raiva aumentou ainda mais. E eu desejava profundamente invadir o celular e bater em sua cara.

- E queria, mesmo, que eu me humilhasse? Depois de tudo o que você me disse naquele dia, me colocando pra fora de casa, Alfonso... Queria mesmo que continuássemos amigos? Como?

Alfonso respirou fundo, e bufou.

- E agora liga pra quê, mina? Pra se meter na minha vida? – disse, rudemente-Pra que quer saber quem é Isabele? Que diferença fará em sua vida? Se vai ficar mais feliz?

- Ou mais triste – murmurei sem pensar – Eu não deveria ter ligado. Esquece.

- Não, agora tu vai falar! – bradou ele – Pra que quer saber quem é Isabele?

- Pouco me interessa saber quem é essa menina, pra dizer a verdade! – disparei sem pensar – Se é namoro, amizade, ou nada... Pouco me importa! Só não gostei da música que colocou na legenda. Era a nossa música! Você não tinha esse direito!

Alfonso riu, novamente.

- Pediu os direitos autorais por ela? –bufou – Na boa, cara, a música não é tua, e eu posto pra quem eu quiser.

Doeu mais uma vez. Eu não conseguia mais segurar minhas lágrimas.

Não deveria ter ligado.

Alfonso narrando:

Naquele momento eu tinha um nó imenso na garganta, quase desatando na frente dela. E isso era tudo o que eu não queria.

A branquinha estava chorando, dava pra sacar. Mesmo tentando esconder, seu tom de voz ficou estranho, e eu a conhecia o suficiente para saber que estava sim, chorando. O pior de tudo é que eu não conseguia estar calmo, não conseguia parar de ser grosso. Talvez por estar tremendo dos pés, até o último fio do meu cabelo.

É só talvez.

Eu não esperava que ela fosse me ligar, caramba. Não esperava que aquele número desconhecido no identificador, era na verdade, a minha branquinha!

Estava tremendo, com o coração disparado, e simplesmente não conseguia pensar em mais nada. Só sentia o amor me invadir cada vez mais.

Eu segurava para não soltar “ela é apenas uma válvula de escape, tonta. Meu amor é você!”

-Você é um grosso – murmurou ela – Idiota!

- Você liga pra mim pra me dar bronca, e eu que sou grosso? – respirei fundo – Se liga, mina.

- Se liga você, garoto! Era a nossa música – disse, com a voz falha – A nossa! Quando eu escutava, era pra me lembrar de você. E sim, lembrava de cada momento nosso. Agora não tem mais valor! – pausou – Agora quando ouvir, vou lembrar de vocês juntos. E vai doer.

- Vai doer? – repeti, baixinho. Eu precisava ouvir novamente. Precisava ter certeza que era realmente aquilo que ela tinha dito.

Meu coração ficou em frangalhos.

Não queria ter causado aquilo, e na verdade, doeu em mim, também.

Aquela realmente era a nossa música. A música que cantei pra ela quando transamos, que cantei para reconquista-la, e que cantava pra mim mesmo, quando lembrava-me dela. Não era a música da Isabele, era da Any...Somente dela.

Um idiota. Ela tinha razão. Eu era um idiota!

- Vai – soluçou – Era uma música especial pra mim, e você estragou tudo.

- Você estragou indo pra Londres – disse, sem pensar. Não que eu achasse isso, mas não controlava as minhas palavras.

Era como se eu colocasse sobre meus ombros, a culpa por não ter pedido para que ela ficasse.

- Por sua culpa, imbecil! – soluçou novamente – Você não deixou eu ficar. Não deixou, Alfonso. Poderíamos estar juntos até hoje. Poderíamos estar abraçados nesse momento, mas você não quis! Se estou aqui, a culpa é sua, e não tente transferi-la pra mim!

- Então, se está com outro, a culpa é minha? – perguntei, calmamente – Tem razão, eu sou um imbecil.

- Eu não estou com ninguém – murmurou – Eu respeito os meus próprios sentimentos.

- O que quer dizer com isso? – perguntei, quase em um sussurro – Tu ainda me ama, branquinha?

- Isso não importa mais – disse, no mesmo tom – Você está com outra, e é visível que me esqueceu.

- Quem disse? – Pausei – Alguém falou que eu te esqueci, por um acaso? Por que da minha boca isso não saiu.