Fanfic: Os Opostos Se Completam | Tema: AyA Rebelde Opostos

Anahí narrando:

Estava tão irritada com meu pai, tão irritada, que já não conseguia simplesmente obedecê-lo. Fazia duas semanas que ele ligava diariamente, tentando me convencer de voltar pra casa para pelo menos passar o Natal com eles.

Não, eu não queria.

A despedida era sempre dolorosa, e ainda mais, despedi-me do Alfonso. Porque, querendo ou não, acabaríamos por nos encontrar, e me despedir dele era sempre a coisa mais difícil a se fazer.

Estava de saco cheio da insistência do meu pai. Minha mãe pareceu entender, mas ele não. Porque tudo tinha que ser do seu jeito.

Quando o telefone tocou, não pensei em olhar no identificador, simplesmente atendi esbravejando. Porém, minha respiração travou quando vi que era quem eu pensava. Ouvir sua risada foi como levar um choque de realidade.

-Você deveria olhar no identificador antes de atender, amor – disse ele, fazendo quase ter um ataque cardíaco.

Era a primeira vez que ele me chamava de amor. Sendo brincadeira ou não, meu coração acelerou tanto, que pensei ser possível enfartar aos 17 anos.

- Você? – disse com a voz falha – Você?

- Eu – soltou um riso fraco – Você não quer vir para o Brasil? Por quê?

Dei risada.

- Passamos dois meses sem nos falar, e você quer saber por que não volto ao Brasil? Quer conversar como se fossemos amigos? – suspirei – Ligou por quê?

Alfonso fez uma pausa tão grande, que aquilo me agoniou.

Quando fui quebrar o silêncio, ele quebrou primeiro.

- Na verdade eu disquei o seu número sem querer – pausou. Droga! E eu ali me iludindo, achando que tinha um motivo maior para ele ligar.

Trouxa!

- Hum – murmurei, apenas.

- Mas foi bom. Foi bom porque eu queria mesmo falar contigo. – pausou novamente – Queria dizer que sinto sua falta.

Meu coração disparou, e um sorriso imenso surgiu em meus lábios.

- Não combina com você confessar essas coisas – ri, baixinho – Sente, mesmo?

- Sinto, mina! Sei que na maioria das vezes sou grosso, mas tu não faz ideia da saudade que sinto!

Meus olhos encheram de lágrimas.

Desejei profundamente que ele estivesse ali, para eu agarrá-lo e não soltar mais. Não novamente.

- Eu também sinto – sussurrei – Não quero mais essa distância, Poncho.

- Então volta, Any. Vêm passar o Natal aqui, vêm quebrar essa distância – pausou – Vêm, branquinha.

- Não, Alfonso. Dói me despedir.

- Eu sei. – sussurrou – Pensa que não me doeu ter que te deixar ir? Doeu, mina. E como doeu. Eu só pensei que tivesse fazendo a coisa certa.

- Coisa certa? – ri, debochando de suas palavras.

Pra mim, a coisa certa era ficar com ele, apenas isso.

- Sim, a coisa certa! – suspirou – Mas percebi que a coisa certa era você ficar comigo.

Sorri com suas palavras, como se fosse uma idiota apaixonada.

Alfonso estava sendo tão fofo, tão lindo, que dava medo de tudo não passar de uma brincadeira.

- Não brinca assim comigo, mino – sorri de lado – Eu me iludo fácil, sabia?

- Então vem, que eu provo que não estou brincando, mina. Você não é o meu brinquedo.

A cada palavra sua, eu percebia que amava Alfonso mais e mais. Amava como não pensei em amar ninguém na vida. Amava tanto, que eu só queria estar com ele, mesmo. Pois sabia que com ele, estaria completa.

- Não sei –murmurei, pensativa – Tenho medo de ir novamente.

- Poncho? – ouvi uma voz de menina o chamar, e como não reconheci, pensei ser a tal Isabele.

A felicidade que estava sentindo, sumiu na hora.

- Estou aqui na sala – gritou ele – Desce aqui e come alguma coisa.

Fiquei só ouvindo, sentindo aquele nó imenso na minha garganta.

Alfonso podia ao menos ser discreto.

- Alfonso? – o chamei com raiva – Está ai ainda?

- Oi, branquinha, desculpa! É que...

- Vou desligar – disse rapidamente, sem ao menos deixar que explicasse. Não queria ouvir nada, na verdade. Não queria que ele me fizesse de idiota.

- Não! – apressou-se em dizer – Poxa, cara, não faz isso!

- Você ainda está com a Isabele, e ...

- Não estou mais – ele riu – Ciúmes, amor?

- Não – respirei fundo – Sim.